Jornal GGN – O Blog do Mário Magalhães resgatou uma reportagem publicada nos 50 anos do golpe militar com as 19 capas de jornais publicadas no princípio de abril de 1964, a grande maioria fazendo propaganda em favor da intervenção, contra o comunismo.
Farsa e tragédia: em 19 capas, como a imprensa disse sim ao golpe de 1964
Por Mário Magalhães
Do Blog do Mário Magalhães
A reportagem reproduzida abaixo foi publicada originalmente no blog na virada de março para abril de 2014, nos 50 anos do golpe que depôs o presidente João Goulart.
Boa leitura.
19 capas de jornais e revistas: em 1964, a imprensa disse sim ao golpe
Na semana dos 50 anos do golpe de Estado, o blog compartilha uma coleção de 19 primeiras páginas de jornais e capas de revistas publicadas nas horas quentes do princípio de abril de 1964.
Mais do que informação, constituíam propaganda, notadamente a favor da deposição do presidente constitucional João Goulart.
Até onde alcança o conhecimento do blogueiro, as imagens configuram a mais extensa amostra (ficarei feliz se não for) do comportamento do jornalismo brasileiro meio século atrás.
Trata-se de documento histórico, seja qual for a opinião sobre os acontecimentos.
Desde já o blog agradece novas capas que eventualmente sejam enviadas por meio do Facebook e do Twitter. Caso venham, serão acrescentadas a esta exposição.
Dos 19 periódicos aqui reunidos, oriundos de cinco Estados, 17 são jornais diários, alguns dos quais já não circulam, e dois são revistas hoje extintas.
Apenas três se pronunciaram em defesa da Constituição: “Última Hora”, “A Noite” e “Diário Carioca”. Nos idos de 1964, os dois últimos não tinham muitos leitores.
Os outros 16, em diferentes tons, desfraldaram a bandeira golpista.
As fontes da garimpagem foram: Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional; Google News Newspaper Archive; sites e versões impressas de jornais; não menos importantes, blogs e sites, aos quais sou imensamente grato.
É muito provável que, quanto mais capas se somarem, maior seja a proporção das publicações que saudaram o movimento que pariu a ditadura de 21 anos.
Para não ser original e repetir uma expressão consagrada: em 1964, a imprensa disse sim ao golpe.
* * *
A Noite (Rio), 1º de abril de 1964: “Povo e governo superam a sublevação”.
Contrário ao golpe, o jornal aposta no triunfo de Jango.
Correio da Manhã (Rio), 1º de abril de 1964: “(?) Estados já em rebelião contra JG”.
Editorial clama pela deposição de João Goulart: “Fora!”.
Diário Carioca, 1º de abril de 1964: “Guarnições do I Exército marcham para sufocar rebelião em Minas Gerais”.
O jornal defendeu a Constituição.
Diário da Noite (São Paulo), 2 de abril de 1964: “Ranieri Mazzilli é o presidente”.
O jornal dos Diários Associados trata a nova ordem como “legalidade”.
Diário da Região (São José do Rio Preto, SP), 2 de abril de 1964: “Exército domina a situação e conclama o povo brasileiro a manter-se em calma”.
Depois do golpe com armas, o apelo por calma.
Diário de Notícias (Rio), 2 de abril de 1964: “Marinha caça Goulart”.
“Ibrahim Sued informa: É o fim do comunismo no Brasil.”
Diário de Pernambuco, 2 de abril de 1964: “Jango sai de Brasília rumo a Porto Alegre ou exterior: posse de Mazilli”.
Governador constitucional Miguel Arraes, vestido de branco no Fusca, é preso e cassado.
Diário de Piracicaba (SP), 2 de abril de 1964: “Cessadas as operações militares: A calma volta a reinar no país”.
No dia seguinte: “Relação de deputados que poderão ser enquadrados: Comunistas ou ligações com o comunismo”.
Diário do Paraná, 2 de abril de 1964: “Auro Andrade anuncia posse de Mazzilli com situação normalizada”.
No alto: “Povo festejou na Guanabara vitória das forças democráticas”.
Fatos & Fotos, abril de 1964 (data não identificada): “A grande rebelião”.
Uma revista em júbilo.
Folha de S. Paulo, 2 de abril de 1964: “Congresso declara Presidência vaga: Mazzilli assume”.
“Papel picado comemorou a ‘renúncia’ de João Goulart.”
Jornal do Brasil (Rio), 1º de abril de 1964: “S. Paulo adere a Minas e anuncia marcha ao Rio contra Goulart”.
“’Gorilas’ [pró-Jango] invadem o JB.”
O Cruzeiro, 10 de abril de 1964: “Edição histórica da Revolução”.
Revista celebra um herói da “Revolução”, o governador de Minas, Magalhães Pinto, um dos artífices do golpe.
O Dia (Rio), 3 de abril de 1964: “Fabulosa demonstração de repulsa ao comunismo”.
Jango chegou ao Rio Grande do Sul no dia 2. De lá, iria para o Uruguai. “O Dia”: “Jango asilado no Paraguai!”.
O Estado de S. Paulo, 2 de abril de 1964: “Vitorioso o movimento democrático”.
É a contracapa, porque a primeira página, era o padrão, só tinha notícias do exterior.
O Globo (Rio), 2 de abril de 1964: “Empossado Mazzilli na Presidência”.
Título do editorial: “Ressurge a democracia!”
O Povo (Fortaleza), sem data: “II e IV Exércitos apoiam movimento mineiro”.
Quartel-general do IV Exército, no Recife, comandava a Força no Nordeste.
Tribuna do Paraná, 2 de abril de 1964: “Rebelião em Minas”.
“General Mourão Filho abre a revolta: ‘Jango tem planos ditatoriais’.”
Última Hora, 2 de abril de 1964: “Jango no Rio Grande e Mazzilli empossado”.
Jogando a toalha: “Jango dispensa o sacrifício dos gaúchos”.
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.
Apoio de quem financia a Imprensa
O apoio veio das empresas, multinacionais ou nacionais e dos seus leitores das classes mais favorecidas. Ou seja, dos mesmos patrocinadores atuais, apenas que, na ditadura, Governo e empresas estavam do mesmo lado, que em resumo, chama-se: EUA.
A imprensa manteve o seu negócio durante aqueles anos de chumbo. Hoje ela entende que quem banca o negócio é mais poderoso que quem Governa, e aposta os seus cavalinhos (para a sua subsistência) no “senhor” mais poderoso.
O que foi e sempre será!
A história mostra que o PIG sempre esteve aliado aos gol[pistas de direita.
Magalhães Pinto – Serra
Essa foto do dandy Magalhães Pinto me faz lembrar aquela da Veja do meigo Serra. Dois “Gianecchinis”, para os padrões de beleza e de virilidade masculina essa gente.
José de Magalhães Pinto
José de Magalhães Pinto JAMAIS foi um dandy, era um é de boi que começou a trabalhar com dez anos de idade, foi bancario do Banco da Lavoura, desses que lavava o chão da agencia, que descrição completemente idiota.