Os professores no Rio e a disputa pelo projeto de educação pública no Brasil

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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A repressão aos professores no Rio escancara a disputa pelo projeto de educação pública no Brasil

Foto: Coletivo Carranca

O conflito entre professores e prefeitura do Rio envolve muito mais do que uma questão local. Observa-se atualmente a transmutação do autoritarismo com que o prefeito Paes sempre tratou a categoria de professores em violência discursiva e policial. Por quê? Não há uma única resposta para a questão, mas alguns fatores saltam aos olhos para aqueles que têm algum conhecimento do cenário da educação pública na sociedade brasileira na atualidade.

O primeiro ponto que destacaria se refere à postura das organizações Globo frente ao conflito. Sua cobertura jornalística apresentou informações, em várias ocasiões, sem o menor tratamento e rigor ético num sentido de estigmatizar a campanha dos professores e de defender a prefeitura. De um lado, apresentava dados distorcidos, entrevistas capciosas e editoriais que colocam os professores como dinossauros ignorantes, avermelhados e corporativistas; de outro defendiam o projeto de meritocracia, responsabilização e privatização que Paes e Costin implementam de maneira extremamente autoritária como a modernidade que pode salvar a educação do país. Trata-se de uma estratégia desonesta de desqualificar o discurso de todos aqueles (inclusive uma minoria de dinossauros avermelhados) que simplesmente discordam que o caminho que a prefeitura tem copiado do modelo americano seja o melhor para a nossa realidade – aliás, pesquisas mostram que não obteve melhora da qualidade nem por lá.

 

Também vale ressaltar que este é apenas um modelo estadunidense, que não é o único, muito menos a melhor via para se alcançar a universalização da qualidade da escola pública brasileira. A grande maioria dos países bem colocados nas provas internacionais não reza essa cartilha – a famosa Finlândia, primeira nestes testes, prega o princípio oposto. Talvez, este seja um bom modelo para as empresas, mas não necessariamente para a maioria da população que usufrui o serviço.

Esta cartilha vem sendo implementada com maior ou menor intensidade nas redes que cobrem as três principais cidades do país. Tanto nos “States”, quanto aqui, recebe grande apoio de grandes entidades empresariais, que em troca são presenteadas com uma série desonerações e verbas estatais para gerir redes, escolas, criar programas de capacitação de professores, projetos especiais para alunos com problemas, etc. Funcionam mais ou menos como certa lógica presente nas indústrias farmacêuticas que priorizam a venda de remédios que atacam os efeitos e o amenizam momentaneamente. Como as causas mais profundas persistem, garantem assim uma enorme reserva de mercado.

Pois bem, as Organizações Globo ocupam um papel central em uma destas organizações empresariais[1] que pretendem abocanhar cada vez mais verbas da educação pública, pois além da parte de divulgação das propostas, tem interesse direto na venda de produtos e serviços para o poder público. Como a maioria da população nem faz ideia desta discussão, as organizações de professores representam o grande entrave deste projeto de mercantilização da educação pública. Por isso a enorme campanha de desqualificação da classe. Sem corporativismos, é claro que dentro de uma categoria profissional enorme há professores mal preparados, radicalismos, mau-caratismos etc. – o que também ocorre entre advogados, médicos e engenheiros. O que vemos hoje é o mesmo que culpar exclusivamente os advogados pelos problemas da justiça brasileira – um absurdo total. Mas, uma diferença está no peso que se dá às opiniões das entidades que representam as duas categorias.

Como grande vitrine que é, a prefeitura do Rio vem fazendo absolutamente de tudo para passar uma imagem de êxito deste projeto de educação. Por exemplo, dá um golpe imoral para aumentar as notas na avaliação federal. Com o apoio de uma dessas fundações empresariais, criou turmas de aceleração para os alunos com maiores déficits de aprendizagem. Nessas turmas, o professor licenciado tem que dar todas as disciplinas do programa. Esses alunos com mais dificuldades são excluídos das turmas que fazem as avaliações nacionais e assim a nota da rede sobe e o prefeito faz propaganda de sua eficiente gestão. Alunos que deveriam ter atenção mais especializada são atendidos por um professor que não fora devidamente qualificado e são jogados as pressas para fora do sistema. Esse é um ótimo exemplo da lógica que guia o projeto de educação ao qual os professores do Rio e de tantas outras cidades do Brasil se contrapõem.

Outro exemplo do autoritarismo e da má fé da prefeitura está no debate sobre o plano de carreira. Os professores tinham saído da greve devido à promessa de estabelecimento de um grupo de trabalho para negociar o PCCS. Dias depois são surpreendidos com uma sórdida manobra em que o prefeito se encontra com os vereadores aliados (os mesmos que inviabilizaram a CPI dos ônibus) e encaminha uma proposta de plano com emendas que iriam à votação sem apreciação da categoria docente e da oposição legislativa. Como classificar este procedimento?

E pior, o PCCR encaminhado é na verdade a mais autoritária das formas de implemanteção do projeto da prefeitura. Oficializa a ilegalidade dos professores generalistas, restringe os ganhos reais aos 7% de professores 40h e retira os direitos dos demais. Em editorial, o Globo afirma: “há o correto interesse em estimular a jornada de 40 horas por semana, porque, em obediência a decreto municipal, o turno único estará em vigor em toda a rede até 2020 — considerado o melhor pelos pedagogos”. Fala o óbvio, distorce as intenções. Os professores sabem que este regime é o melhor para o sistema de ensino. Maquiavélico é se aproveitar de uma demanda gerada pelos docentes e retirar direitos da maioria para que estes sejam “forçados” a migrar de regime. Não é assim que deve ocorrer numa democracia – princípio que os governantes do Rio parecem desconhecer.

Cabe ressaltar aqui o papel da secretária Costin. Antes de assumir o cargo, trabalhou no Banco Mundial, em fundações empresariais para promover a “qualidade da educação” e foi a secretária de educação que implementou a mesma política em São Paulo. Em editorial da semana passada, o Globo disse:

“É preciso que a categoria de professores tenha uma visão mais ampla do que se passa hoje no Brasil — o que não serve de justificativa a baixas remunerações. Como o “bônus demográfico” — população jovem proporcionalmente maior —já está sendo resgatado, há um prazo fixo para o salto no desenvolvimento (mais 15 a 20 anos), a ser determinado pela instrução. Se a missão de se qualificar esta e a próxima geração não for cumprida, a ideia do “país do futuro” será passado”.

O que foi omitido é que desde os anos 1990, as políticas educacionais brasileiras vêm sendo predominantemente influenciadas pelas modas neoliberais enunciadas pelo Banco Mundial e pelos grupos empresariais internacionais – as quais os nossos adoram copiar. A política de educação que Paes e Costin implementam no Rio é só a última moda. Essas políticas vêm sendo questionadas internacionalmente por inúmeras pesquisas há 20 anos, sem apresentar ganhos concretos. Neste período, os professores tiveram pouca influência nas políticas de educação, ao contrário dos grupos empresariais e organizações internacionais. E, justamente, por ter essa visão mais ampla, os professores se levantam. Os professores do Rio foram os primeiros a se levantarem mais radicalmente contra esse tipo de política. As manobras rasteiras para aprovar o PCCS sem discussão democrática e a repressão violenta sobre os docentes indicam o que está em jogo.

Guilherme de Alcantara – Professor da rede pública.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

24 Comentários

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  1. O sistema educacional público

    O sistema educacional público deveria ter salários atraentes e estrutura, para que a carreira de professor não continuasse formada basicamente pelos que não tiveram competência para ocupar postos de trabalho com melhor remuneração.

    Em troca dos salários maiores e melhores condições de trabalho estabelecer avaliação por mérito para permanecer na função. Reverter esta situção, atualmente o futuro do Brasil está nas mãos da “sobra”.

    1. Efeitos da antisseleçao ocorrida só serao corrigidos em décadas

      Houve um processo de antisseleçao de professores, por causa dos salários aviltantes e das péssimas condiçoes de trabalho. Hoje (e já há bstante tempo) os alunos com melhor escolaridade anterior nao escolhem o magistério como profissao, seria masoquismo fazer uma faculdade para ganhar menos que uma vendedora de shopping e com muito mais estresse. Com isso realmente há um problema na formaçao dos professores, e que é uma questao de bagagem cultural, algo que nao se sana com cursos de formaçao.

      Em Português, especialmente (é do que posso falar por experiência, sou professora de futuros professores), temos alunos que escolhem a disciplina, e que nunca tiveram o hábito de ler antes da faculdade… Têm a maior dificuldade de entender textos teóricos, dificuldades de redaçao enormes. Como saberao despertar o interesse dos alunos pela leitura e ajudá-los a melhorar a redaçao deles? Simplesmente nao têm como, mesmo que se esforcem, nao podem dar o que eles mesmos nao têm. Nao é o tipo de problema que cursos de formaçao possam resolver. 

      A coisa está tao séria que, quando a Univ. da Paraíba resolveu criar um campus na penitenciária estadual, ofereceu sobretudo cursos de licenciatura. Bom, talvez ex-presidiários, com dificuldade de encontrar emprego, aceitem ser professores… Serao os candidatos ideais, sem dúvida (ironia on, claro).

      Isso só vai se resolver tornando a profissao atraente novamente para pessoas com melhor escolaridade básica, mas isso demora tempo para dar resultados. Primeiro o tempo das pessoas acreditarem novamente; depois o delas se formarem.  

  2. Algumas retificações

    Pois bem, as Organizações Globo ocupam um papel central em uma destas organizações empresariais[1]

    Guilherme,

    Belo artigo, apenas algumas retificações.

    Gostaria de saber a qual organização empresarial a Globo está ligada. O link  [1] aparece como página não encontrada.

    A Claudia Costin foi Secretária da Cultura em São Paulo, e não da Educação. O grupo da qual foi vice presidente executiva, a Fundação Victor Civita: Através de suas publicações, a Fundação tem forte influência na educação de São Paulo há algumas décadas. É a velha história, que se repete em outros setores, de “Fundações sem fins lucrativos” mantidos por um grupo que agrega Editoras, Sistemas de Ensino, Colégios, Cursos Preparatórios e Ensino de Idiomas… Fico pasmo com o “exercício de cidadania”  e o “desprendimento”destas instituições!

    Recentemente Claudia Costin foi alvo de protesto, através de abaixo assinado, em razão da sua indicação para Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC). Há uma boa reportagem no Viomundo sobre o assunto aqui.

     

     

    1. “Fundações sem fins lucrativos”

      Trata-se do esporte favorito das classes dominantes do Brasil (e no mundo), Gilberto: assaltar cofres publicos. Eles não estão preocupados em melhorar a educação do povo, a ideia é arrumar a melhor forma de praticar o assalto. Em certos paises existe um certo pudor, alguma preocupação em melhorar o ambiente do lugar que habitam, por isso certas atividades são preservadas, mas por aqui rouba-se até merenda escolar, remédio de doentes, chapéu de cego e assim por adiante. Roubam a saude dos velhos e o futuro das crianças, fazem isto mantendo a aparência de “exercício de cidadania”, na maior cara de pau.

      1. Gozando de isenções

        Então Almeida,

        E gozando de isenção fiscal, afinal são entidades “sem fins lucrativos”.  Imagine se fossem.

        É o chamado ataque em duas frentes.

  3. > Por exemplo, dá um golpe

    > Por exemplo, dá um golpe imoral para aumentar as notas na avaliação federal.
    > Com o apoio de uma dessas fundações empresariais, criou turmas de aceleração
    > para os alunos com maiores déficits de aprendizagem. Nessas turmas, o professor
    > licenciado tem que dar todas as disciplinas do programa. Esses alunos com mais
    > dificuldades são excluídos das turmas que fazem as avaliações nacionais e assim
    > a nota da rede sobe e o prefeito faz propaganda de sua eficiente gestão.

    Esta é uma acusação grave.

    Duas perguntas:

    1) a avaliação dos alunos da rede pública realmente melhora?

    2) qual o desempenho dos alunos transferidos para as fundações empresariais?

    Se o desempenho dos alunos da rede pública for melhor e os alunos transferidos conseguirem corrigir o déficit educacional, qual o problema???

    Gostaria de ter essas duas respostas antes de poder formar minha opinião.

     

    1. Foo, vc nao prestou atençao ao q o comentário respondido diz

      Sobre isso nao tenho fontes eu mesma, mas, a valer o dito no comentário a que você responde, esses alunos simplesmente saem de cena quanto a avaliaçoes (que de qualquer modo sao terríveis, e nao provam nada; tenho uma ex-orientanda que fez dissertaçao sobre a Prova Brasil e seus equívocos). Apenas os que nao têm maiores problemas entram na conta… E estao submetidos a classes com professores únicos, ou seja, sem licença para ensinar todas as disciplinas que ensinam. É o fim da picada. 

    1. E não a nada como manipular

      Esse vídeo é um depoimento de Lula para a campanha de reeleição do Cabral em 2010.

      Muita coisa se passou, muita água por baixo da ponte.

      Colocar esse tipo de argumento em uma questão séria é puara manipulação, mero proselitismo político, vou mais fundo: má fé política

  4. A educação básica, nos moldes

    A educação básica, nos moldes em que construída, não tem jeito. Da parte de governadores e prefeitos, não existe vontade política, competência, e muito menos recursos para melhorar o ensino.

    Ensino fundamental e médio deveria se tornar política de Estado, e ser priorizada tanto quanto superávit primário, crescimento do PIB, valor do SM, cotação do real, e por aí vai. Ou seja, deveria ser transferido para a órbita federal.

    A Constituição de 88 construiu uma situação curiosa: o fillet mignon da grana e dos recursos todos foram para a União, enquanto Estados-membros e Municípios – a maioria deles de pires na mão – receberam os dois serviços públicos mais importantes: assistência a saúde e educação básica.

    Não me espanta que ambos necessitem de reparo urgente.

    O Cristóvam Buarque tem um projeto muito interessante, de federalizar a carreira de Professor do ensino básico, com inicial de R$ 10.000,00 e plano de carreira atraente.

    A União, neste ponto, deveria estar presente também para equipar melhor os colégios, e estabelecer um plano de metas e gestão que ela controlaria com rigor, igual faz com o PAC ou outro programa governamental.

    Os melhores quadros, indubitavelmente, estão no governo federal. Que tipo de política educacional, mesmo que recursos sejam injetados, montará um Secretário de Educação de uma cidade interiorana, indicado pela proximidade com o coronelismo local? 

    É muito descaso com o que deveria ser prioridade no nosso país, e convenhamos: tudo o que é prioridade o constituinte colocou na órbita da União.

    Com o Brasil chegando ao pleno de emprego, e a necessidade cada vez mais preemente de mão-de-obra qualificada como médicos, engenheiros, técnicos de TI, e por aí vai, como é que chegaremos neste ponto com o ensino público no estado de calamidade? 

    1. Fazer projetos irrealistas é o modo mais certo de nao obter nada

      Arthur, nem professores universitários com doutorado e DE ganham 10.000 de salário inicial, e sao em número muito menor do que os professores dos níveis anteriores. Sou uma das maiores defensoras da melhoria dos salários — E DAS CONDIÇOES DE TRABALHO — dos professores da rede do Fundamental e Médio, mas fazer demandas impossíveis de atender nao os ajuda em nada, é pura demagogia. Se fosse conseguido para todos os professores os níveis salariais  E CONDIÇOES DE TRABALHO de que gozam os professores dos colégios federais já seria uma boa melhoria, e melhor ainda se o salário fosse 50% maior. Mais do que isso é impossível. 

       

      Além do mais, o tema deste tópico nem é esse, e sim a mercantilizaçao do ensino, a venda de “métodos” apenas para dar dinheiro a organizaçoes privadas. Sei que em alfabetizaçao algumas turmas do município estao usando o método Alfa be Beto, que é um retrocesso enorme, e sem respeito à autonomia dos professores. Tb sei que estao sendo usados, para as aulas de inglês, livros elaborados pela Cultura Inglesa, que até sao bons, ao que parece, mas representam um enorme gasto desnecessário do município, já que os professores podem escolher livros que sao distribuídos gratuitamente nas escolas pelo governo federal. 

      1. É realmente irrealista este

        É realmente irrealista este projeto?

        A maioria esmagadora dos Estados-membros e Municípios não têm dinheiro para pagar salários decentes a Professores.

        Alguns, não dão conta nem das contas de luz da Prefeitura, imagine estabelecer uma carreira de Professor que atraia bons quadros?

        Se até em Estados ricos, como SP e RJ, o estado é de abandono, o que se dirá dos recantos mais pobres do país? 

        Já no âmbito federal, vemos muita carreira que só requer ensino médio e com salários iniciais de R$ 4, R$ 5 mil.

        É muito mais do que ganham a maioria esmagadora dos Professores de ensino básico.

        E este é o ponto. 

        OK, não vamos estabelecer R$ 10.000,00 de salário. Vamos colocar o inicial em R$ 4.500,00, com um bom plano de carreira pela frente, e com a União aplicando recursos nas estruturas materiais de trabalho.

        Isto não seria o quadro ideal, pois ainda teríamos bons quadros preferindo outros concursos que pagam mais. Mas é certo que o nível dos Professores melhoraria muito em relação ao quadro atual.

         

      2. Não concordo que seja irreal.

        Não concordo que seja irreal. Acho a idéia ótima.

        Seria uma CORREÇÃO orçamentária política. 

        Não é impossível de ser realizado mas considero impossível de ser implementado por falta de vontade política.

         

        Mas concordo com o inicial de 10k! É assim que se prioriza. Comece pelo salário!

        Pelo fim das pessoas que atuam no ensino porque tem “amor” a atividade.

        Queremos ver pessoas ambiciosas no setor, gente com as melhores notas e não aqueles…

  5.  As verbas ( bilionárias ) do

     As verbas ( bilionárias ) do Fundeb no Rio estão sendo “surrupiadas” por uma infinidade de projetos, todos implantados por OS.  O mais caro ( disparado ) de todos atende pelo pomposo nome de Autonomia Carioca, produzidos e implantados pela Fundação Roberto Marinho. A Globo, atravéz dessa malfadada FRM, assalta o dinheiro da Educação do Rio, isento de qualquer tributação. Pior do que isso ?  Esse assalto é direcionado à todas Prefeituras e Estados brasileiros. Pior do que isso ? O projeto é uma merda, não serve pra nada. Pior do que isso ? Os projetos da FRM não são exclusividade da Educação. 

  6. projeto

    Existe no artigo uma omissão um tanto desconcertante: não há nenhuma referência ao nosso ministro da educação. Até parece que o assunto não lhe diz respeito.

    A Globo é o Diabo, mas não é culpada por nossa indigência educacional.

    Projeto de educação?!

    Que diabo será isso?

    A última ditadura no Brasil durou 20 anos; a gestão petista já dura 11 anos.

    Não era tempo suficiente para apresentar algum projeto?

    1. Muito amigo da Costin

      O nosso ministro da Educação é muito amigo da Claudia Costin.

      Convidou-a para a Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC).

      Não fosse a reação contrária de alguns…

  7.       Além de todas essas

          Além de todas essas questões, o pior é a omissão da Dilma nesta questão. Se ela pensa que é apenas uma questão local que não tem nada a ver com o seu governo, está totalmente errada. 2014 tem eleições e Copa, aí eu quero ver. O prefeito e o governador estão plantando um ano muito turbulento, com potencial para atingir fortemente a presidenta.

     

     

     

     

  8. A coisa passa sobretudo pela venda de “métodos”

    Que sao enfiados goela abaixo dos professores, desrespeitando a autonomia didática deles, que é um direito. No caso da alfabetizaçao, um desses métodos é o método Alfa e Beto, que é um retrocesso total (há várias análises de educadores e de linguistas quanto a isso, eu mesma tenho artigos a esse respeito; o método é um horror). No caso da disciplina Inglês, parece que os livros, feitos pela Cultura Inglesa, sao bons, mas representam gasto desnecessário, pois vêm em substituiçao dos livros distribuídos pelo governo federal, que sao muitos, e que os professores podem escolher. Além disso os tais livros estao sendo comprados todos os anos, e nao reutilizados. 

  9. Eu juro que ainda não entendi

    Eu juro que ainda não entendi exatamente qual é o grande problema do PCCR que foi aprovado ontem. E não foi por causa de falta de interesse, porque eu li o projeto de lei que foi aprovado, o projeto alternativo apresentado pelo SEPE, os boletins, panfletos e banners do sindicato convocando para as manifestações, assisti a entrevista via web do Paes, etc.

    O que mais me salta aos olhos é a total ausência de jornalismo, no sentido de que não há apuração de fatos, somente a repetição dos press-releases de ambas as partes, sem questionamento crítico do que é afirmado por parte das pessoas (jornalistas ou não) que estão cobrindo o assunto.

    Por exemplo, no artigo acima diz : 

    “E pior, o PCCR encaminhado é na verdade a mais autoritária das formas de implemanteção do projeto da prefeitura. Oficializa a ilegalidade dos professores generalistas, restringe os ganhos reais aos 7% de professores 40h e retira os direitos dos demais. ” Aí eu, que não sou jornalista nem nada, vou lá no projeto de lei aprovado, e descubro que o Art. 40 diz o seguinte:

    “Será aplicado o percentual de oito porcento sobre os vencimentos dos funcionários do Quadro de Pessoal da SME vigentes na data desta Lei”

    Ou seja, todos os servidores da secretaria de educação ganharam um aumento de 8%. Diz o press-release da câmara que este aumento é em cima dos 6,75% de aumento que já havia sido concedido, mas eu realmente não tive como conferir este ponto porque o texto aprovado não foi publicado ainda. De qualquer forma, a inflação acumulada por qualquer índice que voce escolha foi inferior aos 8% que estão sendo concedidos, ou seja, o PCCR garante ganho real para todos os servidores, e não só para os 7% que são P2 40 horas. 

    É verdade que os 7% dos P2 40 horas terão um aumento significativamente superior aos demais professores: 44%. Entretanto, dizer que os demais professores não terão absolutamente nenhum ganho real simplesmente não é verdade. Ou o autor desconhece a legislação que está sendo discutida, ou ele optou por distorçer a informação para reforçar o seu ponto. E cadê o jornalista para informar ao leitor sobre esta discrepância?

    Tinha um artigo do oglobo.globo.com ontem que dizia na manchete algo como “Entenda a polêmica sobre o plano de cargos dos professores”. O artigo era basicamente uma lista extremamente pequena de tópicos, cada tópico contendo uma declaração de um representante do sindicato e outra da Secretária Costin, sem nenhuma crítica por parte do jornalista sobre o conteudo ou veracidade das declarações dadas, nenhuma entrevista ou análise de um especialista da área ou com alguma parte neutra, nada. Basicamente um “he-said-she-said”. Jornalismo que é bom, nada.

    Aí é foda de formar opinião.

  10. Claudia Costin, jagunça high-tech do Deus Mercado

    Claudia Costin é uma jagunça high-tech do Deus Mercado. Segundo abaixo-assinado de professores, pesquisadores, estudantes e entidades representativas contra a sua nomeação para a Secretaria de Educação Básica do MEC “Costin faz parte de um grupo de intelectuais que seguem a férrea doutrina do mercado, onde tudo vira capital, inclusive as pessoas. Não mais educação básica, direito social e subjetivo, mas escola fábrica de capital humano. Esta visão bastarda de educação objetiva apagar qualquer senso crítico dos alunos. Trata-se de transformar a ação humana em repetições rançosas de papéis pré-fabricados, reduzindo os homens a indivíduos médios, reproduções de tipos ideais que incorporam todos os traços e qualidades de que se nutrem as comunidades ilusórias. A privatização do ensino público, a fragmentação do trabalho docente, a perda da autonomia dos professores, a submissão estrita aos cânones neoliberais têm sido implementados por Cláudia Costin à frente da Secretaria Municipal da Educação na cidade do Rio de Janeiro. Não por caso, quando Ministra da Administração Federal e Reforma do Estado no governo FHC, foi uma das responsáveis pela idealização e implementação do desmonte do Estado, incluindo-se aí as privatizações ou a venda do país e a quebra da estabilidade dos servidores públicos.”

  11. A grana do pre-sal no bolso das

    O triste disso tudo é que com a Educação nas mãos das prefeituras e Estados, quando deveria estar nas mãos dos educadores,a grana do pré-sal vai tudo pra turma de energúmenos neo-liberais. Os senhores de “colégiões” universitários estão abrindo o leque. Podem até formar técnicos e engenheiros profissionais, mão de obra para as indústrias, mas porem sem o mínimo de discernimento social e político. Uma fábrica de máquinas. E não adianta cobrar do governo federal uma competência constitucional dos estados. O govFederal esta tendo dificuldades de assumir até mesmo a folha de pagamento, coisa que beneficia estados e municípios, de médicos. Imagine intervir na educação? Na “pasta” Educação? Na GRANA da Educação? O coro come!

    Culpa. A culpa é dos próprios professores que não dialoga com a comunidade.  Não prestam pra nada, a não ser latir por salários. Estão no campo de batalha diariamente e não elucidam, não debatem os problemas educacionais nem mesmo com os próprios alunos. Professores de SP, por exemplo, me envergonham!  Enquanto não houver um diálogo dos professores com os pais de alunos. Um trabalho contínuo, nunca seremos 30% de uma Finlândia. País que quem manda na educação é o sindicato. 100% da categoria é associada. Se não mudar a percepção dos educadores, estamos ferrados.

  12. Estamos na mesma trincheira.

    Guilherme o seu texto diz o que tem que ser dito. Trabalho na Rede Estadual de SP e na Rede Municipal da Capital paulista. São 20 anos de gestão PSDB que colocou a educação num poço que não tem fundo: Estado mínimo para o povo e máximo para os amigos, vide o trensalão que não nos deixa mentir. Na capital o governo Hadadd irá implementar uma reforma curricular que tem como centralidade a reprovação do aluno, a proposta de ciclo que nunca foi implementada será enterrada de vez com uma pá de cal por cima. Não existe um debate efetivo das questões que envolvem o processo ensino/aprendizagem, pois o que impera é a ótica da economia, da reduçao de custos e assim vai a mesma cantinela de sempre.  Uma educação que promova a atualização histórico-cultural do homem, deixemos para último plano pois o que interessa é almas para o deus mercado. Participei em uma reunião de RE do SINPEEM em que debatemos os fatos ocorridos com os professores do Rio e formalizamos o nosso apoio a luta que não é apenas de vocês, mas de todos os professores do Brasil.

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