158 famílias financiam maioria das eleições presidenciais americanas

Enviado por romério rômulo

Da Carta Maior

EUA: como apenas 158 famílias financiam grande parte das eleições presidenciais
 
A maioria destas famílias compartilha com os candidatos republicanos a vontade de se livrar dos obstáculos regulamentares a suas empresas.
 
Traduzido do Le Monde por Clarisse Meireles
 
Algumas dezenas de pessoas que fizeram fortuna nos setores de energia e finanças e são totalmente desconhecidas do grande público contribuíram com quase metade dos recursos arrecadados até agora pelos candidatos à eleição presidencial americana. O New York Times se debruçou sobre estas famílias ‘sui generis’, cujas contas bancárias definem a política dos EUA.
 
Segundo o jornal americano, 158 famílias doaram 176 milhões de dólares, equivalentes a quase a metade dos recursos arrecadados até agora pelos candidatos: uma concentração sem precedentes desde os anos 1970. Estas famílias, obviamente, estão longe de representar o lar americano médio e suas fortunas vêm principalmente das finanças, do setor de energia ou do entretenimento.
 
Elas formam o que o Times descreve como “uma classe à parte, longe da maioria dos americanos, mesmo estando geografica, social e economicamente próximos”. Muitas vezes, vivem nos mesmos bairros – de Los Angeles, Houston ou Miami – poucos herdaram suas fortunas e muitos são imigrantes, não tendo nascido nos Estados Unidos.
 
“Independentemente de posições políticas, eles fazem parte dos conselhos das mesmas orquestras sinfônicas, dos mesmos museus ou programas para a juventude. São sócios nos negócios, casam seus filhos entre eles e, às vezes, se enfrentam em partidas de poker”, explica o jornal.
 
Este pequeno grupo de americanos financiam principalmente candidatos republicanos. Isto se explica por laços pessoais e econômicos – alguns candidatos tendo ficado ricos na mesma área de atuação de seus doadores de campanha – mas, principalmente, por afinidade ideológica. A maioria destas famílias compartilha com os candidatos republicanos a vontade de se livrar dos obstáculos regulamentares a suas empresas. Muitos candidatos republicanos querem, por exemplo, anular algumas das disposições da Lei Dodd-Frank, adotada após a crise financeira de 2008, estabelecendo barreiras jurídicas para os fundos hedge, que muitas dessas famílias possuem.
 
O jornal americano também vê nesta tendência republicana, um “contrapeso financeiro” à tendência demográfica em favor dos democratas. A maioria dos americanos é a favor de mais impostos sobre os mais ricos e de uma maior intervenção do Estado para corrigir as desigualdades.
 
O New York Times observa que, paradoxalmente, embora o montante gasto pareça importante, representa uma fração insignificante da riqueza dessas famílias. Kenneth Griffin, banqueiro de Chicago, por exemplo, gastou 300 mil dólares na eleição, o que, proporcionalmente, equivaleria a 21 dólares em um orçamento americano médio.
 
Este desequilíbrio também é resultado do decreto Citizens United, da Suprema Corte dos EUA que, em 2010, reduziu as restrições legais à participação de empresas no financiamento de campanhas políticas no país.
Redação

11 Comentários

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  1. Negócios

    Neste feriadão assisti a um filme com o Brad Pitt, acho que é o Assassina da Máfia, ou algo assim. No fim, ao negociar o pagamento pelos assasinatos encomendados e executados ele fala.

    – “A américa não é um país, é apenas um negócio.”

    1. entretenimento

      Lembrando que a família Bronfman, uma das mais influentes do mundo, domina boa parte da indústria do entretenimento mundial, também, como por exemplo a Universal Pictures, MCA e Warner.

  2. Nas eleições brasileiras de

    Nas eleições brasileiras de 2014 a concentração em meia duzia de empresas foi muito maior, JBS, Itau, Bradesco, CSN, empreiteiras, com a agravante de que boa parte dos doadores receberam recursos diretos ou indiretos do Estado, como as empresas financiadas pelo BNDES.

  3. financiamento privado de campanha política -BRASIL x EUA

    Neste particular o Brasil avançou com a recente decisão do SUPREMO, que proibe o financiamento de campanhas eleitorais por empresas. Tirante as empreiteiras e outras poucas grandes nacionais, o que pesa mesmo são as grandes corporações. 

    A sustentação desta decisão deve ser ponto de honra para os brasileiros. O retrocesso desta medida significa não só a confirmação da prevalência do poder hegemônico sobre os interesses nacionais, mas um descrédito para nossas Intituições, especialmente para nossa Corte Maior. Seria passar recibo daquele ditado “A melhor Democracia que o dinheiro pode comprar”. E neste particular, os EUA, dão um peéssimo exemplo ä Democracia Universal.

    O alcance da decisão do Supremo, demorará algum tempo, para ser percebido na vida prática do cidadão, daí o zêlo para sua manutenção.

    Um efetio imediato poderá ser percebido na esfera de atuação dos partidos políticos.

    Com o fluxo farto de dinheiro das empresas para campanhas milinárias, com marqueteiros elevados ao nível de chamãs sendo paralizado, os partidos terão que sair da zona de conforto para ir às ruas em busca de votos e, da formação de uma rede de sustentação nos cabos eleitorais regionais. É a volta da convivência democrática com os militantes e suas plataformas municipais, estaduais e federal.

    O PT, é um exemplo didático desta zona de conforto, que enclausurou na torre de cristal, um tal de núcleo duro, que tomava decisões como se tivesse o oráculo de delfus, e isto fosse suficiente para sustentar e legitimar um bom governo democrático. está pagando caro, por este desvio de rota.

    O reconhecimento do erro veio na votação do senado, que o PT unanememente votou pela eliminação das doações de empresas, antes mesmo, da decisão do Supremo. Uma demonstração cabal da mudança de rumos.

    Tenho a esperançã da manutenção da decisão do Supremo e, da retomada, a partir daí, pelos partidos, de uma nova jornada de avanços democráticos com a participação popular mais ativa.

  4. o sequestro da democracia

    Para mim a possibilidade de poder “doar” tais quantidades de recursos é o sequestro da democracia.

     

    Aqui e em qualquer lugar do mundo.

     

    Se não entendermos isso, não entendemos nada de politica.

  5. Essa a democracia que FhC

    Essa a democracia que FhC (como dizia Millor, superlativo de FHC) tentou implantar e ainda luta, para que seus amigos PJ não tenham que ter o mesmo valor dessa gentalha que ocupa o Brasil, nem da classe mérdia pedante e alienada que apóia FhC e seus amigos.

    Quais dos “amigos” (duvido que este sujeito tenha um amigo, tem é interesseiros orbitando em volta dele) faria parte dos eleitos para o Conselho dos Homens Bons que FhC irá instaurar?

  6. E ………………………………

    Porquê será que não dão nomes aos bois ??????????????????

    Covardia!!!!!!!!!!!!!!!!!! Medo !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    Bando de covardes !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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