Especialista brasileira em dívida pública, na Grécia, compara os países

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Da Carta Capital

“A dívida pública é um mega esquema de corrupção institucionalizado”

Por Renan Truffi
 
Para ex-auditora da Receita, convidada pelo Syriza para analisar a dívida grega, sistema atual provoca desvio de recursos públicos para o mercado financeiro
 

Dois meses antes de o governo Dilma Rousseff anunciar oficialmente o corte de 70 bilhões de reais do Orçamento por conta do ajuste fiscal, uma brasileira foi convidada pelo Syriza, partido grego de esquerda que venceu as últimas eleições, para compor o Comitê pela Auditoria da Dívida Grega com outros 30 especialistas internacionais. A brasileira em questão é Maria Lucia Fattorelli, auditora aposentada da Receita Federal e fundadora do movimento “Auditoria Cidadã da Dívida” no Brasil. Mas o que o ajuste tem a ver com a recuperação da economia na Grécia? Tudo, diz Fattorelli. “A dívida pública é a espinha dorsal”.

Enquanto o Brasil caminha em direção à austeridade, a estudiosa participa da comissão que vai investigar os acordos, esquemas e fraudes na dívida pública que levaram a Grécia, segundo o Syriza, à crise econômica e social. “Existe um ‘sistema da dívida’. É a utilização desse instrumento [dívida pública] como veículo para desviar recursos públicos em direção ao sistema financeiro”, complementa Fattorelli.

Esta não é a primeira vez que a auditora é acionada para esse tipo de missão. Em 2007, Fattorelli foi convidada pelo presidente do Equador, Rafael Correa, para ajudar na identificação e comprovação de diversas ilegalidades na dívida do país. O trabalho reduziu em 70% o estoque da dívida pública equatoriana.

Em entrevista a CartaCapital, direto da Grécia, Fattorelli falou sobre como o “esquema”, controlado por bancos e grandes empresas, também se repete no pagamento dos juros da dívida brasileira, atualmente em 334,6 bilhões de reais, e provoca a necessidade do tal ajuste.

Leia a entrevista:

CartaCapital: O que é a dívida pública?

Maria Lucia Fattorelli: A dívida pública, de forma técnica, como aprendemos nos livros de Economia, é uma forma de complementar o financiamento do Estado. Em princípio, não há nada errado no fato de um país, de um estado ou de um município se endividar, porque o que está acima de tudo é o atendimento do interesse público. Se o Estado não arrecada o suficiente, em princípio, ele poderia se endividar para o ingresso de recursos para financiar todo o conjunto de obrigações que o Estado tem. Teoricamente, a dívida é isso. É para complementar os recursos necessários para o Estado cumprir com as suas obrigações. Isso em principio.

CC: E onde começa o problema? 

MLF: O problema começa quando nós começamos a auditar a dívida e não encontramos contrapartida real. Que dívida é essa que não para de crescer e que leva quase a metade do Orçamento? Qual é a contrapartida dessa dívida? Onde é aplicado esse dinheiro? E esse é o problema. Depois de várias investigações, no Brasil, tanto em âmbito federal, como estadual e municipal, em vários países latino-americanos e agora em países europeus, nós determinamos que existe um sistema da dívida. O que é isso? É a utilização desse instrumento, que deveria ser para complementar os recursos em benefício de todos, como o veículo para desviar recursos públicos em direção ao sistema financeiro. Esse é o esquema que identificamos onde quer que a gente investigue.

CC: E quem, normalmente, são os beneficiados por esse esquema? Em 2014, por exemplo, os juros da dívida subiram de 251,1 bilhões de reais para 334,6 bilhões de reais no Brasil. Para onde está indo esse dinheiro de fato?

MLF: Nós sabemos quem compra esses títulos da dívida porque essa compra direta é feita por meio dos leilões. O processo é o seguinte: o Tesouro Nacional lança os títulos da dívida pública e o Banco Central vende. Como o Banco Central vende? Ele anuncia um leilão e só podem participar desse leilão 12 instituições credenciadas. São os chamados dealers. A lista dos dealers nós temos. São os maiores bancos do mundo. De seis em seis meses, às vezes, essa lista muda. Mas sempre os maiores estão lá: Citibank, Itaú, HSBC…é por isso que a gente fala que, hoje em dia, falar em dívida externa e interna não faz nem mais sentido. Os bancos estrangeiros estão aí comprando diretamente da boca do caixa. Nós sabemos quem compra e, muito provavelmente, eles são os credores porque não tem nenhuma aplicação do mundo que pague mais do que os títulos da dívida brasileira. É a aplicação mais rentável do mundo. E só eles compram diretamente. Então, muito provavelmente, eles são os credores.

CC: Por quê provavelmente?

MLF: Por que nem mesmo na CPI da Dívida Pública, entre 2009 e 2010, e olha que a CPI tem poder de intimação judicial, o Banco Central informou quem são os detentores da dívida brasileira. Eles chegaram a responder que não sabiam porque esses títulos são vendidos nos leilões. O que a gente sabe que é mentira. Porque, se eles não sabem quem são os detentores dos títulos, para quem eles estão pagando os juros? Claro que eles sabem. Se você tem uma dívida e não sabe quem é o credor, para quem você vai pagar? Em outro momento chegaram a falar que essa informação era sigilosa. Seria uma questão de sigilo bancário. O que é uma mentira também. A dívida é pública, a sociedade é que está pagando. O salário do servidor público não está na internet? Por que os detentores da dívida não estão? Nós temos que criar uma campanha nacional para saber quem é que está levando vantagem em cima do Brasil e provocando tudo isso.

CC: Qual é a relação entre os juros da dívida pública e o ajuste fiscal, em curso hoje no Brasil?

MLF: Todo mundo fala no corte, no ajuste, na austeridade e tal. Desde o Plano Real, o Brasil produz superávit primário todo ano. Tem ano que produz mais alto, tem ano que produz mais baixo. Mas todo ano tem superávit primário. O que quer dizer isso, superávit primário? Que os gastos primários estão abaixo das receitas primárias. Gasto primários são todos os gastos, com exceção da dívida. É o que o Brasil gasta: saúde, educação…exceto juros. Tudo isso são gastos primários. Se você olhar a receita, o que alimenta o orçamento? Basicamente a receita de tributos. Então superávit primário significa que o que nós estamos arrecadando com tributos está acima do que estamos gastando, estão está sobrando uma parte.

CC: E esse dinheiro que sobra é para pagar os juros dívida pública?

MLF: Isso, e essa parte do superávit paga uma pequena parte dos juros porque, no Brasil, nós estamos emitindo nova dívida para pagar grande parte dos juros. Isso é escândalo, é inconstitucional. Nossa Constituição proíbe o que se chama de anatocismo. Quando você contrata dívida para pagar juros, o que você está fazendo? Você está transformando juros em uma nova divida sobre a qual vai incidir juros. É o tal de juros sobre juros. Isso cria uma bola de neve que gera uma despesa em uma escala exponencial, sem contrapartida, e o Estado não pode fazer isso. Quando nós investigamos qual é a contrapartida da dívida interna, percebemos que é uma dívida de juros sobre juros. A divida brasileira assumiu um ciclo automático. Ela tem vida própria e se retroalimenta. Quando isso acontece, aquele juros vai virar capital.  E, sobre aquele capital, vai incidir novos juros. E os juros seguintes, de novo vão se transformados em capital. É, por isso, que quando você olha a curva da dívida pública, a reta resultante é exponencial. Está crescendo e está quase na vertical. O problema é que vai explodir a qualquer momento.

CC: Explodir por quê?

MLF: Por que o mercado – quando eu falo em mercado, estou me referindo aos dealers – está aceitando novos títulos da dívida como pagamento em vez de receber dinheiro moeda? Eles não querem receber dinheiro moeda, eles querem novos títulos, por dois motivos. Por um lado, o mercado sabe que o juros vão virar novo título e ele vai ter um volume cada vez maior de dívidas para receber. Segundo: dívida elevada tem justificado um continuo processo de privatização. Como tem sido esse processo? Entrega de patrimônio cada vez mais estratégico, cada vez mais lucrativo. Nós vimos há pouco tempo a privatização de aeroportos. Não é pouca coisa os aeroportos de Brasília, de São Paulo e do Rio de Janeiro estarem em mãos privadas. O que no fundo esse poder econômico mundial deseja é patrimônio e controle. A estratégia do sistema da dívida é a seguinte: você cria uma dívida e essa dívida torna o pais submisso. O país vai entregar patrimônio atrás de patrimônio. Assim nós já perdemos as telefônicas, as empresas de energia elétrica, as hidrelétricas, as siderúrgicas. Tudo isso passou para propriedade desse grande poder econômico mundial. E como é que eles [dealers] conseguem esse poder todo? Aí entra o financiamento privado de campanha. É só você entrar no site do TSE [Tribunal Superior Eleitoral] e dar uma olhada em quem financiou a campanha desses caras. Ou foi grande empresa ou foi banco. O nosso ataque em relação à dívida é porque a dívida é o ponto central, é a espinha dorsal do esquema.

CC: Como funcionaria a auditoria da dívida na prática? Como diferenciar o que é dívida legítima e o que não é?

MLF: A auditoria é para identificar o esquema de geração de dívida sem contrapartida. Por exemplo, só deveria ser paga aquela dívida que preenche o requisito da definição de dívida. O que é uma dívida? Se eu disser para você: ‘Me paga os 100 reais que você me deve’. Você vai falar: “Que dia você me entregou esses 100 reais?’ Só existe dívida se há uma entrega. Aconteceu isso aqui na Grécia. Mecanismos financeiros, coisas que não tinham nada ver com dívida, tudo foi empurrado para as estatísticas da dívida. Tudo quanto é derivativo, tudo quanto é garantia do Estado, os tais CDS [Credit Default Swap – espécie de seguro contra calotes], essa parafernália toda desse mundo capitalista ‘financeirizado’. Tudo isso, de uma hora para outra, pode virar dívida pública. O que é a auditoria? É desmascarar o esquema. É mostrar o que realmente é dívida e o que é essa farra do mercado financeiro, utilizando um instrumento de endividamento público para desviar recursos e submeter o País ao poder financeiro, impedindo o desenvolvimento socioeconômico equilibrado. Junto com esses bancos estão as grandes corporações e eles não têm escrúpulos. Nós temos que dar um basta nessa situação. E esse basta virá da cidadania. Esse basta não virá da classe politica porque eles são financiados por esse setor. Da elite, muito menos porque eles estão usufruindo desse mecanismo. A solução só virá a partir de uma consciência generalizada da sociedade, da maioria. É a maioria, os 99%, que está pagando essa conta. O Armínio Fraga [ex-presidente do Banco Central] disse isso em depoimento na CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito] da Dívida, em 2009, quando perguntado sobre a influência das decisões do Banco Central na vida do povo. Ele respondeu: “Olha, o Brasil foi desenhado para isso”. 

CC: Quanto aproximadamente da dívida pública está na mão dos bancos e de grandes empresas? O Tesouro Direto, que todos os brasileiros podem ter acesso, corresponde a que parcela do montante?

MLF: Essa história do Tesouro Direto é para criar a impressão que a dívida pública é um negócio correto, que qualquer um pode entrar lá e comprar. E, realmente, se eu ou você comprarmos é uma parte legítima. Agora, se a gente entrar lá e comprar, não é direto. É só para criar essa ilusão. Tenta entrar lá para comprar um título que seja. Você vai chegar numa tela em que vai ter que escolher uma instituição financeira. E essa instituição financeira vai te cobrar uma comissão que não é barata. Ela não vai te pagar o juros todo do título, ela vai ficar com um pedaço. O banco, o dealer, que compra o título da dívida é quem estabelece os juros. Ele estabelece os juros que ele quer porque o governo lança o título e faz uma proposta de juros. Se, na hora do leilão, o dealer não está contente com aquele patamar de juros, ele não compra. Ele só compra quando o juros chega no patamar que ele quer. Invariavelmente, os títulos vêm sendo vendidos muito acima da Selic [taxa básica de juros]. Em 2012, quando a Selic deu uma abaixada e chegou a 7,25%, nós estávamos acompanhando e os títulos estavam sendo vendidos a mais de 10% de juros. E eles sempre compram com deságio. Se o título vale 1000 reais, ele compra por 960 reais ou 970 reais, depende da pressão que ele quer impor no governo aquele dia. Olha a diferença. Se você compra no Tesouro Direto, você não vai ter desconto. Pelo contrário, você vai ter que pagar uma comissão. E você também não vai mandar nos juros. É uma operação totalmente distinta da operação direta de verdade que acontece lá no leilão.

CC: Por que é tão difícil colocar a auditoria em prática? Como o mercado financeiro costuma reagir a uma auditoria?

MLF: O mercado late muito, mas na hora ele é covarde. Lá no Equador, quando estávamos na reta final e vários relatórios preliminares já tinham sido divulgados, eles sabiam que tínhamos descoberto o mecanismo de geração de dívida, várias fraudes. Eles fizeram uma proposta para o governo de renegociação. Só que o Rafael Correa [atual presidente do Equador] não queria negociar. Ele queria recomprar e botar um ponto final. Porque quando você negocia, você dá uma vida nova para a dívida. Você dá uma repaginada na dívida. Ele não queria isso. Ele queria que o governo dele fosse um governo que marcasse a história do Equador. Ele sabia que, se aceitasse, ficaria subjugado à dívida. Ele foi até o fim, fez uma proposta e o que os bancos fizeram? 95% dos detentores dos títulos entregaram. Aceitaram a oferta de recompra de no máximo 30% e o Equador eliminou 70% de sua dívida externa em títulos. No Brasil, durante os dez meses da CPI da Dívida, a Selic não subiu. Foi incrível esse movimento. Nós estamos diante de um monstro mundial que controla o poder financeiro e o poder político com esquemas fraudulentos. É muito grave isso. Eu diria que é um mega esquema de corrupção institucionalizado.

CC: O mercado financeiro e parte da imprensa costumam classificar a auditoria da dívida de calote. Por que a auditoria da dívida não é calote?

MLF: A auditoria vai investigar e não tem poder de decisão do que vai ser feito. A auditoria só vai mostrar. No Equador, a auditoria só investigou e mostrou as fraudes, mecanismos que não eram dívidas, renúncias à prescrição de dívidas. O que é isso? É um ato nulo. Dívidas que já estavam prescritas. Uma dívida prescrita é morta. E isso aconteceu no Brasil também na época do Plano Brady, que transformou dívidas vencidas em títulos da dívida externa. Depois, esses títulos da dívida externa foram usados para comprar nossas empresas que foram privatizadas na década de 1990: Vale, Usiminas…tudo comprado com título da dívida em grande parte. Você está vendo como recicla? Aqui, na Grécia, o país está sendo pressionado para pagar uma dívida ilegítima. E qual foi a renegociação feita pelo [Geórgios] Papandréu [ex-primeiro-ministro da Grécia]? Ele conseguiu um adiamento em troca de um processo de privatização de 50 bilhões de euros. Esse é o esquema. Deixar de pagar esse tipo de dívida é calote? A gente mostra, simplesmente, a parte da dívida que não existe, que é nula, que é fraude. No dia em que a gente conseguir uma compreensão maior do que é uma auditoria da dívida e a fragilidade que lado está do lado de lá, a gente muda o mundo e o curso da história mundial.

CC: Em comparação com o ajuste fiscal, que vai cortar 70 bilhões de reais de gastos, tem alguma estimativa de quanto a auditoria da dívida pública poderia economizar de despesas para o Brasil?

MLF: Essa estimativa é difícil de ser feita antes da auditoria, porém, pelo que já investigamos em termos de origem da dívida brasileira e desse impacto de juros sobre juros, você chega a estimativas assustadoras. Essa questão de juros sobre juros eu abordei no meu último livro. Nos últimos anos, metade do crescimento da divida é nulo. Eu só tive condição de fazer o cálculo de maneira aritmética. Ficou faltando fazer os cálculos de 1995 a 2005 porque o Banco Central não nos deu os dados. E mesmo assim, você chega a 50% de nulidade da dívida, metade dela. Consequentemente para os juros seria o mesmo [montante]. Essa foi a grande jogada do mercado financeiro no Plano Real porque eles conseguiram gerar uma dívida maluca. No início do Plano Real os juros brasileiros chegaram a mais de 40% ao ano. Imagina uma divida com juros de 40% ao ano? Você faz ela crescer quase 50% de um ano para o outro. E temos que considerar que esses juros são mensais. O juro mensal, no mês seguinte, o capital já corrige sobre o capital corrigido no mês anterior. Você inicia um processo exponencial que não tem limite, como aconteceu na explosão da dívida a partir do Plano Real. Quando o Plano Real começou, nossa dívida estava em quase 80 bilhões de reais. Hoje ela está em mais de três trilhões de reais. Mais de 90% da divida é de juros sobre juros.

CC: E isso é algo que seria considerado ilegal na auditoria da dívida pública?

MLF: É mais do que ilegal, é inconstitucional. Nossa Constituição proíbe juros sobre juros para o setor público. Tem uma súmula do Supremo Tribunal Federal, súmula 121, que diz que ainda que tenha se estabelecido em contrato, não pode. É inconstitucional. Tudo isso é porque tem muita gente envolvida, favorecida e mal informada. Esses tabus, essa questão do calote, muita gente fala isso. Eles tentam desqualificar. Falamos em auditoria e eles falam em calote. Mas estou falando em investigar. Se você não tem o que temer, vamos abrir os livros. Vamos mostrar tudo. Se a dívida é tão honrada, vamos olhar a origem dessa dívida, a contrapartida dela.

CC: Ao longo da entrevista, a senhora citou diversos momentos da história recente do Brasil, o que mostra que esse problema vem desde o governo Fernando Henrique Cardoso, e passou pelas gestões Lula e Dilma. Mas como a questão da dívida se agravou nos últimos anos? A dívida externa dos anos 1990 se transformou nessa dívida interna de hoje?

MLF: Houve essa transformação várias vezes na nossa história. Esses movimentos foram feitos de acordo com o interesse do mercado. Tanto de interna para externa, como de externa para interna, de acordo com o valor do dólar. Esses movimentos são feitos pelo Banco Central do Brasil em favor do mercado financeiro, invariavelmente. Quando o dólar está baixo, e seria interessante o Brasil quitar a dívida externa, por precisar de menos reais, se faz o contrário. Ele contrai mais dívida em dólar. Esses movimentos são sempre feitos contra nós e a favor do mercado financeiro.

CC: E o pagamento da dívida externa, em 2005?

MLF: O que a gente critica no governo Lula é que, para pagar a dívida externa em 2005, na época de 15 bilhões de dólares, ele emitiu reais. Ele emitiu dívida interna em reais. A dívida com o FMI [Fundo Monetário Internacional] era 4% ao ano de juros. A dívida interna que foi emitida na época estava em média 19,13% de juros ao ano. Houve uma troca de uma dívida de 4% ao ano para uma de 19% ao ano. Foi uma operação que provocou danos financeiros ao País. E a nossa dívida externa com o FMI não era uma dívida elevada, correspondia a menos de 2% da dívida total. E por que ele pagou uma dívida externa para o FMI que tinha juros baixo? Porque, no inconsciente coletivo, divida externa é com o FMI. Todo mundo acha que o FMI é o grande credor. Isso, realmente, gerou um ganho político para o Lula e uma tranquilidade para o mercado. Quantos debates a gente chama sobre a dívida e as pessoas falam: “Esse debate já não está resolvido? Já não pagamos a dívida toda?’. Não são poucas as pessoas que falam isso por conta dessa propaganda feita de que o Lula resolveu o problema da dívida. E o mercado ajuda a criar essas coisas. Eu falo o mercado porque, na época, eles também exigiram que a Argentina pagasse o FMI. E eles também pagaram de forma antecipada. Você vê as coisas aconteceram em vários lugares, de forma simultânea. Tudo bem armado, de fora para dentro, na mesma época.

CC: O que a experiência grega de auditoria da dívida poderia ensinar ao Brasil, na sua opinião?

MLF: São muitas lições. A primeira é a que ponto pode chegar esse plano de austeridade fiscal. Os casos aqui da Grécia são alarmantes. Em termos de desemprego, mais de 100 mil jovens formados deixaram o país nos últimos anos porque não têm emprego. Foram para o Canadá, Alemanha, vários outros países. A queda salarial, em média, é de 50%. E quem está trabalhando está feliz porque normalmente não tem emprego. Jornalista, por exemplo, não tem emprego. Tem até um jornalista que está colaborando com a nossa comissão e disse que só não está passando fome por conta da ajuda da família. A maioria dos empregos foram flexibilizados, as pessoas não têm direitos. Serviços de saúde fechados, escolas fechadas, não tem vacina em posto de saúde. Uma calamidade terrível. Trabalhadores virando mendigos de um dia para o outro. Tem ruas aqui em que todas as lojas estão fechadas. Todos esses pequenos comerciantes ou se tornaram dependentes da família ou foram para a rua ou, pior, se suicidaram. O número de suicídios aqui, reconhecidamente por esse problema econômico, passa de 5 mil. Tem vários casos de suicídio em praça pública para denunciar. Nesses dias em que estou aqui, houve uma homenagem em frente ao Parlamento para um homem que se suicidou e deixou uma carta na qual dizia que estava entregando a vida para que esse plano de austeridade fosse denunciado.

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

22 Comentários

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  1. As chances nos governos PTs foram muitas

    Grande contribuição de especialista Maria Lúcia Fattorelli para entendermos que o PT fêz acordo com o PSDB de que nada da Privataria seria apurada, (Henrique Meireles Presidente do BC)  e esse tratamento indica a opção política não de esquerda e sim o mais do mesmo (os auxílios e políticas sociais são despresíveis, migalhas que caem da mesa de negociação com o grande Capital) e a grande dívida dos governos e partido PT é política, proponho a doutora Maria Lúcia para Presidenta e sem machismos.

  2. Infelizmente, a mídia

    Infelizmente, a mídia comprada pelas grandes corporações nacionais e estrangeiras não permite que as pessoas tenham conhecimento desse sistema corrupto que é a dívida e de todos os males que nos tem causado.

    Até nos blogs progressistas o assunto é tabu.

  3. Caverna
    Nassif,Com o mesmo texto que segue abaixo, compartilhei para todos meus amigos:  “Somos demasiado jóvenes para estar tan tristes”Esta frase extraída de una ilustración de Sara Herranz se convirtió en viral en las redes sociales. Analizamos por qué tantos jóvenes españoles se sienten identificados con ella.Logo após receber esse compartilhamento da Espanha, leio essa especialista brasileira que, ora, está na Grécia.Jovem brasileiro, leia com atenção, com calma, e comece a entender porque no nosso país sempre tudo foi difícil e bélico. Mulher de uma clareza absoluta. Explica coisas fundamentais, da nossa eterna dicotomia inexplicável (ou facilmente explicável)/; “a economia vai bem mas o povo vai mal”. Leiam, discutam, vislumbrem saídas, explicações, ajam, reajam! E concluam comigo: O que essa mulher tá fazendo na Terra de Platão, se quem vive na caverna somos nós?    

  4. Isso é um artigo

    Isso sim é um artigo. Essa auditora mostrou quase tudo.

    Um pagamento de 334,6 bilhões de reais de juros em um ano é uma sangria para qualquer economia.

    “Nós estamos diante de um monstro mundial que controla o poder financeiro e o poder político com esquemas fraudulentos. É muito grave isso. Eu diria que é um mega esquema de corrupção institucionalizado.”

    A desgraça da Dilma realmente se aprofundou quando o governo abaixou os juros, que já subiu de novo. O país está quase em recessão e os juros continuam subindo para atenter ao “rentismo”. Mas isso tudo o nosso nobre congresso passa por cima e finge que não vê.

    Seria interessante algum economista sério complementar essa análise. Fica a sugestão para o Nassif.

  5. é hora de acordar

    imaginemos um pesadelo em que estejamos sujeitos a um “empréstimo” sob as seguintes condições:

    1. o depósito é feito em nossa conta após os mercados fecharem ;

    2. o pagamento é debitado de nossa conta na manhã seguinte antes dos mercados abrirem;

    3. a taxa de juros cobrada será a mais alta do mundo, em valores reais;

    pois bem. agora é hora acordar!. porque este pesadelo tem nome e ocorre todos os dias no Brasil. são as “operações compromissadas” realizadas pelos “investidores” com o BC. um recurso que o tomador não pode utilizar e que não fica indisponível para quem empresta, já que é overnight. e ainda é remunerado regiamente. (http://www.bcb.gov.br/glossario.asp?Definicao=153&idioma=P&idpai=GLOSSARIO)

    em março de 2015, “as operações overnight corresponderam a 98,7% do total das operações compromissadas, com médias diárias de R$987,0 bilhões e de 6.161 operações” (cfe. http://www.bcb.gov.br/htms/infecon/demab/ma201503/index.asp).

    o que o sistema financeiro, e seus economistas de banco, denominam de “dívida pública”, nada mais é que um mecanismo para drenar recursos do setor produtivo da economia, seja na ponta do empresário ou na do trabalhador, para o setor rentista.

    extorsão, chantagem, terrorismo. são os bancos quem nos devem.

    .

  6. bella, ciao

     

     

     

     

     

    bella, ciao

    1. estatitzação do sistema financeiro grego;

    2. adoção de dupla moeda;

    3. reestruturação da dívida.

    com a renúncia de Varoufakis, a Grécia entra na rota da guerra civil. recordem-se de Guernica. foi a divisão e principalmente a pusilanimidade do campo progressista que pavimentou a vitória de Franco.

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  7. A camuflagem dos problemas brasileiros

    Olá debatedores,

    este sim é um tem de “extrema” importância, razão pela qual, merece um debate profundo. E este debate, na minha opinião, precisa se distanciar destes maniqueísmos cotidianos entre ‘esquerda versus direita”.

    Salve, salve Maria Lucia Fattoreli! 

    Li o livro que você indicou, não me lembro mais onde: Bazar da dívida. De Rabah Benakouche.

    Já li livros indicados pela ex-auditora quando então, tomei conhecimento de quase tudo que ela disse nessa entrevista.

    Recordo-me agora, para citar-lhes um exemplo, do “clube de Paris” na época de FHC.

    Dito isso, parto para o debate sugerindo que este tema precisa ser AMPLAMENTE DIVULGADO. 

    Minha sugestão é a de que TODOS OS DIAS seja divulgado a questão da DÍVIDA brasileira.

    Nesse sentido, FAÇO um APELO a jornal de todos os Brasis:

    Se algum “economista” ou “cientista político”  ou pessoa de “reputação ilibada” vier aqui tratar de questões “sociais e econômicas ” brasileiras, e respectivos “ajustes” fiscais e Cia limitada, que sejam OBRIGADOS a tratarem deste tema da DÍVIDA BRASILEIRA.

    Exemplificando.

    Vamos de metas fiscais? Tripé macroeconômico?  “Incentivo ao investimento em infraestrutura”? Enfim, economia brasileira em geral ( relacionando-a com o resto do mundo) ? Então, necessariamente, o entrevistado – seja quem for – precisa tratar de tema da DÍVIDA BRASILEIRA, ANTES DE QUAISQUER emissão de opinião sobre outro tema.

    Se por exemplo, o entrevistado vai falar de REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL, então ele precisa, necessariamente, tratar do tema DÍVIDA BRASILEIRA. 

    Se por exemplo, vier aqui um membro da CNI tratar de “flexibilização de leis trabalhistas”, ai incluido o projeto das terceirizações, então ele terá de tratar, antes de qualquer coisa, do tema DÍVIDA BRASILEIRA.

    E por ai vai.

    Portanto, reitero o meu apelo, agora direcionando-me  ao r. jornalista Nassif,  para “comprar” esta ideia da ampla e irrestrita publicação do tema DIVIDA INTERNA E/OU EXTERNA brasileira, ou melhor: divída brasileira=dívida externa=divída interna=  dívida?

    Todos os dias precisamos tratar e publicar este tema. 

    Pra mim, condição sine qua non   a ser considerada antes de qualquer outro tema político, econômico e social.

    Como já disse aqui várias vezes eu votei no Lula, na Marina e agora na Dilma( obs: arrependi de ter votado na Marina dado o a sua postura “camaleônica” da última eleição, razão pela qual, não votarei mais em seu projeto; mas isso é outra história)

    Voltemos ao tema:

    Eu já sabia deste problema de “troca entre dívida externa em interna” na última eleição presidencial, mas nem por isso deixei de votar na Dilma, por acreditar no programa de governo do PT e confiar na Dilma. Confiança pela sua postura firme etc. 

    Minha contribuição agora é a seguinte:

    Neste tema  divída brasileira – com a ajuda desta grande cidadã que é a ex-auditora – sugiro incluírmos:

    Revogação de TODOS O INCISOS do art 192 da CR/88 que trata do SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL.

    Pergunta-se:

    1 Por que foram revogados? Qual foi a importância para o DESENVOLVIMENTO brasileiro( e não apenas crescimento) desta revogação?

    2 Lei de responsabilidade da GESTÃO  fiscal. Isso mesmo! Vamos falar desta “importante” lei que guarda consigo o seguinte:

        § 2o Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do serviço da dívida, e as ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias.( grifo meu)

    E ainda:

    DESVINCULAÇÃO da receita da UNIÃO, mais conhecida como DRU.

    Surgiro tratarmos destes temas que , em minha opinião, estão relacionados. E como!

    Enfim, estes temas são EXTREMAMENTE importantes para o Brasil. São caríssimos para o país, sobretudo agora, com os tais “ajustes” para a recuperação da “economia” ( convenhamos, “ajustar” sem tratar deste tema da dívida brasileira? Que ajuste é esse? Que país é esse? Que  papo furado é esse?)

    Vamos começar a colocar os pingos nos “is” do Brasil ( ou BraZil) que não trata de seus  problemas “camuflados” , entrincheirados ou  enraizados até o âmago de sua origem!

    Uma república com toda a cara de República “econômica” de meia tigela!

     

    Saudações 

     

     

     

  8. Tenho certeza dê que é isso
    Tenho certeza dê que é isso mesmo mas ela não deveria entrar na política e nem fazer juízo de valor sobre o que diz pois isso a desqualifica.
    Ali ela deixa de ser auditora!

    1. Como assim?

      Que raciocínio mais torto. Aquilo onde vc afirma que a desqualifica chama-se “exercício de cidadania”. Ela viu, pesquisou e descobriu um grande esquema que tunga meu bolso e o de muitos, tem que ficar calada? Auditores não podem fazer política?

      1. Vc tem que saber separar SEU

        Vc tem que saber separar SEU TRABALHO da SUA vida pessoal!

        Misturando, parece que TALVEZ, quem sabe…., o PESSOAL tenha interferido nas conclusões do TRABALHO.

        Por isso é importante, SEPARAR! Para deixar claro o que é o que!

  9. Iluminante

    Muito interessante! E revelador… assustador, diria.

    Temos que compartilhar essas informações.

    Quando aos suicídios na Grécia, foram 10 mil desde o início da crise.

  10. Entrevista de Maria Lucia Fatorelli

    Entrevista de Maria Lucia Fatorelli a TV Brasil.

    Desde 2010 que os empréstimos bancários efetuados a Grécia foram com títulos podres, ou seja, a Grécia não recebeu empréstimos em euros e passou a pagar juros sobre os papéis recebidos. No fundo trocou seu parcos recursos em dinheiro por papéis podres que nada valem. FRAUDE!!!!!!!
    Assistam aqui a entrevista:
    [video:https://youtu.be/Gs2itbOjlpQ%5D

  11. Basicamente não se pode fazer

    Basicamente não se pode fazer dívida para pagar dívida, senão estamos no campo do “corrupto sistema de dívida”.

    Só é aceitável a dívida que tiver contrapartida real para se fotografar e anexar no relatório do grupo.

  12. Esse artigo deveria ficar na primeira página

    do blog por tempo indeterminado, o assunto é assustador e todos deveriam ser informados do tamanho do buraco criado por essa quadrilha mundial que alguns teimam em chamar de “investidores”.

  13. É tudo um assunto só!

    Boa Nassif!…

    Vamos dar atenção ao que está acontecendo na Grécia, chamar atenção à ilegalidade da dívida pública e a necessidade de sua auditoria! Assunto proíbido entre os maiores partidos e os maiores veículos de comunicação…

    A dívida pública brasileira – Quem quer conversar sobre isso? http://goo.gl/a58pXS

    O caso grego: O fogo grego moderno que pode nos dar esperanças contra a ilegítima, odiosa, ilegal, inconstitucional e insustentável classe financeira. http://goo.gl/23eU5o
     

    É tudo um assunto só! goo.gl/cpC8H3

     

  14. Calote já, mas veja, falo isto desde o primeiro dia no blog

    Que a dívida é bandida todos sabem, e o HitMan confessou. Réu confesso.

    Que entupiram o Brasil de derivativos podres, tai o Unibanco  e o Itaú que o sucedeu e não disse o que fez com os derivativos. O que nos leva a supor, que trocamos títulos novos, por papéis podres internacionais enfiados pelas matrizes estrangeiras nas sucursais brasileiras, ocultas (unibanco) ou não. Os doze dealears são os suspeitos habituais.

    Um pacto nacional, com uma reforma ministerial e a Dilma volta a navegar ou sai da moita.

    A melhor solução, na minha humilde opinião.

     

  15. Quiando ela diz que é

    <p>Quiando ela diz que é inconstitucional, fazer divida que ferarão mais dívidas com juros que já são boal de neve, e que isso tem implicações nas privatizações, salários, desempregos, e privilégios de mpresas estrangeiras e nacionais, que estão na mão de poucos e nos deixa cada vez mais endividados e que irá explodir, e mais que os compradores dos Títulos em Leilões são os memsos, bancos e grandes empresas que financiam campnhas pra manterem o controle, e esse é o papel desavergonhado de Eduardo Cunha e Renan, o que isso tem a ver com esse ou aquele partido? Não é um SISTEMÃO, antigo e&nbsp;umbricado, protegido e imoral? Porque certas pessoas, não entendendo o que leu, os analfabetos funcionais, não se reservam a estudar mais e/ou aprenderem mesmo aler em vez de emitirem comentário idiotas e atabalhoados sobre assunto tão complexo? Vai estudar, pelo menos sobre o assunto, que nhaca essa gente babaca!</p>

  16. Auditoria da dívida do BR

    Meus caros, o dia em que as pessoas entenderem o que é SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONAL  e quem são seus donos, a burrice morre de inanição. É tanta gente falando idiotices, gente que deveria ser informada, por que formada e bem formada. Ninguém  sabe nada, mas absolutametne nada , de Interesses Internacionais, via BANCOS CENTRAIS. O poder é deles, eles mandam em tudo. Não há político, exército, religião, nada, só Banco Central. Tudo isso calcado em uma única questão: a desinformação geral, o pouco caso em querer saber, o despreparo político das pessoas. Estudem e verão que falo a verdade. A verdade mais escondida de todas, QUE É A MANIPULAÇÃO DO DINHEIRO DO MUNDO POR UMAS POUCAS CASAS BANCÁRIAS, AS CREDORAS DO MUNDO TODO, visando só uma coisa: a concentração do poder mundial nas mãos de um pequeno grupo. Nações inteiras nas mãos de uma dezena de pessoas. Inacreditável, mas real e assutador. 

  17. Pagamento de nossa dívida externa

    A Sra. Fattorelli faz um excelente trabalho em divulgar os esquemas desonestos ligados às dívidas externas e parece que ela tem bom conhecimento, pelo que aconteceu no Equador, que reduziu sua dívida em 70% a partir da auditoria da dívida que ela participou.

    Nesta entrevista, no entanto, quando critica o governo Lula pela quitação da dívida com o FMI ela comete dois erros:

    1) a quitação da dívida com o FMI a juros de 4% aa foi sim um bom negócio para o país, mesmo com a emissão de títulos a 19% aa no mercado interno, pois essa quitação aconteceu durante a alta das comódites, com os elevados superávits da balança de pagamento. Invariavelmente o BC teria de emitir títulos internamente, para pagar os exportadores que deixavam depositados nele os seus dólares. Esses dólares ficariam depositados ali, sem remuneração ou remunerados como títulos do tesouro americano, muito menos que os 4% aa dados ao FMI. Foi, assim, uma boa opção pelo menos pior.

    2) segundo dito (necessito de confirmação e fico aberto para ela), a dívida como o FMI submeteria o executivo federal a rígidas amarras orçamentárias que impediriam investimentos tais como esse em saneamento básico que tivemos em todo o páis nos anos passados.

    Esses erros de análise são imperdoáveis em algum que pretenda um papel tão relevante.

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