Idosos poderão morrer sem ver benefício, alerta Campello

Aumento de idade, prevista na reforma da previdência, não alcança expectativa de vida de idosos do Benefício de Prestação Continuada (BPC)
 
Jornal GGN – O governo Temer quer a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição, que reforma a Previdência Social, ainda no primeiro semestre de 2017. A pressa é tanta que parlamentares governistas iniciaram, nas últimas semanas, articulação no Congresso para convocar a base aliada em janeiro para discussão da matéria, ou seja, antes do término do recesso parlamentar que vai de 23 de dezembro a 1º de fevereiro.
 
O pacote estabelece a idade mínima para a aposentadoria de 65 anos, com a previsão de chegar a 70 anos, e um tempo mínimo de contribuição de 25 anos, tanto para homens quanto para mulheres. Além disso, o governo quer desvincular a pensão por morte e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) do salário mínimo. Em outras palavras, a reforma irá estabelecer um novo valor para essa faixa, ainda não estipulado, e que ao longo do tempo sofrerá defasagens gravíssimas, pois não irá acompanhar o piso mínimo de remuneração do país, aumentando o grau de pobreza entre o grupo de idosos e deficientes que entram na faixa beneficiada pelo plano BPC.
 
Em entrevista ao jornalista Luis Nassif, Tereza Campello, economista e ex-ministra do Ministério do Desenvolvimento Social alertou para outro ponto preocupante da corrida do Planalto para a aprovação da reforma, que será, simplesmente, impedir que idosos tenham acesso ao benefício até o dia em que vierem a óbito. Isso mesmo! 
 
 
 
Com base nos dados administrativos dos últimos 20 anos, que Campello teve acesso ainda enquanto atuava no governo, a economista apontou que o BPC, um direito previsto na Constituição de 1988, que consiste no pagamento de um salário mínimo mensal às pessoas idosas, a partir dos 65 anos, ou com grave nível de deficiência física ou mental, incapazes de se auto sustentar, é concedido por 4 anos, em média, aos idosos. 
 
“Se pegarmos os dados que temos hoje, os dados administrativos, não estou falando da expectativa de vida [geral da população], mas dados dos vinte anos de implementação do BPC [desde 1995], entre a hora que a pessoa [idosa] recebe o benefício e a hora que ela morre, em média, recebe o benefício por 4 anos. Ou seja, se passar de 65 para 70 anos a idade mínima para acessar o BPC, ninguém vai receber”, aponta. 
 
A ex-ministra também critica o governo pela falta de estudos que defendam a necessidade de uma reforma na previdência, atingindo os beneficiários da prestação continuada que atualmente são cerca de 2 milhões de idosos, fora as pessoas com deficiência, indicando para a falta de sensibilidade do Planalto em relação à realidade dos idosos no país que estão nas classes mais pobres. 
 
“[Os beneficiários do BPC] são pessoas idosas, muito pobres que provavelmente trabalharam ao longo de toda a vida. Então é o trabalhador de cana, que não tinha carteira de trabalho assinada, trabalhadores da agricultura, completamente descobertos, que conseguiram trabalho no meio urbano, como na construção civil, sem carteira assinada”. 
 
Campello afirma que o governo atual tem acesso aos mesmos dados administrativos que ela, até mais atualizados, sugerindo que a equipe de Temer está consciente que a medida prejudicará os idosos dependentes do BPC, que terão nos próximos anos chances reduzidas de acessar o benefício antes da morte.  
 
 

 

Redação

13 Comentários

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  1. A Cambada.

    Idosos poderão morrer sem ver a aposentadoria…  Mas a ideia é essa mesmo!

    A cambada que tomou o Brasil de assalto chama isso de “contenção de gastos.

    Até porque toda essa cambada que tomou o Brasil de assalto já tem aposentadoria.

    Muitos deles, dessa cambada, tem mais de uma. 

     

  2. Tipico da chantageem

    Tipico da chantageem emocional pra manipulação.

    Avisem pra essa sra. que se a reforma da previdência não passar, nem os aposentados há vários anos irão receber.

    ISSO É MAIS DO QUE BÁSICO.

    E eu ainda renho que escrever sobre isso?

    Por isso estamos no 72 lugar , entre 76. dos mais ignorantes do mundo.

    Desse jeito, chegaremos em primeiro lugar.

    Falta pouco.

    1. Isonomia

      Sugiro que a equipe econômica lance títulos públicos com vencimento para daqui a 35 anos, estes títulos receberão apenas o valor da inflação. Depois de alguns anos, unilateralmente estes títulos serão prorrogados de 35 anos para 49 anos para fins de resgate, desde que o aplicador tenha 65 anos. E explique aos aplicadores que caso isto não seja feito o governo não poderá honrar o pagamento destes títulos.

      Este teatro do absurdo é semelhante ao que se propõe na reforma da previdência, só que o público alvo são os 50% mais pobres, não os 1% mais ricos.

  3. Comentário.

    Bem vejo que, se continuar nessa toada, abrirá um vão enorme que tornará atrativa a aposentadoria em plano privado popular. Vá vendo.

    Sendo privada, para que carteira assinada? É a pessoa que paga mesmo.

    Então, dispensa-se a Carteira de Trabalho e o que dela deriva.

     

  4. Pior ainda

    Morrerão sem se aposentar e desempregados passando necessidades inclusive de alimentação. Que empresa dará emprego a uma pessoa de 60 anos? E o SUS? Ah o SUS acabou também.

    Vai vendo!

  5. E o pior é que a formula de

    E o pior é que a formula de remuneração do fundo, se não for corrigida com índice utilizado pelos banqueiros, corre-se o risco de ter que fazer uma nova mudança mais draconiana na previdência no futuro…

    E a dívida pública subiu 2% ou cerca de R$ 60.000.000.000,00 (Sessenta bilhões) só em novembro!

     

  6. E se o trabalhador passar muito tempo desempregado?

    O trabalhador que passar muito tempo desempregado também pode morrer sem conseguir aposentadoria.

  7. Era uma vez um pais que de

    Era uma vez um pais que de uma certa pertencia ao seu povo mas, não mais….o dinheiro público tem que ir para a privada que financiou o golpe e, como sabemos, mercado demoniaco, como estas agencias que “reconstruiram” o Iraque, não tem pátria nem coração…

  8. os coxinhas vão bater panela?

     Alguem que estava revoltado com o governo popular( do povo) da Dilma vai bater panela contra o fim da aposentadoria,tenho certeza que o PT nunca faria isso com o povo, de que adianta esta reforma pro governo economizar e propoe um projeto para doar 100 bilhoes de patrimonio das teles para empresas privadas,Ah o povo reclamava, O pT dá de tudo pro povo, dá bolsa familia, da casa, da faculdade, da luz pra todos,da salario minimo alto, agora seus batedores de panelas da Fiesp, voces colocaram um governo que tira tudo do povo, seus ignorantes , acreditem na midia.

  9. É simples: com a reforma da

    É simples: com a reforma da previdência, a ideia do governo golpista é impedir que milhões de pessoas se aposentem.

    Se mesmo com todas as mudanças propostas alguém ainda tenha esperanças de chegar até lá, a reforma trabalhista eliminará qualquer restinho de esperança.

    Com isso, os golpistas continuarão a arrotar a falácia que não acabaram com a CLT. Verdade, eles não irão acabar com a CLT, vão torná-la irrelevante, já que com a reforma trabalhista ela não deixa de existir mas os empresários terão opções melhores (para eles) de contratação. Vão preferir contratar através de PJ, e o trabalhador que se vire para pagar INSS, se quiser se aposentar após 49 intermináveis anos de contribuição. Obviamente preferirá um fundo privado. Eis a contribuição de temer (com minúscula mesmo) aos banqueiros: empurrar os trabalhadores para a aposentadoria privada, com milhões de novos clientes aos bancos. Um verdadeiro vigarista.

     

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