Custos da casa Fora do Eixo chegam a R$ 25 mil mensais

Jornal GGN – Alvo de críticas e discussões nas últimas semanas, o movimento Fora do Eixo recebeu a visita do portal de notícias UOL, que foi conferir que tipo de sedução atrai jovens de diferentes idades e interesses a participarem e contribuírem com seu trabalho para a rede alternativa.

Em São Paulo, a casa coletiva reúne grupos de até 30 pessoas que fazem tudo de maneira compartilhada para economizar nas despesas de aluguel, luz, água, telefone e internet – um custo mensal que pode chegar a até R$ 25 mil.

Parecia um sonho, até que ex-integrantes resolveram relatar nas redes sociais – local onde o movimento se faz mais presente – proibições estabelecidas pelos líderes, divisão machista de tarefas e até o uso de participantes para atrair sexualmente indivíduos para dentro da rede.

A reportagem do portal visitou a casa Fora do Eixo na última sexta-feira (16), após um bombardeio de críticas e especulações sobre as atividades e as prestações de contas do movimento à opinião pública – especialmente uma, da revista Carta Capital, em que uma ex-moradora fala sobre o interesse sexual fingido para trazer pessoas e a expressão “catar e cooptar” atribuída a Pablo Capilé, cofundador da rede.

Ele se defende das acusações, dizendo que “as meninas do Fora do Eixo vão processar essas pessoas”. Centro da maior parte das “denúncias” feitas por ex-integrantes, Capilé afirmou que é muito grave afirmar que quem está dentro da rede age levianamente. Ele diz que tais afirmações deveriam ser feitas ao Ministério Público, à polícia e aos órgãos responsáveis, e não numa entrevista ou num depoimento nas redes sociais. O líder do movimento disse ainda que defenderá sempre as mulheres e que “isso não pode ficar assim”.

A reportagem do UOL conheceu a redação do Mídia Ninja e do #PósTV, nos fundos da casa ocupada no bairro do Cambuci, em São Paulo, por cerca de 20 moradores. Apenas 50% deles estava presente no momento da visita. A residência parece comum a quem passa. Por dentro, os cômodos abrigavam pessoas trabalhando em notebooks e, na cozinha ampla, um pequeno grupo preparava um lanche.

A decoração é simples, os móveis são usados, no banheiro a inscrição escrita com canetão: “A verdade está lá fora”. Em quase todos os cômodos, inscrições e grafites, quadros e colagens pelas paredes. Os repórteres também encontraram instrumentos musicais, revistas, livros e DVDs espalhados.

Entre as regras básicas de convívio, quem tomou banho por último, seca o banheiro, lave seu prato, etc. As tarefas domésticas, ao contrário do que afirmaram ex-integrantes recentemente, são divididas inclusive entre os homens. Segundo o próprio Capilé, a casa ficou durante meses sem mulheres e as participantes atuais entraram há poucos meses para a rede.

O líder negou veementemente proibição de relacionamentos, disse que não há prova concreta disso. Também segundo ele, mesmo com os escândalos recentes envolvendo o Fora do Eixo, ninguém deixou a casa e todos quiseram colaborar para reverter as acusações feitas.

As associações a trabalho escravo também foram rebatidas por Capilé. Pelo trabalho para a rede, os moradores têm as despesas de moradia pagas, apenas não recebem salário. A diferença entre a produção de cada um e o gasto é creditada com os chamados Cubo Cards, a moeda social do Fora do Eixo. Ela foi criada para mediar a troca de serviço entre diferentes coletivos espalhados pelo país.

Apesar de discordarem de grande parte das acusações, Capilé disse que elas serviram para que os integrantes fizessem uma autocrítica em relação aos destinos do movimento. Mas para ele, se todas elas fossem reais, a casa não teria razão de existir e “implodiria”.

Neste final de semana, os líderes estão em Brasília num encontro com colaboradores de todo o país para discutir a opinião pública e discutir possíveis ruídos no processo. Um dos assuntos em pauta, segundo Capilé, diz respeito ao fato de moradores tornarem coletivos seus bens pessoais, como automóveis. E sobre colaboradores com filhos, o líder afirma que a rede também financia os custos da criança, bem como a acolherá, caso os pais queiram.

Ele disse que não desistirá do projeto, mesmo depois da avalanche e que, mesmo com convites recentes para assumir cargos públicos, afirma que isso não é de seu interesse.

Redação

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