Desmascarar as falácias desse tal feminismo

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Sugerido por Vânia

De Carta Caputal

O que as feministas não aguentam mais ouvir

Aposentadoria, alistamento militar obrigatório, ingresso mais barato na balada – isso não é privilégio, é machismo

Por Nádia Lapa

O feminismo é pauta constante em conversas, na mídia, na mesa do boteco. E, como muita gente não reconhece o movimento como legítimo, de bases históricas, de militância incansável e estudado  na academia, repetem absurdos a respeito do tema. Acham que o senso comum resolve. Ignorância ou má fé? Não sei, mas o primeiro dá para resolver – tem um monte de livros bacanas, blogs interessantes (inclusive esse aqui!) e perfis no Twitter que falam de feminismo o tempo todo.

Mas sempre que chega alguém “novo” no rolê, a pessoa faz questionamentos pueris, quase nunca com o desejo de saber mais. A intenção – nota-se pelo tom da voz – é “desmascarar esse tal feminismo“.

Eu prefiro desmascarar as falácias.

1) Feminismo é contrário de machismo.

Bom, quem diz isso ainda está na fase “feminismo para dummies”. Machismo é um sistema patriarcal, institucionalizado, de opressão de um gênero sobre o outro. Feminismo é um movimento que visa a igualdade e, mais do que isso, desafia esse sistema. Há muitos feminismos, e cada um deles propõe uma forma de acabar com o machismo. Há anarcafeministas, feministas radicais, feministas liberais, e por aí vai. Tem quem queira repensar o capitalismo, tem quem lute pelo empoderamento da mulher sem mexer nas estruturas do capital. Mas basicamente feminismo e machismo não são nada similares.

2) Por que mulher se aposenta antes? Nessa hora ninguém reclama!

Sim, reclamamos, mas não lá, aos 60 anos.

Reclamamos antes, pela “obrigação” de lavarmos a louça, tirarmos a toalha molhada da cama, varrermos o chão e esfregarmos a privada que você usou. Na divisão sexual do trabalho, as mulheres exercem a atividade mais mal remunerada do mundo: cuidar da casa. Mal remunerada porque simplesmente não é remunerada.

Segundo a Pesquisa Nacional de Domicílios (Pnad), do IBGE, mulheres gastam 23,9 horas da semana cuidando de afazeres domésticos, enquanto os homens ficam com apenas 9,7 horas. Em alguns estados, a diferença é ainda mais gritante: na Paraíba, mulheres gastam 27,8 horas semanais cuidando da casa; os homens, 10,6 horas. É quase o triplo.

A pesquisa abrange moradores acima de 10 anos de idade. O resto é só matemática. Se a jornada de trabalho normal no Brasil é de 40 horas semanais e a mulher trabalha em casa, sem remuneração, por 24 horas por semana, no fim do ano ela trabalhou 1.147 horas, enquanto o homem, apenas 465. Multiplique pelos anos até a aposentadoria, e aí você saberá a razão da diferença.

Você conhece algum casal que compartilha as tarefas domésticas? Ótimo. Por enquanto, eles são a minoria da minoria. Quando isso for a regra, e não a exceção, não tenha dúvida: a idade para aposentadoria da mulher vai aumentar (ou você acha mesmo que o governo quer deixar de receber as contribuições e já começar a pagar?).

Importante apontar, também, que 93% das crianças e adolescentes envolvidos em trabalho doméstico no Brasil são meninas.

3) Por que vocês não lutam pelo alistamento militar obrigatório?

Essa parte, confesso, me faz rir.

Por que alguém lutaria por uma obrigação?

Nem precisaria explicar depois disso, mas sou insistente: as mulheres (não necessariamente feministas) lutam para fazer parte dos quadros das forças armadas. Os Colégios Militares, por exemplo, só aceitaram alunas mulheres depois da Constituição Federal de 1988. Até hoje concursos simplesmente não aceitam mulheres. Leis e ações judiciais, como esta do Ministério Público do Distrito Federal, tentam reverter isso.

Além disso, existem feministas – como eu – que são contra o militarismo. Outras são a favor de que seja voluntário para homens e mulheres.

4) Feminista até paga menos na balada/pagar o motel/chegar a conta.

Mulheres pagam menos na balada porque são usadas como iscas. Homens heterossexuais não costumam gostar de ir para festas onde “só tem marmanjo”. Isso é machismo, não feminismo.

Sobre o motel, realmente muitas mulheres acham que o homem tem que pagar. Sabem o motivo? Fomos ensinadas de que o cara “aproveitou”, que nós fizemos algum tipo de concessão, sei lá, e que o cara precisa pagar por isso. Isso é machismo, não feminismo. O mesmo vale para a conta.

5) Quem vai abrir potes se vocês acabarem com os homens?

Ninguém quer acabar com os homens, por favor.

E sabemos abrir potes. Tivemos aulas de física e aprendemos que o calor dilata metais. Logo, é só esquentar um pouquinho a tampa que ela vai ficar mais frouxa. Também dá para fazer uma alavanca com a colher. E, vejam só, existem até utensílios que fazem tudo isso por nós.

Como diria Simone de Beauvoir, em tempos tecnológicos, não há que se falar em força física para tarefas normais do cotidiano. A roda já foi inventada. E, putz, que existência desgraçada a de quem acha que sua função no mundo é abrir potes para mulheres indefesas, hein?

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

41 Comentários

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  1. Direitos e responsabilidades/ônus iguais!!

    Se as mulheres devem ter os mesmos direitos dos homens, é natural que também tenham  as mesmas atribuições e deveres. Logo, a mulher deve se aposentar, como o homem, aos 65 anos e com 35 anos de contribuição previdênciária   Sim há mulheres que assumem todas as tarefas diárias da casa, no entanto, não raro, são mulheres separadas ou viúvas.

    Sou casado e faço a faxina da minha casa, cozinho e faço feira. Ademais, ajudo a cuidar da minha sogra acamada. No  meu circulo de amizades, meus amigos homens, igualmente, dividem as tarefas com suas esposas. Esse discurso feminista de vitimização já caducou. O mundo mudou. Cá e lá as mulheres chegaram ao poder e, portanto, são corresponsáveis por avanços ou recuos da luta feminista. Dilma, em que eu votei, no Brasil, a primeira ministra da Alemanha, a presidente da Argentina, dentre muitas outras, são, hoje em dia, parte do poder que, supostamente, “subjugam” as mulheres. Ou seja, a teia de exploração da mulher na sociedade moderna é mais complexa do que faz supor o simplista discurso feminista.

    Por outro lado, no Brasil, o feminismo, ou melhor, algumas feministas  usam a força de trabalho de outras mulheres, as empregadas domésticas, para cuidar de suas casas, cozinhar e cuidar de seus filhos – e isso tudo por salários irrisórios. Salários que não permitem a essas empregadas domésticas ascensão social e muito menos sair da periferias, ou favelas, onde moram. Enfim, empregadas domésticas, no Brasil, ainda são um dos últimos resquícios de trabalho escravo a ser usado por mulheres de classe média. Não raro, essas empregadas domésticas são negras   e, por isso são duplamente esquecidas pelas feministas, não raro brancas. Não conheço nenhuma teórica feminista negra.

    Direitos equânimes e liberdade  nem sempre são isentos de responsabilidades e deveres igualmente isonomicos.

  2. Chame o PROCON

    Mulher pagar menos em balada… Outro dia, um amigo meu acionou o Procon. Acho que ele tem razão. Um estabelecimento comercial não pode praticar preços diferenciados pelo mesmo serviço valendo-se de estratégia sexista. Por que razão se cobra menos das mulheres? Tem que acionar o Procon (pela prática abusiva de preço) e a Polícia, pela discriminação sexista.

    Meu amigo nada conseguiu junto ao Procon. Recebeu como resposta que o estabelecimento comercial pode oferecer descontos a quem bem entender. Pensou em ir à polícia, mas desistiu e resolveu pagar o que fora estabelecido. A polícia militar fazia a segurança do local. Sabem como é, né?

    É por isso que não vou a baladas.

  3. Sobre a aposentadoria antes

    Sobre a aposentadoria antes dos homens, acho que a explicação é falaciosa. No mínimo, teríamos que ver determindas condições. Se uma mulher mora sozinha, ela não estaria varrendo chão, lavando roupa e esfregando privada para nenhum homem, mas para ela mesma. Logo, não poderia  se aposentar antes. Se há empregada doméstica na casa, a patroa também não poderia se aposentar antes. E, se ela usa esse argumento como justificativa para se aposentar antes, a mulher já deveria ter a limpeza doméstica como função dela, caso viva com um homem.

    E me chamou a atenção a situação na Paraíba, onde homens e mulheres estão trabalhando bem mais em afazeres domésticos do que a média nacional.

    1. Engraçado quererem começar a “igual//” por isso, né?

      O fato das mulheres ganharem menos, trabalharem mais, etc, ah, isso nao incomoda vocês. Mas elas poderem se aposentar antes, ai que horror! 

      E a questao nem é só a dupla jornada de trabalho, mas também o fato de muitas mulheres perderem muitos anos de tempo de serviço contabilizado, porque cuidam de filhos pequenos ou de idosos e doentes. Por que vocês nao começam por reivindicar que esse tempo conte como tempo de serviço e seja pago? Aí seria mais justo o tempo igual de aposentadoria… (desde que também resolvido o problema da dupla jornada). 

  4. 2- Essa ai foi muito mal.

    2- Essa ai foi muito mal. Muitas mulheres não fazem nada em casa pois têm empregadas, faxineiras, babás,  muitos homens dividem as tarefas ou fazem até mais que as mulheres. Isso podia valer antigamente, mas hoje em dia e cada vez mais essas diferença de idade pra aposentadoria está ficando muito esquisita.

    3- Uai, mas a luta não é pela igualdade?

    5- E trocar pneu?

  5. Existe uma grande diferença

    Existe uma grande diferença entre criticar o movimento feminista (feminazi) e a luta por direitos civís.

    O movimento feminista não visa a causa dos direitos civís é mais um braço de uma revolução cultural que objetiva subjulgar a cultura ocidental.

    O movimento feminista é uma agenda politica da esquerda não uma luta por direitos civís.

    A intolerância das feminazis, o canal pizzaria brasil foi “eliminado” do youtube pelo fato de colocar este video:

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=yQwJsKSRQ8g%5D

  6. Melhorar as pesquisas.

    A pesquisa sobre trabalho doméstico em casa como justificativa de benefícios na aposentadoria deveria ser melhor executada.

    Um dado bruto igualando mulheres mais jovens com as mais velhas são totalmente erradas, pois os mais jovens pegam parelho no trabalho doméstico, a diferença se dá entre os mais velhos onde a cultura do trabalho doméstico era uma atividade feminina, não acredito que jovens casais onde o aporte financeiro é igual as nossas mulheres aceitam esta dupla jornada de trabalho.

    Outro fator que não está descrito é quanto dessas mulheres que tem uma jornada de trabalho mais longa trabalham fora no mesmo grau de intensidade que os homens, a tradição demuitos casais é que a mulher tenha um trabalho mais simples exatamente para sobrar tempo para o trabalho doméstico.

    Poderia ser simpático e aprovar o texto, porém antes de fazermos isto deveremos ter pesquisas mais confiáveis que retratem melhor a divisão do trabalho entre os casais.

    Não acredito que o mesmo machismo que havia no Brasil rural do XX século se reproduza de forma involuntária para a mulher urbana do século XXI.

    O Estado de forma patriarcal (machista) ao determinar um tempo de aposentadoria menor para as mulheres simplesmente reforça que estas deverão trabalhar mais em casa e o Estado Protetor cobrirá o malefício disto dando direitos diferenciados para as mulheres (como uma defesa do estado ao “sexo frágil”).

    Se continuarmos com a mesma concepção de Estado patriarcal daqui a pouco teremos fiscais dentro das casa medindo o tempo de trabalho de cada um e a partir desta fiscalização a aposentadoria será proporcional a terceira jornada de trabalho, isto sim que seria uma intromissão devida na vida dos casais.

    1. Mesmo nos casais em que

      Mesmo nos casais em que existe uma divisão mais “equitativa” no trabalho doméstico, essa equidade está presente mais no discurso que na prática.

  7. sou contra o serviço militar obrigatório

    Mas sou a favor de que as mulheres possam seguir a carreira que quiserem, inclusive a carreira militar.

    Assim que cair esta obrigação de serviço militar (e vai cair, sim!) ficará muito mais fácil para as Forças Armadas atrair pessoal com interesse em trabalhar, porque não vão gastar tempo e dinheiro com burocracias.

    Quem se apresentar, o fará porque quer, e isto facilita muito as coisas.

  8. Essa da aposentadoria foi de

    Essa da aposentadoria foi de doer. A maioria dos casais de amigos e conhecidos meus (por volta dos 30 a 35), ambos trabalham, e em casa ou possuem empregados ou dividem responsabilidades.

    Quando a Constituição de 88 foi promulgada, a realidade era diferente e a diferença justificável.

    A Nádia prega  a divisão equitativa de responsabilidades no lar, o que é uma realidade cada vez mais presente na nossa sociedade, e ao mesmo tempo quer mantidos os 5 anos de contribuição a menos das mulheres.

    Quanto aos outros itens, eu concordo com a articulista.

    1. Olha, essa realidade descrita

      Olha, essa realidade descrita por você não é a da maioria dos casais brasileiros. É de uma minoria da classe média mais esclarecida. A realidade brasileira é diferente. Marido e mulher trabalham fora e trazem dinheiro para casa, mas a responsabilidade doméstica e o trabalho maior, inclusive com os filhos, ainda pesa nos ombros da mulher. A dupla jornada de trabalho da mulher ainda é uma realidade para a maioria.

      1. Realmente, você tem razão.

        Realmente, você tem razão. Não são todos os casais que vivem este cotidiano. Mas esta é uma realidade cada vez mais presente, principalmente quando mudamos de geração.

        Se a luta do feminismo é que esta mentalidade chegue a um número cada vez maior de mulheres e casais, não vejo razão para defender a manutenção da diferença nas contribuições previdenciárias. Se para mulheres nas condições descritas pela blogueira faz-se justiça, para casais “igualitários”, a injustiça pesa desfavoravelmente ao homem.

        Talvez uma solução mais ponderada seria abolir esta diferenciação para as mulheres que começassem a contribuir daqui para a frente, para não atingir por exemplo mulheres a ponto de aposentar.

         

      1. Você deve ter muitos

        Você deve ter muitos problemas, ser muito estressada para agir com tamanha falta de urbanidade.

        Ninguém é obrigado a ficar lendo ofensa gratuita, só porque você, personalidade típica de pessoa mimada, pensa que tem o direito de falar com todo mundo nesse tom.

        Com esse tipo de apresentação, não preciso nem me dar ao trabalho de argumentar alguma coisa. Você, por si só, é um gol contra para qualquer causa que defende.

         

         

        1. Vc por acaso é alguma criança indefesa? Dizer q eu te ofendi…

          É dose! Se tem esse grau de “sensibilidade” nao devia comentar na web, que nao é colégio para moças. Nao fiz falta de urbanidade nenhuma, só disse que já conhecia sua falta de senso de realidade, só nao sabia que era tao grande. Você é que respondeu me chamando de estressada, me atribuindo problemas, me chamando de mimada. E eu é que te ofendi? Além de nao ter senso de realidade, tb nao tem de medida nem de equidade. 

      2. Você desqualifica um artigo

        Você desqualifica um artigo sem dar um argumento que seja, só dizendo ad hominem que o mundo do autor é pequeno. (Como os milhares de trolls que dizem que eram petistas, mas…). Francamente! 

        1. Vc está precisando de aulas de interpretaçao de texto…

          Nao desqualifiquei artigo nenhum. No máximo teria desqualificado o comentário do Artur, mas se nao dei motivos foi porque me pareceu que os motivos SAO ÓBVIOS! Atribuir às mulheres em geral essa situaçao de “equidade no lar” é o cúmulo da alienaçao. 

  9. Sarcasmo.

    “Feminismo” ou “feminismos”? Pra começo de conversa…

    Uma amiga minha que é feminista (comunista) leu o artigo e caiu na gargalhada.

    1. Detalhes em falta…

      Ah, a Nádia Lapa… a quantificadora de relacionamentos. Depois é que lembrei, esse texto cometido por ela já é meio “antigo”.

      Sempre a achei desonesta nas opiniões que professou e professa. Quando lhe faltam os argumentos, esconde-se atrás da “minha opinião”. Como o Brasil é um país careta e tem, inclusive, uma “direita que traga”, ela passa por progressista.

      Existe mais de um modo de não ser questionado, mesmo que tenha que apelar. Uma delas é já usar a pose de vítima (“sabemos o que fazemos e seremos atacados por isto”, mesmo que neste “sabemos” tenha uma mentira ou mistificação inclusa). A outra é fazer opinião e a cabeça da moçada, que concorda com tudo e não percebe que está sendo enganada. A mentira passa por benevolência. O resto é arrogância defensiva (“você não está informado, leia mais”, mesmo que a pessoa saiba menos ainda), a ser apoiada pelos sinais positivos e as estrelinhas da massa enganada. 

      Depois reclamam do Lobão. Do Tio Rei. Do Constantino. O buraco é mais fundo.

      Os  jornais e revistas já decretaram o fim do jornalismo investigativo. Os comentaristas blogueiros já tomaram conta, os artigos de opinião idem. Polemistas fazem mais estardalhaço do que notícias, uma vez que, neste caso, perde-se por uma suposta passividade do leitor. Em blogs dá pra comentar (como no caso, eu…), em notícias não basta opinar, precisa de dados, o achismo tem alcance limitado. Ou é verdade, ou engano ou falso.

      Por isso até a Carta Capital tem, atualmente, blogueiros. Eles aumentam a frequência.

      Por isto do truísmo. As pessoas comentam o que podem ou conseguem comentar.

      Foi correto o fim do blog da Nádia Lapa na Carta Capital. Tchau mesmo.

    2. Realmente existe esta

      Realmente existe esta diferença entre feminismos. É como você disse. Tem muita mulher que dá risada lendo alguns textos da Nádia Lapa.

      Elas concordariam integralmente com opiniões da blogueira sobre equivalência de salários entre os gêneros, críticas a cultura do estupro reinante em nossa sociedade, mas por outro lado a articulista possui posições que estão longe de ser unanimidade, inclusive entre as próprias mulheres.

      Às vezes tenho a impressão que a visão sobre certos temas comportamentais mudam muito de mulher para mulher,  conforme condições pessoais e experiências de vida. O que me incomoda é que militantes como Nádia Lapa, ao se referirem a posições dissonantes de outras mulheres, dizem “ah, pensam assim pq elas também são machistas”.

      A divergência então, não seria questão de pontos de vista sobre a vida e o mundo, mas problema de intelecto mesmo. As que pensam diferente são alienadas, não estudaram direito, foram manipuladas pelo stablishment machista. Ora, em alguns casos posso até concordar, mas o problema é a generalização, o proselitismo que acompanha todos os textos dela.

      Uma vez, a Cynara Menezes disse que curtia caras machões, machões não machistas, e pôs-se, de uma forma bem humorada, a traçar diferenças entre um tipo e outro. Foi intensamente criticada na caixa de comentários. Caras machões são o demônio na terra, um horror! bradavam as missivistas.

      A colunista fez todo o trabalho de diferenciar um e outro, e ainda insistiram na simplificação machão = machista. O problema é que, no “mundo real”, o apelo das mulheres existe: “queremos caras que nos respeitem, que larguem o ideário neandertal, mas ao mesmo tempo conservem aquele apelo rústico clássico”. A Cynara não falou nada que não exista por aí, mas cometeu o pecado de escrever a palavra machão.

      Então, é preciso filtrar bem o que a Nádia Lapa escreve. O conceito de feminismo é muito elástico, e dá muitas vezes para incluir todo tipo de insatisfação sobre esta alcunha protetora. Digo isto não só por discordar de certas ideias dela, mas por observar que algumas delas estão longe, mas muito longe de ser unanimidade entre as próprias mulheres.

    3. E daí? Isso pretende ser um argumento? Haja pobreza de espírito

      Você desqualifica um artigo sem dar um argumento que seja, só dizendo que ele provocou riso numa amiga sua, que seria feminista? (Como os milhares de trolls que dizem que eram petistas, mas…). Francamente! 

      1. E agora eu rio da tua cara (Bergson)…

        … que me aponta o dedo, dizendo como eu tenho que proceder. O que seria de tua vida se não fosse ser a má consciência (Nietzsche) de alguém (Deleuze). Precisamos de uma vida menos fascista (Foucault). O riso é uma das armas daqueles que têm os mesmos inimigos (Deleuze, Foucault), ao mesmo tempo em que se sente a raiva por aquilo que é desprezível (Foucault). É um texto ruim, medíocre, pisa em lugares-comuns e longe de ser uma “consciência esclarecida”, se compraz em deixar as pessoas mais desinformadas e mistificadas do que ela. Sim, eu e a minha amiga, feminista comunista (nada liberal, “de ong”, de “nova esquerda”) rimos muito, não pelo fato de sabermos mais (longe disso), mas é que a gente tá ficando velho e achando que cada vez mais a molecada tá ficando coxinha, mimada, caretíssima. E a tua pressa em criticar “me obriga” a desenhar pra você: deve ter gostado do texto e caiu no papo ideológico (Marx) da Nádia Lapa, que lima as diferenças existentes nos feminismos (plural) pra dizer feminismo (singular). E é nessa hora que ela patina, pois  precisa afirmar feminismo onde reconhece a diferença entre feminismos (ver, por exemplo, no item 1). E vou te contar um segredinho sujo (você conhece, na verdade, é uma obviedade): sabe o que dá “liga” na coisa toda? O homem que oprime uma mulher, atribuindo-se a si e à mulher características e valorações que produzam relações de poder, não é isso? Mas não só isso: tem aquelas mulheres que aceitam, se resignam, e aquelas que assimilam  e agem ativamente em prol do machismo, dos valores da família contra uma delirante (delas…) ditadura bolchevique. O perseguido acaba perseguidor; algumas mulheres dentro do sistema patriarcal se tornam privilegiadas frente a outras mulheres, que tratam igualmente de oprimir – eis a maldita dialética da condição da mulher. E ainda tem gente que releva, chamando as opressoras de “alienadas”! Fora mamãe, rainha do lar em tempo integral e nem sempre cálida, produzindo seus filhos esquizofrênicos, mas a família é o núcleo da sociedade… A família como instituição nuclear burguesa é coisa recente: o tabu é Édipo ou Orestes? A razão presente no discurso possui um limite, produzindo sua própria contradição (Hegel). Coloque, sei lá, uma feminista liberal e uma feminista anarquista (“anarca” é um erro gramatical grosseiro em forma de correção política, a estupidez não tem limite) pra conversar; sinceramente, não dou dez minutos pra que comecem a discordar sobre a questão da representação política, da propriedade… O feminismo sumiu? Não. Apenas que ambas constituíram totalidades e representações distintas, quando não contraditórias, que não podem ser limadas, sob o risco da destruição de suas próprias ideias e propostas de ação. Mas se não fosse aquele machista sacana… Ah, o mundo é plural? Bonito: tem liberal que adora uma boa ditadura (liberalismo é cobertor curto, como se diz).  Ela, Nádia, se engana ou age de má-fé? E tem mais. É só olhar o texto. Ela despeja toneladas de arrogância e desprezo ao leitor desinformado sobre o que ela mesma, “desinformante e desinformada”, chama de “feminismo”. Em sua forma malograda de existência (Binswanger!), criou um papel para si que não consegue levar muito bem e acaba prejudicando aquela pessoa que poderia  se interessar e conhecer mais sobre o assunto, homem ou mulher (e mesmo nos casos de oposição, dar uma boa e produtiva discussão) e agredindo aquela pessoa que não conhece e possui dúvidas simplórias (aos quais ela não possui o menor pudor de chamar de “dummie”) – em resumo, ela sempre está no limite em ser “desmascarada”. Por isso da arrogância ofensiva (com objetivo de autoproteção). Acha que eu não tenho argumentos? Então você precisa vê-la em ação, declarando que existem textos e artigos sobre feminismo apenas com a intenção de declarar “eu sei, você não sabe, informe-se”, muito embora não citasse um texto que prestasse (duvido que leia; afinal, ela escreve tudo de opinião, primeira pessoa). Cito ad nauseam que ela quantifica relacionamentos: quantificar pressupõe a redução dos aspectos qualitativos (aquilo que faz dos sujeitos… sujeitos!) aos quantitativos, para que, em seguida, se subordine este àquele. É a própria consciência reificada (Marx, Lukács) em forma de feminismo! E depois não querem afirmar que machismo é igual a feminismo (não concordo com isso, que sejam iguais, mas olhe lá… o que acontece é justamente aquilo que ela menos queria que acontecesse).

        Por causa destas coisas, reitero que a Carta Capital demorou muito em dar um tchau e bênção para a escritora de textos ruins. Parece que o Mino Carta fica fuçando no UOL, na Trip, nesses cacarecos da imprensa descolada, pra colocar um pessoal de, supostamente, mente aberta, blogueiros de moda que mandam ver no “establishment” do negócio, mas usam os óculos escuros olhos de abelha, a última moda recauchutada de uma época igualmente brega. Parece que o Mino abriu vagas na redação para agentes provocadores (exagero meu…). Saem dos blogs de moda e vão escrever sobre… feminismo. Acha que estou delirando? Pesquise por si. Terá uma grande surpresa. Pra concluir: quem disse que eu queria argumentar? Você não leu direito o que eu escrevi e ainda por cima quer dizer como alguém tem que agir. Se ao menos tivesse lido direito a primeira frase veria que foi apontado um problema. Visto do exterior, um grupo parece uniforme, mas é na sua dinâmica interna que se percebem as tessituras, as nuances, as contradições, as soluções, sínteses das situações concretas que, na verdade, continuam a carregar suas contradições (Sartre, Hegel, Marx)… E por qual motivo não leu direito?

        O motivo não está em mim, está em você.  Talvez encontre seu superego moralista e sádico. Por isso, continuamos rindo. Bom proveito.

         

        1. Fala um bla-bla-blá danado, mas só dialoga com vc mesmo

          Você diz coisas, atribuindo-as a mim e à autora do texto, e você mesmo as responde. Assim é fácil… 

  10. Uma curiosidade

    Segundo a Nádia, então, aqui em casa fazemos parte da tal minoria da minoria… Melhor, minoria da minoria da minoria, pois além de dividir tarefas, assumo a pilotagem do fogão, por puro prazer. Só escrevo este comentário para ver se alguém pode matar uma curiosidade: Por que raios na Paraíba uma casa dá tanto trabalho a mais?

  11. Esse discurso feminista

    Esse discurso feminista apresentado nesse texto está ultrapassado. A autora fala com pessoas da década de 60 e 70 do século passado.

    Na minha opinião: FEMINISMO = MACHISMO

    Simples assim.

    Sou tão contra o machismo quanto sou contra o feminismo.

    Esse negócio de sexismo não leva a lugar nenhum, só atrapalha.

    Não se acaba com o machismo transformando a sociedade em feminista.

    Igualdade de gêneros é simplesmente igualdade de gêneros, nada mais, sem ismos.

    E sim, DIREITOS E DEVERES iguais, por favor.

    1. Sexismo é sexismo, não

      Sexismo é sexismo, não importa o gênero. Discurso de superioridade é absurdo em qualquer lugar. Seja sexo, cor ou tamanho. Essa balela de que homem não lava louça ou roupa e por isso tem que aposentar mais tarde, deve valer na casa da articulista. Na minha casa o meu velho sempre lavou a roupa melhor que todo mundo, e deixava a chuva lavar o carro, porque não perdia tempo com isso. Eu sigo o exemplo. Não sou eu que vou perder tempo convencendo que ele vai aposentar depois por causa disso. E essa regra da aposentadoria não vem da carga de louça, vem da expectativa de vida.

      Está virando moda atacar o outro gênero generalizadamente, como fariam machistas de saias, em vez de lutar pela igualdade. Isso não é feminismo. É sexismo. 

  12. A qualidade editorial da CC

    A qualidade editorial da CC está pior a cada dia.

    Seus textos estão cada vez mais bobinhos, panfletários e repletos de chavões esquerdistas utópicos. Parecem textos saídos de grêmios estudantis.  

    Pelo menos pararam de me mandar de graça a revista, após três anos de assinatura vencida.

    1.   Putz… Pondé, o “filósofo”

        Putz… Pondé, o “filósofo” que tenta ensinar a ‘pegar mulher’???

        Só tenho um comentário pra você: rsrsrsrsrssssssssss

  13. 1) Feminismo não é o

    1) Feminismo não é o contrário do machismo. Mas feminismo radical é o contrário do machismo.

    2) Para marido folgado existe o divórcio. Do INSS sexista não dá pra divorciar.

    3) Ou seja, lutam para serem oficiais, fazer tiro de guerra ninguém quer.

    4) Concordo.

    5) Concordo.

  14. MMM – Movimento do Machão Mineiro

    Esse assunto me interessa particularmente.  Casei-me com uma ex-gata há quase 40 anos. Não sei quantos vidros de palmito já abri na vida. Nem quantas vezes troquei pneu do carro dela, meu Deus! Dois carros na garagem. Quem leva no posto pra calibrar pneus, sou seu. Quem confere se o carro tem problema, se precisa de oficina, qual a data do licenciamento, da inspeção veicular, do pagamento do IPVA, qual a hora de botar pneu novo, se precisa de lavagem, polimento, etc. Fora isso; quebrou o ferro eletrico, eu conserto, precisa trocar tomadas, eu troco, acabou o gás, ponho outro, quebrou o liquidificador, eu dou um jeito, o fogão tá zicado, faço funcionar. Se ela pede para dar uma trepada na escada para trocar lâmpada, eu obedeço. Se a parede tá meio feia, eu pinto. Se não gostou da cor, pinto de novo.Se o chuveiro não está esquentando, eu faço funcionar. Se lavadora não funciona, eu conserto. Se está ocupada, também meto a roupa na lavadora, estendo no varal, recolho. Só não passo, porque não gosto. Na verdade, odeio. Não tenho saco. No mais, vamos levando a vida. “De dia me lava a roupa….de noite me beija a boca…..e assim nos vamos vivendo de amor”. E nem sobra tempo para discutir bobagens como machismo ou feminismo. Mesmo assim, vez em quando a gente se estranha. Falamos um desaforos um para o outro e depois, sempre, nos reconciliamos. Não tem essa de “já não sentimos nem vontade de brigar”. Tudo bem que quando os netos ou filhos estão em casa……..eu simplesmente deixo de existir. Paciência!

  15. Vexame

    Que vexame, hein, seu Nassif… Ter seguidores/frequentadores desse naipe… Mil vezes os “alienados” cariocas do posto 9. Ninguém merece pessoas “conscientes/politizadas” (hahahhahhhahaha) como esses daqui, seus admiradores…

    Mordeu a língua?

    Isso aqui tá um vexame. Sinceramente.

  16. Dados verdadeiros sendo usados de maneira tendenciosa

    1. Feminismo não é o contrário de machismo.

    R: Mas se você discorda do feminismo,você é automaticamente chamado de “machista”.

     

    2. Segundo a Pesquisa Nacional de Domicílios (Pnad), do IBGE, mulheres gastam 23,9 horas da semana cuidando de afazeres domésticos, enquanto os homens ficam com apenas 9,7 horas. Em alguns estados, a diferença é ainda mais gritante: na Paraíba, mulheres gastam 27,8 horas semanais cuidando da casa; os homens, 10,6 horas. É quase o triplo. A pesquisa abrange moradores acima de 10 anos de idade. O resto é só matemática. Se a jornada de trabalho normal no Brasil é de 40 horas semanais e a mulher trabalha em casa, sem remuneração, por 24 horas por semana, no fim do ano ela trabalhou 1.147 horas, enquanto o homem, apenas 465. Multiplique pelos anos até a aposentadoria, e aí você saberá a razão da diferença.Você conhece algum casal que compartilha as tarefas domésticas? Ótimo. Por enquanto, eles são a minoria da minoria. Quando isso for a regra, e não a exceção, não tenha dúvida: a idade para aposentadoria da mulher vai aumentar

    R:  Dados verdadeiros sendo usados de maneira tendenciosa. Nesses estudos feministas é sempre a mesma história: cita-se aquilo onde a mulher leva desvantagem e omite-se onde há a compensação. Se mulheres trabalham o dobro do tempo em casa,qual é a diferença de tempo que homens e mulheres gastam em seus respectivos empregos? 

    As jornadas de trabalho dos homens são, em média mais longas. Os piores serviços são ocupados por homens, deixando para as mulheres a prestação de serviços e o comércio,que são sempre trabalhos leves e seguros. Isso ninguém vê. Além da indústria de base e a construção civil,homens são a esmagadora maioria na agricultura e na extração mineral. Bom, imagine um sujeito passar o dia inteiro numa pedreira, debaixo do sol, carregando peso, e depois chegar em casa e ainda ter de ajudar a mulher com serviços domésticos. Isso parece justo? 
    A dupla jornada,que muitos se referem,é referente ao serviço da casa e o trabalho externo. Porém existem, também, outros tipos de duplas jornadas. Um deles é o “emprego 1” e “emprego 2”, ou própria jornada dupla da empresa. Muitos pais de famílias são obrigados a manter dois empregos para poder manter sua casa. Não disponho de números, pois, como deve ter percebido, não fazem pesquisas quando é pra mostrar as desvantagens masculinas.
    A dupla jornada masculina existe, mas é ignorada. Até hoje não consegui entender o porquê. Ademais,os homens começam a trabalhar mais cedo que as mulheres (e se aposentar mais tarde, mesmo vivendo 7 anos a menos) De acordo com um dado do IBGE, numa pesquisa (2000), envolvendo crianças e adolescentes das Grandes Regiões Brasileiras, com idade de 10 a 17 anos, chegaram aos seguintes números: “Meninos – 13.559.720” e “Meninas – 13.369.957”

    Destes meninos,a população economicamente ativa era 29,1%, enquanto o número de meninas era de 17,8% (média nacional).Excetuando o estado do Amapá (15,4% meninos e 15,9% meninas), as outras 26 regiões tem a predominância do trabalho infanto-juvenil masculino.
    Não é a toa que o nível de evasão nas escolas é muito maior entre os meninos. Os pais de hoje facilitam mais o espaço paras as filhas estudarem, sobrando muitas vezes aos meninos a tarefa de ajudar no sustento da família.
     

    3) Por que vocês não lutam pelo alistamento militar obrigatório?

    R: Perguntam isso para as feministas quando elas dizem que “o homem é um ‘privilegiado’ na sociedade”. 

     

  17. Por que vocês não lutam pelo alistamento militar obrigatório?

    R.: Por que alguém lutaria por uma obrigação?

    R.: Mas se vocês lutaram pela obrigação de votar,por que não lutam pela obrigação de se alistar também,oras? Feminismo é igualdade entre homens e mulheres ou não? Igualdade só em alguns “privilégios masculinos”…Outros “privilégios” não,né? 

    “”””Os Colégios Militares, por exemplo, só aceitaram alunas mulheres depois da Constituição Federal de 1988. Até hoje concursos simplesmente não aceitam mulheres.””””

    R.: E vai ter muita manifestação de feminista com peito de fora exigindo isso,não é?

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