O racismo dos seguranças de uma escola em Brasília, por Hony Riquison

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Foto: Tiago Zenero/PNUD Brasil

Por Hony Riquison, via Facebook

Era uma festa beneficente de uma escola dita progressista, que fica no Plano Piloto – a região central de Brasília.

A música estava ótima, eu dançava Criolo…

Até seis seguranças chegarem de forma agressiva, sem pedir licença nem dizer o que estava acontecendo, e ostensivamente mandarem que eu me calasse quando questionei o motivo da abordagem brusca.

Dois deles me revistaram. Encontraram em minha pochete dois celulares. Digitei a senha no meu e minha amiga no dela.

Tentamos dizer que esse era o pior método e que estávamos assustados. A única resposta era a ordem ríspida de que permanecêssemos em silêncio.

Ao fim da inspeção, como muitas pessoas observaram o acontecimento, um dos seguranças tentou se redimir com a seguinte frase: “Desculpe, senhor, mas você tem as características do bandido”.

Tentei dançar e esquecer, falando internamente que aquele procedimento era habitual e que não passava de um mal-entendido. Mas não funcionou. Fomos embora constrangidos e humilhados. Não havia mais diversão possível.

Buscar quem cometeu os furtos pela aparência é racismo. É absurdo. Uma demonstração escancarada de que mesmo aquele ambiente, dito alternativo, não é para todxs. 

O que aconteceu no espaço da Escola Vivendo e Aprendendo não pode ser tratado como normal. Os seguranças contratados pela escola para a festa nos diferenciaram do público branco predominante e colocaram o negro “no seu lugar”.

Em meu Facebook a escola pediu desculpas, disse que debate racismo manifestou intenção de um encontro – que ainda não foi marcado, porque informaram que me contatariam “no chat”, o que até agora não ocorreu – “para entender o caso e tomar as providências necessárias”. Aguardo.

Ontem registrei a ocorrência do crime na DECRIN – Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência, e espero que seja devidamente investigado. A impunidade só estimula que o racismo siga ocorrendo. Também tomarei outras providências judiciais. É isso que todas as vítimas de racismo devem fazer.

O mundo que queremos mudar não é formado por uma única classe, cor e por moradores do Plano Piloto.

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Redação

7 Comentários

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  1. Resolvi ler o “O Povo

    Resolvi ler o “O Povo Brasileiro” de Darcy Ribeiro, para ver se entendo um pouco as razões do nosso fracasso como nação justa e hamônica.

    Apesar de estar gostando (estou na metade) estou com aquela velha sensação de… Explica, mas não justifica.

  2. PqP .. escola de merda sô!

    Vão crucificar os seguranças. Como se eles não tivessem ordem de alguém para ir para cima e revistar …  Ódio de uma escola dessa e não destes seguranças, uns manézinhos da vida! Não deveria essa escola mudar de nome! Não fazem jus ao atual … 

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