Xadrez do auto-impeachment de Bolsonaro, por Luis Nassif

O termo auto-impeachment tem sido repetido no Senado, depois das últimas trapalhadas da família Bolsonaro.

Ele está se inviabilizando ante todos os poderes. Os sinais de enfraquecimento são nítidos.

Tem pouca sobrevida no campo institucional. Mas ainda conserva parte da popularidade e apoio de milícias reais. Qual o desfecho dessa crise?

Vamos entender melhor as peças desse xadrez.

Peça 1 – a implosão do PSL

O episódio mostra um enfraquecimento inédito de Bolsonaro. No PSL, sua falta de traquejo gerou dois adversários temíveis, Gustavo Bebianno, expulso do PSL por Bolsonaro, e o presidente do partido Luciano Bivar.

Bebbiano é da escola carioca de manobras políticas., tão velha quanto a República. Bivar é raposa velha, da elite pernambucana, sobrevivente do período militar, crescendo na era Mário Andreazza como Ministro do Interior. Foi representante da CBF de Ricardo Teixeira no Nordeste, garantindo os votos das federações estaduais. Já se meteu em um sem-número de aventuras, a mais curiosa das quais foi a tentativa de montar uma empresa de aviação com aviões envenenados – aviões velhos turbinados.

Em cima de um fundo partidário fornido, conseguiram derrotar Bolsonaro na indicação da liderança na Câmara, derrotando o próprio filho Eduardo.  Grampos revelaram que o presidente  atuou diretamente para reassumir o controle do PSL. E perdeu, com seu filho sendo derrotado na indicação para a liderança do partido na Câmara, e retirando sua candidatura a embaixador nos Estados Unidos.

Era a aposta mais estapafúrdia de Bolsonaro e, por isso mesmo, sua maior derrota.

Dia desses, outro filho admitiu o fenômeno do apoio envergonhado dos bolsonaristas. Segundo ele, continuam apoiando o pai, mas não se manifestam nas ruas com receio de reações contrárias. É um indicador relevante do enfraquecimento do maior trunfo político do bolsonarista: o urro das ruas.

No Congresso, a implosão do PSL amplia a influência de Rodrigo Maia, que tem atuado como peça de contenção das loucuras de Bolsonaro. O presidente do Senado, David Alcolumbre, tem se aproximado cada vez mais dos senadores mais experientes, procurando se firmar como poder autônomo.

Peça 2 – o Supremo Tribunal Federal

Antes, os filhos de Jair Bolsonaro falavam em calar o Supremo Tribunal Federal (STF) com um sargento e um soldado.

Ontem, Bolsonaro convidou três Ministros do STF a irem ao Planalto, mas para ele se desculpar dos arroubos de seu 02, Carlos Bolsonaro, que utilizou o Twitter do pai para atacar a tentativa de derrubar a prisão após 2ª instância.

O incontrolável 02 não tinha limites até agora, a ponto de atacar o próprio Augusto Heleno, o general Ministro do Gabinete de Segurança Institucional, e de insinuar ameaças de morte do círculo próximo ao Presidente. Nem o pai se arriscava a controla-lo, pelos sinais claros de distúrbio emocional.

Com o recuo, fica claro que até o 02 sentiu o nível de enfraquecimento do pai.

Seu recuo fragiliza ainda mais sua posição entre a banda lavajista e a própria banda bolsonarista da ultra-direita.

Por seu turno, o STF caminha para derrubar a prisão após 2ª instância e, na sequencia, reconhecer a suspeição do juiz Sérgio Moro nos julgamentos da Lava Jato.

Peça 3 – o poder militar

O Twitter supostamente escrito pelo general Eduardo Villas Boas, visando pressionar o STF para não derrubar a prisão após sentença em segunda instância, caiu no vazio.

As poucas certezas sobre o poder militar são de um Alto Comando profissionalizado, sem nenhum interesse em se meter em política, menos ainda de ser confundido com o governo Bolsonaro. Os recados que vêm do Forte Apache são nítido: Bolsonaro é um governo civil que tem militares trabalhando a seu convite.

Aliás, há algumas indagações sobre Villas Boas. Ele padece de doença degenerativa. No estágio final, impede o doente até de movimentos mínimos, como comer, mexer as mãos ou mesmo se comunicar pela fala. Por sua vez, Villas Boas é cuidado por uma filha dedicada, mas envolvida com a ultra-direita.

Como suas manifestações se tornaram irrelevantes, provavelmente não haverá investigações maiores sobre a autoria das mensagens.

Peça 4 – o amigo Trump

Já havíamos antecipado tempos atrás que o episódio da Amazonia tornou Bolsonaro figura tóxica junto aos círculos republicanos.

Meio ambiente será peça central nas próximas eleições presidenciais norte-americanas. E Trump não quer ser associado a um predador como Bolsonaro.

Além disso, o deslumbramento desmoralizante de Bolsonaro em relação a Trump, comportando-se como um fã deslumbrado, e a tentativa do filho Eduardo em se mostrar íntimo da família, matou qualquer possibilidade de respeito por ele.

Bolsonaro passou a ser considerado um risco similar a Rafael Trujillo, o ditador da República Dominicana, inicialmente apoiado pelos EUA, mas que se tornou uma pedra no sapato por seu baixo nível e envolvimento familiar: também tentou nomear um filho embaixador nos EUA.

Peça 5 – a reação do bolsonarismo

Tem-se de um lado, portanto, o governo Bolsonaro caminhando a passos largos para a inviabilização institucional. Falta inteligência política à família para qualquer reversão dessa caminhada.

Por outro lado, há milícias bolsonaristas espalhadas pelo país. A flexibilização da posse de armas, a facilitação das importações, o estímulo ao rearmamento, criou quistos armados em vários pontos do país: milícias, ruralistas, clubes de tiro e, mais grave, baixo clero da Polícia Militar de vários estados.

Trata-se de uma situação potencialmente explosiva que deveria começar a ser analisada pelo país formal, para que o país, mais à frente, não seja alvo de milícias armadas, a exemplo de outros países latino-americanos.

 

Luis Nassif

Luis Nassif

View Comments

  • O neoliberalismo se fortalece enfraquecendo as instituições. Nesse sentido, Bolsonaro cai como uma luva nas mãos dos banqueiros, que aliás estão lucrando horrores com a paralisação da economia e com o consequente aumento do endividamento do Estado em virtude da queda de arrecadação fiscal. O governo Bolsonaro está dando certo justamente porque está fazendo tudo no Brasil dar errado.

  • Será Nassif, ou o caos é onde bozo se movimenta melhor criando artifícios para um golpe, creio ser esse o caminho escolhido, aliás Rodrigo Viana fez ontem um alerta interessante sobre isso.

    • Acho que a intenção dos Bozos é essa. Mas porque as FFAA's iriam ficar com o ônus de um golpe (com consequencias muito piores hoje do que em 1964, inclusive econômicas e em tribunais internacionais), deixando o bônus para um capitão inepto e seus filhos? Mais fácil conspirar pelo impeachment, sem ônus do golpe e com bônus do poder cair na mão de um general de carreira, o vice.

      • As instituições militares não vão apoiar golpe algum, mas Bozo acha que vão. Teremos uma reedição do autogolpe de Jânio. Trata-se obviamente de um erro de cálculo da famiglia Bolsonaro. Mas dois fatores são preocupantes: igrejas evangélicas e milícias. Essas são o núcleo duro do bolsonarismo, e essas igrejas são particularmente influentes no baixo-clero das polícias, forças armadas e milícias. Aliás, existe um comensalismo, com traficantes evangélicos usando igrejas para lavar dinheiro do tráfico e coagindo moradores de áreas controladas por milícias a se converterem às igrejas dos milicianos. Esses caras dificilmente conseguiriam fazer uma revolução, mas podem certamente causar estragos.

  • Desde a posse da inominável figura que se prognostica sua queda.
    Análise, em meu entender, tão errada como àqueles que não quiseram enxergar que sem o presidente Lula candidato está figura seria imbatível, como de fato foi.
    O erro central das análises consiste em entendê-lo como um presidente, coisa que evidentemente não é. Seu papel na história é de puro diversionismo e,convenhamos,ele tem alcançado grande sucesso monopolizando completamente a mídia golpista e a alternativa.
    Enquanto isso, em apenas 9 meses e meio de mandato, conseguiu destruir todas as políticas públicas voltadas as áreas sociais,tem praticamente aprovada a destruição da previdência social com um caminho aberto para a capitalização tão sonhada por 10 entre 10 golpistas e a entrega graciosa de nossas reservas petrolíferas do pré- sal aos estrangeiros financiadores do golpe bem como de pedaços apetitosos da Petrobrás, por enquanto. Menos de 10 meses.
    Também, sempre se comenta sobre sua fragilidade política.
    É no mínimo duvidoso. O sujeito não tem base,não tem partido, não tem liderança política, pisa em todo mundo e ainda assim aprovou quase tudo o que queria com larga margem? Mito?
    O mercado financeiro, leia-se bolsa de valores,sequer tem se mexido com essas barriguinhas familiares e deve encerrar o ano com pontuação em recorde histórico. Mito?
    A mídia golpista,que querendo ou não querendo ainda é a grande caixa de ressonância das idéias a serem discutidas por todos, posiciona-se de forma absolutamente neutra nesta questões diversionistas deixando a briga restrita somente às mídias digitais e mantém seu foco na política econômica entreguista vendendo sempre um futuro melhor. Futuro que nunca chega.
    Assim, auto-impeachment,auto-golpe ou qualquer coisa assemelhada está completamente descartada,simplesmente porque o sujeito que está na presidência da República está representando, é muito bem, os donos reais do poder e a turba ensandecida.

    • O mercado vê Bozo como um aliado sim, mas inábil, pois para eles Bozo atrasa a agenda econômica.
      A reforma da previdência era uma agenda do Congresso de maioria patronal e neoliberal, o apoio e iniciativa do governo apenas ajudou a dividir o ônus. Mas as expectativas eram de ser aprovada antes.
      Até nas privatizações há críticas. Consideram as estatais privatizáveis pouco atrativas. O que querem de fato é o filé do BB, CEF e Petrobras.
      As bolsas estavam com preços depreciados antes e retomaram valor com aprovação da reforma da previdência, mas este anjá o saíram R$ 30 bilhões de capital estrangeiro da Bolsa. Não é um número promissor.
      Note que não há otimismo para investimento novo. Fala-se em recuperar o nível da economia de 2014 só em 2024. A balança comercial está em queda, exportamos menos em 2019 do que em 2018, e o mercado interno não reage com políticas de arrocho. Bozo é um péssimo "vendedor". Deveria estar rodando o mundo com imagem de "Bozinho paz e amor" como fez Lula em 2003, para ampliar mercados. Faz exatamente o contrário.

    • Nossa Vladimir, você disse tudo. A direita entreguista está lavando a égua e o povo a ver navios...
      Essa gente não tem sensibilidade social, não tem. Eles querem que o povo se exploda.
      Grande análise. Parabéns.
      Eu vou dar um print nessa resposta e guardá-la para o ano de 2022.

    • Simples, o PSL usou o Bozo para aprovar a Reforma da Previdência porque ele foi o unico sem noção que bateu de frente com este tema, agora ele não tem mais importância, não é mais relevante...

      Logo será (auto) descartado!

      Que Deus elimine nosso presidente!

  • Em paralelo:
    O ingênuo vilasboas, para não usar outro adjetivo, disse tempos atrás, que o fracasso do governo bolsonaro mancharia as forças armadas. Achava que o bolsonaro, vejam só, ia consertar o país. Acho que não por que as FA não são representadas por um grupelho de generais em busca de emprego no planalto. Mas ele decretou sua própria sorte.
    É de se destacar e que todos percebam que a globo desmoronou e destruiu seu jornalismo com seu antipetismo e morismo. Está sem assunto em um mundo onde explodem notícias. Tudo o que ela previu de maravilha virou desgraça total e ela não tem argumento para nada. Destaque para a miséria jornalística que agora pratica. Está perdida. E ainda não foi mostrada a sua cumplicidade criminosa com o moro. Ela sabe o crime que cometeu. É sem dúvida a maior responsável pela desgraça.

  • Ha certas criaturas que se parecem com abortos, pois, nascem como se fossem um deles. Auto-impeachment é uma dessas criaturas no mundo das palavras. Seus pais, como nos mitos gregos, bem podiam ser o eufemismo e a angústia, que lhes emprestariam suas respectivas naturezas para defini-lo. Auto-impeachment é, portanto, o agoniado desejo impronunciável dos Senadores de nossa República de ver Bolsonaro renunciar à Presidência. Eles querem ansiosamente a saída do Capitão, mas preferem, à boca pequena, chamá-lo de auto-impeachment. Com esse aborto verbal, eles se declaram contra o impeachment, mas o aceitariam sob a forma de uma renúncia do Capitão. Mas isto eles não ousam sugerir a ele. Exigir isto dele, nem pensar.
    Pode ser que por trás desse aborto verbal exista apenas o medo dos centuriões.
    Durmam tranquilos, senhores, pois não há sorte para ser lançada.

  • Prezado Nassif

    Parece a 2.ª Lei da Termodinâmica (o aumento da desordem do sistema) combinada com fenômenos entrópicos(a desordem provoca o colapso do sistema).
    Infelizmente, não vai acabar bem; porque esses sacanas (se fosse possível somar QI´s; Bozo e seus garotos - e seus "admiradores e puxa sacos - alcançariam um valor menor que o do Scrat, da Era do Gelo) só vão sair cobrando seu preço em sangue. Temo por uma guerra civil ou uma intervenção estrangeira se ele decidir pôr fogo na Amazônia

  • O maior erro da elite foi ter deixado os porões da ditadura subirem ao poder.

    O clã Bolsonaro está acostumados a agir no subterrâneo da político, seus métodos de operação não levam em consideração os cargos institucionais que ocupam. Basta lembrar que o os grupos de extermínio, que deram origem às milícias, tinham carta branca dos governos militares para torturar, matar e perseguir, mas tudo isso de forma oficiosa. Então, sua forma de agir sempre se deu abaixo dos poderes, porém condicionados por eles, até então.
    Desta forma, o clã por hábito, não liga pros cargos, eles ligam pras relações estabelecidas, é isso que lhes dão poder.
    Foi dessa fora que se infiltraram na administração pública e permaneceram impunes.
    Tiraram proveito da negligência institucional de um projeto de enfraquecimento do estado como agente público e dos votos que conseguiram, através da coação da sociedade, para determinados grupos políticos em troca da “vista grossa” pra suas atividades.
    Enfim, as milícias estão em expansão no País. É um problema de cunho federal e precisa que o pacto republicano seja reativado para que funcione.
    A iniciativa do NORDESTE com o consórcio pode servir de ponta pé inicial.
    Fato é que é necessário um projeto suprapartidário para superar essa situação.
    Existem grupos de estudo na CGU, Na UNEB, na UFBA, na UFRJ, na UERJ, na USP, na defensoria pública da união que podem auxiliar na construção desse projeto.
    Os grupos de agentes de segurança pública também precisam ser incluídos. Está clara a necessidade de reforma do modelo de política no país também.
    É preciso mapear com ajuda das corregedorias, da ABIN e das forças armadas, quem está envolvido com esses grupos. A construção e unificação de um sistema de inteligência nacional, junto com um sistema de identificação e monitoramento também. A ABIN precisa ser central nisso.
    Ter deixado a ABIN de lado foi um erro que entregou seu poder de aquisição de informações na mão da direita mais perversa que o Brasil tem.
    É o mesmo erro cometido com os agentes de segurança pública. São ressentimentos que tem que ser superados em prol do objetivo nacional de redução de desigualdade, superação da pobreza e índices de violência.
    O processo de ressocialização e educação também precisa ser abordado em conjunto, porém é de longo prazo.
    É preciso deixar bem claro que o Rio de janeiro serve de Estudo de caso do que pode se passar com o resto do país. É um erro considerar que Rio de janeiro deve ser visto como um caso isolado, tendo em vista as condições de espraiamento das milícias. Hoje, vemos sua expansão no meio rural, a exemplo dos incêndios e desmatamento na região do Norte e Centro oeste do país. Vemos também suas ações no meio urbano, Casos na Bahia e Ceará devem ser levados em consideração.
    Os políticos, devem entender que o ocorreu com Marielle, uma veradora em pleno exercício de suas funções, ser assassinada por milicianos que ocupam cargos políticos é sublevação desse grupo subterrâneo, desde os tempos da ditadura, ao poder e consequentemente, seu modo de ação.
    Acredito que um projeto de segurança nacional, suprapartidário e intersetorial, envolvendo agentes de segurança, educadores, diferentes governos de Estado, militares progressistas, iniciativa privada, seja de interesse geral e além disso, ataca as bases de sustentação bolsonarista de forma permanente. Acredito que os grupos políticos do espectro democrático já estejam convencidos que a milícia não pode continuar a existir. Inclusive os próprios financistas que antes estavam unidos no projeto Bolsonaro. Eles destroem os negócios, a indústria e o ambiente político.
    Inegavelmente, haverá diferenças de posicionamento em relação a esse projeto, porém acredito ser possível construir uma pauta comum mínima a todos. Aquele que sair vencedor terá de implementar esse mínimo.

  • Mantenho o que já escrevi aqui no GN em outras ocasiões: "Bozo é um jabuti na árvore. Como o réptil não sobe em árvores fica óbvio que o colocaram lá" . Esta é a entidade que precisa ser identificada e neutralizada para que o país retorne aos trilhos.
    Quanto ao risco de que "o país, mais à frente, seja alvo de milícias armadas, a exemplo de outros países latino-americanos." Não existe risco e sim uma realidade pois há muito já estamos nas mãos destes criminosos.

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