Jair Bolsonaro e o general Freire Gomes, ex-comandante do Exército. Foto: Divulgação/Presidência
Vamos com menos entusiasmo na delação do coronel Cid. Como explica o jurista Lenio Streck:
O que se tem de concreto da delação?
No relato de Maria Cristina Fernandes, do Valor Econômico, e nos demais, o almirante Almir Garnier – o único que, supostamente, apoiaria o golpe – é apresentado como um burocrata que se encantou com Bolsonaro. Em outra reportagem, é ironizado pelo comandante do Exército, general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, que pergunta: com que tropa ele apoiaria o golpe?
Segundo a reportagem, o único a enfrentar o presidente foi o comandante do Exército, general Freire Gomes. “Ele não apenas disse a Bolsonaro que o Exército não compactuava com um golpe como afirmou à queima-roupa: “Se o senhor for em frente com isso, serei obrigado a prendê-lo”.
A razão seria que os comandantes do Sul, Sudeste, Leste e Nordeste não apoiariam o golpe, e os americanos – civis e militares – também não.
Ficamos assim, então. O Exército apoiou em todos os momentos a concentração de pessoas no entorno dos quartéis. A própria segurança do Exército tratou de garantir os manifestantes, mesmo depois das badernas de dezembro e da tentativa de explosão de bombas em caminhão com combustível. Em uma das sessões da CPMI, o terrorista garantiu que a inteligência do Exército impedia a infiltração nos acampamentos. Quem eram os infiltrados? Ambulantes querendo vender coisas.
O comandante do Planalto, general Dutra, afrontou o Ministro da Justiça Flávio Dino na noite de 8 de janeiro, impedindo qualquer prisão nos acampamentos. Em vários lugares, parte dos manifestantes eram da família militar.
Mas a história começa a ser reescrita. Tinha-se um Exército legalista, uma Aeronáutica que não participou do golpe – apesar da militância digital vergonhosa do brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, comandante da Aeronáutica -, um Exército que não montou nenhuma equipe para questionar as urnas eletrônicas.
Os militares dignos, Ministro da Defesa general Fernando Azevedo, comandante do Exército, general Edson Pujol; da Marinha, almirante Ilques Barbosa Junior; e da Aeronáutica, brigadeiro Antônio Carlos Moretti Bermudez, deixaram os cargos em março de 2022, por não compactuarem com o golpe. Ficaram esquecidos na história. Os novos heróis passam a ser os comandantes que estimularam os acampamentos em quartéis, que questionaram as urnas eletrônicas e que colocaram tanques fumegantes no desfile de 7 de Setembro como demonstração de força. Mas, graças ao grande jeitinho brasileiro de reinventar a história, saem como heróis,
E assim, de mentira em mentira, o país vai remendando uma democracia torta.
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Já havia dito em outro comentário: Está tudo combinado para livrar a cara dos milicos milicianos. Essa gente não presta.
É preciso ser muito ingênuo para acreditar na delação do miliquinho amestrado. São todos golpistas,inclusive os ditos aqui "dignos". Nenhum deles disse nada contra o golpe. Estão todos na miúda.
O Brasil terá muito menos prejuízos se não tiver essas Forças Armadas.
Uma coisa é a instituição das FFAA e a outra é parte dos oficiais do alto comando que as dirigem, durante o tempo da duração dos seus comandos. A primeira é aquela que sempre recebe a culpa e que sempre carrega as manchas das sujeiras daquela outra parte, que ela tão bem acolhe, ensina, prepara e sustenta. É ela também, quem sofre a degradação da imagem, da moral, da ética e da credibilidade por conta da traição, da ambição e da ganância da outra parte reincidente, ingrata e irresponsável. Porém, no momento do ajuste de contas com a justiça, que foi violada, a parte do alto comando não reconhece as gravíssimas infrações cometidas, não reconhece o tempo da dedicação no acolhimento, no ensino, no sustento e na qualificada preparação que lhe foi agraciada com confiança e respeito. A decepção agrava muito mais, além da quebra do sagrado juramento militar, quando também a covardia ganha corpo ao fazer uso do apelo ultrajante e amador de álibis amadores, desconexos e audaciosos. Consegue ferir mais ainda a instituição, por deixar a impressão que coage intencionalmente a sociedade para que não aceite qualquer outra versão que contrarie seus álibis, ainda que não sejam verdadeiros e pareçam não ter defesa.