O olhar de meu pai

Uma crônica de 2006, para o dia dos pais

Antes dos 13 anos, declarei guerra a meu pai. Eu passara para o terceiro ano do ginásio, mudou o irmão Marista titular da classe, e tive a oportunidade de tirar o primeiro lugar, algo que não conseguira nos dois anos anteriores.Fui para casa de boletim na mala e peito estufado, e o velho nem ligou. À noite, no encontro de pais e alunos no Marista, um pai chegou perto de nós, saudou o meu feito e indagou se manteria a colocação. Seu Oscar respondeu irritado: “Problema dele”. Anos depois, Chafik, seu melhor amigo, me contou que ele não se conformara com minha decisão de, aos 12 anos, me tornar jornalista, e não seu sucessor na Farmácia Central.

Desde aquela noite de 1963 um muro ergueu-se entre nós. No mês seguinte caí para 7º da classe, no terceiro mês para 15º, do quarto mês em diante fui o último para o todo e sempre. Puni o seu Oscar a cada prova mal feita, a cada gazeta engendrada, a cada rebelião contra os irmãos. Mas nos momentos cruciais, consegui o seu apoio, especialmente no dia em que o reitor Lino Teódulo foi à minha casa com acusações falsas, em represália à minha militância estudantil. Disse-lhe na cara que ele estava mentindo, e meu pai me apoiou.

Nem isso quebrou as nossas barreiras. Eu chegava em casa antes de meu pai chegar, refugiava-me na tia Rosita na hora do jantar, depois, quando ele descia de novo para fechar a farmácia corria para casa, para dormir antes que ele voltasse de vez. Mas de manhã bebia cada som que ele emitia, cada gesto de ansiedade, andando para lá e para cá no corredor de casa, os gemidos de quem carrega os fardos do mundo. E me punia por não poder ajudá-lo.

Ao longo da vida, guardei em frascos de cristal os poucos momentos de emoção que consegui compartilhar com ele, como o garimpeiro que procura a pepita na bateia. Registrei seu choro na morte da tia Marta, as lágrimas na missa de sétimo dia do vô Issa, seu sogro, a última ida a Poços de Caldas, para ser comunicado da morte de seu melhor amigo, e seu olhar quando divisou a cidade ao longe. Mais tarde, acompanhei seu silêncio quando tia Rosita morreu. Não contamos nada para ele, e ele nunca mais perguntou dela, para não ouvir a resposta que temia.

E me lembrei para sempre do dia em que o critiquei na casa do vô Issa por ter comprado um bilhete de loteria enquanto estávamos acampados por lá, procurando casa para alugar em São Paulo. Ele saiu para a rua, fui atrás e pedi a Deus as palavras que me permitissem explicar o que sentia. Abracei-o, aquele homem alto, chorando, e falei, falei e falei, disse-lhe que ele continuava o centro da família e que minha preocupação era apenas para que não demonstrasse desespero indo atrás de miragens. E só serenei quando ele se acalmou e me olhou com olhar de pai agradecido.

O segundo derrame chegou doze anos depois do primeiro. Só depois de morto e enterrado comecei minha longa caminhada atrás de meu pai. Passei a buscá-lo em cada contemporâneo, em cada amigo. Com as velhas senhoras de Poços descobri o galanteador, com os fregueses mais humildes da farmácia, uma generosidade que nunca pressenti.

Com os amigos, a pessoa aberta e alegre que submergiu com a crise da farmácia, mas que continuou sendo o mais gentil dos poçoscaldenses.

E quanto mais o buscava passava a descobrir o inverso, a busca que ele fazia de mim. Diariamente meu pai levava minhas irmãs ao Colégio São Domingos, e, na volta, pegava um amigo meu para almoçar e saber notícias minhas de São Paulo. Antonio Cândido me falou do orgulho com que ele relatava minhas primeiras reportagens. O padre Trajano me contava das notas que levava ao “Diário de Poços” relatando cada vitória em festival, em concurso literário. E minha mãe me contou que, no auge da minha crise de adolescência, ela perdeu a fé no meu futuro, e ele acreditou.

Às vezes sinto o travo da última conversa que não houve, dos beijos que não lhe dei. Mas em algumas noites o sinto ao meu lado, daquele modo silencioso com que ficava com a tia Rosita, sem nada falar, porque palavras eram desnecessárias. Apenas me olhando com aquele olhar de quem finalmente se fez entender. 

Luis Nassif

43 Comentários

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  1. Sou solidário contigo, companheiro.

    Em circunstancias parecidas, eu tambem “peitei” o meu velho, aos 15 anos, porque não quis seguir estudando para ser, o que ele sonhara prá mim, ser padre, ou educador, e quando eu demonstrei vocação para jornalismo e virar um jovem anarquista, nossas relações chegaram ao fim, tanto que saí de casa, tendo que emancipar-me legalmente, e aos 15 anos, “cair no mundo”, e só voltamos a conversar, quando do nascimento da minha filha, sua primeira neta, isso em 1974, e nesta data, assim como você, eu entendo as razões dele, pois agora, alem de pai, eu sou tambem avô, portanto, pai duas veses.

    Obrigado Nassif, pela velha crônica, que jamais sai da atualidade.

    Feliz Dia dos Pais, para você e para todos os pais desta comunidade, e para os seus pais.

  2. Meu pai, Murillo Hortencio de Medeiros

     

     

     

    Poder-se-ia perfeitamente dizer: Extravagância, teu nome é Murillo Hortencio. Amou profundamente a vida e usufruiu dela todos os bons prazeres. Não tinha meio termo. Era excelente garfo e melhor copo. Cozinhava muito bem e adorava todo e qualquer tipo de comida. Nunca soube de um prato, quer de doce ou salgado, fruta ou verdura, que ele deixasse de gostar.
    Adorava música, literatura, xadrez e televisão. Era viciado em televisão e só ia dormir alta madrugada, sobretudo se houvesse trannmissão de qualquer disputa esportiva.
    Uma noite minha irmã mais nova, Socota, chegou e notou que ele estava estranho e que o cigarro pendia apagado de sua boca. Avisou-nos e logo vimos que deveria ser um acidente vascular cerebral. Antes de chegar a ambulância minha mãe fez-lhe um escalda pés fortíssimo e ele reagiu visivelmente. Como era muito grande e pesado não cabia na ambulância. Foi para nosso carro amparado pelos filhos, com muita dificuldade.
    Ao chegar à emergência do Hospital foi atendido por um médico, a meu ver, sem noção. Passou minutos preciosos preenchendo um questionário que poderia ser preenchido posteriormente. Perguntas e mais perguntas…
    Todos nós nervosos e impacientes e o questionário não terminava. Finalmente ele perguntou: Sr. Murillo, o senhor come gordura?
    – Sim, como!!!
    E o que o senhor sente ao comer gordura?
    – GOSTO! Sinto muito GOSTO!!!
    Ali mesmo o médico encerrou o questionário.
    Meu pai venceu o derrame e não ficou com qualquer sequela.
    Faleceu muitos anos depois.
    Esse era meu pai, Murillo hortencio de Medeiros, de saudosíssima memória!

  3. Dia dos Pais

    Muito tocante essa crônica… Nos faz lembrar dos percalços que cada um de nós teve nos relacionamentos com essa figura chamada pai… Hoje sou pai de três e sei que chegará a hora em que eles sentirão saudades de mim, como sinto do Seu Domingos… Parabéns a todos os pais que acompanham essa comunidade cujo pai é o Nassif!

  4. Essa cronica, no ano passado,

    Essa cronica, no ano passado, fez um

    estrago enorme por aquí. E neste não

    vai ser diferente. É um chororo de lascar.

  5. Dia dos Pais

    Nobre Nassif,

    A propósito de sua postagem – e aqui reitero – chorei largado. Veja o que comentei hoje no blogo de Conversa Afiada:

    PHA e internautas,

    Três frases me emocionaram sobremaneira nesta matéria:

    “Porque eu venho aqui e fico aqui conversando sobre creches, não é por causa que a creche tem cimento, é porque na creche tem brasilierinho.” – Dilma Roussef.

    e

    “Eu ontem fiz uma homenagem ao meu pai. Eu que dei o primeiro abraço no meu pai quando eu tinha 8 anos de idade.” “Porque a ditadura tirou o meu pai de mim.” – Alexandre Padilha.

    Porque o meu o perdi aos dois anos de idade.

    Abraços lacrimosos

    José SabinoO Pueril  

  6. beijão. Pai. Acabei de sentir

    beijão. Pai. Acabei de sentir o aperto da mão de meu pai, pouco antes de morrer. Onde estiver, parabéns Papai!!!!

  7. Memórias

    Nassif,

    Tenho poucas e muitas lembranças de pai. Uma delas é de bricar de montar os soldadinhos no corredor de casa, para jogar bolinhas de gude. Cada um montava os soldadinhos e o outro jogava bolinhas de gude. Ele colocava os soldados de lado( na vertical), e quando eu descobri, fiquei de cara… Imaginei, naquele momento, que ele estava trapaceando…risos. Fiquei muito surpreso com aquela atitude de meu pai.

    Eu gostava de bricar com meu pai. Outra lembrança não tão boa, é dele me abandonar numa mini maratona que teve. Só tenho a memória de lembrar de estar sozinho no meio dum monte de corredores. Nem lembro qual era o evento. Nem meus familiares devem saber disto. Este evento  não foi bom. Não tenho filhos mas deixo uma dica:nunca submeta seu filho ou filha a um evento marcante sem prepara-lo antes. .

    A evolução do aprendizado é linear e continua. Jamais instantânea. Se um pai está ausente ou desconhece o processo do filho, peca ajuda.. Não queira, numa tarde, ‘tirar o atraso’. Isto não existe. Só piora.

    Bom Nassif, dos meus quase cinqüenta anos, meu pai participou de sete. Tive pai por sete anos. 

    Já  me reconciciliei com meu pai. Ele encerrou, voluntariamente, a propria vida quando eu era bem jovem. Bem cedo, eu tinha sete.

    abraços a todos os pais pelo grande dia.

     

  8. A época o comportamento era assim . . .

    Prezado Luiz Nassif.

    Poderia trocar as funções de dono de farmácia para um pedreiro, de estudante de colégio Marista para grupo escolar, mas a história seria a mesma dos relacionamentos secos que tivemos de pais para filho e vice versa, a Inezita na sua revisão de vida falou algo que me chamou a atenção; nessa época não se dizia entre familiares; eu te amo! Isso era “impróprio” e depois de amadurecermos lá pelos 30 e tantos é que os entendemos os “velhos” e muitas vezes já era tarde.

    Impressionante que em maio ao senhor relatar sobre sua querida e heroína mãe e nos emocionarmos com seu depoimento de então, hoje fiquei desde às¨6:00 horas percorrendo o site esperando o relato sobre seu querido pai e me preocupei em somente agora à tarde lê-lo e muito me emocionar com seu “dolorido” depoimento o qual me encontro também na minha história e de outros que também se emocionaram acima.

  9. O olhar de meu pai

    Para cada filho uma estória de  pai, muda-se uma vírgula, um ponto de interrogação; mas no final são similares aqui e alí. Parabéns Nassif, emocionante.  Feliz dia dos pais.

  10. Sr. Oscar e Dona Rosita.

    Morei apenas 9 anos em Poços de Caldas, mas a maioria de meus dias foram ali, naquele pedacinho da Rua Rio de Janeiro com a Assis Figueiredo. No foto Maran de meus avós e depois de meu pai, e depois por 3 anos na loja de doces de Sr, Leonardo Mesquita, esposo de dona Rosita, Pertencemos Luis Nassif a famílias de retidão, onde o trabalho, e o estudo eram a parceria perfeita para um bom futuro. Lendo sua crônica, me veio a lembrança e o entendimento de muitas coisas, de elos que se ligam e nos fazem ver hoje que se nos faltou diálogo, demonstração de afeto,nos sobrou, educação, respeito e honestidade. Seu Oscar não era um comerciante, era um farmacêutico que fez de  sua farmácia uma agência de saúde, com aconselhamentos, instruções e cuidados.  Sempre solícito, sempre com uma palavra encorajadora para nossos males. Saúdades, e feliz pelas doces lembranças de um passado vivido junto a pessoas “do bem”. Obrigada.

  11. Vou colar aqui uma poesia

    Vou colar aqui uma poesia minha, que o Nassif até publicou. Acho que por ser o mesmo assunto. 

    Inocência só na Infância

      Pai,
    hoje meu presente,
    sou eu ausente.

    Fugindo de nossa carranca recíproca,
    ausentei-me.
    Aprendi contigo.

    Passado o tempo,
    meu filho cresceu,
    me olhou de frente,
    e sorriu.

    É passado o tempo que lhe sorri.
    Presente meu pra ti?
    Seu neto.
    Sorriso nato.
    Nossa face escrita com lábios de orelha a orelha.

  12. O OLHAR DO MEU PAI

    OBRIGADA POR ME FAZER REVIVER, COM SUA ALMA DE POETA, A NOSSA INFANCIA TAO DURA E TAO FELIZ, POVOADA DE TIO OSCAR, MAMAE ROSITA, MEU PAI LEONARDO, TIA TE E  AINDA PRIMOS QUE SAO IRMAOS ATE HOJE.

    ROSA MARIA NASSIF DE MESQUITA

  13. Não tem como não se emocionar

    Não tem como não se emocionar com um relato desses do Nassif e de relembrar um pouco da nossa própria história vivida em período mais conturbado. 

  14. Pai é uma mãe que receia

    Pai é uma mãe que receia abraçar, beijar, chorar e mostrar carinho porque a Natureza lhe reservou o papel de ser o “guia”, o mentor frio e aparentemente distante que não pode aparentar fraquezas.

    Seu beijo – quando há –  é acanhado.  Seu choro é “para dentro”. Seu amor padece do silêncio. 

    Pai não ama menos que a mãe. Apenas de modo diferente.

     

  15. Quantas vezes a leia, quantas me enternecerei

    O seu livro, aqui a meu lado e autografado, recupera nossas infâncias e juventudes comuns, as de quase todos.

    Esta crônica que sempre volta é uma das que mais gosto.

    Aproveito o ensejo (como se dizia nesses tempos outros) pra lhe pedir, Nassif, volte à prosa. Não sei com que frequência, nem precisa ser como antigamente, a cada sábado.

    Mas volte à prosa.

    Abraço.

  16. Bela homenagem …

    Me sinto representada em suas palavras, Nassif. Também  tive conflitos com meu pai, e ele morreu antes que eu pudesse dizer o quanto o amava. 

  17. Parabéns ao Nassif e a todos

    Parabéns ao Nassif e a todos os pais do Blog. Sua crônica me emocionou, pois lembrei que depois que meu pai faleceu eu também procurei ouvir todas pessoas possívels que o conheceram porque eu tinha uma visão única dele (a visão de filha), queria saber como ele era no todo, o que sabiam do meu pai esses outros vários olhares para compor o homem além de pai.

  18. O sentimento do mundo

    “Às vezes sinto o travo da última conversa que não houve, dos beijos que não lhe dei. Mas em algumas noites o sinto ao meu lado, daquele modo silencioso…”

  19. Um canto universal, a velhice,os pais e nossos sentimentos

    Música interpretada por Dante Ramon Ledesma, um olhar emocionado ao notar as marcas do tempo em nossas vidas e na de nossos pais…

    https://www.youtube.com/watch?v=rNJJskLM2kw

    EL TATA ESTÁ VIEJO – Canción

    Letra y Musica: Rafael Carret

    El Tata está viejo, 
    lo “vide” esta noche 
    armar su cigarro con dificultad, 
    el pucho encendido 
    temblaba en sus labios 
    como un tucu-tucu en la oscuridad.

    Ya no se levanta 
    a matear temprano, 
    no cruza al galope, va al trote nomás… 
    se pasa las horas 
    junto a la tranquera 
    mirando el camino pasar… y pasar…

    (Estribillo) 
    Recuerdo a mi Tata 
    en sus años mozos, 
    fuerte como un tala, como un ñandubay! 
    Hoy parece un sauce, 
    ‘ta “tuito” encorvado, 
    qué pena si un día me llega a faltar.

    El Tata está viejo, 
    si un día ha de irse, 
    que ni se dé cuenta, al tranquito nomás… 
    Diosito te pido 
    que apagues su vida 
    cual se apaga un pucho, solo sin pitar.

     

     

     

     

     

     

     

  20. Terna. Tocante.

    Caminhada em par. Há quem não tenha filhos, mas não há os sem pai!

    Aos pais do Blog o desejo de um dia suave, colorido pela alegria do conviver e do compartilhar. Aos saudosos, o que o Amor uniu nada pode separar.

    Ao meu paizinho – de verdade, um paizão, Sr. Dutra – minha gratidão por ter me recebido, ensinado e preparado para a vida. Na justiça exemplificada, a serenidade para me soltar neste mundão e observar de longe o cair e levantar que me foi forjando, temperando e que me permite caminhar mais segura; já saudosa de sua companhia quando for o momento de prosseguir. Belo presente que recebi nesta existência.

    Feliz Dia dos Pais!

     

  21. Passar a limpo, o melhor remédio!!!
    Sergio Medeiros R, fico com a primeira… Mas a terceira faz muito sentido, e, nesse caso, a pajelança atual assemelha-se à de 2003, quando Lula teve a oportunidade de passar os 500 anos de Brasil a limpo… e deixou passar, para a desgraça atual!!!  Aí, eu pergunto: não seria melhor deixar o M ODB colocar a boca no trombone e, até mesmo amplificar o som?  Tumor, só à base de bisturi… esse é o meu pensamento a respeito desse câncer chamado PiG!!!

     

  22. *

     

    Pai (e Mãe também) para muitos, mais das vezes, nos deixam lembranças que serão revividas como as melhores  lições no decorrer  da vida.

    Principalmente se entendermos o contexto no qual tivemos contato, ou não, em nossa existência.

    Feliz Dia dos Pais!

  23. Diante de uma criança

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=3Z1k_E0hAqg%5D

     

    Diante de uma criança

    Carlos Drummond de Andrade

     

    Como fazer feliz meu filho?
    Não há receitas para tal.
    Todo o saber, todo o meu brilho
    de vaidoso intelectual

    vacila ante a interrogação
    gravada em mim, impressa no ar.
    Bola, bombons, patinação
    talvez bastem para encantar?

    Imprevistas, fartas mesadas,
    louvores, prêmios, complacências,
    milhões de coisas desejadas,
    concedidas sem reticências?

    Liberdade alheia a limites,
    perdão de erros, sem julgamento,
    e dizer-lhe que estamos quites,
    conforme a lei do esquecimento?

    Submeter-se à sua vontade
    sem ponderar, sem discutir?
    Dar-lhe tudo aquilo que há
    de entontecer um grão-vizir?

    E se depois de tanto mimo
    que o atraia, ele se sente
    pobre, sem paz e sem arrimo,
    alma vazia, amargamente?

    Não é feliz. Mas que fazer
    para consolo desta criança?
    Como em seu íntimo acender
    uma fagulha de confiança?

    Eis que acode meu coração
    e oferece, como uma flor,
    a doçura desta lição:
    dar a meu filho meu amor.

    Pois o amor resgata a pobreza,
    vence o tédio, ilumina o dia
    e instaura em nossa natureza
    a imperecível alegria.

  24. Entendi, Nassif

    Entendi em seu texto o que é ser pai. Mesmo que nos contrarie os filhos, queremos o sucesso destes! Falamos pouco, os atos são nossas fortes decisões e declarações de amor!

  25. O olhar de meu pai

    Na qualidade de filho do melhor amigo do “seu” Oscar, e portanto de testemunha de boa parte do que foi aqui escrito, não tenho como não me emocionar com sua crônica.

    Amizade à parte, todos os que conheceram o Seu Oscar sabem que ele foi, de fato,  uma pessoa extraordinária, daquelas que não trocava seus sonhos e suas amizades por dinheiro nenhum. Ao contrário, nunca nenhum pobre saiu de sua farmácia em Poços de Caldas sem levar o remédio de que precisasse, mesmo que pra pagar “quando pudesse”.

    Oscar Nassif foi exemplo de caráter, de retidão e de lealdade. Eram outros tempos, quando essas coisas ainda tinham valor para a maioria das pessoas, especialmente nas cidades do interior.

    Parabéns, Luiz,  por sua viagem a tempos que não voltam mais, (como no título do antigo programa do Wagner Mendes na Rádio Difusora), mas que ainda trazem lembranças preciosas para se guardar dentro do coração, para sempre, “em frascos de cristal”. 

    Gustavo Frayha

  26. Sr Nassif obrigado

    O olhar de meu pai,severo e doce ao mesmo tempo ja falecido a muito tempo

    tenho seu sorriso em mente ate hoje,muita saudades.

    Feliz dia dos pais a todos do blog

    De um pai avo

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