O bairro Campos Elíseos, atual cracolândia

Comentário do post “Cracolândia sitiada

A cracolândia não fica exatamente no centro da cidade de São Paulo.

Fica nos Campos Elíseos, bairro entre a Barra Funda e Bom Retiro. Trata-se de um quarteirão de ruas estreitas, sem prédios e com muitos casarões abandonados. Está restrito entre a rua General Osório, rua dos Timbiras, rua do triunfo e rua Vitória.

Os Campos Elíseos é o único Bairro planejado da cidade, que não nasceu e cresceu e se expandiu ao sabor das circunstâncias, ou do acaso. Foi planejado por arquitetos e engenheiros ingleses, muitos deles funcionários da São Paulo Railway Company, estrada de ferro que ligava São Paulo ao porto de Santos. Transporte principal: café.

Até o fiinal da década de 40 os Campos Elíseos era um bairro, por assim dizer, de elite que ocupava seus casarões e sobrados. Lá ficava o Palácio do Governo, sede do governo do Estado, as estações Júlio Preste e Estação da Luz, também erigida pelos ingleses e com a maior parte de suas estruturas importadas da Inglaterra. 

Nas décadas de 60/70 e até início dos 80, os casarões já abandonados pelas famílias que lá moravam, foram se transformando em botecos e em hotéis/prostíbulos, de “curta permanência”.

Frequentado por prostitutas, cafetões e pequenos marginais o lugar ganhou o nome de “Boca do Lixo”. Ali, na Rua do Triumpho(sic), instalaram-se por algum tempo, nos 70, alguns cineastas e produtores independentes de cinema, que originou o nome “Movimento Cinema da Boca do Lixo”.

Final do século vinte já não havia mais nem cinema e nem prostituição no quadrilátero. Os hotelecos passaram a abrigar pessoas que alugavam seus quartos por uma ou duas horas para consumir drogas sem serem molestados pela polícia.

Ruelas sem trânsito, sem transeuntes, sem comércio, casas abandonadas, um quarteirão inteiro abandonado, à disposição de quem quisesse ocupá-lo. De início moradores de rua, depois catadores de papel, depois pequenos traficantes e finalmente os consumidores e usuários.

Há anos governadores e prefeitos revezam-se na apresentação de planos e de “projetos” para “transformar o quarteirão em um boulevard” e o restante do bairro em “residencial”. Um projeto mais bonito e atraente do que o outro. Na maquete, todos. Outros no papel. A maioria no papo.

Aqui, como em outras capitais brasileiras, os problemas são enfrentados com discursos vãos, oratória fajuta, maquetes de papelão e isopor, descaso crônico e incompetência crassa. Até que deixem de ser administrativos e se tornem caso de polícia, para serem “resolvidos” pela a polícia. E tome show mundo-cão de televisão.

Luis Nassif

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