Mercado deve ser pouco afetado pelo rebaixamento da nota, acredita Belluzzo

Sugerido por Diogo Costa

Do Estadão

‘Que significado isso tem? Isso é coisa de estelionatários’, afirma Belluzzo
 
Belluzzo acredita que mercado deve ser pouco afetado por causa da baixa credibilidade das agências de risco
 
Luiz Guilherme Gerbelli
 
O ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda Luiz Gonzaga Belluzzo classificou de “estelionatária” a decisão da agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) de rebaixar a nota do Brasil de BBB para BBB-. “O que vem a ser isso, essa decisão das agências? Que significado isso tem? Isso é coisa de estelionatários. Eles, na verdade, participaram de um estelionato na crise de 2008.”
 
Na avaliação de Belluzzo, haverá um “tremelique” no mercado, mas pouca coisa deve mudar por causa da baixa credibilidade das agências.

A seguir, trechos da entrevista concedida ao Estado.

Como o sr. analisa a decisão da agência de rebaixar o Brasil?

Eu acho que as agências de risco não têm nenhuma credibilidade depois da crise de 2008. Elas é que deveriam ser rebaixadas. Como se pode acreditar numa agência de risco que deu nota AAA a um pacote de créditos sem que soubessem o que tinha dentro? O que eles alegaram agora? Que piorou a situação de endividamento da economia brasileira? Mas qual é a nota que elas (agências) dão aos Estados Unidos e à França?

A decisão foi injusta, então?

A dívida brasileira é de 60% do Produto Interno Bruto (PIB), a dívida líquida de 30%. O Brasil teve superávit todos os anos, caiu um pouco agora, para 1,9% do PIB. Mas ainda assim somos um dos poucos países com superávit. O que vem a ser isso, essa decisão das agências? Que significado tem? Isso é coisa de estelionatários. Eles, na verdade, participaram de um estelionato na crise de 2008. É inacreditável ter que dar um opinião sobre uma coisa tão evidentemente inexpressiva, todo mundo acredita na S&P, na Moody’s, mas esse pessoal das agências nem formação econômica decente tem.

Qual o impacto que essa decisão pode trazer para o mercado?

Vai mudar muito pouca coisa. Eu acho que a reputação delas (das agências) não justifica uma mudança muito importante. Vai ter, claro, uns tremeliques aí, mas nada definitivo.

Onde estarão esses sinais?

Talvez você tenha alguns tremeliques no mercado de ativos porque isso afeta um pouco a expectativa dos agentes.

O governo tentou melhorar a comunicação com o mercado. A tentativa foi em vão?

Me parece que essa decisão de rebaixar estava tomada há algum tempo, mas o efeito vai ser muito passageiro. Como o Brasil continua com grau de investimento, vai haver um pouco de turbulência e depois as coisas voltam ao normal. Outra coisa: no Brasil, quando a inflação mostrou um pouco de ímpeto, o BC imediatamente elevou a taxa de juros, mas enfim, não há o que fazer. Estamos sob a observação desses estelionatários, vai se fazer o quê? Como uma pessoa honesta pode acreditar nas avaliações deles ao longo dos anos 2000 até a crise? Se você ler o relatório do Congresso americano, feito depois da crise, você vai ver que as referências ao comportamento das agência eram casos de mandar para a cadeia. Eles burlaram a confiança dos investidores, de todo o mundo.

 

Redação

16 Comentários

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  1. Relembrando…

    “SEGURANÇA” POUCOS MINUTOS ANTES DO CRASH – No dia 15 de setembro de 2008 ocorreu a quebra do banco Lehman Brothers. 

    Este foi o epicentro e o ponto detonador do maior Crash econômico e financeiro que a humanidade já viu desde o famoso Crash de outubro de 1929. 

    Até a manhã daquela fatídica segunda-feira de 15 de setembro de 2008 as agências de “classificação de risco” mantiveram o Lehman Brothers com nota “A” (grau de investimento seguro). 

    Logo depois veio a quebra do banco e o Crash que estende seus danosos efeitos até os dias de hoje. 

    Que credibilidade tem hoje em dia estas agências de especulação? 

    Rigorosamente nenhuma.

    1. O economista de ” verdade “

      O economista de ” verdade ” fez parte do grupo que elaborou e implantou  o pior plano de estabilização do mundo, baseado em congelamento de preços, depois afundou um clube centenario, que ainda não se recuperou de sua brilhante gestão. Suas elocrubações sobre economia são ininteligiveis, não tem linha teorica.

      1. O grande economista é

        O grande economista é professor da Unicamp, um dos mais respeitados centros de ensino da ciência econômica no Brasil.

        Sobre o plano, o senhor se refere ao Plano Cruzado, que possuia os mesmos pressupostos teóricos que o Plano Real, entre seus formuladores encontravam-se os formuladores do Real, Pérsio Arida. A diferença entre um plano e outro – a parte certos ajustes – era o contexto econômico.

        Óbvio que o senhor – que se diz “historiador econômico” – não sabe nada a respeito, pois é um analfabeto em economia.

      2. Á linha teórica do prof.

        Á linha teórica do prof. Belluzzo é a pós-keynesiana, a mesma que Stiglitz, Akerlof e outros grandes economistas, que o senhor, em sua inacreditável ignorânca, nunca ouviu falar.

        Já a linha teórica dos planos de estabilização implementados no Brasil, tanto o Cruzado quanto o Real seguem os mesmos pressupostos, o da inflação inercial. A questão da Âncora Nominal(que o senhor, em sua initita leiguice sobre assuntos econômicos chama de “congelamento”)se deve ao contexto econômico do período, o período de baixa liquidez decorrente da Crise da Dívida(no caso brasileira, causada pelas medidas econômicas do governo Geisel, que teve como ministro da Fazenda o prof. Mário Henrique Simonsen, mais um grande ecomista que o senhor, em sua troglodita ignorância, deve considerar medíocre). Por isso não se podia utilizar a Âncora Cambial, empregada pelo Plano Real em contexto diferente, no qual o encaminhamento da questão da dívida externa dos países latino-americanos garantia maior liquidez.

        Enfim, uma pena que um suposto “historiador econômico” como o senhor demonstre não possuir um mínimo de conhecimento sobre tema no qual o senhor se apresenta como especialista.

  2. Agência Particular de Risco

    Sempre costumei usar minha agência particular de risco: se meus amigos e eventualmente meu banco estão me oferecendo dinheiro emprestado, é porque estou bem das pernas e meu risco é baixo. Se fogem de mim e dizem que não tem grana disponível pra me emprestar, é que estou mal.

            A Petrobrás captou recentemente uma grana preta no mercado internacional, e teve uma oferta de emprestadores bem superior às suas necessidades naquele momento. Talvez seja por isso que essa Standard baixou a nota do Brasil.

            Eta povo sério.

    1. Porque politico? Do que vive

      Porque politico? Do que vive a S & P? Vive de honorários pagos por bancos e empresas que emitem bonds para vender interna ou externamente. Quanto melhor a economia, mais os clientes emitem bonus e mais a S & P fatura.

      Onde está o interesse politic nisso? A S & P é uma firma que vive de seu faturamento, qual outro interesse?

  3. Diogo Costa,
    Tio Sam entrou

    Diogo Costa,

    Tio Sam entrou na justiça contra a agência de risco que rebaixou a nota de crédito daquele paraíso que carrega uma dívida já impagável, 16 tri de dólares, deixa o setor financeiro inteiramente livre, leve e solto, mascara a taxa de desmprego, etc…, etc….

  4. Artigo esclarecedor sobre a

    Artigo esclarecedor sobre a S&P. Brasil desceu mas o México (O México!!!!!) subiu….

    É apenas o mercado estúpido!!

    Veja com Satanyannna porque o México é BBB+ no rating da S&P

    25 de março de 2014 | 17:41 Autor: Fernando BritomexicoEm dezembro do ano passado, em sua última mudança significativa das suas notas de crédito antes da de ontem, que rebaixou o Brasil (de BBB para BBB-), a agência classificadora de risco Standard & Poor’s elevou o “rating” do México de BBB para BBB+.Um artigo publicado hoje por Mauro Santayanna no Jornal do Brasil ajuda a entender porque o país se tornou o “queridinho” dos mercados sem exibir um sucesso econômico quue se reflita nos padrões de vida de seu povo.O “prêmio de bom-comportamento” do México é, essencialmente, ter feito o que Fernando Henrique fez no Brasil em 1997: abrir a exploração de petróleo aos grupos estrangeiros.Santayanna é o melhor remédio contra o discursoo que a direita brasileira se prepara para fazer; o da “mexicanização” do Brasil.Isso inclui, além do petróleo, acordos comerciais lesivos, com o abandono das parcerias no Mercosul e “fllexibilização” dos direitos trabalhistas para que se possa usar o Brasil como plataforma de montagem de produtos para a exportaçãoo,  o que definirão com o nome de “reindustrialização” do país.O mundo está mudando, mas não mudou e nem mudaram os interesses que fazem “money makes the world go around”.

    O Gato e a Lebre

    O México é um país pobre e desigualMauro SantayannaA OCDE – Organização para o Comércio e o Desenvolvimento Econômico, divulgou um relatório, na última terça-feira, classificando o México e o Chile, ambos formalmente sócios da “Aliança do Pacífico”, como os dois países com maior desigualdade do grupo.Até aí, nada a estranhar, a OCDE reúne países teoricamente desenvolvidos, que exibem dados sociais – remanescentes do período anterior à crise economia – melhores do que a da maioria dos países latino-americanos, mas eles tem se deteriorado rapidamente nos últimos anos.A dívida explodiu entre os 34 membros da OCDE, principalmente os PIIGS (Portugal, Itália, Irlanda e Espanha). E o desemprego aumentou para um total de 48 milhões de pessoas, 15 milhões a mais do que em 2007, alcançando em alguns lugares, como a própria Espanha, taxas próximas a 30%.O Chile – costumeiramente apresentado como um “milagre” latino-americano, que muitos atribuem a Pinochet – consegue ser ainda mais desigual que o México.Mas o México perde para o Chile em renda. A sua é a menor da OCDE, e uma das mais baixas entre os países latino-americanos.O país de Zapata, também cantado pela mídia como “exemplo” para o continente, tem, segundo estatística do FMI de 2012,  renda menor que a do Chile, Uruguai, Brasil, Argentina e Venezuela.E o pior, no lugar de crescer, ela tem diminuído nos últimos três anos. Isso, considerando-se que o México não conta com uma legislação trabalhista ou uma rede de proteção social, ou programas de renda mínima, que possam garantir um mínimo de dignidade para a população.Na nação dos tacos e da tequila – o que explica parte de seu “sucesso” manufatureiro na montagem e maquiagem, com peças de terceiros, de produtos destinados aos Estados Unidos – sequer existe seguro-desemprego.Segundo a Organização Internacional do Trabalho, quase 60% dos empregos no México são informais, contra 28% na Argentina, 34% no Brasil, 45% na Colômbia, e 45% no Peru. E quatro em cada dez cidadãos mexicanos não conseguem dinheiro para pagar uma cesta básica a cada 30 dias.Como faziam os meios de comunicação espanhóis, que achavam que a Espanha estava uma maravilha, quando na verdade, já estava sendo engolida pela crise, os jornais mexicanos se gabam do país ter entrado para o NAFTA, o acordo que os uniu, economicamente, ao Canadá e aos Estados Unidos, e de terem assinado, com outros países,  dezenas de acordos bilaterais de livre comércio.Mas não falam dos déficits históricos em sua balança comercial, que sua renda per capita está praticamente estagnada há mais de duas décadas, e que seu poder de compra tem caído, no lugar de aumentar,   nos últimos anos.O problema da fome, do abastecimento e da inflação de alimentos também é muito grave no membro mais pobre do NAFTA.Muita gente acha que o Brasil tem que parar de mandar alimentos para a Venezuela, mas não sabe que o governo mexicano está ultimando a compra, em nosso país, em caráter emergencial, de 300.000 toneladas de frango, para impedir que o preço das proteínas exploda, e que falte comida nos supermercados.Muitos mexicanos também acreditam na balela de que o México é grande exportador de manufaturas, enquanto o  Brasil só exporta commodities – esquecendo-se que somos o terceiro maior fabricante e vendedor global de aviões.O fato de que sejamos o maior exportador mundial de suco de laranja, café, açúcar, carnes, – além de primeiro em minério de ferro e o segundo em etanol – e de que tenhamos triplicado nossa safra de grãos nos últimos 12 anos e estejamos a ponto de ultrapassar os EUA como o maior exportador de soja do mundo, só quer dizer uma coisa: soubemos dar mais valor à segurança alimentar do que outros países latino-americanos, e hoje temos comida para abastecer nossa mesa, e para vender para o resto do mundo.Na hora de ler os jornais, ouvir o rádio, ou ver os noticiários de televisão, ao ouvir falar das ”reformas” e de supostos avanços mexicanos com relação ao Brasil – quando eles cresceram a metade do nosso PIB no último ano – é bom ficar com o pé atrás e colocar as barbas de molho.Não podemos comer gato por lebre, e seguir os passos dos mexicanos, que venderam a alma ao diabo, ao se agregar – como pouco mais que escravos e camareiros – ao sistema econômico norte-americano.Ao nos oferecer acordos semelhantes, como a UE está fazendo agora – e os EUA tentarão fazer logo em seguida – os países “ocidentais” não vão abrir seus mercados para nossas manufaturas – pelo contrário, eles têm reduzido suas compras e aumentado as vendas para cá nos últimos anos. Irão apenas tomar, implacavelmente, das nossas indústrias, o mercado sul-americano.

     

  5. Nada como um dia após o

    Nada como um dia após o outro.

     

     Efeito S&P: Bovespa fecha em alta, dólar cai e juros futuros também caem.

     

    Uma beleza essa agência…

     

    1. Isso aconteceu por causa da

      Isso aconteceu por causa da nota da S& P. O mercado esperava coisa pior, a perda do grau de investimento e ficou aliviado com a rebaixa de apenas um degrau.

    2. 2015 vem aí

      Prezado Marco, Veja o pensamento de uma sociedade realista,  do Governo ultrapassado do PT:

      Espero que a Standard & Poor’s não faça análise em 2015. Em que o caos será instalado. Ano de correçao. De ajustes. De descobertas e enfrentamento. Em que as irresponsabilidades acumuladas aflorarâo. Onde os preços administrados e outros atributos desse Governo ( que não respeita as leis de mercado), consequentes de maquiagens e enganações, não poderão mais serem transferidos/postergados.(borges)

       

       

  6. Fannie Mae e Freddie Mac

    Fannie Mae e Freddie Mac tinham patamar AAA nos ratings da S&P. Aliás, ela tinha e tem grandes dificuldades em avaliar produtos hipotecários, que, justamente, fazem parte do “pacote de fiados” bons e maus pagadores, que levaram à crise de 2008. E quem dita a coisa toda é Wall Street. Como disse um membro do senado norte-americano que investigou a crise de 2008, é como a parte interessada no processo pagando o salário do juiz.

    Assim, a avaliação não é um estelionato, pura e simplesmente. O que interessa é o que a banca quer, ou o que se oculta, ao afirmar que tal país merece boa ou má avaliação. Meu amigo paranóico diz que é catimba, produz-se uma previsão ruim para dar medo no investidor e, assim, produzir a situação ruim (a causa da situação foi a própria previsão, e não alguma análise de dados).

    Os economistas ainda falam em expectativas racionais, mas é o que menos se vê.

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