O manifesto dos funcionários do BNDES contra o juiz Ricardo Leite

 

Carta Aberta à Diretoria do BNDES
 
Na sexta passada, 12/05/2017, 37 funcionários do BNDES, incluindo uma colega grávida de 39 semanas, foram vítimas de conduções coercitivas e tiveram seus domicílios devassados pela Policia Federal, no âmbito de investigação sobre operações do BNDES com o Grupo JBS.
 
A Associação de Funcionários do BNDES manifesta plena solidariedade e se coloca à disposição dos colegas que sofreram essas arbitrariedades – levados de forma ilegal e violenta, e, expostos em rede nacional com danos às suas imagens e reputações. Testemunhamos serem profissionais honestos e competentes que sempre cumpriram rigorosamente suas obrigações pensando no interesse público e no desenvolvimento econômico e social do País.
 
Cabe ressaltar que não houve prévia intimação aos funcionários do BNDES, os quais sempre estiveram e continuam dispostos a prestar todos os esclarecimentos perante as autoridades. E, também, que nenhum dos funcionários do BNDES esteve ou está recalcitrante a elucidar os fatos e instruir o processo acerca dos critérios técnicos e demais circunstâncias para a operação de participação acionária investigada ou qualquer outra operação realizada pelo Banco.

 
Tendo em vista que o Código de Processo Penal (CPP) prevê a possibilidade de uso da condução coercitiva apenas se o acusado ou a testemunha não atender à intimação para o interrogatório, entendemos que as conduções coercitivas sofridas pelos funcionários do BNDES no dia 12 de maio de 2017, aplicadas ainda na fase de investigação, configuraram violação da lei, ferem preceitos fundamentais garantidos pela Constituição Federal e devem ser submetidas ao controle judicial.
 
Consideramos absurdas as tentativas de criminalização das atividades do BNDES, como Banco de Desenvolvimento, e a responsabilização pessoal dos funcionários, que realizaram e realizam suas funções dentro da legalidade, de acordo com suas atribuições, respeitando normas, ritos, processos de análise sempre validados por instâncias colegiadas e orientados pelos valores do BNDES: ética, espírito público, compromisso com o desenvolvimento e excelência.
 
É a primeira vez nos 65 anos de existência do BNDES que isso ocorre! Os funcionários estão naturalmente inseguros em realizar seu trabalho profissionalmente. Essa situação se não for revertida poderá trazer graves prejuízos à economia brasileira, pois, caso não contem com adequadas garantias e salvaguardas ao exercício de seu trabalho os empregados poderão paralisar suas atividades.
 
Há três anos o BNDES é alvo de diversas investigações, em que se propagam acusações pouco especificadas e inconsistentes. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito foi conduzida sem que nada de irregular fosse encontrado na atuação do BNDES. A cada dia que passa fica mais patente que os órgãos de controle desconhecem completamente os mecanismos de funcionamento do BNDES e do mercado de capitais. As imprecisas, e incorretas, considerações feitas pelo Tribunal de Contas da União sobre operação da BNDESPAR com o Grupo JBS são divulgadas com estardalhaço pela mídia, o que contribui para distorcer a verdade e para agravar as injustiças cometidas, com profissionais competentes e dedicados. 
 
A AFBNDES reafirma seu repúdio à corrupção. Nossa crítica não é a essa investigação, ou a qualquer outra que se faça. A atuação do BNDES é transparente e a entidade presta contas à sociedade permanentemente. O que se critica é a inexistência de razões para incriminar a instituição e seus servidores, e a mentirosa veiculação dos fatos e a arbitrária condução coercitiva de dezenas de servidores do BNDES. 
 
Diante da injustiça, a indignação tomou conta dos funcionários que, em resposta a arbitrariedade sofrida, desceram ao térreo, espontaneamente, em solidariedade e apoio aos colegas desrespeitados pela violência que lhes foi perpetrada e para manifestar o orgulho em ser benedense e defender a instituição em que trabalham.
 
Por essas razões, cobramos a necessidade de uma posição firme, decidida e contundente da Presidente do BNDES, da Diretoria e do Conselho de Administração pela correção dos procedimentos de investigação e em defesa dos funcionários e da instituição. 
 
Em primeiro lugar, o posicionamento firme e decidido da Diretoria é imprescindível para dissuadir da possibilidade de que conduções coercitivas e devassas domiciliares contra funcionários do BNDES venham a se repetir de forma desnecessária, injustificada e arbitrária.
 
Em segundo lugar, é fundamental o esclarecimento e a correção das informações equivocadas sobre a atuação do BNDES que circulam na imprensa e na mídia, repetidas a exaustão até se tornarem verdades para a população. Como sugestão, a Diretoria do Banco pode solicitar ao grupo JBS a abertura de sigilo destas operações e realizar seminários técnicos abertos à mídia e a população em geral no Auditório Arino Ramos.
 
E que fique claro, o repúdio a condutas ilegais e arbitrárias – e a busca firme e sem concessões da verdade e da fidelidade aos fatos – não é afronta; é dever de todo e qualquer cidadão consciente e responsável.
 
Também cobramos do Governo Federal iniciativas em defesa de nossas instituições públicas e dos procedimentos legais e democráticos. É assim que podemos colaborar para o engrandecimento de nosso País.
 
Essa colaboração, porém, também deve estar integrada à ação das autoridades e dos órgãos competentes de investigação. São todos, como o BNDES, instituições com agentes públicos que devem proceder com correção em suas atividades e no estrito cumprimento das leis brasileiras. 
 
No dia 12 de maio de 2017, que consideramos um marco em nossa história, reagimos com indignação e manifestamos nossa união e nosso orgulho em trabalhar pelo desenvolvimento econômico de nosso País. 
 
A mobilização precisa continuar. Estamos em estado de Assembleia Permanente, em vigília, para observar as ações e os desdobramentos do episódio da última sexta-feira, até que nossas legitimas preocupações sejam encaminhadas e resolvidas satisfatoriamente.
 
AFBNDES
Luis Nassif

14 Comentários

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  1. Em defesa do Brasil
    Funcionários públicos de carreira, de excelente reputação e domicílio certo sendo retirados de casa de madrugada apenas para propiciar mais um espetáculo macabro nos jornais matinais.
    Linchamentos e enforcamentos públicos sempre garantiram boa audiência e diversionismo face aos verdadeiros problemas sociais, para isso existiram o Coliseo e as fogueiras da Inquisição.
    Mas um país em que todos são culpados até que se prove o contrário vai de mau a pior. O Judiciário, a mídia e a Polícia Federal não respeitam mais nada e nem ninguém. Todo funcionário público hoje está exposto ao risco de virar bucha de canhão, assim como aconteceu no BNDES. Há que parar com os abusos, há que se respeitar os direitos, porque sem respeito não haverá futuro.

  2. Parei de ler

    Parei de ler quando começou o tro-lo-ló sobre corrupção.

    Já encheu.

    Essa gente acha que a condição sine qua non para ter qualquer posição sobre qualquer coisa de qualquer natureza ante qualquer acontecimento é proclamar ao universo que é contra a corrupção, que é a favor da Lava-jato etc. etc. etc…

    Dão a entender que o normal, o natural, o corriqueiro, o padrão é ser a favor da corrupção e contra operações que a venham combater.

    Só que a Lava-jato não combate, nunca combateu e jamais combaterá qualquer corrupção.

    É, sempre foi e para todo o sempre será uma operação política movida por um grupo com a intenção de aniquilar outro e assumir o poder.

    Só isso e nada mais.

  3. a) a condução coercitiva,

    a) a condução coercitiva, como acontecida, no caso dos funcionários do bndes, sim, configura crime por descumprimento de preceito legal;

    b) houvesse corregedorias na poliça federal e no judiciário (o cnj acabou, né dona Carmencita?) e esses crimes não aconteceriam, pois, na primeira vez, os juizites despropsitados seriam afastado a bem do serviço público;

    c) como os tribunais (ditos) superiores estão apoiando o GOLPE e a instalação do estado de exceção-merdiático (se borram de medo de sairem no jn sob aspectos negativos – teriam os rabos presos?), a situação piora a cada dia;

    d) se no ano passado conduziram um ex-presidente da república, sem qualquer culpa provada em qualquer cartório (ao contrário), agora, se acham fortalecidos para praticarem o crime a granel;

    e) mas, os funcionários se enganam redondamente em pensar conseguir o apoio e atitudes sérias dessa agora presidente-GOLPISTA do banco: ela foi posta lá – tal jabuti em árvore – para desmantelar qualquer ideia de desenvolvimento social.

    lastimável ter de conviver num país de merrecas

  4. São na realidade um bando de bundões coxinhas.

    Deveriam ter entrado em greve imediatamente, não fizeram porque acham que podem perder muita $$$$.

  5. Qual a posição que adotaram frente ao golpe?

    Uma única pergunta: em 12 de maio de 2016, onde estavam estes mesmos funcionários, sua associação, qual a posição que adotaram frente ao golpe?  

  6. Ditado mineiro

    “Pimenta no zói dos ôtro é refresco”. Impossível imaginar uma nata de coxinhas mais perfeita que funcionários do BNDES. Eles, assim como todos os paneleiros com camisas CBF, devem sempre ter vivido a ilusão de que o estado de exceção, a violência ditatorial, ficariam restritos à Malta vermelha dos petralhas e afins. Que choque, que perplexidade, que indignação ingênua e santa dos que tinham certeza que PF, Moro, mídia saberiam muito bem “com quem estavam falando” na hora e momento certos. Pois é amigos, bem-vindos ao golpe. E, se estiverem com tudo pronto para as próximas férias em Miami, rezem. Nunca se sabe quando um mandado de prisão vem por aí…

  7. Se engana quem pensa que a

    Se engana quem pensa que a ditadura do Judiciario jamais vai bater a nossa porta no famoso prende e arrebenta e depois pergunta o motivo…

  8. “Diante da injustiça, a

    “Diante da injustiça, a indignação tomou conta dos funcionários que, em resposta a arbitrariedade sofrida, desceram ao térreo, espontaneamente, em solidariedade e apoio aos colegas desrespeitados pela violência que lhes foi perpetrada e para manifestar o orgulho em ser benedense e defender a instituição em que trabalham.”

    Os golpistas os achacam, a empresa “Globo” os difama em praça pública, o Judiciário do golpe os prende (sabe aquela história que basta torturar um e deixar os outros assistirem à tortura?), e eles… desceram ao térreo?!

    Parece a firma “Band” criticando Dória por jogar uma flor no chão, a “Globo” denunciando que Temer alocou uma funcionária pública na função de camareira… hipocrisia pura.

    Vai ver os tais 37 presos eram os que protestavam contra o golpe, que achavam que o BNDES estava melhor sob governo democrático de Lula e Dilma. E aí os diretores atuais golpistas resolveram dar uma lição nesses funcionários, falaram com o juiz. E a associação fez essa cartinha de amor só para não dizer que não protestaram… “Desceram ao térreo”, é mole?

    Próxima encenação: com o aparato de propaganda golpista, a “Globo”, filmando, o juiz Ricardo Leite manda prender arbitrariamente policiais da PF que não estão alinhados com o golpe, os alinhados e os maria-vai-com-as-outras (“Preciso manter meu empreguinho, né?”) tiram seus distintivos e crachás do peito e os deixam em cima de suas mesas por 10 longos minutos em protesto. E cobram da diretoria da PF que chame o ministro da Justiça de bobo.

    1. “Desceram ao térreo”… estou

      “Desceram ao térreo”… estou inconformado. A tal associação teria feito bem melhor se tivesse se calado ou se fizesse uma carta à sociedade dizendo “bem feito!” pelos funcionários presos. Teria o mesmo efeito contra o golpe e não exporia tão nitidamente sua hipocrisia. Se bem que se fizesse isso os golpistas não teriam recebido o recado de que a associação está alinhada com o golpe, né?

      “Desceram ao térreo”… é mole?

  9. Eu ia escrever um comentário,

    mas ao ler os comentários já escritos aqui, acho desnecessário eu repetir. Mesmo assim vou dizer: bando de golpistas safados estão sentindo na pele.

  10. Em 2013 gritaram por mais

    Em 2013 gritaram por mais educação, saude. Em 2015 foram as ruas contra corrupção. Esqueceram que o que sofreram com Collor e FHC. Agora é tarde. 

     

  11. Ditadura é isso, começa

    Ditadura é isso, começa perseguindo os inimigos mas de vez em quando derruba avião próprio no tal fogo amigo. Para evitar isso é que democráticos de verdade devem condenar e exigir de todos que se cumpra a lei. A lei num país que se pretende democrático deve ser rigorosamente observada. Infelizmente os justiceiros trocloditas da MPF, da PF e do judiciário pouco sabem o que é isso!

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