Lava Jato é canal para governo dos EUA ter acesso aos negócios da Petrobras

Por Fernando Martines

No Conjur

Ao que tudo indica, a “lava jato” se tornou um canal para o governo dos Estados Unidos ter acesso aos negócios da Petrobras. A multa de R$ 2,5 bilhões que será desviada do Tesouro para um fundo gerido pelo Ministério Público Federal, na verdade, inicialmente seria paga ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ). Em troca do dinheiro vir para o Brasil, a Petrobras se comprometeu a repassar informações confidenciais sobre seus negócios ao governo norte-americano.

Tudo isso está previsto no acordo assinado pela estatal brasileira com o DoJ em setembro de 2018, conforme notou reportagem do site Jornal GGN. O acordo diz que a Petrobras pagaria US$ 853 milhões de multas para que não fosse processada pelos crimes de que é acusada nos EUA. Só que em janeiro foi divulgado que boa parte desse dinheiro será enviado ao Brasil — clique aqui para ler o acordo, em inglês.

A grande jogada é que o dinheiro deveria ir para o Tesouro. Pelo menos é o que vem decidindo o Supremo Tribunal Federal sobre a destinação das verbas recuperadas pela “lava jato”. E o acordo da Petrobras com o MPF prevê o depósito do dinheiro numa conta vinculada à 13ª Vara Federal de Curitiba e gerido por uma fundação controlada pelo MPF — embora eles jurem que apenas vão participar do fundo.

A parte principal do acordo com o DoJ trata das obrigações da estatal brasileira de criar um programa de compliance e um canal interno de relatórios de fiscalização. Mas os anexos é que tratam do principal: o destino do dinheiro em troca das informações sobre as atividades da Petrobras.

“Os relatórios provavelmente incluirão informações financeiras, proprietárias (de patentes), confidenciais e competitivas sobre os negócios (da empresa)”, diz uma cláusula do acordo com o DoJ.

E a intenção parece mesmo ser transformar dados sobre a estatal em ativos do governo americano: “Divulgação pública dos relatórios pode desencorajar cooperação, impedir investigações governamentais pendentes ou potenciais e, portanto, prejudicar os objetivos dos relatórios requeridos. Por essas razões, entre outras, os relatórios e o conteúdo deles são destinados a permanecer e permanecerão sigilosos, exceto quando as partes estiverem de acordo por escrito, ou exceto quando determinado pela Seção de Fraude e a Secretaria (Office), pelos seus próprios critérios particulares, quando a divulgação promoveria o avanço da execução das diligências e responsabilidades desses órgãos ou que seja de outra forma requeridos por lei”, afirma o termo do acordo.

A interferência do DoJ vai até o ponto de quem pode ou não ser funcionário e diretor da Petrobras. “A companhia [Petrobras] não irá mais empregar ou se afiliar com qualquer um dos indivíduos envolvidos nos casos desta ação. A companhia deve se engajar em medidas corretivas, incluindo repor seus diretores e a diretoria executiva”.

MPF e DoJ
A relação entre investigadores brasileiros e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos parece já ser algo maduro. Em maio de 2018, o advogado Robert Appleton, ex-procurador do DoJ, disse em entrevista à ConJur que as relações entre as autoridades de persecução penal do Brasil e dos EUA hoje são, em regra, informais.

O compartilhamento de provas, evidências e informações, diz ele, é feito por meio de pedidos diretos, sem passar pelos trâmites oficiais — essa etapa é cumprida depois que os dados já estão com os investigadores, segundo Appleton.

NSA
Nunca é demais lembrar que o esquema de espionagem internacional de larga escala montado pelo governo dos EUA voltou suas baterias contra o Brasil e, especialmente, a Petrobras.

Documentos divulgados em 2013 por Edward Snowden, ex-analista da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA), mostraram que as comunicações da ex-presidente Dilma, do Ministério de Minas e Energia e da Petrobras foram monitoradas pela NSA.

À época, Snowden disse que a espionagem tinha como alvo as tecnologias envolvidas na exploração de petróleo na camada do pré-sal. De acordo com as reportagens feitas pelo jornal The Guardian e pela TV Globo na época, o programa da NSA tinha o objetivo de proteger os EUA de ameaças terroristas. No caso do Brasil, no entanto, os objetivos eram puramente comerciais.

Redação

Redação

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  • O EUA corrompeu os três poderes do Brasil assim como fez no EUA.

    Não vai demorar para legalizar o pagamento de propina a políticos como fizeram no EUA.

    Com isso acaba a corrupção, pois o suborno passa a ser chamado de lobby

  • O básico e o sucesso garantido da lava jato...
    uma das principais técnicas da espionagem industrial é provocar o colapso de confiança

    muito usado quando o sucesso de alguma empresa local ou alvo pode levar ao descontrole e até mesmo quebra de muitas empresas do país espião

    o melhor da espionagem é trabalhar sem que ninguém saiba(?) dentro do próprio governo ou de um dos seus poderes mais importantes, porque informação é poder e poder antecipá-la sempre foi mais fácil com o uso da espionagem, digo, delação, premiada

  • Nós, brasileiros, estamos colhendo o que plantamos.
    Desta vez vão transformar o Brasil num terreno baldio. Debaixo de nossos narizes, diante de nossos olhos. Com os militares "ajudando".
    A pior coisa que qualquer rico brasileiro, minimamente inteligente, pode fazer é vender ações de empresa em N.Y. Uma vez vez emitidos os tais ADRs, a empresa fica à mercê dos americanos. Ponto final. Não tem lei, não tem justiça, não tem nada, só os interesses deles. Ponto final.
    FHC, o brasileiro mais anti-brasileiro, dos nojentos, aquele que mais fede, fez isso! Vendeu as maiores reservas de minério, a vale, a preço de pinga, daquelas pingas bem safadas E abriu o capital da Petrobrás em N.Y. o que equivale a dizer que a Petrobrás começou seu processo de "escravidão a wall Street".
    A Petrobrás, agora com a mafia-a-jato, desculpem, a farsa-jato, quer dizer, a lava jato ficou definitivamente "escrava" dos gringos.
    A privatização seria melhor pra nós, neste momento.
    Ficou tão bom pros gringos esta nova situação que eles "nem querem mais que privatiza".
    O lema do governo deveria ser:
    Brasil, terra arrasada!
    Ajude-nos a esculhambar mais essa colônia.
    (E lá fora os americanos pensando à lá Olavo, aquele cara do Carvalho:
    - Porra! Como foi fácil!)!

    • Perfeito! É exatamente assim que penso.
      Isto é mil vezes melhor do que privatizar! Continuando assim, o "desgoverno" pode ir injetando dinheiro público (dos babacas brasileiros) na Petrobrás, enquanto o Tio Sam colhe os frutos...

  • Trocando em miudos: procuradores, juizes, desembargadores e ministros que dao a cobertura as ilegalidades estão todos cooptados pelo Departamento de Justiça americano trabalham como espiões ativos da inteligencia americana repassando informações sigilosas da Petrobras e/ou de processos em segredo de justiça e agora são remunerados pelos EUA.

  • Todos nós já sabíamos disso. O problema é que todo o judiciário e a mídia rica até agora esteve com a lava jato por ser também entreguistas e sabotadores da pátria. Agora se justifica aquela afirmação de que foi o maior caso de corrupção da história. Só que a corrupção foi das autoridades. DOIS BI E MEIO É DEMAIS!!!!

  • Só quero saber em que vai resultar tudo isso...

    A esquerda e os/as progressistas parece que estão todos/as apáticos.

  • Os Brasileiros bem informados questionam o fato da Lava Jato ser comandada do Parana por um Juiz de Maringa e nao de grandes centros como Sao Paulo ou Rio de Janeiro. Basta seguir os passos do Juiz Moro. A Familia Barros que comanda a politica em Maringa desde o Pai Silvio Barros que foi prefeito, tem a matriarca da familia Sra. Barbara Barros com cidadania EUA. Viuva, casou-se com um americano e vive nos states há decadas. Escritorio de advocacia de Maringa, representa interesses de empresa americanas no Brasil.

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