As ações para reduzir o custo da exploração do petróleo no país

Em um ano os Estados Unidos aumentaram em 10% sua produção interna de óleo combustível de reservas não convencionais, como xisto, reduzindo portanto a necessidade de importar petróleo. A título de comparação, o custo do barril de óleo combustível obtido do xisto gira entre 70 e 100 dólares, enquanto a produção de petróleo extraído da camada pré-sal brasileira custa, em média, 100 dólares.

Atualmente o preço spot (imediato) do barril de petróleo no mercado internacional está em torno de US$ 100. Mas as vendas da mesma quantidade do produto em contratos futuros para 2020 já estão abaixo dos US$ 80. Para o superintendente da Onip (Organização Nacional da Indústria do Petróleo), Bruno Musso, esses números corroboram a tese da necessidade do país reduzir os custos da exploração e produção por meio de melhoramentos tecnológicos.

Leia também: Trabalho avalia papel da Petrobras na produção científica

“Nós temos um óleo caro de produzir e não estamos dissociados do mundo. O retorno financeiro das empresas quanto a exploração de petróleo vai depender, em grande medida, da redução de custos especialmente quando falo do pré-sal, que se encontra a trezentos metros da costa. Logo, as novas tecnologias são o caminho para as empresas nacionais baratearem o custo total de operação”, ponderou durante sua apresentação no 42º Fórum de Debates Brasilianas, realizado em setembro, no Rio de Janeiro.

O investimento em inovação também é uma maneira de as empresas brasileiras superarem os velhos problemas que atrapalham sua competitividade, como alta carga tributária, ausência de infraestrutura e baixa quantidade de mão de obra qualificada.

“O Brasil tem um problema de formação de preços que é estrutural e a inovação é o que pode fazer a diferença entre as empresas nacionais e estrangeiras”. Musso apresentou durante o evento ações realizadas no país para melhorar a eficiência dos recursos investidos em novas tecnologias e processos.

Pesquisas para inovação

Em 2010, a Onip fez uma análise dos componentes necessários para o funcionamento de uma plataforma de petróleo em alto mar e concluiu que 40% dos equipamentos eram importados e representavam quase metade do valor total investido na instalação da plataforma. “Logo, verificamos que existe um espaço enorme para [as empresas brasileiras] crescerem a partir do desenvolvimento de tecnologias ainda não fornecidas localmente”, pontuou.

Atualmente o Instituto Brasil de Petróleo dirige outro trabalho para se chegar as áreas onde o país deve aumentar seus esforços no desenvolvimento de tecnologias locais. A Onip também fechou parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP, ligada ao MDIC) para dissecar barcos de apoio e unidades de plataformas flutuantes (FPSO) com o objetivo de identificar equipamentos importados que a indústria brasileira estaria mais perto de construir, ou seja, onde o gap tecnológico não é tão grande para a indústria nacional se tornar competitiva frente as fornecedoras estrangeiras. Segundo Musso já existe uma carteira com, pelo menos, mil projetos em potencial para serem desenvolvidos em universidades e centros de pesquisas com recursos públicos.

O Onip apontou os esforços do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp), da Petrobras, para avaliar o comportamento e a produtividade indústria brasileira frente aos seus pares no mercado internacional, em busca das melhores práticas industriais que conduzem a competitividade no setor. Uma cooperação entre o Prominp e a Onip rendeu, ainda, uma pesquisa dos perfis profissionais necessários para ampliar a exploração e produção de gás e petróleo no Brasil.

“Mandamos os resultados para as principais universidades federais do país para estabelecerem algum tipo de programa de formação”. Musso afirmou que, através dessa ação, milhares de pessoas já foram treinadas para compor a complexa cadeia que compõe a indústria do petróleo no país, que envolve desde empresas de pesquisa geológica até àquelas especializada na construção de navios.

Musso concordou que a obrigatoriedade de as empresas de grande porte internacionais investirem 1% do seu capital bruto em pesquisa e desenvolvimento no país fatalmente elevará o nível de tecnologias realizadas em parceria com empresas locais, entretanto, considera que não está clara a forma como esse conhecimento será retido pelas empresa e centros de pesquisa brasileiros, reiterando a necessidade do país avançar na estratégia de como ampliar a qualidade e eficiência de seus investimentos em pesquisa e inovação entre empresas de capital nacional.


Bruno Musso, Superintendente da ONIP / Imagem: Ignacio Lemus

Redação

16 Comentários

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  1. O artigo diz que o custo de

    O artigo diz que o custo de extração de petróleo do pré sal éde US$ 100.00. Gostaria de ver esta planilha, pois segundo informações que tenho ele está a menos de US$ 40.00. Será que nãp valeria à pena verificar a correção dos artigos publicados por este site. Chega de desinformação. Desinformar já é uma tarefa de proa da grande (será?) mídia. Não há necessidade de mais atores atuando neste mister…

  2. Segundo Graça Foster, em

    Segundo Graça Foster, em entrevista ao Valor no início do ano : “…hoje o custo de produção do pré-sal é de US$ 40 a US$ 44 por barril, enquanto nos Estados Unidos  os preços são de US$ 44 a US$ 50.”.

    Outra questão a se levar em conta, é que o óleo/gás a partir do xisto tem queda de produção acima de 60%  no primeiro ano, o que leva a uma busca constante por novas fontes.

    O que podemos concluir é que há uma grande oportunidade para a indústria brasileira, desde que ela deixe de reclamar e resolva produzir. O vício da Selic alta deixa o empresariado ‘torto’. Eles precisam voltar a aprender a pescar.

    1. Caro Manoel Teixeira,

      Caro Manoel Teixeira,

      Há ainda uma questão ambiental gravíssima na exploraçãpo do xisto. Todos os analistas consideram o xisto mais prejudicial ao meio ambiente do que o carvão, ou seja está no final da escala de energia limpa.

  3. Petróleo próximas quatro décadas

    Além desta informação de barril a 100 dólares de custo de PRODUÇÃO seja absolutamente absurda na conjuntura atual, não há qualquer alternativa válida ao Pre-Sal, uma vez CONHECIDO, que não seja explorá-lo.

    O custo de produção ser maior que o valor internacional só significa que este petróleo só terá economicidade no ambito de consumo interno com uma conta petróleo negativa em reais mas sem custos cambiais de importação com moeda comercial ou riscos de desabastecimento externo. Continua-se justificando sua exploração por segurança energética e estímulo a indústria e tecnologia nacional.

    MESMO que o cenário imediato seja assim desfavorável (o que discordo veementemente), o mercado petrolífero é por fundamento volátil e pode modificar-se por acidentes, guerras e fatores econômicos adversos a nossa capacidade de agir de curtoi prazo. E numa velocidade extremamente rápida a situação se modifica e não dá para, de uma hora para outra, voltar ao Pré-sal para explorá-lo…

    Devemos explorar nossas reservas e se nossa tecnologia evoluir ou for boa o bastante para ser rentável exportá-lo dentro dos futuros cenários econômicos mundiais AO LONGO deste século, poderemos APROVEITAR estes períodos de ingressos de recursos adicionais provenientes da exportação de petróleo para terceiros países ser competitiva. 

    SIMPLES ASSIM, não explorar o Pré-sal porque, sazonalmente hoje, a vantagem seja negativa ou pequena é uma análise econômica ingênua, maliciosa, mal-intencionada ou míope no longo prazo. Conforme se avalia a agenda secreta de quem defende TAL DISPARATE…

  4. Pré-sal US $100,00.

    Entendo que esta preocupaçao com custos conforme o texto para quem está satisfeito por atingir marca acima de 300.000 Bpd em menos de 7 an9s de sua descoberta, e está em final de licitação de área com potrncial de produção acima de 1.000.000 BPD algo fora de qualquer realidade

  5. O segredo para produção

    O segredo para produção barata não é segredo para ninguem: é só “abrir as pernas” quanto a qualquer condicionante ambiental ou  medidas mais restritivas ao impacto ambiental causado pela exploração, os acionistas vão ficar muito satisfeitos e os investidores ficarão rindo até as orelhas. 

  6. Alguém esta querendo assustar

    Alguém esta querendo assustar os investidores do blog com essa informação do barril a $100. Só se considerarmos o custo para Brasil, com os financiamentos e tecnologias que pagamos.

    Aliás, outra discussão recorrente neste blog e que não concordo, é dar essa importância a nacionalização dos itens da industria naval e dos equipamentos de baixa complexidade tecnológica da industria do petróleo que tem sido deixada de lado pelos paises ricos. O filé, como toda a tecnologia da informação e automação, equipamentos de mecanicos de alto valor agregado estão na mão das multis. Além do fato  de estar  instalando  seus centros de pesquisa aqui, bancado por beneficios fiscais e colocando pesquisadores brasileiros para dar soluções que depois serão vendidas a preço de ouro (não negro evidentemente). Então falar em reduzir os custo na forma que esta sendo apresentada é balela. Alias todas essas iniciativas do Blog em inflar e sempre apresentar esses encontros com os provedores de equipamentos como uma grande mudança nos destinos do pais é um profundo equivoco.

  7. Custo do barril

    A Petrobras que já produz mais de 300 mil barris por dia fala que o custo é em torno de US$20  por barril. Se fosse 100, não tinha ninguém querendo participar do leilão de libra.

     

    O autor está de brincation?

  8. Qual é a desse cara, tão por

    Qual é a desse cara, tão por fora dos custos de exploração da Petrobras. Se era atingir a Petrobras, seus números só atingem sua credibilidade. Dificulta até a possibilidade de entrar para Petrobras e, lá, aprender sobre a indústria do petróleo, as fontes alternativas, principalmente o óleo combustível  e gás de xisto produzido pelos americanos, que deve estar tendo pouca vantagens no balanço da energia fóssil que consome,. Queimou uma boa oportunidade.

  9. CONTEUDO LOCAL

    Discordo da materia quando é citado que apenas a alta carga tributária, ausência de infraestrutura e baixa quantidade de mão de obra qualificada atrapalham a nossa competitividade.

    A politica de conteudo local é um dos principais causadores disso.

    Devemos primeiro pensar em profundas reformas (trabalhistas, fiscais, previdenciarias, aduaneiras, na educcao, saude, etc) antes dos empresarios investirem em formaçao. Assim como produzimos automoveis e roupas caríssimas, produzimos da mesma forma navios e plataformas muito caros.

    Nao adianta investirmos em tecnologia apenas para atender a demanda da Petrobras, que tem criterios politicos, eleitoreiros e protecionistas para definir os seus fornecedores.

    Devemos focar sempre a competitividade internacional para os bens produzidos por aqui, e não apenas atender à Petrobras. 

     

     

  10. “redução de custos

    “redução de custos especialmente quando falo do pré-sal, que se encontra a trezentos metros da costa.”

    Pode ser apenas um errinho de digitação, ou uma fala mais empolgada do palestrante, mas a distância é de 300 quilômetros em média.

    E mais de 3 mil metros de lâmina dágua.

    E para completar, somente a Petrobras é quem teve coragem e competência técnica, para assumir os riscos de pesquisar a camada de sal, cuja tecnologia inexistia.

    O artigo não contava com ninguém para uma pesquisinha básica nem para criticar previamente o texto.

  11. Faça-me o favor! Comparar

    Faça-me o favor! Comparar óleo combustível, que na refinação de petróleo é parte do chamado fundo de barril, se for desconhecimento não dá nem para comentar. Se for para não mostrar a abissal diferença desse derivado dos mais baratos obtidos na operação de refinação, que se presta mais para a queima pura e simples, com o petróleo bruto do qual deriva, de onde também se extrai as naftas, as gasolinas, o óleo diesel, o gás de cozinha é uma temeridade. Fazer política em defesa de interesses é válido. Agora, precisa ter base em algo concreto. E mais grave na comparação: o preço do petróleo no mercado está longe de se equiparar  ao preço do óleo bruto produzido. E  é aí onde se encontra o pulo do gato. Daí se dizer que o melhor negócio do mundo é produzir petróleo, que mesmo mal administrado rende muito dinheiro. Imagine nas mãos de uma Petrobras, que há cinquenta anos tinha como meta produzir duzentos mil barris por dia, e hoje está finalizando o montagem de uma estrutura para produzir mais de quatro milhões de barris. Sem saber teologia, sem nunca ter rezado uma missa, não dá para ensinar Padre Nosso a vigário. 

    1. O óleo combustível é mais

      O óleo combustível é mais barato que o petróleo. Por esse motivo, qualquer refinaria busca otimizar seu processo para minimizar a produção desse derivado.

  12. Custo verdadeiro do pré-sal.

    O verdadeiro custo de produção de um barril por uma empresa em determinado campo é a princípio estratégica e que questão normalmente deveria ser “segredo industrial” bem guardado… como sempre tem sido praticado pelo Petrobras. 

    O que vemos é que por questões políticas números vem a tona, com declarações até da presidente da empresa, Graça FOSTER. Deixando claro que há diferentes “públicos” com diferentes expectativas: de pequenos acionistas que usaram o FGTS a partidos políticos ligados ao FORO DE SÃO PAULO; de grandes fundos investidores que confiaram no selo da SEC até fornecedores de equipamentos que precisam desenvolver ou adaptá-los ao pré-sal.

    Caso peculiar é que demostra como diverge as expectativas do pré-sal brasileiro é e.g. a dos Países fo tal FORO. Em atas e gravações tornadas públicas, fica bastante claro a intenção de usar as “riquezas” do solo brasileiro, em destaque a do pré-sal, como motor adcional de economias pequenas e combalidas da A merica Lática e CARIBE. (link abaixo).

    Mas quando, ao mesmo tempo, vemos a ConocoPhilips, a maior companhia independente americana de exploração de petróleo e gás, desistir do pré-sal angolano e paralelamente o ministro dos Petróleos angolano admitir a necessidade do barril de aos USD 100, para que seja “viável” manter a produção nacional em águas cada vez mais profundas, bem, devemos prestar mais atenção.   

    Como negócio de risco que é, a exploração do pré-sal deve pode apresentar grandes surpresas ainda. E é obvio que a Petrobras nunca iria ignorar SUN TZU, começando pelos campos mais arriscados. Nesta industria, sempre se ataca o mais rentável, o mais economico, o mais fácil primeiro. Por isto também que os custos operacionais podem aumentar: se hoje custo  30 ou 40, nada indica garante que nos próximos não suba para 35 ou 45. Negócio de risco, diz a cartillha da Oil and Gas Industry!

    http://www.valor.com.br/empresas/3402882/brasil-deve-dobrar-producao-de-petroleo-ate-2020-afirma-graca-foster

    http://www.midiasemmascara.org/attachments/007_atas_foro_sao_paulo.pdf

    http://www.redeangola.info/exploracao-de-aguas-profundas-so-e-rentavel-acima-de-usd-100-o-barril/

    http://www.redeangola.info/petrolifera-americana-planeia-desistir-do-pre-sal-angolano/

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