Bolsonaro poderá utilizar as polícias militares para um golpe?, por Rogério Maestri

Há outro fator, militar nunca gosta de entrar em combate quando sabe que tem possibilidade de perder

Bolsonaro poderá utilizar as polícias militares para um golpe?

por Rogério Maestri

Essa pergunta que angustia a muitos posso depois de estar refletindo e seguindo todos os movimentos de militares, policiais militares e milicianos, posso dizer que ele poderia até tentar e se ele tivesse alguma habilidade conseguir a sublevação em alguns estados do União, entretanto as coisa não são tão simples assim, há fatores que mostram que essa seria um verdadeiro risco de vida para ele e seus aliados. Mas somente escrever o parágrafo anterior e não explicar seria somente uma opinião baseada em nada, mas vamos aos fatos.

A primeira grande dificuldade dessa tentativa tem um empecilho externo que se torou uma variável surgida nos últimos dias que complica ainda mais a situação dessa hipótese, a reação das forças armadas norte-americanas a uma tentativa semelhante que começou a ser esboçada pelo líder de Bolsonaro, mas foi claramente abortada pelos militares norte-americanos.

As declarações de generais norte-americanos de uma virulência clara contra as pretensões de Trump de emprego das forças armadas para intervir nos protestos no país, simplesmente deixaram claro a todos, aliados de Trump como seus adversários, que as forças armadas norte-americanas não darão nenhum apoio a pretensões bonapartistas de Trump, muito pelo contrário, se oporão radicalmente nas suas intensões.

Alguém pode dizer que isso ocorreu nos Estados Unidos, porém devido aos vínculos ideológicos de Bolsonaro com Trump (num sentido único, ou seja, Bolsonaro se aliando a Trump e esse quase que ignorado o seu vassalo) tornou o apoio do governo norte-americano ainda mais importante do que sempre foi para golpistas do terceiro mundo, logo não contando com apoio externo, que pode degenerar numa rejeição de congressistas daquele país, para sinalizar apoio a golpes bonapartistas mais dentro do seu país do que externamente. Essas condições desfavoráveis, que tendem a piorar a medida que a crise econômica e de saúde pública se agravem tanto ao norte do equador quanto ao sul.

Além disso temos que pensar no aspecto logístico, certamente o comando maior das forças armadas estão atentas a um golpe que escapassem de seu controle, pois um golpe levado pelas polícias militares, mesmo que tivesse apoio de uma parcela da forças armadas brasileiras, tirariam dela o protagonismo e gerariam uma enorme força de dispersão dessas forças, ou seja, um sentimento de sublevação, que nenhum militar de alto comando estaria disposto de se submeter sem ter 100% de garantia que no fim o controle ficaria sob às mãos do seu comando.

Porém poderíamos supor que um número significativo de polícias militares se sublevasse a favor de Bolsonaro, mesmo não contando com o apoio das forças armadas. Taticamente as polícias militares tem melhor treinamento de combate do que as forças armadas brasileiras, entretanto em termos de estratégia essas polícias militares não tem a mínima experiência. Em 1961 a Brigada Militar do Rio Grande do Sul aliada ao comando do terceiro exército peitou junto com Brizola o resto do exército, porém naquela época a Brigada Militar tinha tradição de um exército chefiado pelo governador do estado, não tinha somente a tradição, tinha o treinamento, a capacidade tática e um estado maior que tinha toda uma experiência de intervenção em revoluções que ocorriam sistematicamente no Rio Grande do Sul, coisa que fez até a revolução de 1930.

Em 1964 sabendo do perigo que eram tropas militarizadas no comando de governadores dos estados, os militares fizeram uma série de modificações dessas instituições para transformá-las mais numa polícia armada para controle social de civis desarmados do que uma organização militar, ou seja, o alto comando das forças armadas simplesmente retirou uma série de funções e inclusive de armamentos das polícias militares para que essas não tivessem possibilidade de confrontar as forças do exército. Em resumo, a capacidade de enfrentamento das polícias militares contra mesmo algumas unidades treinadas das forças armadas, poderão até num golpe de sorte conseguirem algo, porém sem apoio externo, que não terão, esse enfrentamento em curto espaço de tempo seria um desastre para ambos os lados exterminando toda a coesão interna.

Tem outros motivos estratégicos que não gostaria de colocar aqui, que fariam o desbalanceamento de um movimento de Bolsonaro baseado nas polícias militares, levando essas, mesmo com apoio de uma pequena parte das forças armadas a derrota.

Há outro fator, militar nunca gosta de entrar em combate quando sabe que tem possibilidade de perder, pois as penas são muito altas para quem perde, logo para haver uma sublevação das polícias militares e essas terem apoio de uma parte do exército, salvo que essa parte do exército seja extremamente majoritária, que descaracterizaria como um golpe das PMs, não sai nada, nem as polícias militares se levantarão nem alguma parte das forças armadas vão aderir a esse levante.

Se a situação internacional fosse outra, como no ano de 2019, se fosse criadas as condições externas para a tentativa de golpes bonapartistas no Brasil, porém estamos no meio de 2020, daqui a alguns meses troca o presidente norte-americano e a tendência é que Trump não se reeleja, logo não há um ânimo beligerante nos USA, por consequência não tendo apoio externo qualquer coisa pode ocorrer, inclusive um contragolpe chefiado de fora para dentro, tudo é possível.

Só há uma coisa que ninguém está notando, a firmeza do judiciário brasileiro contra o executivo não é resultado de um chá de espírito democrático, mas sim de costas quentes do mesmo.

Redação

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