Na hora das provas, por Janio de Freitas

Por Janio de Freitas

Na Folha

Além das evidências de mentiras de Paulo Roberto Costa, que já goza o prêmio de liberdade plena por suas delações, o documento de defesa entregue ao juiz Sergio Moro por Marcelo Odebrecht expõe, também, os riscos que os métodos da Lava Jato levam às decisões da Justiça neste caso.

Os registros eletrônicos de Marcelo, cifrados ou muito sintetizados, foram “traduzidos” por interpretações dos integrantes da Lava Jato, que as utilizaram como “provas” nas acusações. Muitas dessas ilações parecem lógicas e irrefutáveis, de fato, como rastros comprometedores de Marcelo com práticas perseguidas pela Lava Jato. As explicações dos mesmos registros, porém, uma a uma feita por Marcelo, parecem também lógicas e irrefutáveis. E, algumas, até coincidentes com fatos externos conhecidos, e citados.

Com um ano e sete meses de Lava Jato, as diferenças entre delação premiada e investigações mostram-se ainda. Ou se mostram ainda mais, quando tudo passa dos depoimentos em inquéritos para os julgamentos, que devem pesar as bases para condenar ou absolver. Presume-se que, à falta de investigações, a decisão de um juiz, na discórdia entre ilações de aparência lógica e explicações de aparência lógica, só disponha da opção subjetiva para apresentar como decisão. Um nível de insegurança muito alto, portanto.

No caso de Marcelo Odebrecht, seus registros eletrônicos são apenas parte na acusação. Há também delações premiadas que mencionam sua empresa nas transações corruptas em torno da Petrobras. Mas por Paulo Roberto Costa, e não só por ele, evidenciam-se problemas em delações que deveriam ser evitados por investigações da Polícia Federal e de procuradores. No que se refere a tais evidências, está claro que não houve investigações ou foram insuficientes, fosse na profundidade, fosse na qualidade técnica.

Há esclarecimentos devidos ao país tão abalado pelo que a Lava Jato irradiou. O risco de condenações e absolvições baseado em subjetividades, e por desejo de julgadores ou por pressões, pode ser muita coisa, menos Justiça.

LOGO QUEM

Quer dizer que o PMDB tem ideias para um governo e repele as do atual. Não tem sequer originalidade na visão contrária ao governo. Mas, se é crítico, por que não sai do governo, não desgruda, quer sempre estar em mais um pedaço dele?

O PMDB não tem autoridade política nem moral para lançar “ideias” programáticas contrárias ao governo, por cujas deficiências e deformações tem grande responsabilidade. Assim como tem responsabilidade na gestação e na progressão da crise política que alimenta a crise econômica: é o PMDB de Eduardo Cunha, pois não? É o PMDB chantagista, do ministério por apoio, dos cargos a mais por cada votação na Câmara, e das traições apesar do êxito das chantagens. É o PMDB desprovido de qualquer compromisso com o país e com a população.

Michel Temer diz que o PMDB terá candidato próprio à Presidência. Não está claro se fala de sua ambição ou se é uma ameaça.

UM MOMENTO

O descontrole do general Antonio Hamilton Martins Mourão resultou muito positivo. Como disse, ele está vendo que o “inimigo interno” continua por aí, e não é tranquilizador para ninguém que, à frente de mais de 50 mil homens armados, esteja alguém dado a visões. Além disso, o segundo general Mourão é dado também a impropérios e insultos ao poder constituído (o Mourão primeiro foi aquele que iniciou o golpe de 64 e se definiu como uma “vaca sagrada”).

Destituído do Comando Militar da Região Sul, o general Antonio Mourão deu oportunidade à expectativa de que os recentes pronunciamentos de generais, se interregnos ocasionais forem inevitáveis, não significam o retorno à desprofissionalização dos militares para fazerem política.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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  • Vaca fardada

    Janio de Freitas, mais uma vez, indispensável. Mas um pequeno cochilo em "o Mourão primeiro foi aquele que iniciou o golpe de 64 e se definiu como uma "vaca sagrada" , Na verdade, o próprio general se  chanou de "vaca fardada".

  • Inquéritos

    Será que o problema é a delação premiada ou a liberdade através de prêmios?  Quem garante que os envolvidos não dispõem de outros depósitos no exterior, e que alguns dos investigadores não desejam parte deles?  Está na hora de verificar se nesse negócio só tem bandidos de um lado. Geralmente tem dos quatro lados, em cima e em baixo.  Quanto ao generaL Mourão, creio que o Jânio cometeu um equívoco: ele se qualificava como uma "vaca fardada", não sagrada.

  • Pouco destaque se deu nas

    Pouco destaque se deu nas mídias acerca da demissão sumária desse general. No meio militar a destituição de um comando de tropas(o máximo que um profissional desse estamento almeja) e remanejamento para cargo burocráticos é uma punição forte, sim. Uma forma sutil de seus superiores o colocarem no seu devido lugar.

    E viva a democracia e o Estado de Direito! Se magistrados  "falam" nos autos, militares só o fazem quando são autorizados pelos seus superiores. Essa é uma das regras sagradas para eles. 

    • E tem um outro detalhe.
      A

      E tem um outro detalhe.

      A regra básica entre o militares e manter e respeitar a hierarquia.

      A presidenta é comandande em chefe das Forças Armadas, e esse gal. quebrou a hierarquia quando citou o governo na sua fala.

      Se tivesse de pijama não teria problemas algum, mas como está na ativa, tá certo, pé na bunda desse gal.

      O cara do blgo do Coronel está soltando fogo pela venta.

    •  
      Pena que o general precisou

       

      Pena que o general precisou armar duas para ser defenestrado. A fala ensandecida sobre a presidente, que não gerou reação do comando, e o cúmulo da provocação ao intentar homenagens ao Ulstra.

  • ?

    Há esclarecimentos devidos ao país tão abalado pelo que a Lava Jato irradiou. O risco de condenações e absolvições baseado em subjetividades, e por desejo de julgadores ou por pressões, pode ser muita coisa, menos Justiça.

     

    Pelo tamanho da podridão que se encontra o stabilishment politico no brasil, o pior riso não seria a injustiça, que a bem da verdade corre solta pelos tribunais deste tão grande Pais.

    O pior risco... É TUDO ACABAR EM PIZZA...

    • JÁ ACABOU EM PIZZA

      Já acabou em pizza. Você viu algém da oposição preso, ou sequer implicado nessa Vaza a Jato?

      Não foram incomodados.

      As acusações de delatores contra Aécio, "não vem ao caso", nas palavras do bravo juiz.

      Nem a mulher e filha do Cunha, que não têm foro priviliegiado e estariam dentro do escopo da Vaza a Jato. Não há  denúncia do MPF contra elas.  Apesar das provas robustas  apresentados pelo MP suíço.

      À exceção de Marcelo Odebrecht, queme stá preso são os de sempre. Dirceu, (sem provas), Vaccari (sem provas) etc.

      Para os 4 "P"s, nada acaba em pizza.

  • Não sei do porque esse medo

    Não sei do porque esse medo dos militares.

    Fidel Castro não é GENERAL?

    E o Hugo Chaves não foi GENERAL e inclusive deu um golpe de estado.

    Getulio Vargas em 1930 foi presidente através de um golpe militar.

     

    • leia mais antes de escrever besteiras

      Não, Fidel não é general ( para seu azar ainda é vivo). 

      Chaves tinha patente de coronel. Tentou sim um golpe e fpoi preso e voltou com as eleições democraticas.

      Agora se gosta de militares na politica fala logo que gosta de ditadura.

  • Sobre a defesa do Marcelo

    Sobre a defesa do Marcelo Oderbrecht, ele diz, em síntese, que dentre todas as empreiteiras envolvidas no Petrolão, a Oderbrecht é a única, dentre todas as grandes empreiteiras, jamais pagou propina, e que a Oderbrecht não participou do cartel.

    A defesa dele seria como, por exemplo, em uma acusação de homicídio, o réu negasse que a vítima morreu, e que está vivinha da Silva.

     

     

  • Será que a Lavajato tá deixand um dinheirinho escondido pros De

    Delatores milionários tocarem a vida? , ou seja, vivendo do lucro do roubo?

    Se todo esse aparato da Justiça prestar-se a isso será o fim do mundo!

    Estaria  parecendo que todos os meios justificará o fim, qual seja: Criminalizar um governo popular , crimilnalizar um Partido e

    criminalizar uma liderança, o Lula, ou seja: A Justiça eliminando antecipadamento os adversários das oposições das proximas eleições..

    Digo adversários das oposições próximas eleições pois, o Ministério Público Paulista já tá aporrinhando a administração vitoriosa do  Prefeito Haddad , tão fazendo de tudo pra enfraquece-lo já para as eleições de 2016.

    Tem um projeto da Elite em curso,e ela usa de todos os seus agentes em todas as esferas de poder e além dos três clássicos poderes a elite raivosa , que não aceita nenhum governo inclusivo e nacionalista,  usa também o quarto poder que é a Porca-Mídia.

     

     

  • Calma lá,
     O melhor da coluna

    Calma lá,

     O melhor da coluna dele,Nassa não publicou.

       É o último tópico :

      A MENOS

    A Folha deixa de abrigar esta coluna nas terças-feiras. 

      

    • E que faça o mesmo com Juca

      E que faça o mesmo com Juca Kfouiri .---uma x por semana tá bom demais.

        E mande Ferreira Gullar tomar chá na A B L  e Luiz FELIPE Pondé pra USP---em difinitivo.

         Dois caras que não dizem nada com nada.

    • Coisas da caserna.

      “É o último tópico”

      Pois é; eu também estranhei a omissão do Blog Nassífico quanto à exoneração do general Mourão (Eita!que nome de guerra ominoso...).

      Dá só uma olhada na entrevista do dito cujo a uma tal de Rede Pampa:

      https://www.youtube.com/watch?v=P_rgmz_eqJ8

      O general Villas Bôas, comandante do EB, foi amigo: após a exoneração, o Mourão passou a comandar a Secretaria de Economia e Finanças do Exército – vai cuidar dos contracheques da tropa.

      Melhor e mais tranquilizadora seria a passagem pura e simples para a reserva remunerada e um lindo pijama camuflado de presente pelos serviços prestados.

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