Conselho Federal diz que Brasil tem médicos suficientes e não precisa de cubanos

Jornal GGN – Após Cuba anuncia sua retirada do programa mais Médicos, convocando pouco mais de 8 mil profissionais cubanos que oferecem atendimento a milhões de brasileiros principalmente em regiões periféricas e mais remotas do País, o Conselho Federal de Medicina divulgou nota manifestando-se a favor da substituição desses médicos por brasileiros.

Para isso, o Conselho afirma que o governo federal tem de criar uma carreira de médico de Estado e criar uma estrutura que “estimule” os profissionais brasileiros a irem trabalhar nessas regiões defasadas.

Cuba se retirou do programa após Jair Bolsonaro ameaçar as diretrizes de funcionamento estabelecidas em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde. O presidente eleito foi acusado pelo vizinho de continente de atacar, ameaçar e desqualificar os profissionais cubanos e, reagiu dizendo que Cuba foi “irresponsável” e que se retirou do acordo por não aceitar supostas melhorias para seus médicos.

Por Leandro Melito
Da Agência Brasil
O Conselho Federal de Medicina (CFM) se manifestou hoje sobre o anúncio do governo de Cuba de retirada de seus profissionais do Programa Mais Médicos. Em nota divulgada à imprensa, o CFM afirma que o Brasil conta com médicos formados em número suficiente para atender às demandas da população.
“Para estimular a fixação dos médicos brasileiros em áreas distantes e de difícil provimento, o governo deve prever a criação de uma carreira de Estado para o médico, com a obrigação dos gestores de oferecerem o suporte para sua atuação, assim como remuneração adequada”, diz a nota divulgada pelo conselho.
O texto ressalta que cabe ao governo oferecer aos médicos brasileiros condições adequadas para atender a população. Infraestrutura de trabalho, apoio de equipe multidisciplinar, acesso a exames e a uma rede de referência para encaminhamento de casos mais graves são os itens apontados pelo CFM que o governo precisa garantir para os profissionais brasileiros desempenharem suas funções.
O Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira (14) que vai lançar um edital nos próximos dias para médicos brasileiros que queiram ocupar as vagas que serão deixadas pelos profissionais cubanos que integram o programa Mais Médicos, que atende população que vive em áreas carentes e periferias. Segundo o ministério, 8.332 vagas são ocupadas por esses profissionais.
As autoridades cubanas afirmaram que seus profissionais deixarão o programa por discordarem de exigências feitas pelo novo governo, como a revalidação dos diplomas. Em coletiva de imprensa nesta tarde, o presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou que os cubanos que quiserem atuar no país devem revalidar os diplomas.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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  • Imagina se nao tivesse
    Quando uma sociedsde prioriza a cura em vez da prevencao, o numero de medicos nunca eh suficiente, ele eh excessivo. Criam a doenca para vender o remedio

  • Dependendo das circunstancias,...
    Suficiencia eh o problema, nao a solucao.
    O bananistao tem criminosos suficientes
    Suficiencia pra que, pra quem, por quanto e quando?

  • Claro que deveria ter  ..dai

    Claro que deveria ter  ..dai que não se entende como o páis teve que BUSCAR SOCORRO pq sua elite melhor posicionada se NEGAVA a se embranhar no interior desse país

    FATO, o governo de DILMA, noticiado a época, corrigiu salários e PAGOU pra médicos brasileiros que quisessem integrar o programa  ..problema é que faltou CANDIDATO, cuja maioria queria ficar no conforto das grandes metrópoles

    TALVEZ agora, com a crise nos planos de saúde, com muito descredenciamento, com consultórios VAZIOS, talvez agora a juventude, por necessidade, resolva participar do Mais Médico

    Essa questão talvez minorasse se o ESTADO brasileiro exigisse que TODO RECEM FORMADO de universidade pública, por um período de 5 anos - digamos - fosse OBRIGADO a integrar programas de assistencia determinados por sorteio  ..enfim, mesmo aqui haverão os que, MESMO QUE se beneficiando de cursos GRATUITOS, alegarão que isso seria uma violencia contra o cidadão

    parece que nunca tá bom  ..e quem paga por estas idas e vindas é o POBRE, preto e índio, o humilde

    tempos tenebrosos estes em que nos meteram

    • O cidadão para matricular-se 

      O cidadão para matricular-se  em universidade pública teria que

      firmar pré compromisso de, após formado, fazer estágio remunerado, 

      de no minimo 3 anos, com prefeituras conveniadas com o MEC.

      Esse compromisso abrangeria alunos de várias áreas de conhecimento 

      e não só medicina, Pronto. Tchau problemas..

      • Interiorização da medicina .

         

          Na  época em  que  me  formei  houve  essa  preocupação  do  médico  ir  para  o  interior  do  brasil ( UNE  pre  1964 ).

           Programa  semelhante  ao  do  Chile  pre  Pinochet ,  com  acensão  funcional  e  direito  de  especialização  rumo  à 

        capital  Santiago . Houve  projetos  no  Congresso  Nacional , torpedeados  pela  elite política  com  o  discurso  de  que

        seria  antidemocrático  obrigarem  os  jovens  recém-formados (filhos  dos  políticos ) a  se  fixarem  em  lugares  inóspitos  

        e  sem  condições  de  trabalho ... Esses  argumentos  voltariam  a  prevalecer  hoje  em  dia ...

        O  Mais  Médico  era  o  inicio  de  uma  real  distribuição  de  médicos , com  boa  remuneração  e  com  as  Faculdades

        na  área  de  saúde  abertas  pelo  Governo  DILMA (  CFM  e  TEMER  proibiram  novas  Faculdades  por  5  Anos ).  

        Com  o  término  do  Mais  Médico ,  o  Brasil  perde  mais  uma  bela  oportunidade  de  melhorar  e  distribuir  a  assistencia  médica , pois  os  atuais  médicos  formados  nas  Faculdades  tradicionais  não  são  preparados  em  Medicina  generalista

        sem  grandes  aparelhagem  tecnológica . A  discussão  sobre  Carreira  Médica  já  existe  há  alguns  anos  e  sem  verba

        cortada  para  gastos  sociais  e  os  lobbys  privatistas  demorarão  algum  tempo  ainda ... E  os  doentes  ?..

                                               OCG 

         

    • O Estado brasileiro exigir algo dos doutores brazucas?

      É o contrário.

      O CFM é que reivindica tratamento vip para os doutores no serviço público. Querem o status de CARREIRA DE ESTADO, uma nova casta com benesses equivalentes às do judiciário: auxílio moradia, auxílio jaleco, etc. e, claro, com jornadas diárias bem curtinhas. Se conseguirem, quem vai querer tratar de brasileiros pobres em áreas inóspitas deste Brasil, onde, nas horas vagas, sequer podem atender (mal) os pacientes de suas clínicas particulares?

  • Mercenários

    Mercenários suficientes o Brasil tem aos montes. E formados com o dinheiro extorquido dos contribuíntes de baixa renda, que deveriam ser isentos do IRPF. E esses serão os maiores prejudicados.

  • crm precisa ser internado em psiquiatria

    O coiso e entourage apregoam menos estado ou nada de estado, agora o crm e seus dementes pedem uma carreira de estado, muito bem remunerada com as mesmas prerrogativas dos demais apaniguados.

    Este crm em tratamento psiquiátrico e sem recuperação, tira da cartola uma realidade que tal qual a reforma previdenciária nuca será implementada, afinal medico na terra de santa cruz sempre vai preferir as carreiras de mais prestigio e melhor remuneração.

    Alguém se candilará para atender pobre no cafundó?

     

  • O CFM tergiversa em defesa do ato de Bolsonaro.

    Não posso ser contrário  a uma carreira de Estado  para Médicos, como também gostaria que defendessem  uma carreira de Estado para Professor.  Mas esta colocação do CFM é cínica, quando é dada neste momento. Pois no momento a retirada de 8000 médicos que estão trabalhando com a população mais carente, não vai ser suprida.

    Porque o CFM não defendeu esta proposta  antes, e porque agora não faz uma proposta concreta de substituição gradativa. Porque o CFM não se manifesta demonstrando preocupação com os que ficarão desassistidos.   Dizer que temos médicos suficientes,  para tratar os desassistidos da perifeira e dos lugares distantes é  mentiroso.  Se os tivéssemos o programa Mais Médicos jamais seria criado.

    O programa Mais Médicos é o verdadeiro embrião de uma carreira de Estado. Afinal são médicos bem pagos pelo Estado para trabalharem em regiões desassistidas.  Mas isto jamais foi aceito pelo CFM, que sempre se colocou contrariamente. Quanto a esta balela de que haveria médicos se houvesse suporte adequado e pagamento condigno, me parece que 11 mil reais   é condigno para alguém  que esta muitas vêzes iniciando uma carreira . Quanto a suporte e infra estrutura,  basta pesquisar a quantidade de municipios, com Hospitais  e Centros  Médicos  bem equipados,     totalmente  fechados por falta de médicos ou com carência em diversas especialidades, simplesmente porque médicos  não querem ir para o interior. E observem que não estou sequer falando das áreas mais carentes do país, isto ocorre no interior de estados como Santa Catarina, em cidades muito bem estruturadas. No momento a saude em diversos  municipios se resume a van ou ambulância que leva os pacientes para a capital.

  • Se não forem amarrar os

    Se não forem amarrar os médicos e médicas pra irem onde não querem nem com reza brava e como dizem que o exemplo vem de cima, sugiro que os membros do CFM e dos CRMs sejam os primeiros a se voluntariar pra substituir os médicos cubanos. Quem sabe sua "forte" liderança estimule os jovens?

  • ....suficientes sim, para
    ....suficientes sim, para quem se dispõe a pagar 400 reais por uma consulta.....lastimavel esses defendores da reserva de mercado...

    • Pois é...

      No ranking da OMS,  a medicina cubana estâ na 39a.posição entre as melhores do mundo.

      O Brasil está na 125a. colocação.

  • Simples a soluçao.....

    Votaram num ex-militar "ilha"........cercado de "ex"-militares por todos os lados.....basta fazer como os milicos fizeram com o projeto Rondon, se não me engano, se forma na faculdade e vai prestar serviço em area carente, simples, quer montar consultorio em bairro de bacana, não pode não, ja tem muito medico na região, vai pra periferia ou pro meio do mato, sem reclamar......no minimo, vai aprender a ser um pouco menos "classe merdia sem noção".......Se a gurizada aprender 20% do que esta em negrito aqui em baixo, sem duvida teremos um pais melhor e com alguma noção de cidadania.....

    Objetivos do projeto Rondon:

    O Projeto, orientado pelos princípios da democracia, da responsabilidade social e da defesa dos interesses nacionais, tem como escopo de atuação dois grandes objetivos: a formação do jovem universitário como cidadão e o desenvolvimento sustentável nas comunidades carentes. Para que esses objetivos possam ser implementados, deve ser buscado atingir as seguintes medidas:

    Desenvolver ações cuja prioridade seja o atendimento às necessidades sociais, ambientais e econômicas da população, em consonância com as políticas públicas e os planos governamentais em execução. A assistência social, quando necessária, será episódica.O Projeto Rondon não substituirá o poder público em nenhuma hipótese. Não assumirá responsabilidades nem atribuições do governo, nos municípios selecionados.Promover parcerias com órgãos/entidades governamentais e não-governamentais para a realização dos trabalhos nas diferentes fases das operações e atividades.Conjugar as necessidades locais, as políticas públicas e as habilidades universitárias.Priorizar o financiamento das ações por meio de parcerias e patrocínios, em complementação aos recursos orçamentários disponíveis.O universitário participará da execução das operações integrando uma equipe da sua IES.A seleção das IES será realizada com base nas propostas de trabalho apresentadas para atender às necessidades definidas pelo Projeto Rondon e dentro dos critérios estabelecidos.Assegurar a participação, em igualdade de condições, das instituições públicas e privadas, das esferas federal, estadual e municipal, oriundas de todas as regiões do País.A execução das operações deverá ser precedida das viagens de reconhecimento e precursora.Poderá ser realizada a combinação de dois ou mais tipos de operação, priorizando-se as operações nacionais

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