Para entender o desastre do governo no Congresso

O primeiro erro de Dilma Rousseff foi o péssimo relacionamento com o Congresso durante o primeiro governo. No ano passado, houve apenas uma reunião com o colégio de líderes.

O segundo erro foi na escolha dos Ministros para o segundo governo. A estratégia consistia em escolher Ministros com ascendência sobre seus respectivos partidos, que pudesse pressionar seus correligionários a votar com o governo.

Na hora da escolha, Dilma distribuiu os cargos entre os partidos mas escolheu, em cada qual, Ministros da sua relação pessoal. E praticamente nenhum deles tinha ascendência maior sobre seus parlamentares. Foi o caso de Armando Monteiro com o PTB; Kátia Abreu com o PMDB; George Hilton com o PRB.

O terceiro erro foi nada ter feito para impedir a maneira como Eduardo Cunha pavimentou sua candidatura. Havia sinais evidentes no Congresso de uma bancada de parlamentares recebendo mesada de Cunha. Na legislatura anterior, ele controlou comissões estratégicas, de interesses de grandes grupos econômicos, e passou a ter acesso fácil a recursos. Pavimentou sua candidatura por quatro anos. Blindou-se junto à mídia ao assegurar que bloquearia qualquer tentativa de regulação. Mesmo assim, havia indícios suficientes para uma investigação sobre suspeitas de crimes políticos. O Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo foi pessoalmente alertado. Nada foi feito.

O quarto ponto é a perda total de referenciais no Congresso. Não há mais mediação. A oposição não desistiu do terceiro turno e a situação não tem uma bandeira agregadora. O campo fica aberto para os pragmáticos.

Luis Nassif

Luis Nassif

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  • Perfeito! Dilma nunca

    Perfeito! Dilma nunca percebeu que a presidência é um cargo eminentemente político e não necessariamente gerencial. Faltou política, agora colhe os frutos podres.

  • A Dilma perdeu os referenciais não só em relação

    ao Congresso, mas também em relação ao seu eleitorado e ao país. Suas ações atuais não condizem em nada com o que eu esperaria de um governo de esquerda ou centro-esquerda. Além disso, sua falta de comunicação com o país é catastrófica. Cada dia que passa fica mais difícil defendê-la.

  • Empossada, devemos impedi-la de governar!

     O governo Dilma esta muito parecido com o governo Vargas (51- 54). Parece sem autoridade, sem guias e perdido. Digo, parece. Espero que o desfecho não seja o mesmo.

    "O senhor Getúlio Vargas não deve ser candidato à presidência; candidato, não deve ser eleito; eleito, não deve tomar posse; empossado, devemos recorrer à revolução para impedi-lo de governar".

     

  • Câmara dos deputados.

    Os ânimos dos oposicionistas estão a mil, até parece que o único objetivo da casa é barrar a governabilidade, até derrubar o governo Dilma; perigoso, se assim acharem possível agir daqui pra frente. Então tá, mas é bom lembrar que todos os eleitores do PT e da Dilma, estamos todos querendo essa separação do PT e demais partidos chamados aliados e doidos pra ver esse confronto, pois sabemos que muitos ali, estão mais querendo colocar fogo no país, do que ajudar a resolver suas mazelas.

  • repito o comentário que fiz

    repito o comentário que fiz em outro post:

    é preferível perder para o fisiológico - com a ficha criminal que o explca -

    eduardo cunha,  do que aderir a ele.

  • Imperdível

    "Lamento discordar mais uma vez da maioria, mas não acredito que está aberta a porta para o impeachment de Dilma.

    Se a presidente pretendeu um dia ser mais que uma gerente, que desista. Ela vai gerenciar pelos próximos quatro anos.  

    Estão enterradas a união civil de pessoas do mesmo sexo, a regulação da mídia eletrônica, o imposto sobre fortunas, o financiamento público de campanhas e qualquer outro projeto progressista com os quais os eleitores de Dilma um dia sonharam."

    Leia aqui
     

  • Dilma

    Na verdade, a Dilma não está acostumada com os beneses da política, pois tida como excelente executora, não administradora política. Creio que ela nunca esteve preparada para governar uma nação. Falta ainda o traquejo político, mas, infelizmente, ela não o recuperará nesses anos de governo. 

  • Dilma

    Na verdade, a Dilma não está acostumada com os beneses da política, pois tida como excelente executora, não administradora política. Creio que ela nunca esteve preparada para governar uma nação. Falta ainda o traquejo político, mas, infelizmente, ela não o recuperará nesses anos de governo. 

  • "Não poderia haver

    "Não poderia haver representante mais adequado a uma Câmara dos Deputados apequenada por interesses mesquinhos, e a serviço de mega-financiadores de campanha, do que o negocista Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o eleito.

    Mas ele é a consequência natural da tal governabilidade a todo custo, defendida com unhas e dentes pelo alto comando petista."

    Laura Capriglione

  • Juremir Machado:

    "O PMDB encontrou a fórmula mágica. Faz o vice-presidente da República, um bloco de ministros, o presidente da Câmara de Deputados, o presidente do Senado e muitos governadores. Manda no país sem sentar no trono.

    O PT é refém do PMDB. A prova é ter de eleger Renan Calheiros e engolir Eduardo Cunha."

    • Juremir afinal encontrou seu nicho

      No início de sua projeção, exibia-se como pós-modernista franco-atirador anárquico, em Porto Alegre. Levou uma surra intelectual por José Arthur Gianotti em entrevista no caderno Cutura dos sábados na Zero Hora (que teve seus bons tempos naquele cadeerno, hoje desfigurado). Era moda ser pós-modernista franco-atirador. E numa polêmica, outra surra (permitam-se a palavra popular) pelo Luís Augusto Fisher, erudito professor na faculdade de Letras, num artigo tão excelente quanto contundentemente sarcástico sobre Juremir). Quando Belchior esteve em Porto Alegre, Juremir quebrou o pacto de não expor o que Belchior aceitara falar em entrevista exclusiva (blog Sul21). De tempos pra cá, encontrou seu nicho em que escreve o que a gente de esquerda e simpatizantes de senso crítico espera ouvir e ler. Mas é outro oportunismo. Essas coisas só quem o acompanhou em início de carreira. De qq maneira, tem papel positivo. Mas chove em cima do molhado e faz sucesso.

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