O Brasil registrou 74.930 casos de estupros no último ano, chegando ao maior índice da série histórica, medida pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública desde 2011. Os dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, divulgados nesta quinta-feira (20).
O levantamento diz respeito apenas sobre os casos que foram notificados às autoridades policiais. Ou seja, os números são subdimensionados, uma vez que os registros representam apenas uma fração das vítimas: mulheres e homens, meninas e meninos de todas as idades.
Em 2022, 74.930 pessoas foram vítimas de estupro ou estupro de vulnerável, uma média de 6.244 casos por mês ou 205 por dia. Isso significa um crescimento de 8,2% na comparação com 2021, quando foram contabilizadas 68.885 ocorrências.
Segundo os dados, dessas pessoas 88,7% eram mulheres e 11,3% homens. Além disso, pessoas negras seguem sendo as principais vítimas da violência sexual, uma vez que 56,8% eram pretas ou pardas, 42,3% brancas, 0,5% indígenas e 0,4% amarelas.
Do total de casos notificados, 61,4% envolvem crianças e adolescentes de até 13 anos, sendo que 10,4% das vítimas eram bebês e crianças com idade entre 0 e 4 anos; 17,7% das vítimas tinham entre 5 e 9 anos e 33,2%, entre 10 e 13.
Os casos de estupro de vulnerável, quando a vítima tem menos de 14 anos ou não é capaz de oferecer resistência sobre o ato, totalizam 75,8% das notificações, somando 56.820 vítimas em todo país em 2022, um aumento de 8,6% com relação ao ano anterior.
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Os registros de 2022 dão conta que 82,7% dos estupros foram cometidos por conhecidos das vítimas.
Dentre as agressões contra crianças e adolescentes entre 0 e 13 anos de idade, 64,4% dos autores são familiares e 21,6% são conhecidos da vítima, sem relação de parentesco.
Já entre as vítimas de 14 anos ou mais, 24,4% dos casos foram praticados por parceiros ou ex-parceiros íntimos da vítima, 37,9% por familiares, 15% por outros conhecidos e 22,8% por desconhecidos.
O anuário mostra que o lar é o ambiente mais comum dos estupros, uma vez que 68,3% dos casos ocorreram na residência da vítima. Contudo, em relação aos vulneráveis, esse índice sobe para 71,6%.
Já a via pública foi o local apontado em 17,4% dos registros de estupro e em 6,8% dos de vulnerável.
Sobre o horário em que ocorre a violência sexual, 53,3% dos casos de estupro ocorreram à noite ou na madrugada, entre 18h e 6h.
Já 65,1% das ocorrências de estupro de vulnerável, que atingem principalmente crianças, ocorreram ao longo do dia, entre 06h e 18h.
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