Jaburu passa a viver sob suspense e temor, por Janio de Freitas

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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
 
Jornal GGN – Em sua coluna de hoje na Folha de S. Paulo, o jornalista Janio de Freitas fala sobre os riscos que o país passa devido ao agravamento da crise política, com uma receita que envolve, a um só tempo, desemprego, cassação de direitos trabalhistas, piora na aposentadoria, corte de investimentos públicos e “ostentação de roubalheiras premiadas”.
 
Para o colunista, o Palácio do Jaburu, mesmo com proteção especial, começa a passa por “horas, talvez noites e dias, de suspense e temor”. Janio também argumenta que as lideranças políticas e empresariais deveriam perceber que a única maneira de reduzir as tensões no país é tirando Temer do poder. 
 
“É apenas lógica e induzida a elevação do modo de enfrentamento popular”, conclui, afirmando que o sentimento generalizado da população é de que o “país está entregue a ladrões”. 

Leia a coluna completa abaixo: 
 
Da Folha
 
O Jaburu, apesar de proteção, passa a viver sob suspense e temor
 
por Janio de Freitas
 
A elevação do modo de protesto popular violento em Brasília, do vandalismo para o ataque típico de revolta civil, não foi um aviso.
 
Os avisos estão dados desde o colar de incidentes começados ainda no governo Dilma. Os ataques aos ministérios foram já o primeiro ato.
 
Quem até aqui não quis ver –nos governos e no Congresso, na imprensa/TV, no empresariado que influi na política– está confrontado pelos fatos: a situação interna do país mudou.
 
Iniciou-se um processo que, embora não irreversível, é propenso a avançar, sob o incentivo ignorante das classes privilegiadas, aqui sempre empedernidas e vorazes.
 
Só esses predicados podem levar à crença de que é possível impor, a um só tempo e impunemente, desemprego, ostentação de roubalheiras premiadas do dinheiro público, salários atrasados, cassação de direitos trabalhistas, redução dos miseráveis recursos e serviços da saúde, ainda piores condições de aposentadoria para quem de fato trabalha ou trabalhou, corte dos investimentos públicos e, pairando sobre ou sob esse conjunto idealizado pela classe dominante, uma composição imoral de governo.
 
As ações diretas do povo não seguem regras. Obedecem à lógica das suas contingências.
 
Nessa lógica está, hoje em dia, o alto grau de indignação e de violência –praticada e potencial– nas cidades difusamente armadas e mais suscetíveis a próximos capítulos da nova etapa de escalada. Caso notório de Rio e São Paulo, mas não só.
 
Brasília é mais vulnerável a ocorrências ditas de praça pública, na arrogância dos seus prédios e no convite das suas vidraças, não porém em armas à mão. São Paulo, território primordial para a comercialização de droga em dimensões nacionais, e Rio, território com enclaves bandidos, exemplificam melhor o risco que a Capital projeta sobre o país.
 
Michel Temer e seus parlamentares pretenderam mais uma atitude indecente. Na calada, não da noite, mas da bagunça mental que se generalizou, quiseram fazer na Câmara e no Senado aprovações que levariam o empresariado influente e imprensa/TV a ampará-los, em retribuição e por querer mais.
 
Em consequência, o Palácio do Jaburu, apesar de proteção especial, passa a ter horas, talvez noites e dias, de suspense e temor. A Câmara e o Senado deixam de saber quando poderão funcionar não ou, como ontem.
 
Forças Armadas são postas a reprimir, não bandidos, mas a gente comum. Alguma dúvida de que tirar Michel Temer é a única hipótese das chefias políticas e seu empresariado para atenuar as tensões do país? Mas no povo a ideia também única, que se constata por toda parte, é de que o país está entregue a ladrões. E ele em pessoa é uma vítima de todos os ladrões.
 
É apenas lógica e induzida a elevação do modo de enfrentamento popular. 
 
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Redação

9 Comentários

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  1. Comentarios na padaria: Eh

    Comentarios na padaria: Eh palhaçada esses políticos falarem de baderna! Ai o outro comenta: e ainda falam do patrimônio publico que eles roubam todo santo dia! Eh por ai que a opinião do povo tah passando. E quem vai dizer que estão errados?

  2. Sim, podemos imaginar que

    Sim, podemos imaginar que muitos que partiram para a depredação de órgãos públicos, prvocando babáries, tenham sido quem há pouco viu sua mãe morrendo à fata de um remédio que tivera há até pouco dia; ou outro, que perdera seu emprego público como tantos da TV Brasil; e por aí a gente conceberia o ódio de gente alucinada de ódio a ir pra recanche simbólica.

    Ainda assim, do mesmo modo que se constatou numa das manifestações vermelhas um coronel, se não me engano, infiltrado para que se atribuísse aos sindicalistas suas práticas violentas, custo a acreditar que os organizadores das manifestações de domingo tenham tido conhecimento de que partiriam dos seus seguidores pessoas com aquele nível de agressividade, e arruaça. 

    Soube que a Secretaria de Segurança de Rollemberg já sabe de alguns suspeitos de terem usado armas letais nesse domingo, quando isso é ilegal durante manifestações. 

    Outra notícia dentro desse contexto é que hoje mais um diretório do PT, este no Paraná, foi destruído. 

    Não sei quem mais previu uma guerra civil brasileira com a continuação desse governo. Que eu me lembre, foi Ciro Gomes quem primeiro levantou essa hipótese. Ele falava em cadáver estendido nas ruas. 

    Domingo, vimos que um homem que vive pelas ruas, se encontrava deitado na grama da Esplanada quando recebeu uma bala de borracha tão violenta no meio da barriga que foi levado ao hospital pelos bombeiros. Quem estava aao lado, disse ser o mendigo acostumado a ficar ali, e que além de pobre e miserável, é também doente mental. Foi a prova concreta de que os policiais estavam mandando balas pra todos os lados. E foi gente da poícia de Rollemberg.

  3. Teoria de alguns
    Teoria de alguns parlamentares é de que os encapuzados eram estranhos à manifestação, postos ali para atrair a ira da polícia e a desculpa do exército nas praças de Brasília. Não duvido. A foto falsa do fogo no ministério, que seria de incêndio em 2005 parece atestar a hipótese.

  4. Jaburu passa a viver sob suspense e temor, por Janio de Freitas

    Por mais que nos esforcemos a singela visão de mundo que temos não permite que enxerguemos TANTA MALVADEZA, assim os TEXTOS do Jornalista Janio de Freitas tem valor elevado e um grande significado pedagogico, visto que ilumina as trevas deste mundo subterraneo da politica e dos politicos brasileiros, e claro nos ajuda a entender a PODRIDÃO que exala dos TRES PODERES da nossa “republica da cloaca” … assim, perdeu-se o encanto desta “DEMOCRACIA OCIDENTAL” com seus agentes – TODOS PODRES – e que chamam de “lobistas”, entretanto fedem igual a uma latrina … e algumas autoridades se prestam com suas FORÇAS ARMADAS CONSTITUIDAS a defender esta escoria, e ainda ir contra o Povo Brasileiro que lhes pagam seus soldos e suas aposentadorias, claro fora das reformas de ajuste … que lamentavel … !!!

  5. TEMER JOGA “BOMBA NUCLEAR”… MAS NO PRÓPRIO PÉ

    TEMER JOGA “BOMBA NUCLEAR”… MAS NO PRÓPRIO PÉ! 24/5: O DIA EM QUE O GOLPE FOI DERROTADO

    Cadê o meteoro?

    – Temer/Jungmann/Maia dão um baita tiro no próprio pé – mais para míssil nuclear (!): o “blefe” da “intervenção militar”…

    – … queimou na largada!

    – Isso porque ninguém na Praça dos Três Poderes teve culhão para bancar o Exército – de novo! – descendo o cacete no… próprio povo que jurou defender!

    – Insólito: Meirelles, gay semi-assumido (!), delirou que podia se tornar Presidente – no Brasil da homofobia assassina?!

    – Peraí… “Presidente”? Portanto “Comandante-em-chefe”? Da repressão? Tocada pelos… ~machões~ fardados?! Esquece, Meirelles! (rs)

    – Veja por que Lula é um estadista: o que é “Política” com “P” maiúsculo.

    – Na qualidade de Estadista, Lula não se opõe a um freio de arrumação, sob Nelson Jobim. Para ~começarmos~ o looongo caminho de volta à democracia, ao Estado de direito e à normalidade institucional.

    – Agora é com a Esquerda: a bola está na marca do pênalti! Começamos a transição pós-golpe, de volta à democracia? Ou não?!
     

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