Os encontros suspeitos de Temer, por Jeferson Miola

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Jeferson Miola

O presidente usurpador Michel Temer tem a estranha prática de reunir nas noites de sábados e domingos com os personagens mais controvertidos – para não dizer de outra forma – da política nacional.

No 28 de maio de 2016, um sábado, Temer antecipou o regresso a Brasília para se reunir às pressas com o ex-Advogado-Geral da União do FHC e atual presidente do TSE, o tucano Gilmar Mendes.

Oficialmente, disseram ter tratado sobre verbas para as eleições municipais. É difícil aceitar esta versão, porque naqueles dias haviam sido divulgadas as conversas gravadas de um dos principais operadores de corrupção do PMDB, Sérgio Machado, com os mais notáveis figurões do Partido que ele presidiu nos últimos 14 anos.

O surpreendente, naquela ocasião, não foi a publicidade das conversas de Machado com Romero Jucá, Renan Calheiros e José Sarney, mas o ocultamento de outras conversas também havidas – e sobram razões para se suspeitar que as gravações de Temer, que tratou de propina com Sérgio Machado na Base Aérea de Brasília, foram [e continuam sendo até hoje] bem guardadas. O encontro do Temer com Gilmar [1] pode ser a chave para se entender esta circunstância, que foi decisiva para a continuidade do golpe de Estado.

Hoje se ficou conhecendo o encontro secreto do presidente usurpador com seu sócio no golpe, Eduardo Cunha, ocorrido na noite do domingo passado, 26 de junho.

Michel Temer diz que “_fala com regularidade_” com Cunha, o que é, em si mesmo, um tremendo absurdo e evidência de uma convivência duvidosa com um réu-criminoso que um presidente legítimo jamais
poderia manter e que, todavia, é assimilável para um presidente usurpador.

Temer alega que na noite do domingo passado conversou sobre a conjuntura política _[sic] _com este notável réu-criminoso que está com o mandato parlamentar suspenso.

Foi noticiado que eles conversaram sobre a sucessão na Câmara dos Deputados _[sic]_. É útil recordar que Cunha, além do mandato suspenso, está proibido inclusive de freqüentar a Casa, quanto mais
tratar de assuntos da gestão institucional. 

O significado dessa proibição é análogo à proibição ao marido agressor se aproximar da ex-esposa: evitar que o criminoso continue perpetrando o crime. A despeito disso, Temer recebeu o réu-criminoso no
Palácio do Jaburu para tratar de assunto que aquele “bandido [2]”, como chama a imprensa internacional, está judicialmente proibido de tratar.

Fossem tempos diferentes, com uma imprensa honesta, um sistema político sério e respeitável, um sistema jurídico justo e isento, o golpe de Estado perpetrado através do _impeachment_ fraudulento da Presidente
Dilma jamais teria prosperado.

Como os tempos são outros, encontros suspeitos do presidente usurpador são apenas registros assépticos em espaços acanhados do noticiário feitos com atraso de dois dias.

E, assim, o golpe segue.

Links:
——
[1] http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Temer-e-Gilmar-se-unem-para-tentar-salvar-o-golpe/4/36198
[2] https://www.youtube.com/watch?v=fsvTb2HfZgI

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

10 Comentários

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  1. É inaceitável a conduta dos

    É inaceitável a conduta dos GOLPiSTAS, gente da pior espécie, reunindo na calada da noite, para tratar de verbas, sucessão. Inaceitável, um juiz, que escolhido por ter notório saber, representante, guardião das leis de um país, na calada da noite, conspirando, entregando o país.

  2. Hei dep. Silvio Costa. .
    Apareça lá na porta do Jaburu com Jean Willis, umas 22hs e peça para ser atendido pelo Golpista-mor.
    Ele disse que recebe todo mundo mesmo sem estar agendado…
    Caso ele te recuse, denuncie no plenário a discriminação!
    Rsrsrs..

  3. Esse Temer é….

    para mim, tão fraco em administração de um país, que precisa a toda hora se socorrer de alguém. E o pior é que ele sempre escolhe os “piores” para aconselhá-lo.

    Acredito que todo este desmonte que ele está a fazer, saiu da cabecinha de quem? de quem? dele mesmo, o Supremo Senador da República dos EUA, José Serra e do Ilmo e Egrégio Ministro do STF pelo PSDB, Gilmar Dantas, ops Neves, ops Mendes.

    Quanto a ele , Temer, só sabe mesmo é conchavar, coisa que a Presidente Dilma não sabe fazer e por isto vai cair.

  4. diga-me com quem andas ….

    que te direi quem és.  

    O “interino golpista” anda com um Sr que enriqueceu ilicitamente, levou a corrupção sistemica para dentro da casa do povo, mentiu que  não tinha dinheiro no exterior, barganhou a democracia e o voto de 54 milhões de brasileiros, etc, etc, etc.  Quem será este “interino” ???

  5. O brasileiro é realmente um babaca!

    A imprensa adestradora da população idiotificada, que acredita na Globo com uma fidelidade canina, dá a notícia com a mais desconstrangida naturalidade sobre esses encontros que, na verdade, são escandalosos, intoleráveis!

    Cadê o resto das gravações de Sergio Machado? Disseram que era mais uma hora e meia(?)

    Cadê a gravação da conversa com Temer na Base Aérea?

    O brasileiro é realmente um babaca!

    1. sendo o golpe que tivemos…

      sendo o Temer que, ao que parece, só atende,

      arruinado por si mesmo não cabe, só por outros mesmo

      será que nem foi vice por si mesmo? ah! como podem ser reveladores os encontros inevitáveis

  6. Por trás disso

    Reunião entre eles só pode ser para negociar. Cunha quer proteção para não ser casado pelo plenário (ou antes, se conseguir enrolar na CCJ da câmara). Temer quer apoio do Cunha para aprovar as suas pautas conservadoras no Congresso.

    Unidos momentaneamente pelo interesse e, fisicamente, há alguns anos, unidos pelo rabo preso.

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