Do Brasil 247
ACM NETO DESCUMPRE SEU DECRETO DA FICHA LIMPA
‘Importado’ de São Paulo, o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa Machado, responde a processos na Justiça Federal em Brasília, no Amazonas e em Minas Gerais; o mais grave é o “desvio milionário” de R$ 56,6 milhões, segundo o Ministério Público Federal, refente ao exercício do cargo de presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa); o prefeito diz em nota oficial que as denúncias do site Bahia Notícias são “irresponsáveis” e que Mauro Ricardo goza de sua “inteira confiança”
5 DE MARÇO DE 2013 ÀS 17:04
Bahia 247
O prefeito ACM Neto (DEM) chamou atenção logo no segundo dia de sua gestão ao assinar o Decreto 23.739, que institui regras equivalentes às da Lei da Ficha Limpa para exercício de cargos na prefeitura.
Dois meses depois, a descoberta de que o democrata descumpriu seu próprio decreto. ‘Importado’ de São Paulo, o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa Machado, responde a processos na Justiça Federal em Brasília, no Amazonas e em Minas Gerais.
Ex-secretário das finanças dos ex-prefeitos de São Paulo José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (PSD), Mauro Ricardo foi condenado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), em 2001, e pela Justiça Federal, em 2005, conforme documentos divulgados pelo site Bahia Notícias.
No processo mais grave, o secretário de ACM Neto responde pela época em que foi presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). O MPF do Distrito Federal acusa o titular da Sefaz de “desvio milionário”, de R$ 56,6 milhões, ao lado de outros gestores que ocuparam o cargo entre 2002 e 2007.
No primeiro momento, o prefeito ACM Neto divulgou nota oficial dizendo que tem “total confiança” em Mauro Ricardo e classificou como “irresponsáveis” as informações veiculadas pelo Bahia Notícias.
O site insistiu e conseguiu a confirmação do Ministério Público no Distrito Federal (MPF-DF). “Não resta dúvida alguma sobre a inclusão de Mauro Ricardo Costa Machado na atuação judicial do MPF-DF”, diz nota enviada ao portal.
O MPF-DF denunciou, em 2008, um “esquema” que teria desviado R$ R$ 56.630.323,39 da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), por meio da contratação de mão de obra terceirizada, inclusive para atendimento a “finalidades políticas”.
De acordo com o MPF-DF, o processo já está na segunda instância no Tribunal Regional Federal da 1ª Região e a próxima audiência do caso será no próximo dia 14 de março. Contudo, diante da afirmativa do próprio Ministério Público, o prefeito ACM Neto enviou outra nota ao Bahia Notícias dizendo que confia na idoneidade do secretário Mauro Ricardo.
Veja aqui o histórico das denúncias e das respostas do democrata.
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Do Jornal A Tarde
Novo secretário responde a processo no STF
Patrícia França
Raul Spinassé | Ag. A TARDE
Sex , 14/12/2012 às 23:33 | Atualizado em: 14/12/2012 às 23:33
Um dos primeiros decretos que o prefeito eleito ACM Neto (DEM) pretende assinar, assim que tomar posse, é o que estabelece uma espécie de Lei da Ficha Limpa para a ocupação dos cargos comissionados da prefeitura. Mas pelo menos dois dos 12 secretários que farão parte da sua equipe estão envolvidos em polêmicas judiciais ainda não esclarecidas: o deputado federal Maurício Trindade (PR), indicado para a Secretaria de Ação Social e Combate à Pobreza; e o presidente do PTN na Bahia, deputado estadual João Carlos Bacelar, atual titular da Secretaria Municipal da Educação, que vai permanecer no cargo.
Maurício Trindade responde a processo no Supremo Tribunal Federal (STF), desde 2009, pelo crime de tráfico de influência que teria sido cometido em 1997, quando era vereador em Salvador. João Bacelar teria favorecido a ONG Pierre Bourdieu em um contrato de pouco mais de R$ 64 milhões, em um ano e meio, no processo da municipalização das creches da capital.
O “caso do leite” foi denunciado por A TARDE em reportagem publicada em 30 de julho de 2004, época em que Trindade exercia mandato de deputado estadual pelo PSDB e tinha sido indicado para vice da chapa de João Henrique Carneiro, quando disputou pela primeira vez a Prefeitura de Salvador pelo PDT. O parlamentar acabou renunciando ao cargo de vice.
Na denúncia que o Ministério Público Estadual (MP-BA) fez à época do escândalo, o então vereador Maurício Trindade, que integrava a Comissão de Saúde da Câmara Municipal, teria procurado um dos sócios da empresa Nutril para exigir o pagamento de 15% do valor de um contrato a ser firmado com a Secretaria da Saúde, no governo do então prefeito Antônio Imbassahy – na época filiado ao extinto PFL e hoje deputado federal pelo PSDB, partido que integra o arco de aliança de ACM Neto.
Procurado, nesta sexta-feira, 14, por A TARDE, o advogado do deputado, Gamil Föppel, informou que o processo, passados oito anos, está tramitando no STF em fase final de conclusão. Ele explicou que o caso seria analisado pelo ministro-relator, Carlos Alberto Menezes Direito, mas, devido a seu falecimento em 2009, a relatoria passou para o ministro José Dias Toffoli.
Para o advogado, Maurício Trindade está sendo acusado “injustamente” de ter interferido na compra de leite pela Secretaria da Saúde de Salvador. “Como integrante da Comissão de Saúde da Câmara dos Vereadores, dentro de sua esfera de atribuições estava a de fiscalizar o regular cumprimento da lei nos procedimentos licitatórios. Assim sendo, como havia suspeitas de favorecimento em determinado certame ocorrido em 1997, Maurício estava investigando a ocorrência dessas irregularidades”, disse o advogado.
Föppel estranha que, apesar de a investigação sobre a irregularidade na compra do leite ter ocorrido em 1997, as “provas” só apareceram em 2004, “curiosamente no momento em que Maurício se candidatava a vice-prefeito de Salvador”.
Irregularidades – A denúncia contra João Bacelar foi feita em outubro deste ano e está sendo investigada pelo Ministério Público e Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). Além de suspeitas na licitação do contrato da Secult com a ONG Pierre Bourdieu, pesam contra a entidade o não cumprimento de serviços previstos no contrato e o não pagamento de terceirizados.
O secretário não retornou às muitas ligações feitas pela reportagem. Ele também não compareceu, pela manhã, ao anúncio do secretariado de ACM Neto, que fez uma exigência: secretários presidentes de partido devem renunciar ao comando partidário.
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Do site Bahia Toda Hora
Ministério Público manda suspender sistema Alfa e Beto em Salvador
3/05/2013 – 17:14 |
REDAÇÃO
A suspensão imediata da utilização do sistema Alfa e Beto na rede municipal de ensino de Salvador foi recomendada nesta sexta-feira (3) à Secretaria Municipal de Educação pelo Ministério Público do Estado.
As promotoras de Justiça Rita Tourinho e Patrícia Medrado também orientaram a secretaria a rescindir o contrato com o Instituto Alfa e Beto (IAB), adotando medidas administrativas para o ressarcimento ao erário de eventuais valores pagos e a suspensão do pagamento de qualquer parcela supostamente devida à empresa em razão do contrato.
Rita Tourinho explicou que o contrato entre a secretaria e o instituto refere-se à aquisição de 3.781 kits, com material de apoio pedagógico dos programas “Alfabetização”, “Séries Iniciais Ensino Estruturado” e “Prova Brasil”, material de apoio gerencial e logístico, projeto de capacitação para professores e coordenadores pedagógicos e aplicação de avaliações bimestrais nas classes do 1º ao 5º ano de escolarização do ensino fundamental.
A Secretaria de Educação fez um investimento total de R$ 12.330.340 na aquisição do material.
“A justificativa para a contratação do IAB foi a necessidade de um programa pedagógico com um método definido de alfabetização, capacitação de professores, material didático para alunos e professores, além do acompanhamento gerencial para a Secretaria de Educação”, disse Rita Tourinho.
Adoção intempestiva – Ela salientou, porém, que no final de 2012 o município de Salvador aderiu ao Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), que consiste também na capacitação de orientadores de estudo. Além disso, aderiu ao Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), por meio do qual, a cada três anos, cada escola da rede escolhe os livros que pretende implantar.
“Os pedidos dos livros foram feitos no ano de 2012, para que sejam utilizados de 2013 a 2015. Importante ressaltar que os referidos programas não geram nenhum custo ao município de Salvador”, afirmou.
Na recomendação, as promotoras de Justiça ressaltam ainda que a adoção intempestiva do programa de ensino Alfa e Beto, cujo processo de contratação se iniciou no dia 17 de janeiro deste ano, aliada à alegação de alguns professores de que havia conteúdo discriminatório em seus textos e a sua provável incompatibilidade com o PNAIC e o PNLD, provocaram manifestações contrárias à adoção do sistema, que culminaram com um protesto realizado no dia 7 de março deste ano em frente à secretaria, reunindo cerca de 300 profissionais da rede de ensino.
Outro fator contrário à utilização do sistema, segundo as promotoras de Justiça, foi o fato de a Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia ter se manifestado, em consulta realizada pela Secretaria de Educação, dizendo que há incompatibilidade entre as ações e concepções do PNAIC e o sistema Alfa e Beto quanto ao papel do professor no processo de alfabetização e quanto à concepção de leitura.
Sem notificação – O secretário municipal de Educação, João Carlos Bacelar, disse que ainda não foi formalmente notificado da recomendação do Ministério Público. Assim que for notificado, analisará os termos da manifestação e dará, como sempre, as respostas solicitadas
Bacelar afirmou, ainda, que entende que um sistema estruturado de ensino, com monitoramento e avaliação inclusos, é importantíssimo para a melhoria da qualidade da educação pública em Salvador.
Além das informações oficiais que serão prestadas à promotora Rita Tourinho, o secretário disse que vai procurá-la pessoalmente para mostrar os resultados do diagnóstico feito no ensino municipal e reiterar a necessidade de implantar um sistema estruturado que tem êxito em todo o Brasil e está recomendado pelo Ministério da Educação.
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