Delator da Lava Jato diz que doou a Paulinho da Força para evitar greves

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – A delação premiada do empresário Ricardo Pessoa, da UTC, no âmbito da Operação Lava Jato, expõe o funcionamento do lobby político na prática: doações eleitorais para garantir créditos com os congressistas, que podem retornar em forma de benefícios mais tarde. Segundo informações da Folha desta terça (30), Pessoa admitiu que doou R$ 500 mil ao expoente da Força Sindical, Paulinho da Força (Solidariedade), para evitar que o sindicato continuasse incentivando uma greve que prejudicava seus negócios. Em 2010, Paulinho concorria à Prefeitura de São Paulo pelo PDT.

No mesmo sentido, Pessoa apontou doações eleitorais para o deputado federal Luiz Sérgio (PT), atual relator da CPI da Petrobras. A Folha escreveu que o objetivo dos repasses, segundo o réu delator, “era garantir acesso aos congressistas, que são ligados aos movimentos sindicais.”

No depoimento, Pessoa contou que, em 2011, “houve uma grande paralisação na construção da hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, (…) o que deixou as empreiteiras preocupadas. Na época, a greve provocou uma mobilização de trabalhadores também em outras obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), num efeito dominó”, relatou o jornal.

A doação a Paulinho foi motivada pelas obras da usina de São Manoel, na divisa entre Pará e Mato Grosso. A licitação da hidrelétrica foi vencida pela construtora Constran, que pertence ao grupo UTC. Os sindicatos da região são ligados à Força Sindical, controlada pelo deputado. À Folha, Paulinho da Força admitiu que conheceu Ricardo Pessoa nas greves de 2011, mas afirmou que ambos jamais conversaram sobre doações eleitorais.

Já a doação oficial de R$ 200 mil, em 2014, para a campanha de Luiz Sérgio, “teve como objetivo evitar paralisações em um dos principais contratos executados pela companhia, a montagem de equipamentos da usina nuclear de Angra 3, no município de Angra dos Reis”, apontou a Folha.

Ex-prefeito de Angra, Luiz Sergio também tem ligações com o Sindicato dos Metalúrgicos e com a CUT (Central Única dos Trabalhadores). Ao periódico, o petista disse que as contribuições da UTC foram registradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral, e que não há nada de ilícito ou imoral nisso. “É uma doação legal, de um empresário forte que me reconhece como tendo uma boa interlocução com um movimento social.”

 

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

6 Comentários

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  1. O que efetivamente essa

    O que efetivamente essa Operação Lava a Jato e os subsequentes processos abertos pela Justiça Federal do Paraná, conduzidos pelo juiz Moro, prova a cada dia que passa? 

    Simples: o que nós e todo o Universo(ou universos paralelos) sabíamos: que o nosso processo político, ou a práxis política no seu sentido mais amplo, é movido por……………….DINHEIRO. Provindo de onde? Ora, de onde eles abundam: nos donos do Capital. 

    Notícia seria o contrário. 

  2. Por dinheiro, o sindicalista

    Por dinheiro, o sindicalista Paulinho dá força aos empresários. Ele também dá a bunda por publicidade gratuita na Folha, Estadão, Veja e Rede Globo?

  3. Pasmo eu ficaria que os

    Pasmo eu ficaria que os sindicatos, os partidos poíticos etc e tal tivessem doado dinheiro para essas empreiteiras tocarem as obras… Duvido-e-de-o-dó que qualquer dessas “delações” sejam comprovadas por um único documento eou gravação eou quebra do que quer que seja: está fazendo sua “politicagem”, com o que pensa estar agradando à vaidade do (des)moro(nado); mentira sobre mentira, pernas-de-pau para esconder as pernas curtas. Seria honesto se dissesse que toda a política brasileira é “tocada” pelo toma-lá-dá-cá, sem exceção. Pobre país…

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