Inflexão de Lula ao centro inviabilizará terceira via em 2022

"Se demonstrar habilidade na costura de alianças, Lula, líder de esquerda, poderá se fortalecer como o maior expoente do centro alargado", dizem analistas

Jornal GGN – Artigo publicado na Folha de S. Paulo nesta quarta (24), assinado por Carlos Melo e Eugênio Bucci, analisa o papel e os desafios de Lula e do PT na eleição presidencial de 2022, agora que o ex-presidente teve processos da Lava Jato anulados pelo Supremo Tribunal Federal – que também reconheceu a suspeição de Sergio Moro.

Na visão do cientista político do Insper e do professor da USP, Lula, ao fazer uma inflexão ao centro, reuniria as melhores condições de combater o bolsonarismo em 2022, talvez até mesmo com apoio de partidos como o PSDB.

No texto, os autores lembram que, por muitos anos, a polarização na campanha presidencial se deu entre PT (chamado de esquerda) e PSDB (que passou a ocupar o espaço da centro-direita). Mas com a ascensão do extremista de direita Jair Bolsonaro, “nada está à direita do governo e o que era centro foi violentamente empurrado para a sua esquerda, de tal modo que PSDB e PT, hoje, habitam o mesmo flanco, são vizinhos. Em outras palavras, o centro se deslocou para a esquerda e a esquerda fez uma inflexão ao centro.”

“A distância entre PT e PSDB parece ínfima quando comparada ao abismo que os separa da selvageria armada pelo governo federal”, sustentam eles, que recordam que até o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso admitiu recentemente que entre Lula e Bolsonaro em 2022, votará no petista, que é o “menos pior”.

“Depois do antilulismo, encarnado por Bolsonaro, abre-se [com a anulação dos processos da Lava Jato] a temporada do antibolsonarismo, ou do anti-antilulismo, a ser encarnado por Lula.”

“(…) se demonstrar habilidade na costura de alianças, Lula, líder de esquerda, poderá se fortalecer como o maior expoente do centro alargado. Se isso se confirmar, não haverá um terceiro nome viável para 2022”, avaliam.

Para aglutinar as forças ao centro, Lula teria de “enunciar uma mensagem clara contra os graves desvios éticos registrados em seus governos. Só assim poderá representar forças democráticas sem filiações de esquerda. Terá de assumir compromisso de que determinados erros —e crimes— não serão repetidos em um eventual futuro governo.”

Já os setores que fazem falsas equivalências entre Lula e Bolsonaro, precisam largar o osso. “Essa ilusão de ótica, cujos efeitos foram e são nefastos, precisa ser abandonada o quanto antes, até para que se qualifique a crítica a Lula e ao PT e se desenvolvam novos termos de entendimento.”

Redação

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