Dallagnol e a República da Lava Jato, por Janio de Freitas

Da Folha

Fatos discriminados
 
Janio de Freitas
 
NOVE procuradores da República em Curitiba assinaram na Folha de ontem documento segundo o qual fiz “afirmações inverdadeiras”, “ao tratar da palestra do procurador da República da Lava Jato Deltan Dallagnol, feita no Rio, sobre a campanha do Ministério Público Federal chamada ‘Dez medidas contra a corrupção'”.

A única dúvida que o documento me suscita está em não saber se houve intenção sugestiva ou lapso de pontuação naquele “República da Lava Jato”. A meu ver, as circunstâncias propõem igual consideração para duas hipóteses.

Quanto aos fatos e pormenores factuais constantes do meu artigo “Além do previsto” (2.ago), foram publicados também na Folha, em página nobre e lugar de destaque, cinco dias antes –e não foram contestados, por ninguém.

Bem, reconheço outra dúvida: de que ordem é a discriminação que leva os poderosos procuradores a negar os dados, se por mim usados, e não fazer o mesmo se utilizados por outro autor? Mas o que importa, afinal de contas, é serem dados corretos e aqui reafirmados.

Afirmam os procuradores da Lava Jato que “a imprensa não foi convocada para o evento”. A imprensa foi convidada, sim, pela assessoria do Ministério Público Federal, ao qual pertencem os autores da afirmação contrária. Jornalistas em bom número estiveram na palestra de Dallagnol. Entre eles, um admirado profissional da Folha.

“A palestra”, afirmam com Dallagnol os sete signatários que lá não estiveram, “não ocorreu em igreja, mas em auditório de Faculdade Teológica”. A palestra ocorreu em dependência onde os frequentadores daquela igreja fazem culto, não em auditório. Até o mobiliário é típico das salas de culto, com seus extensos bancos duros, enfileirados em simetria marcial.

Segundo a pretendida contestação, “não há uma ‘pregação de âmbito nacional’ agendada”. Já no segundo parágrafo seguinte, essa contestação volta-se contra os contestadores: “O tema da palestra foi como contribuir com um país mais justo, com menos impunidade e corrupção, o que é uma campanha do Ministério Público Federal”. Não é imaginável que a campanha se dê apenas na carioca Tijuca. Até porque “os procuradores do Brasil têm feito palestras similares” (às de Dallagnol). O próprio Dallagnol, ao terminar aquela, já estava com outras programadas.

Se “a campanha não tem qualquer vinculação com manifestações pró-impeachment”, não se explicaria que “o slide”, exposto por Dallagnol, “contempla atividades de algumas igrejas para os dias 8, 16 [data das manifestações de rua pró-impeachment], 23, 29 e 30 de agosto, e 2 de setembro”. O que faria um slide com tal agenda na palestra? A campanha que não existe e é do Ministério Público Federal incluiu a apresentação, por um procurador, da agenda de “algumas igrejas batistas em apoio à campanha”. Logo, ali se evidenciou uma conexão.

A propósito, um trecho ilustrativo de Dallagnol, devidamente registrado, na palestra chamada “Dez medidas contra a corrupção”: “Se nós queremos mudar o sistema, nós precisamos continuar orando”.

Como “não há página ‘de pastor’ no Facebook”? Deve haver muitas. O site citado no artigo em questão e no texto anterior, sobre a palestra de Dallagnol, existe e pertence ao pastor Marcos Paulo Ferreira, da igreja frequentada em Curitiba pelo procurador palestrante.

Por fim, uma afirmação dos contestadores tem melhor resposta sem palavra. Diz ela que “o procurador não fez ‘oração'”. Ponho à disposição dos nove uma foto, não pertencente à Folha, em que Deltan Dallagnol, cabeça baixa e mãos sobrepostas na altura do ventre, como outros presentes, é visto na sua oração ao fim da palestra. Para obter a foto, Deltan Dallagnol não precisa, desta vez, dirigir-se à direção do jornal.

 

Redação

28 Comentários

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  1. A maior pregação e ter o
    A maior pregação e ter o mesmo empenho pra apurar a delação do doleiro youssef, contra o Aécio. Mensalão de 120 mil dolares e não vem ao caso? E a aí, Procurador Janot dinheiro de campanha da oposição vem escritas, com carimbo de LIMPO? Uma vergonha esse atuação política da justiça bolivariana da direita do Paraná.

  2. De inverdades vivem jornalões

    De inverdades vivem jornalões e revistas semanais com frequência. Jânio de Freitas é um patrimônio do jornalismo, que vivo ou morto terá seu nome sempre lembrado e respeitado, justamente por não se deixar manipular por ninguém, e manter-secoerente em suas ideias, doa em que doer. Só falta, agora, esses pocuradores, descompromissados com suas funções, extrapolando para outros campos, como o religioso, a título de obterem visibilidade na mídia, por interesses escusos, quererem desqualificar as matérias de um jornalista do porte de Jânio de Freitas. Era só o que faltava!

    1. Todo o MP
      Nove procuradores assinaram o documento, devem, assim, estar representando todo o MP que se não se posicionar estará apoiando a mentira e a cruzada messiânica. Não há limites pra esses caras que querem um outro país, só não revelam qual.

  3. Pateta

    Esse Dallagnol é outro que vai se mostrando um verdadeiro pateta.

    Primeiro, foi a página no facebook onde intitulava-se como “Procurador da Lava Jato”.

    Após, aquela patética foto dos “Intocáveis”.

    Depois, a reação infantil quando questionado pelo Stanley Burburinho.

    Não contente, esta palestra para protestantes, onde mistura a Lava Jato com a vontade do criador.

    Agora, esse arremedo de desmentido ao Jânio de Freitas, onde este o rebateu e, sobretudo, o mostrou como um moleque.

     

    Triste é saber que o destino nacional está nas mãos de patetas como este.

     

  4. Este delagnoll já deu provas

    Este delagnoll já deu provas mais do que suficientes de que é um desequilibrado mental.

    Já deveria ter sido excluído ou demitido a tempos. além dele há outros.

  5. Até tu, MPF

    Até o Ministerio Publico Federal foi aparelhado. É um Deus nos acuda. Com  a maior das boas intenções, estão destruindo a nascente democracia que parecia estar começando a vigorar no Brasil.

    Um procurador da republica que vai “orar”, é demais. Isso aqui nao deu certo, mesmo. O Brasil não consegue sair de seu destino de colonia. Foram 500 anos de cultura de escravagismo, de subserviencia, que 12 anos de PT não consegiram nem arranhar. 

    Para quem como eu acreditou que estavamos saindo do buraco, é de uma frustração imensa. Ver o Serra vestir o casaco de entreguista, para provavelmente se tornar acionista oculto na venda da Petrobras, (quem sabe uns 10%?) realmente a decepção é imensa.

    CAbe uma guerra civil? Com a midia maciçamente dominada, voltamos à época de 64. So os estudantes tinham alguma ideia do que estava por vir, e os intelectuais, sempre uma minoria minima, tradição brasileira consagrada. 

    A boçalidade, que predomina na Internet, tão tem esclarecida por HUmberto Eco, faz o contraponto. Estamos a pé. E para ajudar, a incompetencia do governo Lula-Dilma-Ze Dirceu, para nao ter simplesmente lembrado da frase do Brizola, quando candidato a presidente: “caso eleito, meu primeiro ato no primeiro dia de governo, será caçar a concessão da Globo”. Saudoso Brizola… Teríamos virado um país. 

    1. Farisaismo

      Já que se dizem “evangélicos”, embora privilegiem o Antigo Testamento, certas pessoas deveriam se lembrar de como Jesus Cristo tratava os fariseus: “hipócritas, sepulcros caiados”!… Está lá nos Evangelhos. No Novo Testamento. Entre uma e outra exibição, dá tempo de lerem?

  6. República da Lava Jato

    O que É uma intelegência brilhante. O Nassif deu um cacete intelectual nos procuradores do Paraná. Eles reagiram, levantaram o dedinho de protesto e disseram “a” e tomam um outro cacete intelectual. Como pode uma única mente brilhante como a do Nassif espezinhar intelectualmente  nove procuradores de estado. O Nassif chamou-os para dançar e deu dez tombos diferentes em cada um deles. Queria ter essa capacidade intelectual do Nassif.

  7. Cuidado Janio: “dias desses

    Cuidado Janio: “dias desses chega a sua hora..não discuta atoa, não reclame. Chame, clame, chame o ladrão, chame o ladrao”

  8. A culpa é dos tribunais

    A culpa é dos tribunais superiores que assistem esse absurdo inertes e pior até cooperam, no caso do Zé Dirceu, hoje a maioria das audiencias são por videoconferencia, Zé Dirdeu já estava preso e poderia ser ouvido por este metodo tambem, até pelo principio da economia, mas não, pela segunda vez foi transportado para os olhos inteiros da midia como um troféu.

  9. “Se nós queremos mudar o

    “Se nós queremos mudar o sistema, nós precisamos continuar orando”.

    Que os advogados – em todas as esferas, poderes e instituições – não estão dando conta do recado de vigiar e punir, está claro. Mais do que a complexidade das atividades, a hercúlea tarefa de ocultar alguns para expor, seletivamente, outros, exige muita habilidade. Já para diagnosticar que a corrupção na Petrobrás e no Brasil foi instituída a partir de 2003, mesmo com Boechat recebendo prêmio por denúncias e o Cecílio do Rego Almeida ter denunciado o que ocorria nas décadas de 70, 80 e posteriores, é preciso ter desenvolvido a desfaçatez no último grau. A exercitam desde a universidade, passando pela OAB, igreja e lojas e os 33 estágios exigidos pelos “tutores da paz”. Orei ontem. Para que tenhamos um estado realmente laico. E hoje vi para quanto foi o salário dos distintos dorminhocos – de olhos abertos – que não viram os rombos e saques cometidos à luz do dia e sob orientação dos prarceiros e num momento em que alardeiam crise nas contas públicas e acusam o governo, fazendo coro com a quadrilha do Cachoeira, contra a gastança.

  10. O documento assinado pelos

    O documento assinado pelos nove Procuradores, contestando o texto do Jãnio, equivale ao extrato do Romário publicado pela Veja.

    O que interessa:  quantos coxinhas há no Brasil que ainda acreditam no PIG e no republicanismo da Lava Jato?

    Se for metade do eleitorado menos um, fico tranquilo, mas não sei a resposta.

     

     

     

     

     

  11. Tá sobrando procurador…

    na República Teocrática da “vaza a jato”, a julgar pela matéria.

    O valoroso PGR poderia deslocar, pelo menos, um membro do MPF para auxiliar o ÚNICO procurador que cuida da operação Zelotes, já que neste caso, os desvios são muitas vezes superior ao que se constatou na lava-jato.

  12. esse procurador é o

    esse procurador é o equivalente ao menino dono da bola que só joga porque é o dono da bola

    o dente da frente dele diz isso

  13. Esses arroubos juvenis desses

    Esses arroubos juvenis desses jovens imberbes, juntamente com a megalomania do outro magistrado está causando um estrago tremendo nas instituições do Brasil, veja a que ponto chegamos, hoje um tipo do naipe do cunha manda no Brasil

  14. A república do lava jato
    Caro Janio de Freitas.
    Não caberia um questionamento na justiça a respeito da conduta do procurador?
    O que é O fanatismo, heim!

  15. é o fundo do poço

    o ministério público federal nunca esteve tão baixo em termo morais e éticos.

    portanto, é urgente um expurgo generalizado nele.

    é hora da faxina; limpar a instituição desses néo-nababos mimados.

    em tempo: quantas vezes o citado procurador foi à disneylandia no último ano?

  16. maior perigo para qualquer país…

    alguém exercer este tipo de função, função muito importante, sem dúvida alguma, mas ao mesmo tempo concordar que lhe coloquem uma camisinha no cérebro……………………………………

    ou na falta de novas ideias e provas, oremos

    mas de olhos abertos para com petistas e fechados para tucanos

    assim não mudam sistema algum, apenas trocam

  17. Fariseus e mentirosos.

    Pobres procuradores da República. Esqueceram-se da lição mais dura de Jesus – E conhecereis a Verdade, e a Verdade os libertará. Pobre procuradores da República – Fariseus e mentirosos.

  18. Menos religião e mais isenção

    Alguém precisa informar ao nobre procurador que o Brasil é uma República laica. Levando isso em consideração, ele bem que poderia tirar a santa blindagem que protege os tucanos na “Operação Vaza a Jato”. Menos religião e mais isenção, senhor procurador!

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