Aldo Fornazieri
Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.
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Lula, PT e CUT: outra hora da verdade, por Aldo Fornazieri

Lula, PT e CUT: outra hora da verdade

por Aldo Fornazieri

É forçoso constatar que as esquerdas brasileiras têm sido refratárias em aprender com as lições da história. Os mais eminentes clássicos da Filosofia Política sempre chamaram a atenção para o fato de que os grandes líderes políticos precisam recorrer história, extraindo dela lições negativas, para evitar caminhos que levam a derrotas, e lições positivas, seguindo como modelos as ações exemplares que levaram a grande vitórias e contribuíram para construir a grandeza do Estado e alcançar a glória imorredoura dos grandes condutores políticos e dos povos. Basta ler as biografias de um Péricles, de um Alexandre, de um Cipião, de um Júlio César, de um Otávio Augusto, de um Carlos Magno,  de um Napoleão, de um Bismark e de tantos outros, antigos e modernos, para ver como esses líderes se esmeravam no estudo da história, visando compreender os segredos das vitórias ou das derrotas, da grandeza ou da vergonha, da virtude combativa ou da covardia da fuga.

Desgraçadamente, a maior parte dos políticos brasileiros é constituída de arrogantes. Arrogância e ignorância andam juntas. Eles pressupõem que sabem tudo e, na sua desastrosa auto-suficiência, se negam a aprender com a história, com os bons exemplos e com os bons conselhos. Todo líder sábio e prudente tem essas três fontes de sabedoria política: a história, os bons exemplos e os bons conselhos.

Todo golpe tem dois grandes conjuntos de causa: os erros e a inépcia dos golpeados e a ação criminosa e ilegal dos golpistas. As circunstâncias e causas que estão imbricadas no o golpe militar de 1964 e no golpe jurídico-parlamentar de 2016, são diferentes, embora algumas questões de fundo sejam as mesmas. Outro elemento comum aos dois eventos, com nuances e circunstâncias diferentes, é a conduta capitulacionista das forças de esquerda, a sua fraqueza e desorganização, a sua retórica inflamada e a sua inconsequência na ação prática.

Os líderes sindicais haviam convocado uma greve geral para 31 de março de 1964, mas, praticamente, ninguém aderiu. Com alguns líderes presos, outros foragidos, os sindicatos mostraram toda a sua debilidade. O suposto esquema militar de Jango, a rigor, era um campo minado. Jango tinha mantido em postos de comandos alguns militares que se tornaram chefes golpistas. Se não eram golpistas, eram incompetentes. O próprio general Castelo Branco era chefe do Estado Maior do Exército.

Com Dilma, não foi diferente: Temer, participava das reuniões para evitar o impeachment ao mesmo tempo articulava o golpe com alguns ministros do governo, com líderes do governo no Congresso, notadamente o senador Romero Jucá. Ministros saíram das explanada dos Ministérios para orientar as suas bancadas para derrubar Dilma. Desta vez sequer existiam tanques e baionetas. Mas também não existiam os prometidos exércitos do MST e as trincheiras do presidente da CUT. Os manifestantes do fatídico 17 de abril de 2016, é bom que se repita, no final do dia, e em face da derrota imposta por uma Câmara dos Deputados ignominiosa, que fez corar de vergonha até mesmo a grama da praça dos Três Poderes, se retiraram para as suas casas cabisbaixos e desmoralizados.

As esquerdas sofreram outras derrotas como resultado da sua impotência ou da sua omissão. No contexto das Diretas Já, após grandes mobilizações populares, se limitaram a votar contra a chapa Tancredo-Sarney no Colégio Eleitoral. Após as mobilizações pelo impeachment de Collor, nenhum saldo mais significativo. Os caras-pintas evaporaram e o resultado foi o reinado de oito anos de FHC.

Agora mesmo o governo golpista de Temer impôs a reforma trabalhista sem grande resistência de rua. No dia da votação da reforma no Senado, o presidente da CUT, Wagner Freitas, se encontrava no recinto querendo entrar no plenário. Compare-se esta atitude com a atitude dos sindicatos e dos movimentos sociais argentinos que, na última semana, cercaram o Congresso e inviabilizaram a votação da reforma da previdência naquele país. Uma das palavras de ordem entoada pelos manifestantes é que lá “não é o Brasil”.

Este grito precisa vibrar nos ouvidos dos governantes argentinos, mas também dos sindicalistas e líderes sociais brasileiros. Na verdade, os sindicatos brasileiros vêm revelando uma debilidade histórica: garantidos à sombra do imposto sindical, são dirigidos por burocracias de bem viventes, bem vestidos e bem alimentados, distantes de suas bases e alheios às vicissitudes destas. Este afastamento entre direções e bases impede que nos momentos decisivos se tenha força mobilizadora, força de combate.

A interdição da candidatura Lula deve ser inaceitável e inegociável

O julgamento de Lula em 24 de janeiro pelo TRF4 será uma nova hora da verdade para as forças de esquerda e progressistas brasileiras, particularmente para o PT e para a CUT. Em que pese a resolução do Diretório Nacional do PT chamar para a mobilização, se observa um certo ar de capitulacionismo em setores do partido. A CUT está desafiada a conseguir ir além do tom declaratório dos seus dirigentes. O PT terá que mostrar que sabe ir além de si mesmo, chamando as demais forças democráticas, progressistas e de esquerda para enfrentar este último ato do golpe. Caso contrário, poderá caminhar sozinho para uma nova derrota. Pensar num plano B, neste momento, numa candidatura substituta a Lula, significa antecipar a derrota sem luta. Mas setores de esquerda são tão ufanistas e inconsequentes que acreditam que se Lula for impedido, transferirá os votos para outro candidato e o elegeria. Prefere-se acreditar em fantasias do que lutar.

As forças progressistas e de esquerda precisam perceber que existe um embate prévio às eleições: garantir o direito à candidatura Lula como uma questão democrática central, como uma questão da luta do povo contra as elites predadoras. Não cabem condutas oportunistas nessa questão, por mais ressentimentos que muitos possam ter do PT. Se surgir uma Frente Democrática e Progressista desse processo, tanto melhor. Se não surgir, as diversas candidaturas e partidos de esquerda poderão participar das eleições com a dignidade do dever cumprido se lutarem por garantir Lula na disputa.

É preciso perceber que as forças golpistas perderam a legitimidade moral junto à sociedade e que este é o momento da confraofensiva. Os fatores são vários: por ser o governo uma quadrilha;  pelo PSDB ter ser revelado um partido hipócrita, moralista sem moral; pelo STF ser um abrigo de bandidos de colarinho branco, soltando empresários corruptos, salvando Aécio Neves, abrindo mão de suas prerrogativas e rasgando a Constituição; por existirem juízes do STF e de outros tribunais tisnados pela suspeição de graves irregularidades; pela parcialidade persecutória do juiz Moro e pela suspeita de que a Lava Jato tem se tornado um balcão de negócios de Moro e dos procuradores; pelo fato de que em vários setores do Judiciário se resvalou para o arbítrio, para a exceção e se deixou de cumprir a lei. Não se pode aceitar a condenação de Lula, sem provas, por um Judiciário carcomido pela incompetência, pela corrupção, pelos privilégios, pela proteção de criminosos ricos e pela penalização dos pobres

As forças progressistas e de esquerda do Rio Grande do Sul têm o dever de se colocar na linha de frente desta luta, mobilizando os ativistas de todo o estado para ocupar Porto Alegre. Trata-se de fazer confluir caravanas de todas as regiões do estado para dizer que o último capítulo do golpe não será aceito. Trata-se, não só de ocupar Porto Alegre, mas de parar a capital gaúcha usando táticas que não se restrinjam a um mero piquenique cívico, como vem ocorrendo na Avenida Paulista.  

Os movimentos sociais e progressistas do Rio Grande do Sul precisam resgatar as virtudes combativas, de enfrentamentos cívicos, das lutas sociais e populares -virtudes e combates que estão enredados com a história do próprio estado. É preciso transformar o dia 24 de janeiro num novo paradigma da história dos progressistas e das esquerdas no Brasil. Um paradigma que seja o da organização social, do poder social e do poder da mobilização popular, escrito com brio, coragem e combatividade. Travar a luta no interior das instituições é uma necessidade, mas criar poderosas e combativas organizações e movimentos da sociedade, a exemplo do MTST, é uma garantia de que haverá lutas por direitos e dignidade e que golpes não poderão ser dados sem enfrentamentos.  

Aldo Fornazieri – Professor da Escola de Sociologia e Política (FESPSP).

 

Aldo Fornazieri

Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.

24 Comentários

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  1. Por estas e por outras

    Por textos como este que não agrega nada, pelo contrario, é que se percebe claramente o motivo pelo qual a esquerda brasileira da qual fiz parte, não.

     

    a) participou com nada na redemocratização do brasil

    b) não colabora para um projeto unificado de nação

    c) …

  2. Aprendendo, mas dentro das possibilidades

    O texto parece com texto anterior do Fábio de Oliveira Ribeiro. Neste texto do Fornazieri, observa-se mais uma vez – nas entrelinhas – um sentimento de frustração deste comentarista perante a suposta “arrogância” do PT em não ouvir os “bons conselhos” dados pelo articulista.

    O povo brasileiro está ainda saindo de uma ressaca.

    Ocorre que a esquerda tem tido dificuldade de levantar rápido uma única bandeira, clara e transparente, com base na resistência ao golpe e a defesa da soberania nacional.

    Quase imediatamente depois do golpe houve eleições, onde interesses políticos partidários falaram mais alto, pela sua supervivência. No RJ foi flagrada uma luta estranha entre gente do mesmo campo popular (antigos apoiadores do Lula): evangélicos contra modernosos, uma situação que, de tão estranha, uma candidatura de alguém como Brizola teria levado a soma das votações e ganho de lavada.

    Também, o PIG mantinha a imagem do Lula e do PT lá embaixo, com aparentes delitos e ações, gerando perplexidade, duvidas, apatia e desânimo. Eram o triplex, os pedalinhos, o Instituto Lula, delações e etc., que deixaram o PT e parte da esquerda atordoada.

    Havia bandeiras demais, coloridas, intelectuais, de sindicatos, de esquerda modernosa e muitas outras bandeiras.

    Houve então que reagir perante essa enorme força de ataque golpista. Os parlamentares foram-se juntando até criar a frente nacionalista, com Requião. Os esquerdistas de base saíram para a rua com Boulos. O PT e o Lula começaram a reagir por conta do “timing”, cujo atraso (da agenda do golpe) permitiu o aparecimento de inúmeras corrupções dos “não PT”. Lula encontrou o caminho jurídico com um excelente advogado e, ainda, saiu nas caravanas pelo país, revertendo a sua rejeição e elevando a sua condição política para 2018.

    Hoje, apenas hoje, temos convergência de bandeiras, com a expectativa de dobradinha Lula-Requião. Temos a certeza da inocência do Lula, depois de acompanhar as arbitrariedades do Moro e dos promotores de Curitiba, ainda mais depois do atraso da agenda golpista (Moro teria já ido para os EUA a começos de 2017, e não conseguiu).

    Hoje, apenas hoje, há motivos claros e bandeira definida para chamar alguém para a rua. Eu já saí três vezes em BH, entre 2016 e 2017, por motivos distintos e com palavras de ordem das mais variadas. Hoje as trevas estão sumindo e aparecendo o golpe em plenitude.

  3. É relativamente bem simples

    É relativamente bem simples conseguir uma invasão a Porto Alegre no dia 24 de janeiro. Basta divulgar pelas redes sociais que além da condenação de Lula, estarão sendo julgados os clubes de futebol. Todos os clubes que tiverem algum tipo de problema com a justiça, com a receita ou com o INSS seriam impedidos de disputar os campeonatos de 2018. Por baixo, eu chuto que caravanas das torcidas organizadas levariam uns 4 milhões de pessoas a Porto Alegre e a sede do tribunal seria invadida. Isso aqui é brazil! Em relação a outras considerações, eu estou até agora esperando aquele “exército” do líder do MST e  centrais sindicais pararem o brazil. Não foi isso que ele prometeu se houvesse “impeachment”? Promessas, quando se constata que não passam de bravatas, terminam por desmobilizar as pessoas. Não sou eu quem vai sair por aí dando tiros, mas se Fidel Castro e os rebeldes cubanos fossem esperar por eleições e confiar em instituições para se livrarem de Fulgêncio e implantarem um novo regime, nada teria acontecido.

  4. O autor culpa a desmobilização dos sindicatos à direção da CUT e

    O autor culpa a desmobilização dos sindicatos à direção da CUT e do PT, quando, na verdade, a CUT representa apenas 30% dos sindicatos brasileiros. Na verdade a culpa pela desmobilização dos sindicatos é da Força Sindical, UGT e outras centrais pelegas ligadas ao patronato que representam os outros 70% dos sindicados.

    Seria interessante o autor dar nome aos bois. Quando se referir aos sindicatos brasileiros. Poderia, por exemplo, mencionar o papel deletério que a Força Sindical e a UGT representam na desmobilização dos trabalhadores. Apesar de todas as limitações, a CUT tem se esforçado em reagir, inclusive dando suporte a todas as manifestações contrárias ao golpe e as caravanas do presidente Lula.

    Outra questão que o autor desconsidera é o fato de Brasília estar situada no meio do “deserto” a milhares de quilômetros dos principais centros urbanos do país. Se o Congresso Nacional estivesse localizado no principal centro urbano do país, como é o caso da sede do Poder Legislativo argentino, a histórica seria completamente diferente.

    Duvido que a história seria a mesma se o Congresso Nacional estivesse localizado em São Paulo ou no Rio de Janeiro. Com certeza os parlamentares não teriam tanta ousadia. Eles estão protegidos pela distância das massas. É como se eles estivessem decidindo tudo numa ilha remota, isolados no meio do nada, longe da realidade.

    Ao contrário do que o artigo expôs, os brasileiros reagiram sim. Mais de 100 mil manifestantes de todo país foram a Brasília protestar, inclusive queimaram ministérios e foram violentamente reprimidos pelo exército. Isso sem falar da maior greve geral da história. Ocorre que o Brasil é um país mais complexo que a Argentina e a direita é bem mais truculenta aqui do que lá.

    Faltou ao artigo sugestões concretas para transformar o 24 de janeiro nesse tal novo paradigma da história dos progressistas e das esquerdas no Brasil.  

    1. Ele tem razao

      Sabemos o que esperar das outras centrais que nao estao alinhadas com a CUT , essa por sua vez nao cansa de se proclamar como a principal voz da classe operaria na america latina , os Venezuelanos deram uma liçao de resistencia e mobilizaçao social contra essa nova forma de golpe e argentinos idem .

  5. Todos já sabem o que vai

    Todos já sabem o que vai acontecer no julgamento do TRF-4, pois tudo já está “acertado entre as partes” faz muito tempo.

    O juiz de primeira instância condenou a uma pena de 9 anos e um quebradinho (todos sabem por que ….) e o TRF-4 vai aumentar a pena para 13 anos e um quebradinho (todos também sabem por que). Parece piada, e o mais incrível é que não estão nem um pouco preocupados com  isso.

  6. Os intelectuais!!!

    Acho que deveriamos discutir as descobertas de Jesse de Souza sobre a classe média e a ralé brasileira, bem como o papel da midia hegemnônica no país (ontem e hoje). Entretanto temos que ouvir intelectuais que não levam em conta estes fatores, e continuam cruzificando o pobre PT e seus erros. A punição não é sobre o Psol e suas alianças com a direita, moralista, no periodo Lula-Dilma, ou a incapacidade do PSTU chegar a algum lugar no plano politico-democrático-eleitoral, ou o silencio do movimentos sociais (lgtb ou mst) na jornada de Julho 2013. O incio de tudo. O intelectual só ve o pt!

    O intelectual afirma: “É preciso perceber que as forças golpistas perderam a legitimidade moral junto à sociedade e que este é o momento da confraofensiva. Os fatores são vários: por ser o governo uma quadrilha;  pelo PSDB ter ser revelado um partido hipócrita, moralista sem moral;” Só ele percebeu isso, não consigo ver isso na midia hegemônica ou na conversas com colegas de trabalho. Para a midia hegemônica tudo está bem, e as ruas, tudo está ruim devido o PT. Logo defendem um voto de protesto, neste caso, como sempre a direita, ou anulação dos votos. 

    Cabe aqui lembrar que a midia e as ruas não entendem que existe diferença ideologica entre a direita e esquerda, para ambos tudo é igual. Todos tem o mesmo objetivo, roubar o dinheiro “público”. 

    Gostaria que o intelectual assumisse sua opção eleitoral, psol, ou pstu, ou bolsanaro, para que assim possamos entender seu texto e revolta.

  7. A ambiguidade usual em Aldo Fornazieri

    Ao recontar a sua história do Brasil, conta sempre a parcialidade que fez dos tucanos o que são hoje. A história não é feita de voluntarismos.  A história é simplesmente feita. Aldo esquece do movimento operário do ABC, esquece da sua importância na democratização do país. Aldo esquece da criação  de um Partido de Trabalhadores. Aldo não parece respeitar esta construção histórica única. Aldo se esquece da história que levou este partido ao poder. E principalmente a história deste Partido no poder. Uma história que  faz com que mesmo depois de tantos ataques o partido , ou melhor as políticas do partido,  sobrevivem e ainda o faz contar com o maior respaldo da população. Aldo se esquece que este golpe teve mais do que o auxílio, os meios e  dinheiro estrangeiro, e um momento propício.  Como  muitos Aldo escolhe cuidadosamente os  momentos que lhe interessa lembrar, sempre agindo  como um açoite de auto flagelo. Acaba seu artigo triunfalmente, mas fica a impressão de que o final não tem nada a ver com o restante. Aldo me lembra sempre Jessé de Souza.

     

     

      1. George

        Aldo me lembra sempre o livro de Jessé de Souza: “A tolice da inteligência brasileira.”. Concordo com o seu post abaixo. Jessé joga uma luz nesta parte da inteligência, que repete jargões, e tenta moldar a realidade a suas idéias. O que mais me incomoda neste artigo de Aldo é que ele parece participar deste movimento sórdido de recontar a história, destruindo-a. Impressionante como neste movimento ele se torna cumplice do processo intencionalmente construido pela mídia, que tenta esconder a verdadeira história do pais. O objetivo atual da mídia é destruir a história e a autoestima de um povo. Assim depois dos dutos de esgoto sempre a vista no jornal nacional, temos um jornal que fala apenas de crimes do cidadão. E um conjunto enorme de articulistas sempre falando pejorativamente do brasileiro

        Esta é a mesma história recriada e recontada da escravidão, onde, como nos casos de estupro, dizem que a culpa foi da vítima. Assim a culpa desse esbulho todo é, segundo Aldo,  da vítima. E ai também devemos prestar atenção em Jessé,que nos chama atenção para este  passado escravocrata e suas mais sutis manifestações que teimam em aparecer onde menos se espera.

        1. O Aldo demonstra ser esse

          O Aldo demonstra ser esse intelectual que Jessé apresenta, sempre criticando, nunca vendo possibilidade de retenção. É um imparcialismo, que apoia a casa grande, aponta direções impossíveis de serem alcançada. Critica a direita e a esquerda (petista) levando o leitor a acreditar que todos são iguais. 

          A perguanta que se deve responder, como ser progressita no Brasil, quando a maioria dos eleitores não percebem que há diferença entre a esquerda e direita. O eleitor vota em Lula, como vota em Bolsonaro ou Aécio, pois para ele todos são iguais.

          Esse deveria ser a nosso questionamento, pois o Lula-Pt, tem que enfrentar essa realidade diariamente. 

          Saudações

          1. Mas vamos sempre em frente

            Só nos resta ir em frente, mas para ficar animado não se esqueça que este golpe palaciano, que conseguiu circunscrever a política a Brasilia, isto é ao Senado, assim o faz porque tem medo das urnas. E todos os seus movimentos é porque tem medo das urnas. Portanto quando tanto criticam o povo brasileiro, é do povo que eles mais tem medo. Não se esqueçam que 20% de privilegiados e deslumbrados, podem até encher Paulista por algum tempo, mas não por todo o tempo. 20% é bastante gente, mas ainda assim é muito pouco. O grupo que está agora no poder não resiste às urnas e sabem disto. Portanto o problema central deste grupo é  o povo.

            Um abraço, nos encontramos por ai no meio dos comentários.

  8. Aldo e seus aldetes…

    Aqui jaz a minha crucial diferença com Aldo e seus aldetes, dentre eles o que mais destaco aqui no Blog do Nassif é o Arkx, cujas reflexões tenho concordado com várias, atualmente…

    Porém, há uma sutil, mas sensível diferença entre nós..

    Parece que para entender a encruzilhada fatal que nos encontramos, muito bem descrita por Aldo e por Arkx (como cucos de relógio quebrado, marcam a hora certa duas vezes por dia, e assim também na História, um dia eles acertam, como agora), a chamada esquerda alice precisa encontrar “culpados”…

    O que seria maior que a arrogância dos líderes da esquerda brasileira (e tmabém outros de natureza popular)?

    A arrogância dessa chamada esquerda sem voto…

    Um olhar pela história de TODOS os líderes mundiais revelará que TODOS eles desprezam (por assim dizer) o caminhar da História e dos processos nos quais estão inseridos…Essa é a natureza intrísenca da liderança, seja para o bem ou para o mal…

    Churchill teve que ser teimoso e resistir ao raid alemão, apesar da Hsitória e da realidade dizerem para se render e poupar vidas…Arrogante para vencer…

    Depois foi arrogante de novo e novamente eleito, quase joga seu legado no lixo por vaidade…

    Assim com De Gaulle, e com todos os líderes-estadistas de grande vulto…Ora arrogantes necessários, ora desnecessários…

    Vargas levou sua arrogância até o limite…mas e daí? Dez anos de retardamento do golpe que viria em 64 não nos permitiu aprender com seu gesto e tentar evitar o que viria?

    Nada…acusamos a arrogância dele sem entendermos o que estava em jogo…E tome pau de arara…

    E onde reside o problema, o nó górido?

    No meu raso entender, é quando a esquerda sem voto quer culpar a esquerda com voto (que eles quase chamam de populistas) por ter feito, justamente, aquilo que é necessário para tê-los (votos), esquecendo (a esquerda sem voto) que só ele (os sem voto) podem propor o que propõem porque não têm apoio popular, e talvez nunca o tenham porque apresentam os questionamentos de sempre (e que são necessários)…

    Parece confuso e é…

    Não se pode exigir do processo representativo dentro do sistema capitalista mais do que ele oferece, e a esquerda sem voto (alice) tenta, cinicamente, exigir que se faça isso (mesmo que saiba impossível), talvez para tentar angariar migalhas de apoio popular (não é marcelo freixo, randolfe e alencar?)

    Mas isso leva a um impasse: a esquerda com voto torce o nariz para esse oportunismo e deixa de considerar a valiosa contribuição que os “alices” têm a dar…

    Não adianta dizer que o sistema representativo capitalista encurrala governos populares em crises cíclicas, golpes e alianças indesejáveis, e até em malfeitos de corrupção…

    Ora, pilordas, qualquer analista com bem menos instrumentos analíticos que Aldo sabe os limites da “ordem” e da impossibilidade de reformá-la “democraticamente” ou dentro dos limites constitucionais…

    O que fazer?

    Bem, nem Lênin sabia ao certo…

    É bom ressaltar que a revolução bolchevique só aconteceu meses depois…

    Quando caíram os Romanov, não havia nenhuma liderança socialista no comando de um movimento popular que se deu antes por uma insatisfação e frustração dos “filhos” contra a violência policial do “Paizinho” russo que por consciência revolucionária nos moldes maxianos…

    Em suma:

    Nicolau mandou baixar o pau…

    O populacho, que já estava com fome e estropiado por seus jogos de guerra e a galera o derrubou…só isso,e  só isso deu naquilo tudo, depois, só depois, que os bolcheviques usaram sua prévia preparação para “aproveitar” o vacilo da História…ou a janela de oportunidades, como dizem os modernos de hoje…

    Eu diria que cabe os esquerda-alice parar de remerreme, de nhém, nhém, nhém e organizar a parte que lhes cabe…

    Vai ter uma hora, e nisso eu concordo com eles, que o pacto constitucional brasileiro não vai mais acomodar conflitos…

    O que vai surgir depois da ruptura?

    Depende de nós (e de “combinar” com os russos, ou impor a eles o que “combinamos”)…

    Não que eu considere que a revolução vá se dar amanhã, mas acho que é preciso estar preparado para caso ela se precipite para depois de amanhã…

    Dizer que Lula “errou” ou que o PT “errou” nem basta, nem é historicamente honesto…

    A História não se divide entre virtuosos e culpados, mas sim entre vítimas e algozes…Resta escolher o papel que nos convêm…

    1. Todos em POÁ

      Eu vou. E vou gritar “hoje Porto Alegre é Buenos Aires!”

      uma pequena correção:

      Eu vou. E vou gritar “hoje Porto Alegre é Brasil!!!”

      Los hermanos que se cuidem, e baixem um pouquinho a bola; por aqui foi preciso um golpe dos inimigos de todas as cores, credos, níveis sociais, máfias e bancas. Aqui não foi no voto, foi pela força. Lá, os hermanos alçaram o inimigo pelas urnas, entregaram o poder de bandeja, em mãos.

      É isso, Dieguito

      Imagem relacionada

       

  9. Pratica versus discurso

    Essa questão de passar do discurso à pratica acho que não é inerente apenas às esquerda. Na minha experiência com o humano ela é recorrente. Muito discurso inflamado, muito debate, mas na hora em que alguém se levanta e diz “então vamos agir”, conta-se nos dedos os que aliam discurso e ação.

    Os sindicatos brasileiros estão nos envergonhando. Isso para mim ficou claro desde que Dilma caiu praticamente sem um pio dos sindicatos, a não ser uma manifestação média ali, um pronunciamento acola.

    O PT tera que mobilizar mesmo a opinião publica, sabendo que ele tem a imprensa contra si. A eleição de 2018 é vital para o povo brasileiro escolher qual Brasil ele quer. O problema é que elas serão manobradas e manipuladas… A luta é desde ja.

  10. Prezado Aldo

    Prezado Aldo, infelizmente é isso mesmo, a história se repete. Depois de 21 anos de medo e repressão essa nação faz-se “mansa” e “conformista”. Porque? Qual ação tomar frente à tanto cinismo, hipocrisia e desaforo dessa elite escravista midiática maçônica fascista? Somos um povo alienado e manipulado, sem domínio da história política, sem plena consciência de seus direitos de cidadão, estado de direito para poucos e uma democracia de mentira, com um judiciário com supremo e tudo…uma vergonha. Torço que a vitória da esquerda venha e que a primeira coisa no primeiro dia seja então feita a “regularização dos meios de comunicação” como previsto na constituição cidadã. A vitória acontecerá se cada cidadão consciente parta para a luta, por democracia, direitos e liberdade para “TODOS”, e que neste momento histórico faça sua parte. Organize seus parentes, vizinhos e amigos para as caravanas do dia 24 de janeiro. Valeu professor. Abraço

  11. Aldo Fornazieri, cientista partidário?
    Nassif, esculhambar o PT e transformá-lo em personificação da esquerda brasileira, convertendo os sindicatos em organizações esquerdistas e Lula/Dilma em lideranças subversivas vem sendo a tônica constante de vários comentaristas à medida em que Lula dispara nas pesquisas e faltam menos de duas semanas para esse 2018 supostamente eleitoral. De nada adianta dizer que muito embora Lula e Dilma possam ser considerados esquerdistas, o mesmo não acontece com uma agremiação trabalhista fundada por dirigentes sindicais que, em última análise, convertem trabalho no mesmo capital tão hostilizado por facções de esquerda no mundo todo. Aldo Fornazieri, enquanto colaborador do Estadão, pode fazer sucesso quando classifica os sindicalistas de “burocracias de bem viventes, bem vestidos e bem alimentados, distantes de suas bases e alheios às vicissitudes destas”. Afinal, é o que os Mesquitas sempre disseram e escreveram, em sua cruzada contra Getúlio Vargas e sua Consolidação das Leis do Trabalho. Mas, cá entre nós, pode se tornar apenas um cientista partidário quando volta, indiretamente, a classificar de “arrogantes” os petistas e sindicalistas e os responsabiliza pelo golpe não apenas de 2014, como, também, de 1964, ao criticar a “conduta capitulacionista das forças de esquerda, a sua fraqueza e desorganização, a sua retórica inflamada e a sua inconsequência na ação prática”. É implacável ao lembrar o fracasso da greve geral de 31 de março de 64, em que “os sindicatos mostraram toda sua debilidade” diante da presença maciça de tanques de guerra, tropas do exército e marinha fortemente armadas, aviões e helicópteros dando cobertura à paralisação completa das principais cidades do país. O mesmo teria se repetido agora, no dia do impeachment, quando os manifestantes da CUT e MST que foram à Praça dos Três Poderes “se retiraram para suas casas, cabisbaixos e desmoralizados”, bem como na votação da reforma trabalhista, quando o presidente da CUT tentava entrar no Senado ao contrário do que ocorreu na Argentina, quando os movimentos sociais e sindicatos impediram a votação da reforma da previdência entoando palavras de ordem como “aqui não é o Brasil”. Ao mencionar o partido de centro-esquerda criado por comunistas como Mário Covas, parece estar quase surpreso “pelo PSDB ter ser revelado um partido hipócrita, moralista sem moral”. Ou seja, Aldo Fornazieri é bem claro ao conclamar o PT e a CUT a barrarem o julgamento de Lula em 24 de janeiro, “ou caso contrário caminhar para uma nova derrota”. Nosso cientista partidário imputa à Central Única dos Trabalhadores uma exclusividade na atividade sindical que a mesma perdeu há pelo menos uma década, quando foram criadas a Confederação Geral dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CGTB), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) e União Geral do Trabalho, que congregam a maior parte de nossas 16.500 entidades sindicais, cabendo à CUT menos de 30% das mesmas. Em síntese, procura-se rotular o PT como principal responsável pelos últimos golpes e pela condenação sem provas de Lula, atribuindo-lhe um poder organizacional que, se fosse verdadeiro, o levariam a ser o partido com maior número de deputados e senadores em Brasília e, nesse caso, ter escolhido Temer e o PMDB por capricho ou afinidade, e não por necessidade. Nessa direção ou no mesmo diapasão, Fornazieri classifica o Movimento dos Trabalhadores sem Teto entre “poderosas e combativas organizações e movimentos da sociedade (…) uma garantia de que haverá lutas por direitos e dignidade e que golpes não poderão ser dados sem enfrentamentos”. Como o MTST não é nem poderoso e muito menos combativo diante dos despejos coletivos que vivem ocorrendo em SP e no restante do país, sua ascensão ao mesmo patamar de poder de fogo dos sindicatos visa apenas antecipar os ingredientes de uma nova esculhambação quando ocorrer a condenação de Lula. Afinal, quem vai se aliar ou votar no símbolo do fracasso e da derrota, esse PT incapaz de vencer as Forças Armadas no passado e o Judiciário aliado à mídia no presente?

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