Categories: Políticas Sociais

Dilma condena ação de policiais na Bahia

Por Paulo F.

Do Jornal da Tarde

Dilma diz ser contra anistia a PMs

ANGELA LACERDA
TIAGO DÉCIMO

A presidente Dilma Rousseff disse ontem ter ficado “estarrecida” ao ouvir as gravações de líderes da greve da Polícia Militar baiana planejando atos de vandalismo. E se mostrou contrária a qualquer perdão aos amotinados. Para ela, as escutas mostram “que há outros interesses” envolvendo a paralisação na Bahia.

“Não consideramos que seja correto instaurar o pânico, instaurar o medo, criar situações que não são aquelas compatíveis com uma democracia”, afirmou a presidente, durante vistoria às obras da Ferrovia Transnordestina, no município de Parnamirim (PE), a 561 km do Recife. “Eu não considero que o aumento de homicídios na rua, queima de ônibus, entrar encapuzados em ônibus, seja a forma correta de conduzir o movimento (grevista).”

“Vai chegar um momento em que vão anistiar antes do processo grevista começar. Eu não concordo. Por reivindicação, eu não acho que as pessoas têm de ser presas, nem condenadas”, completou. “Agora, por atos ilícitos, por crimes contra o patrimônio, crimes contra as pessoas e crimes contra a ordem pública, não podem ser anistiados. Se você anistiar, aí vira um país sem regra”.

As gravações apresentadas pelo Jornal Nacional da TV Globo também levaram ontem à saída dos cerca de 300 PMs que estavam amotinados na Assembleia Legislativa da Bahia desde o dia 31, ao enfraquecimento da paralisação e à prisão do principal articulador do movimento – o presidente da Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiare (Aspra), Marco Prisco – e de Antônio Paulo Angeline. Segundo o governo, 90% dos policiais voltaram ao trabalho – o que os grevistas negam.

A notícia da desocupação da Assembleia teve reflexos rápidos na capital baiana. O trânsito nas principais vias da cidade voltou a ficar carregado, a maioria das escolas retomou as atividades e os 1.550 homens das tropas federais que isolavam a Assembleia voltaram a policiar as ruas.

No Rio e em São Paulo, líderes da PEC 300 – Proposta de Emenda Constitucional que unifica o piso salarial de policiais em todo o País – consideraram que as escutas ainda comprometeram a imagem do movimento perante a opinião pública. E devem dificultar a tramitação do projeto no Congresso. “Uma coisa era a discussão em torno das melhorias salariais. Outra coisa é ouvir policial discutindo colocar fogo em carro para deixar a população com medo”, disse Major Olímpio Gomes, deputado estadual (PDT).

Dilma ainda destacou que a questão de PMs terem ou não direito de fazer greve “ainda terá de ser debatida no Brasil”. O governo federal planeja propor alterações na legislação, para limitar paralisações em 19 áreas, incluindo segurança pública.

Luis Nassif

Luis Nassif

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