Os cálculos não divulgados sobre o regime de capitalização, por Luis Nassif

Vou pegar o modelo de cálculo do dileto amigo, professor Dutra Vieira Sobrinho, e avançar em mais algumas simulações sobre o regime de capitalização.

Uma pessoa que trabalhasse por 45 anos, se aposentasse aos 65 anos, mas ficasse 10 anos na informalidade, e aceitasse receber apenas 50% do salário como benefício, ainda assim o saldo se esgotaria aos 77 anos.

Os cálculos

Trabalhei com as seguintes hipóteses:

1. Entrada no mercado: 20 anos

2. Sai com 65 anos. Portanto contribui por 45 anos.

3. Na linha, os valores de contribuição sobre o salário.

4. Na coluna, o valor da aposentadoria, em relação ao salário médio recebido.

5. Remuneração de 3% reais ao ano (isto é, acima da inflação).

A tabela é para ser lida assim:

Trabalhador que contribuiu por 45 anos com 10% de seu trabalho, a aposentadoria integral permitia a ele apenas 9,40 anos de benefício. Se esgotaria aos 74,4 anos.

Se se contentasse com 80% da aposentadoria, o saldo chegaria até os 76,75 anos.

Se aceitasse 50% da aposentadoria, o valor daria para chegar aos 83,80 anos.

Mas se está falando de um trabalhador que conseguiu manter os pagamentos por 45 anos.

Não é a realidade do mercado de trabalho brasileiro, em que, em sua vida útil, os trabalhadores convivem com informalidade e desemprego.

Vamos a algumas simulações levando em conta o tempo de não contribuição.

Se ele passou 10 anos, dos 45 anos de vida ativa, na informalidade, ou desempregado, 100% do salário só lhe permitiria chegar até os 71,13 anos.

Se receber metade do salário (imagine alguém que tenha contribuído pelo mínimo), e aceitar 50% para a aposentadoria, ainda assim o saldo só lhe permitiria chegar aos 77,26 anos – ou apenas 12 anos de benefícios.

Ainda há muita interrogação no ar.

Luis Nassif

Luis Nassif

View Comments

  • Se eu entendi bem, "Trabalhador que contribuiu por 45 anos com 10% de seu trabalho, a aposentadoria integral permitia a ele apenas 9,40 anos de benefício. Se esgotaria aos 74,4 anos." quer dizer que nessa hipótese, o trabalhador aposentado nesse regime, ao completar 77 anos e meio, deixará de receber a aposentadoria de meio salário, isso se não morrer antes?

  • Se tivessem um pingo de vergonha na cara, coisa rara ali, os congressistas já teriam jogada essa trolha do sinistro bosta nova no lixo.......
    È massacrar a população para MANTER PRIVILÈGIOS dos bancos, dos abutres do mercado.........e na surdina, dele mesmo, assim que for aprovada essa excrecencia ele sai do governo para aproveitar o butim.......afinal, para ministro o sinistro não serve, mas pra mamar nas tetas do estado é mestre....

  • A crítica racional, metódica, é sempre bem vinda. Porém, é preciso jogar com as regras do novo normal da política brasileira: toda vez que a fascistada usa os termos "petista", "petralha", "Venezuela", etc, o faz para desmoralizar, desacreditar o interlocutor. Foi assim que arrebanharam boa parte da trouxinhada e as forças progressistas tiveram uma perda líquida de sete milhões de votos entre as eleições de 14 e 18.

    Ou seja, sem desmoralizar esse bando de malucos, só a ciência não vai ser suficiente.

    Lembremos que o começo da queda do Macartismo foi quando Joseph Welch confrontou o próprio McCarthy: "afinal de contas, o Sr. não tem um senso de decência?"

  • Gostaria de saber, se for aprovada essa monstruosidade, como ficariam os já aposentados. De onde se tiraria dinheiro para pagá-los? Nassif poderia fazer um comentário sobre isso?

  • Alem de loucos são completamente canalhas e a Mídia lhes dá completo respaldo. Aliás, a Mídia no Brasil não serve para nada é só panfletagem dos seus interesses particulares.

  • Outro "pega-ratão" que não está sendo divulgado pela mídia é que a capitalização gera cobrança de taxa de administração pelo gestor financeiro dos recursos. E, também, que o gestor financeiro nunca se responsabiliza por prejuízos causados por má conduta administrativa, o que poderá diminuir mais ainda o saldo capitalizado, se rendimento negativo. Os bancos sempre fazem o papel de roedores. Logo, quando essa nova modalidade estiver em vigor - que não seja obrigatória e compulsória, melhor seria o trabalhador, ele mesmo, administrar sua aposentadoria, guardando recursos em investimentos, financeiros ou não, a fim de dar guarida futura de uma vida mais tranquila. Sabendo que a maioria dos trabalhadores não conseguirão "poupar" por absoluta falta de capacidade financeira para tal, caberá ao Tesouro Nacional prover esse cidadão brasileiro, porque o Estado foi constituído para garantir os direitos e as condições de cidadania da pessoa nascida neste solo.

  • Pior ainda será se a reforma da previdência for aprovada que levará o INSS a falência diante da implantação do sistema de capitalização, onde a arrecadação mensal irá abarrotar os cofres dos banqueiros. O INSS ficará sem recursos para pagar as aposentadorias existentes!

Recent Posts

Deputadas de direita querem impedir fiscalização da Lei da Igualdade Salarial

Filiadas ao PL, União Brasil, Cidadania e ao Novo apresentaram proposta na Câmara Federal

10 horas ago

CNU: tire suas dúvidas sobre o adiamento do concurso

Fortes chuvas no sul levaram governo a adiar aplicação das provas em todo país

10 horas ago

Cozinhas solidárias distribuem marmitas aos atingidos pelas enchentes no RS; veja como colaborar

Distribuição começou nesta sexta-feira (3) e deve seguir durante o final de semana; movimentos pedem…

11 horas ago

Hamas chega ao Egito e acordo de cessar-fogo pode ser divulgado em breve, diz mídia árabe

Jornais árabes afirmaram o Hamas teria aprovado a implementação da primeira fase do acordo, que…

11 horas ago

SP: agora, até as águas correm para trás, por Rita Casaro

Empresa-símbolo da engenharia brasileira está à beira de privatização predatória e ilegal, que afetará serviços…

12 horas ago

Em apenas 24 horas, Brasil registra mais 35 mil casos prováveis de dengue

O número de mortes confirmadas pela doença nos primeiros meses deste ano chegou a 2.197

12 horas ago