Bispos emitem nota em prol da democracia

Jornal GGN – A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota sobre a crise política e institucional do país, afirmando que “é urgente resgatar a credibilidade da atividade política em que seja fortalecida a cultura inclusiva e democrática, pois um ‘método que não dá liberdade às pessoas para assumir responsavelmente sua tarefa de construção da sociedade é uma chantagem’, e ‘nenhum político pode cumprir o seu papel, seu trabalho, se se encontra chantageado por atitudes de corrupção’”.

Da CNBB

CNBB emite nota a favor do Brasil

Em coletiva de imprensa, realizada hoje, 27 de agosto, a Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota aprovada pelo Conselho Episcopal de Pastoral (Consep) sobre o momento atual da vida do País.

Na mensagem, a Conferência afirma que se paga “um alto preço pela falta de vontade política de fazer as reformas urgentes e necessárias, capazes de colocar o Brasil na rota do desenvolvimento com justiça social quais sejam as reformas política, tributária, agrária, urbana, previdenciária e do judiciário”.

Ao recordar as palavras do papa Francisco, a CNBB diz que “é urgente resgatar a credibilidade da atividade política em que seja fortalecida a cultura inclusiva e democrática, pois um ‘método que não dá liberdade às pessoas para assumir responsavelmente sua tarefa de construção da sociedade é uma chantagem’, e ‘nenhum político pode cumprir o seu papel, seu trabalho, se se encontra chantageado por atitudes de corrupção’”.

Leia a nota na íntegra:

Nota da CNBB a favor do Brasil

“Os que querem enriquecer caem em muitas tentações e laços, em desejos insensatos e nocivos, que mergulham as pessoas na ruína e perdição. Na verdade, a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro” (1Tm 6,9-10).

A população brasileira acompanha, apreensiva, a grave crise que atinge o país, procurando conhecer suas origens, resistir às suas consequências e, sobretudo, vislumbrar as soluções. A realidade é dura e traz de volta situações que, por algum tempo, haviam diminuído significativamente como o desemprego, a inflação e a pobreza.

Pagamos um alto preço pela falta de vontade política de fazer as reformas urgentes e necessárias, capazes de colocar o Brasil na rota do desenvolvimento com justiça social quais sejam as reformas política, tributária, agrária, urbana, previdenciária e do judiciário. O gasto com a dívida pública, o ajuste fiscal e outras medidas para retomada do crescimento colocam a saúde pública na UTI, comprometem a qualidade da educação, inviabilizam a segurança pública e inibem importantes conquistas sociais.  

A corrupção, metástase que atinge de morte não só os poderes constituídos, mas também o mundo empresarial e o tecido social, desafia a política a seguir o caminho da ética e do bem comum. Combatê-la de forma intransigente supõe assegurar uma justa investigação de todas as denúncias que vêm à tona com a consequente punição de corruptos e corruptores. A corrupção, gerada pela falta de ética e incentivada pela impunidade, não pode ser tolerada.

É urgente resgatar a credibilidade da atividade política em que seja fortalecida a cultura inclusiva e democrática, pois um“método que não dá liberdade às pessoas para assumir responsavelmente sua tarefa de construção da sociedade é uma chantagem”, e “nenhum político pode cumprir o seu papel, seu trabalho, se se encontra chantageado por atitudes de corrupção”(Papa Francisco aos representantes da sociedade civil, no Paraguai, 11 de julho de 2015). A chantagem “é sempre corrupção”.Lamentavelmente, o cenário político brasileiro não está isento desta condenável prática.

É inaceitável que os interesses públicos e coletivos se submetam aos interesses individuais, corporativos e partidários. As disputas políticas exacerbadas podem comprometer a ordem democrática e a estabilidade das instituições. Garantir o estado de direito democrático é imperativo ético e político dos brasileiros, mormente dos que não viveram nem testemunharam as arbitrariedades dos tempos de exceção. O bem do Brasil exige uma radical mudança da prática política.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, através do Conselho Episcopal Pastoral-Consep, reunido em Brasília, nos dias 25 e 26 de agosto, reafirma o diálogo e a luta contra a corrupção como meios para preservar e promover a democracia. Nesse diálogo, devem tomar parte os poderes constituídos e a sociedade civil organizada. Com o Papa Francisco, lembramos que “o futuro da humanidade não está unicamente nas mãos dos grandes dirigentes, das grandes potências e das elites. Está fundamentalmente nas mãos dos povos; na sua capacidade de se organizarem e também nas suas mãos que regem, com humildade e convicção, este processo de mudança” (Discurso aos participantes do II Encontro Mundial dos Movimentos Populares, Bolívia, 9 de julho de 2015).

O Espírito Santo nos ajude a dar a razão de nossa esperança e nos anime no compromisso de agir juntos pelo bem comum do povo brasileiro.

Brasília, 26 de agosto de 2015. 

Dom Sergio da Rocha, Arcebispo de Brasília – DF, presidente da CNBB

Dom Murilo S. R. Krieger, Arcebispo de São Salvador da Bahia – BA, vice-presidente da CNBB

Dom Leonardo Ulrich Steiner, Bispo Auxiliar de Brasília – DF, Secretário Geral da CNBB

Redação

6 Comentários

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  1. BISPOS DO BRASIL….

    VEJO POR OUTRO ANGULO, CAUTELA. A IGREJA FOI DURAMENTE CRITICADA QUANDO APOIOU O GOLPE DE 64, AGORA A SITUAÇÃO É OUTRA, A NECESSIDADE DE RESTABELECER O RESPEITO À DEMOCRACIA TÃO ABALADA NOS ÚLTIMOS MESES, FAZ COM QUE A IGREJA SE MANIFESTE. O RISCO DE RETROCESSO BATE À NOSSA PORTA, JÁ INVADIU O NOSSO QUINTAL E DEMORAMOS A PERCEBER. TEMOS QUE, DE AGORA EM DIANTE, INICIAR UM NOVO PROCESSO DE CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA E CRÍTICA PARA RECUPERAMOS O CAMINHO PERCORRIDO E A PERCORRER POR JUSTIÇA SOCIAL.

  2. TARDE E POUCO ABRANGENTE, TAMBÉM TENTOU TIRAR PROVEITO.

    Sou católico, e não entendia a pouca representatividade católica no processo de inclusão social, o governo estava no caminho certo, porém sozinho. A mídia destroçou a confiança na política, tem que se investigar qualquer ato de corrupção, porém sem parcialidade. isso não era somente investigação de corrupção era um avivamento da asquerosidade humana, um caça às bruxas em pleno século 21. O PT não era inimigo da igreja e nem do povo. Deveriam ser mais claros e mais incisivos, houve uma tentativa violenta em mudar a matriz filosófica religiosa por meio do poder conservador infiltrados na justiça e no congresso e na polícia, houve uma tentativa de imposição por facções religiosas perigosas. O povo é o protagonista numa democracia, deve ser respeitado. A mídia se tornou inimiga do povo ao se declarar e agir como partido de oposição, desequilibrou a institucionalidade e a governabilidade irresponsavelmente. Foi uma tentativa de golpe sem pensar nos trabalhadores que não são corruptos e nem habitam os corredores do poder.

  3. Tenho cá meu pé atrás! Essa

    Tenho cá meu pé atrás! Essa igreja não tentou descontstruir aquilo que a grande mídia nativa faz todos os dias incansadamente desde 52, destruindo os governos trabalhistas mesmo com seus defeitos. A OPUS DEI ainda tem muitaaaa força e determina as ações e politicas da igreja, o que é uma lástima

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