Uma análise dos salários atuais, os pedidos pelo ANDES e o proposto pelo governo
Rubens Ramos, UFRN
Já mostrei em outro post aqui no blog que a tabela de salários proposta pelo governo é razoável, na verdade dá para dizer que é boa, na comparação internacional. Mas e em termos de Brasil? O que temos hoje, o que se pede e o que é proposto é razoável? Vejamos.
Os dados abaixo foram retirados da proposta do Governo, que contém os dados atuais e de sua proposta de 24-jul-12, da proposta do ANDES em valores de 1-jan-12 (pelo ANDES ainda teriam que ser atualizados com a inflação de 2012!), e os dados oficiais dos salários do MCT (ver p. 110).
Nota: Os números para cada classe foram calculados como uma média dos níveis em cada uma. O valor de Titular colocado é o valor final na carreira. O valor de Auxiliar 1 é o valor inicial, do primeiro salário. Todos valores são valores brutos.
GRADUADOS. A primeira coisa que chama a atenção tanto na tabela atual quanto na proposta do governo é claramente uma politica de desincentivo ao não doutoramento. Professor universitário apenas graduado, mesmo com DE, estaria ganhando hoje pouco mais que um operário da construção civil. Mas um professor doutor começa hoje com R$ 7,9 mil e passaria a R$ 8,6 mil na nova proposta, chegando em três anos a R$ 10,4 mil. Sobre esse ponto, acho que perdemos se a entrada na carreira não se der na forma da Lei atual, do PUCRCE, ou seja, professor doutor entraria como Adjunto 1. Discutirei isso em outro post amanhã, chamado, “Temos o PUCRCE. Precisamos de uma outra Lei?”
Voltando ao tema desse post, uma outra coisa que chama logo à atenção é que o ANDES propõe que nas classes atuais de Adjunto, Associado e Titular, além de permitir o absurdo de que haja graduados (como analisado em outro post), propõe salários para graduados que são similares ou até mesmo um pouco maiores aos que hoje ganham os Doutores. A proposta do ANDES é um incentivo a que professores Universitários entrem graduados e cheguem até o final da carreira apenas com a graduação, sem Doutorado. Pelo ANDES, o Brasil iria, nesse caso, pagar salários a professores graduados que paga hoje a doutores, e pagar salários a professores graduados similares ao que se paga a professores doutores na França.Na já muito comentada comparação com o MCT, vemos que a tabela para graduados do ANDES é bem superior, chegando no topo a ser 50% maior, para a mesma titulação (apenas graduado).DOUTORES.Olhando os Doutores, temos a proposta do ANDES com valores que considero anômalos seja para o Brasil e em padrões internacionais, e já mostrei em outro post que a tabela do governo é boa em termos internacionais.Olhando a proposta do governo contra o perfil do MCT, vemos que do meio para o final (Associado e Titular), a proposta do governo é melhor que a tabela do MCT. E como a maior parte da carreira será do meio para o final, é evidente que a proposta do governo é melhor do que pedir a equiparação com o MCT.
EM CONCLUSÃO. Não dá para dizer aqui que a proposta do governo não seja boa. Todavia, há a questão dos prazos para sua implementação. Acho que aí entra o problema, não propriamente por causa do IPCA, mas porque, por exemplo, os valores que apresentei são comparados nesse momento. O ANDES, entretanto, sequer contrapropõe reduzir os prazos ou abreviar o reajuste a uma só parcela, o que penso poderia acontecer. Mas finca pé em sua proposta, com um só objetivo, alongar a greve o máximo possível, para produzir o máximo de desgaste possível ao governo.
Rubens Ramos, em Natal, 30 de julho de 2012
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