O debate com ares de Inquisição, por Bob Fernandes

Sugerido por Assis Ribeiro
 
Do Terra Magazine
 
Os do PT estão presos. Os outros todos, soltos e acusando
 
Governo e oposição. Está posto, e se acirra no Brasil, um debate onde viseiras se tornam obrigatórias, cada vez mais. Debate esse que arrasta milhões e milhões nas redes sociais e nas mídias. Com ares de Inquisição, todo e qualquer assunto produz blocos rígidos.
 
Das biografias à prisão dos condenados pelo Supremo, dos médicos cubanos aos cães Beagle, tudo divide de maneira feroz. Exige adesão incondicional a verdades e dogmas absolutos.
 
Se alguém, por exemplo, opinar, disser que José Genoino nunca foi bandido -e nunca foi, como sabem políticos e jornalistas- será pendurado por um lado da arquibancada.
 
Esse é um lado. Mas há o outro. No começo do ano, Tarso Genro, governador do Rio Grande do Sul, e do PT, admitiu e cobrou:
 
– Usamos os métodos que criticávamos.
 
Quando disse isso, ranger de dentes e críticas em seu partido, o PT.

O PT errou, e muito, ao associar-se a Marcos Valério. Errou, muito mais ainda, a porção do PT que jogou com Daniel Dantas. E isso, o jogo com Dantas, foi fato.
 
Fato e erro que o partido jamais admitiu. Fato e erro que, como outros, custaram muito caro ao PT.
 
Cada um só admite seus dogmas e suas verdades. De parte a parte. Fernando Henrique, por exemplo, comentou a reação de petistas às prisões de agora. Disse:
 
– Temos que dar um basta nisso, chega de desfaçatez.
 
Presidente Fernando Henrique: no ano passado, mesmo alegando não saber quem comprou, o senhor, enfim, 14 anos depois admitiu ter havido compra de votos na aprovação da emenda para… sua reeleição.
 
No livro “O Príncipe da Privataria”, o ex-deputado Narciso Mendes relata a Palmério Dória: cada voto custou R$ 200 mil. O senador Pedro Simon (PMDB-RS) conta: “Tinha fila para vender voto”.
 
Recorde-se: à época o Procurador Geral da República, Geraldo Brindeiro, engavetou a denúncia. E o congresso rejeitou uma CPI. Como rejeitaria tantas outras.
 
Mesmo com tanto dogma e tanta viseira, há uma verdade que, essa sim, é absoluta. É inquestionável, sólida como uma rocha.
 
A verdade é: os réus do chamado “mensalão” estão… presos. Depois de nove anos de escândalo e manchetes estão na Papuda; menos o Pizzolatto, que fugiu. Foram julgados, condenados, e já estão presos… e ainda nas manchetes.
 
Pergunta: onde estão todos os demais personagens? Personagens de mega escândalos, os de ontem e os de hoje, de todo e qualquer partido.
 
Estão soltos, todos. O resto está por ai. Impune. Muitos deles, muitas vezes, nas manchetes… mas como acusadores.
Redação

15 Comentários

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    1. Bem lembrado

      É isso aí, amiga. O Jefferson é intocável. É preciso o máximo respeito com a saúde dele, obviamente. Mas essa demora em prendê-lo é o sinal de que ele tem algumas prerrogativas acima da lei. Ele não revelou o quanto levou de grana, sua denúncia foi tida como verdadeira mesmo sendo desafeto dos réus… Mutio estranho mesmo.

  1. Essa realidade é que nos

    Essa realidade é que nos entristece e amedontra. A fábrica de justiças continua produzindo pouco. E o que produz, apresenta defeitos. Escassez de mão de obra, não pode ser alegada. Muito menos falta de escolas como no caso de médicos, paramédicos, engenheiros e outros tantos profissionais que precisamos para atender a população e desenvolver o País. Os mestrados e os doutorados se proliferaram, mas essa indústria continua dependendo dos sessentões e verdadeiros doutores. Dos que não estudaram na Alemanha.

  2. Isso é o que está faltando

    Penso que uma coisa está faltando àqueles que combatem as sentenças para os réus do “processo do mensalão”, como vulgarmente é chamado: reconhecer o erro cometido, como referendem próceres do partido como Tarso Genro e Olívio Dutra. Reconhecer que, a bem da chamada “governabilidade”, o esquema foi montado, e que, a bem da “governabilidade”, prosperou – e ainda prospera – a prática fisiológica entre o PT, seus governos e seus aliados, que vão de Maluf a Collor, passando por Jader Barbalho e o Ministro da Pesca, cujo nome seuqer gosto de citar, isso para não falar lo largo arco de alianças “imprescindível”, que nos trouxe exatamente ao presente estado de coisas.

    Nas próximas eleições deveríamos compor alianças não pensando, em primeiro lugar, no tempo da televisão; não na aversão dos atuais aliados do governo, descartados para por fim à política franciscana, mas apenas em de fato governar o país para dar um salto à frente. Se a eleição for perdida, temos que reconhecer que o poder, alcançado, foi limitado e incapaz de realmente mudar o país para corresponder às suas possibilidades, e que estamos, de fato, de mãos e pés atados pelas circunstâncias, contingenciados pelo capital em um contexto de desmanche do Estado de Bem-Estar Social.

    Não adiante ser governo e fazer o que está a ser feito.

    Não adianta não ser governo e deixar que um grupo de arrivistas dele lance mão para operar um desmanche mercadista.

    Não adiante lamuriar-se diante da força que tem a mídia e demais corporações.

    Ou se enfrenta o problema, se encara de frente, ou nossos compromissos farão de nós exatamente o que são aqueles contra os quais nos opomos: gente raivosa, fundamentalista, cujos princípios estão fundados na necessidade do poder para satisfação apenas de seus próprios intentos pessoais, por mais demagogia que utilizemos para trazer “o povo” para nosso lado.

    Cadê a apregoada coragem?

    1. Tudo bem, tudo muito bonito,

      Tudo bem, tudo muito bonito, mas é preciso combinar com os russos para que seja eleito um congresso de maioria progressista e não fisiólogico,  por exemplo.

      Na teoria tudo é divino e maravilhoso, o problema é ter que lidar com a realidade

      1. Ah, sim, a realidade…

        …e parece que se curvar à realidade é ter que corresponder às práticas fisiológicas, é isso? Assim, muda o que? Se o PT não consegue o engajamento das massas em torno de um projeto para o Brasil que una um vasto contingente populacional que leve a eleição de uma bancada majoritária, nada mudará no país, portanto. Então, meu amigo, podemos votar em qualquer josta.

        1. É claro que não muda

          É claro que não muda nada.

          Mas as pessoas acreditam no messianismo dos cargos executivos, paciência.

          A desculpa da governabilidade e do Congresso fisiológico já ficou gasta.

          Quando algum deputado fez campanha falando em reforma tributária, por exemplo?

          Eu só me preocupo com cargos legislativos mesmo.

  3. É isto aí BOB agora foi o PT

    É isto aí BOB agora foi o PT e espero que em breve o Barbosa atinja o PSDB com o mensalao mineiro. Agora dizer que sao inocentes que foram presos está longe da verdade. Em algum momento a justiça precisava começar a punir os crimes comentidos pelos politicos, minha esperança é que nao pare no mensalão.

  4. Os petistas foram presos

    Os petistas foram presos primeiro, bem antes para aproveitar o “restart” mental do natal-fim de ano-férias-carnaval-volta as aulas, quando os brasileiros acordam novamente.

    Ate lá os eleitores já se esqueceram tudo, estão com a mente limpa para a eleição de Dilma, por isso foram presos antes já que seriam presos cedo ou tarde.

    E isso que mais admiro no PT, são mestres do embuste.

    1. Por falar em mestre…

      O sr. é mestre em desvirtuar assunto, rei do diversionismo. Não sei o que escrever. O PT mestre do embuste por sofrer uma pressão descomunal? Acredito que o PT seja muito masoquista para fazer um embuste destes, como o da ação penal 470. Ou será que não entendi as suas afirmações, sr. aliançaliteral?

  5.  
    A QUERRA POLÍTICA DE QUEM

     

    A QUERRA POLÍTICA DE QUEM NÃO QUER MUDANÇAS:

    Dinheiro ou valores públicos não houveram.

    As campanhas de marketing foram realizadas e cumpridas.

    O empréstimo bancário – negócio jurídico perfeito – foi pago e quitado.

    As votações no Congresso atenderam aos interesses do país e de todos os partidos políticos.

    O sistema parlamentar que está ai (financiamento privado-onde tudo começa; campanhas caras e obrigatórias para se fazer conhecer e se eleger; caixa 2; acordos espúrios para uma governabilidade a qualquer preço; etc), não foi invenção do PT que, aliás, propugna pela sua reforma e, por isso mesmo (e só por isso), foi contra-atacado pesadamente (“mensalão”).

    A Casa Grande Senzala aceita alternância dentro do mesmo projeto de governo, mas não a alternância de projetos de governos.

    Só um ingênuo ou “aproveitador” acredita no  político “Mensalão“, acredita que corruptos foram para a cadeia, acredita que o Brasil mudou.

    Uma pergunta fica – ilustrando o tema: onde estão os personagens dos mega escândalos de ontem (reeleição, privataria tucana, mensalão mineiro, Banestado, Sudam, sanguessugas, anões do orçamento), e de hoje ? (Alstom, Siemens, ISS)… Soltos ! Impunes ! Muitos deles (na mídia) – como sacrossantos, como vestais da moralidade, como arautos dos novos tempos – acusando, se vangloriando, tripudiando…

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