Macron nacionaliza estaleiro STX em Saint-Nazaire

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

Jornal GGN – O governo de Emmanuel Macron decidiu nacionalizar o estaleiro STX no lugar de entregá-lo para o grupo italiano Fincantieri. Fez isso de forma “temporária” para “defender os interesses estratégicos da França”, declarou o ministro da Economia ao jornal Le Monde.

Instado a decidir sobre o futuro dos estaleiros navais de Saint-Nazaire, Macron decidiu pela estatização, no lugar de entregar a um problemático acionista italiano. Nesta quinta-feira, dia 27 de julho, formalizou-se a operação e, segundo o ministro da Economia, Bruno Le Maire, deverá ser concretizado até sexta-feira à noite. O estado já tem 33% desses ativos. Agora faz o provimento sobre o resto do capital.

Esta é a primeira decisão de Macron, importante para a questão industrial. Muitos previam um programa de privatização, mas ele inaugura seus cinco anos de mandato com uma nacionalização inesperada.

Bruno Lei Maire disse que a decisão é temporária para dar tempo ao governo para uma melhor negociação e um bom acordo. Esses estaleiros não ficarão sob o controle do Estado, disse ele, não é esta a intenção, mas eles têm grande importância para a França, quer por seu histórico, com navios como o Normandia, o França ou o Queen Mary 2, e por ser uma área estratégica.

Durante a última crise no setor, a carteira de pedidos do STX estava vazia, e o governo deu o primeiro passo para evitar um fechamento permanente, preservando empregos e a economia.

Além disso, uma outra ameaça surgiu no horizonte com a falência da STX: o conglomerado acionista majoritário da Coreia do Sul, para recuperar algum dinheiro, tentou vender a filial francesa. O único candidato a apresentar oferta foi a Fincantieri, o grande rival histórico de Chantiers de l’Atlantique. O grupo italiano foi escolhido pelo tribunal de Seus para retomar a STX France, ou seja, os estaleiros de Saint-Nazaire pelo preço de 79,5 milhões de euros por 66,6% de participação.

Esta perspectiva de tomada dos estaleiros pelos italianos causou preocupação, por três questões principais. A primeira, estão em jogo os 7 mil empregos. A segunda é a ligação da Fincantieri com a China, e o medo desta capacidade de construção seguir para a Ásia. E, por fim, Saint-Nazaire é o único local capaz de construir grandes cascos de navios militares.

Por estes perigos, François Hollande e sua equipe chegaram a um acordo com Roma. Eles contestaram, afirmando ter mais direitos. Eleito, Macron desafiou o compromisso firmado e propôs um capital social na base do meio-a-meio entre franceses e italianos. Eles recusaram, dizendo ter mais de 50%. Assim, o governo francês decidiu usar o direito de preferência, mesmo que, com isso, desagrade o governo italiano.

A direita acabou por entender a ação de Macron. A esquerda acha a nacionalização bem-vinda, pelos interesse industrial e estratégica. Já a liderança da STX achou uma decisão que carrega o prenúncio de “um novo tempo infeliz”.

Leia o original no Le Monde.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

9 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. A Diferença entre Entreguista e “Não-Entreguista”

    Entreguista – Governo Brasileiro; “Não-Entreguista – Governo, simultaneamente, Inteligentes,Nacionalista, Honestos!!!!!

  2. Vai  pra Cuba, Macron,

    Vai  pra Cuba, Macron, petralha comunista ! Tá querendo tirar o azul e o branco da bandeira e deixar só o vermelho, é ?

  3. Daqui a pouco…

    Vai aparecer algum mentecapto gritando: “Vai pra Cuba, Macron!”

    “Como pode um governo de direita encampar uma empresa do setor privado? Assim não dá! Assim não pode ser!”

  4. E nós entregando alcântara,

    E nós entregando alcântara, pré-sal, minerais e etc… – e tudo baratinho, segundo o Financial Times….

  5. É “de direita” mas tem noção

    É “de direita” mas tem noção clara sobre o Estado e a soberania do país,  ao contrário da direita brasileira.

    1. Não se anime, camarada, pois

      Não se anime, camarada, pois os estaleiros serão vendidos- só não vai ser agora, nem aos italianos.

  6. BOLIVARIANO DESINFORMADONão

    BOLIVARIANO DESINFORMADO

    Não aprendeu com os setúbals brasileiros, a imprensa,  a Procuradoria da República, o Judiciário, com o prodígio Temer, com o Parente, que o moderno é acabar com o país. 

    Os coxinhas brasileiros foram marchando atrás de camisa amarela, mas esses não contam. São massa de manobra.

    A França tem muito a aprender com o Brasil. E o Macron desse jeito vai sair pobre do cargo. É dificil entender que o negócio é vender por baixo pra receber por cima? No Brasil o roubo quando é para entregar o país é impune.A cambada da elite citada acima garante a impunidade e ainda se transforma em heróis do país. É outro procedimento que precisamos ensinar para esses burros franceses. 

  7. Nacionalismo

    Lá, o governo, mesmo de centro-direita, defende os interesses do país. Bandidos do mercado não têm vez quando se trata de defender a França. Já aqui, eles mandam e desmandam.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador