FHC, sem medo do ridículo

Na grande crise de 2003, a imprensa foi atrás de todos os ex-presidentes. Três deles se comportaram como ex-presidentes, chamando a opinião pública à razão. Foram eles José Sarney, Itamar Franco e Fernando Collor de Mello. Independentemente de história e linha de pensamento, comportaram-se com a responsabilidade que se exige de um ex-presidente. O único carbonário foi FHC, pequeno, mesquinho.

Não parou por aí. Sua vida pós-presidência tem sido um exercício permanente de mesquinharia, agora, aproveitando-se de uma releitura oportunista da mídia sobre seu governo – meramente devido à necessidade de se criar um contraponto ao governo Lula.

FHC tem colaborado, de forma pertinaz, para destruir sua reputação perante os observadores isentos da história. Fala pelos cotovelos, sem observar nenhuma regra mínima de conduta que se espera de um ex.

Sua última obra prima é esse primor de lógica política:

  • Se Dilma não conseguir as reformas, também não conseguirá governar.

  • A saída que tem, então, é se oferecer para o altar de sacrifícios: se o Congresso der as reformas, ela ofereceria, em troca, seu cargo de presidente, renunciando.

  • Com esse gesto de desprendimento, ela recuperaria sua força política, diz esse gênio da análise política.

E de que serviria recuperar, sendo ex-presidente? Provavelmente para poder participar do chá das 5 na Academia Brasileira de Letras.

Não é fácil para aliados forçar interpretações sobre a era FHC. Ele poderia facilitar a vida dos amigos e aliados não se expondo tanto assim ao ridículo.

Do Estadão
Tucano avalia que, se propusesse mudanças eleitorais e na Previdência, petista recuperaria força política; caso contrário, restará ‘empurrar o tempo com a barriga’
Porto Alegre – Em entrevista na manhã desta sexta-feira, 30, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que a presidente Dilma Rousseff teria como melhor alternativa para a crise política propor um pacto pelo qual aceitaria renunciar ao mandato mediante a aprovação de reformas que dificilmente o Congresso e os partidos aceitariam fazer por conta própria, como melhorar os sistemas partidário-eleitoral e o previdenciário. “Ou ela assume e chama o País às falas, apresenta um caminho crível para o País e recupera a força para poder governar, ou então ela pelo menos deixa uma marca forte: ‘Eu saio se vocês aprovarem tal e tal coisa”, afirmou o ex-presidente tucano, em entrevista à Rádio Gaúcha, do Grupo RBS.
“Como a presidente está em uma situação tão delicada, tão difícil, de tão baixa popularidade e, ao mesmo tempo, com tanta dificuldade de aprovar qualquer coisa no Congresso, o que seria com grandeza? ‘Olha aqui, vocês querem que eu saia? Eu saio, mas vocês primeiro me deem tais e tais reformas, para criar um clima mais positivo'”, afirmou FHC. Para o tucano, as prioridades dessa agenda deveriam ser as regras das disputas eleitorais e o sistema público de pagamento de pensões e aposentadorias. “Muda a reforma eleitoral, porque esse sistema está fracassado. Mexe a Previdência, porque se não vai falir. Exige umas tantas coisas que sejam anseios nacionais e (diz:) ‘Se fizerem isso, eu caio fora’. Um gesto e, se fizer isso, nem cai fora, porque ganha (força política).”
Há pelo menos dois meses, FHC tem defendido publicamente a renúncia como um “gesto de grandeza” para Dilma. Logo após as manifestações contra o governo e o PT de 16 de agosto, : “Se a própria presidente não for capaz do gesto de grandeza ­ renúncia ou a voz franca de que errou, e sabe apontar os caminhos da recuperação nacional ­, assistiremos à desarticulação crescente do governo e do Congresso, a golpes de Lava Jato. Até que algum líder com força moral diga, como o fez Ulysses Guimarães, com a Constituição na mão, ao Collor: você pensa que é presidente, mas já não é mais”.
Na entrevista desta sexta­feira, motivada pelo , em que relata o dia a dia no Palácio do Planalto, FHC se mostrou cético em relação à situação de Dilma. “Do jeito que está, ela pode até ficar (até o fim do mandato), mas vai empurrar o tempo com o barriga sem conseguir resultados satisfatórios”, avaliou. Por isso, segundo o tucano, a renúncia seria o “menos custoso” ao País.
“Impeachment é um processo longo. É um debate que paralisa o País. Uma decisão do Tribunal (Superior) Eleitoral que anule a eleição provoca também uma grande confusão, eleição de novo”, afirmou FHC, seguindo caminho diferente do defendido pela maioria do PSDB, que encampa um pedido de afastamento da presidente e contesta a campanha à reeleição de Dilma no TSE. “Tudo isso é muito fácil de falar, mas quem conhece o processo histórico sabe que tem um custo para o país muito elevado.” Ao comparar na semana passada as dificuldades de seu governo com o PT na oposição às enfrentadas por Dilma, FHC disse ao Estado que os tucanos não deveriam agir como os petistas fizeram no passado.

 

Luis Nassif

Luis Nassif

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  • "FHC disse ao Estado que os

    "FHC disse ao Estado que os tucanos não deveriam agir como os petistas fizeram no passado":

    O PT TIROU 30 milhoes da absoluta miseria, nao colocou 30 milhoes de pessoas na miseria.  Quem fez isso foi voce, Fernando Henrique Cardoso.  E seu partido.

  • Me caiu uma ficha hj: o fhc

    Me caiu uma ficha hj: o fhc tem um filho de verdade, se chama aécio de falso sobrenome neves mas como no Brasil não tem neve, podem chamá-lo de aécio cardoso. Não precisa nem de dna!

  • Sobre as asneiras em que FHC

    Sobre as asneiras em que FHC é especialista em dizer e que realizou quando foi presidente e continua a realizar, depois de 13 anos fora do poder, não precisamos perder tempo, para comentar. Vou citar uma única frase do conservador jurista e professor de Direito, Cláudio Lembo: "Um ex-presidente não devia falar isso. Eu também acho que ele poderia ter renunciado quando comprou a reeleição"

  • Como pode falar de ética um

    Como pode falar de ética um presidente que mudou a regra da eleição presidencial em pleno mandato? Teve um juíz que disse que se eu faço aquilo,  é erotismo. Se o vizinho faz aquilo , é pornografia. Diria que pra mídia pró FHC, o jeito que foi implantado a reeleição é realpolitik a la Maquiavel ( que teve o castigo de ter um prefácio de FHC na edição do Príncipe de MAquiável -rs ) . Claro que se fosse o Itamar ou o Lula que fizesse a mesma coisa, seria golpe puro, coisa de político de quinta.

  • Adeus, FHC, por Leandro Fortes, 23.11.2009

    Leandro Fortes, na época na Carta Capital, publicou no seu blog um texto antológico que não me canso de reproduzir aqui. Dois trechos apenas: (...)

    " Hoje, FHC virou uma espécie de ressentido profissional, a destilar o fel da inveja que tem do presidente Lula, já sem nenhum pudor, em entrevistas e artigos de jornal, justamente onde ainda encontra gente disposta a lhe dar espaço e ouvidos. Como em 1998, às vésperas da reeleição, quando foi flagrado em um grampo ilegal feito nos telefones do BNDES. Empavonado, comentava, em tom de galhofa, com o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, das Comunicações, da subserviência da mídia que o apoiava acriticamente, em meio a turbilhão de escândalos que se ensaiava durante as privatizações de então:

    (...)

    "Agora, às portas do esquecimento, escondido no quarto dos fundos pelos tucanos, como um parente esclerosado de quem a família passou do orgulho à vergonha, FHC decidiu recorrer à maconha.

    A meu ver, um pouco tarde demais."

    Os casos de FHC e Bicudo são muito semelhantes, com a diferença de que o filho do Bicudo veio a público manifestar repúdio ao comportamento do pai, já os filhos do FHC se esqueceram de recolher o pai no quarto dos fundos.

     

  • porque perdemos tempo com fhc?
    Esse sr dá uma canseira.

    Porque não se cala?

    Há um tempo para falar e um tempo para calar.

    • Presidente metalúrgico deixa ex-presidente sociólogo com ódio

      Desde 1995 até 2018, o govêrno de São Paulo estará nas mãos do PSDB. Neste tempo, prosperou o estado como pai do PCC.

      O atual governador do estado promoveu sigilo absoluto por 25 anos do Affair Metrô S. Paulo, dizem que voltou atrás.

      vide, https://pt.wikipedia.org/wiki/Escândalo_do_caso_Alstom é uma amostra de como o MPF, e Polícia Federal agem, pois como o Tesouro Nacional é FIADOR dos empréstimos tomados junto ao World Bank, seria atribuição FEDERAL, é o meu e o dinheiro de todos os brasileiros que estão como Fiadores. Fiz denúncia ao MPF-SP à Dra. Procuradora Fairbanks, que achou que não era de sua  atribuição - federal e era, hoje tem um processo sôbre este caso junto ao MPF-SP, está na WEB pois o STF quebrou o sigilo -  e repassou para o MPE-SP, recebi e-mails de 2 promotores arquivando o processo, todos foram, até que um Juiz do TJ-SP arquivou tudo, mas como toda regra tem excessão o PROMOTOR DR. MARCELO MENDRONI, ESPECIALISTA EM ILÍCITOS FINANCEIROS conseguiu desarquivar o caso.

      Bem quando o govêrno federal cortou impostos federais das montadores, para manter emprêgos,  o rico estado de S. Paulo ganhou uma fábula de dinheiro com o ICMS, pois as vendas dos veículos subiram geométricamente.

      Voltando ao sociólogo FHC, que se aposentou com 38 anos de idade, e depois no seu govêrno disse que só vagabundo se aposentava com 50 anos de idade, penso que não se lembrou dele. Circulou na mídia que sua filha era assessora FANTASMA, no Congresso Nacional, e que quando veio à tona, E ela foi despedida, RECORREU À JUSTIÇA.

      Realmente, um metalúrgico nordestino ser chamado pelo Presidente Obama de "ÊSTE É O CARA", DEVE TER AUMENTADO O ÓDIO DE FHC.

      SOU CARDÍACO, E NÃO VOU MAIS ME ESTENDER SÔBRE OUTROS CASOS, BEM PIORES.

      Caso o Luis Nassif se interessar mando um pouco do material, daria um excelente programa no ESPAÇO CULTURAL, mas

       não sou chegado a me mostrar na tv. Assunto encerrado.

      PS.: Já fiz a CEG - Companhia Estadual de Gás do RJ, pagar algo,  que estimo em 1 milhão de dólares em multas,

      pelos seus excelentes serviços prestados.

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