Para analistas políticos, Marina não vai transferir votos para Eduardo Campos

Jornal GGN – O ex-governador de Pernambuco e candidato à Presidência da República pelo PSB, Eduardo Campos, espera por uma herança que não existe quando se trata da união com a ex-senadora Marina Silva. A também ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula se aliou a Campos quando não conseguiu criar, junto ao TSE, o seu partido, a Rede Sustentabilidade. Analistas políticos afirmam, contudo, que a união também juntou as deficiências da dupla.

Grande surpresa da eleição, dobradinha Campos-Marina ainda não decolou

Por Jeferson Ribeiro e Maria Carolina Marcello

BRASÍLIA (Reuters) – Apontada como a grande surpresa eleitoral, capaz de quebrar a polarização entre PT e PSDB neste ano, a chapa presidencial do PSB com Eduardo Campos e Marina Silva ainda não mostrou a musculatura política esperada e, nas pesquisas recentes, Campos não chega aos 10 por cento das intenções de voto.

Na campanha socialista, porém, não há decepção com os resultados da união entre Campos e Marina. A aposta é que a partir de agosto, com a aparição mais frequente nos telejornais e com o horário eleitoral gratuito, será possível dar a arrancada esperada.

Enquanto isso, o PSB também estuda pedir à Justiça Eleitoral que obrigue os institutos de pesquisa a citar os nomes dos candidatos a presidente e a vice das chapas nos levantamentos.

Pesquisas internas dos socialistas apontam que, quando as pessoas tomam conhecimento de que Campos e Marina estão juntos, a intenção de votos da chapa sobe para 18 por cento, em algumas regiões até 20 por cento.

Antes de se associar a Marina, Campos tinha entre 3 e 4 por cento das intenções de voto. Com a aliança, esse apoio chegou a 13 por cento em alguns levantamentos neste ano, mas nas pesquisas da semana passada a intenção de voto ficou entre 8 e 9 por cento.

Na avaliação de cientistas políticos, no entanto, esse não é o único obstáculo para um avanço maior da chapa socialista.

“No fim, eles somaram deficiências e não vantagens. Na época (do anúncio da união) eu já achava que a Marina não iria transferir intenções de votos para o Eduardo Campos”, avaliou o cientista político Benedito Tadeu Cesar, do Instituto de Pesquisas e Projetos Sociais (Inpro). Ele argumenta que apenas em disputas locais essa transferência é mais provável.

Campos, que foi ministro do governo Lula e era aliado de Dilma, ganhou o apoio inesperado de Marina para a disputa presidencial em outubro do ano passado, quando a ex-senadora não conseguiu o registro do seu partido Rede Sustentabilidade no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e decidiu se filiar ao PSB. Desde então, os dois têm feito inúmeros eventos juntos e indicado que estariam lado a lado na disputa.

O professor David Fleischer, da Universidade de Brasília, também não acredita que essa arrancada ainda possa ocorrer.

“A esperança era que a Marina ia levar os 20 milhões de votos que ela recebeu em 2010 para o Campos. Mas, aparentemente isso não vai acontecer”, disse Fleischer à Reuters.

Fleischer avalia que o ex-governador de Pernambuco espera por uma herança que não existe.

“O que o Eduardo Campos esperava era a herança dos 20 milhões de votos. Mas esses 20 milhões eram de quem não queria votar no (José) Serra e na Dilma”, argumentou.

Em 2010 quando concorreu à Presidência pelo PV, a ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula teve cerca de 20 milhões de votos no primeiro turno. Apesar disso, as pesquisas não detectaram essas intenções de votos para Marina até a última semana antes da eleição.

O fato de terem propostas conflitantes em algumas áreas também foi apontado por Benedito Tadeu Cesar como um complicador nessa dobradinha. “Campos tentou se aproximar do agronegócio e do segmento empresarial, que não tem relação com meio ambiente e o discurso tradicional da Marina, que também vetou acordos eleitorais”, argumentou.

POUCO CONHECIDO

Os socialistas acreditam que a abertura de comitês populares como as “casas de Eduardo e Marina”, em que os eleitores cedem sua casa espontaneamente para distribuir material de campanha dos candidatos, e alguns comitês em parcerias com candidatos a governador funcionarão como motor para a arrancada da campanha socialista.

“Há uma falsa sensação de imobilismo”, disse à Reuters uma fonte da campanha sob condição de anonimato.

O ex-deputado federal Walter Feldman, que compõem a cúpula da campanha socialista e é mais ligado a Marina, disse em nome da Rede Sustentabilidade que serão milhares de comitês populares espalhados pelo país.

“É o eleitor se manifestando do seu jeito, no seu modelo, nas suas características, e não no modelo oficial das campanhas convencionais”, disse.

Um dia após fazer uma caminhada com Marina por Belo Horizonte, Feldman disse à Reuters que as pessoas ainda não sabem quem está concorrendo à Presidência.

“As pessoas não sabem de nada (ainda). Desconhecem o Eduardo. Uma grande parcela da população. Hoje, eu acho que mais de 50 por cento desconhece o Eduardo”, argumentou.

“Nós achamos que quando conhecerem o Eduardo, e souberem que a Marina é candidata a vice dele, isso deve impulsionar a candidatura bastante. Nós achamos que pode ir a 18, 20 por cento, isso pode chegar até a 30 por cento”, afirmou Feldman, otimista.

Um dos estrategistas da campanha do PSB revelou que um levantamento interno da semana passada mostrou que 75 por cento dos eleitores não sabem que Marina é vice de Campos.

Mas haverá dificuldades para superar esse desconhecimento rapidamente, já que os socialistas terão apenas 1 minuto e 49 segundos na propaganda eleitoral gratuita. E a tendência é que sejam realizados poucos debates entre os candidatos no primeiro turno da eleição.

O coordenador-geral da campanha, Carlos Siqueira, disse que é cedo para escrever a sentença da candidatura socialista.

“A campanha está iniciando agora. Nós não podemos ter, digamos assim, conclusões precipitadas, dizer que não rendeu, que não cresceu”, argumentou.

Para os cientistas políticos, porém, só uma reviravolta pode mudar o atual quadro. “Tirando algo imprevisível, que atinja a Dilma ou o Aécio, dificilmente haverá mudança”, avaliou Cesar.

“Somente em 1994, quando o Lula estava muito à frente do Fernando Henrique e teve o Plano Real é que houve uma grande virada. Depois disso, o fenômeno nunca se repetiu”, lembrou Fleischer.

“Mas a esperança é a última que morre”, concluiu o professor.

Redação

14 Comentários

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  1. partido socialista…….rsrsrs

    chamar este partido de socialista,  hoje sob a batuta de Eduardo traira Campos, é fazer chorar, ou rir…………

    Francisco Julião, Otavio Mangabeira, Miguel Arraes devem estar se revirando em seus túmulos.

  2. Fui um dos que vibrei com a candidatura Eduardo Campos

    Uma excelente oportunidade para o PT, que seria obrigado a sair de sua zona de conforto, depois da trapalhada petista nas eleições municipais de Recife (2012) em que a militância queria um candidato mas a cúpula do PT desrespeitou impondo seu candidato, o que levou muitos petistas a votarem no PSB (dando uma surra nos arrogantes do PT).

    O que não se esperava era Eduardo aderir totalmente ao discurso hegemônico, se vender tão facilmente, isso acabou com suas chances (nem a Marina salva), para falar a esse segmento mais conservador já tem o Aécio.

    O PSB tinha perspectivas de eleger 50 deputados federais, com a falta de discurso alternativo na disputa presidencial vai manter os atuais 36 parlamentares, a boa notícia para os “socialistas” é que vão crescer no Senado.

  3. Pastor Clodoaldo

    Vamos lá:

    1. Se o PSDB não mandou o Aero Neves passear, é porque vai com ele pro que der e vier. Vai correr riscos desencessáris em SP e MG, mas vai com o que tem. O partido fica com os seus votos e mais os votos do Anti petista.

    2. Marina e Roberto Campo não andaram e nem andam. Com os percentuais que Dilma tem na espeontânea, não vão tirar votos da petista além dos de PE, AL, RN e PB. Os demais votos para  dupla vêm dos adeptos da terceira via, aqueles que não simpatizam com o PSDB.

    3. Se os estragos causados pelos problemas áereos de Aécio (helipóptero, aerporto1, aeroporto 2 e contando (não se sabe quantas fazendas o ainda aspirante à presidência e sua família possuem)) não forçarem sua substituição, é porque o PSDB avalia que apesar do candidato fraco, conseguirá galvanizar os votos antipetistas e esse candidato pode continuar aspirando.

    4. Se o PSDB conseguir segurar o antipetismo, a eleição tende a ir pra um dos dois lados: Dilma no primeiro turno, fácil, pois o antipetismo não aumentará e as pessoas chegarão à conclusão que ruim com Dilma, pior com o Aero Neves; ou segundo turno, se o aspirante à Presidência conseguir uma improvável recuperação de imagem (Ajuda aí, Globo, rápido. Não basta sumir com os aeroportos, tem que equiparar Aécio a Deus); se for trocado por um outro candidato; ou se a mídia conseguir provar que a Dilma batia na mãe dela e que arrancava os olhos das suas bonecas, pois o cartucho Rubinei Quícoli (pausa para risos) já foi gasto na outra eleição.

    5. Adicionalmente, o ainda aspirante ou o novo candidato do PSDB terá que estancar a sangria de votos dos eleitores desiludidos com o meu aeroporto minha vida. Muitos desses votos dos não aeroportuários irão num primeiro momento para a candidatura do Roberto Campos. A reação do PSDB deverá ser selvagem, mostrando o telhado de cristal de Roberto, antigo rei dos precatórios, a inexplicável candidatura dele, traindo Lula, as diferenças dele com Marina Silva e o dark side de seu Governo em PE, ainda pouco explorado pela mídia paulista. Isso tenderá a fazer a candidatura de Roberto Campos voltar ao patamar em que está hoje.

    6. Em qualquer dos casos, primeiro turno fácil ou segundo turno com o psdb, Roberto Campos sofrerá uma transfusão de votos e encolherá para uns 5% na contagem da eleição.

    7. 5% é o número de votos que espero para o Pastor Clodoaldo no primeiro turno, um eleitorado não politico, religioso. Esse tipo de voto aumenta muito na eleição porque não é um voto facilmente pesquisável. É um voto pessoal.

    8. Conclusão: Roberto Campos passa a lutar pra não fazer feio. Pra isso não acontecer, ele terá que derrotar seu verdadeiro inimigo nessa eleição: o Pastor Clodoaldo.

    9. Vai, Pastor.

     

  4. Não

    Confio em analista ou melhor “cartomante ou cigana”, que aparece por ai, dizendo qualquer coisa tentando prever o futuro.

    Como vimos anteriormente muitos ditos jornallistas e analistas erraram sobre a Copa do Mundo, então em todo o caso prefiro esperar para ver se estão certos ou errados e não sair dando oponião sobre este assunto.

    Se estiverem certos sera que podem me dar o numero da mega sena, de preferencia a que estiver acumulada.

  5. Como transferir o que não tem?

    Os votos que Marina tirou em 2010 foi mais pela campanha feita por Serra que por méritos dela.

    Campos não se aproveitará disso porque o povo nordestino é muito mais inteligente que muitos políticos e “especialistas” imaginam.

    Aqui no Nordeste Campos vai levar uma peía tão grande, que toda vez que ele lembra…chora.

    http://blogdobriguilino.blogspot.com.br/2014/06/eduardo-campos-apanha-em-casa.html

  6. Como o Joel Neto, não acho

    Como o Joel Neto, não acho que a Osmarina tenha tantos votos assim, para transferir. Os votos que ela teve em 2010 não são dela. Prova disso, que nas pesquisas, ela sequer é lembrada no voto espontâneo. Aqueles eram votos fundamentalistas misturados aos dos “desiludidos com a política”. Os dos fundamentalistas parece que estão indo para o Pastor Everaldo, este sim, a aposta do pig, para que vitaminado, provoque o segundo turno. 

    Os dos “desiludidos”, num primeiro momento, como mostraram as pequisas pós-protestos de 2013 foram uma parte para Marina, sim, mas grande parte para Barbosão. Com a não concretização dessas candidaturas, os desiludidos estão perdidos. Não foram para o Dudu e dificilmente irão. Pois ele tem “político tradicional” escrito na testa. A Marina não resolverá isso, transferindo os votos que sobraram de 2010, pois vice não resolve nada

  7. Eu gostaria de chamar a
    Eu gostaria de chamar a atenção para uma situação curiosa do PSB. A candidatura à presidência do Eduardo Campos começou em 2010, após a sua reeleição a governador de Pernambuco com mais de 80% dos votos e a grande vitória de seu partido. O PSB cresceu a sua bancada de deputados (como vem fazendo lentamente eleição após eleição) e eleigeu número recorde de governadores, 6.

    Desse cenário, a dúvida era se o partido lançava seu presidente, Campos, já em 2014 ou se tentava primeiro o senado, extendendo a aliança com o PT federal mais 4 anos, e deixava para tentar a presidência do Brasil em 2018.

    No entanto, hoje, o cenário para esta eleição é bem ruim para o Partido Socialista Brasileiro. Em nenhuma das 27 unidades da federação o partido está à frente nas pesquisas de intenção! O Partido pode assim sair de sua melhor eleição, para a sua pior. A última vez que o partido não elegeu governadores foi em 1990. Além disso, a criação do PROS tirou vários nomes do PSB, inclusive os irmãos Gomes do Ceará.

  8. Um passo maior que as pernas?

    Campos está correndo o sério risco de não fazer seu sucessor em Pernambuco, onde era até pouco tempo atrás o governador melhor avaliado do país – o que talvez tenha dado-lhe a sensação de eternidade no poder. O cenário eleitoral hoje demonstra que seu candidato à sucessão seria fragorosamente derrotado já no primeiro turno.

    Como a candidatura Campos de âmbito nacional não deslancha e nem dá sinais de evolução, há vozes próximas ao neto de Miguel Arraes apontando que o candidato a presidente passará a olhar com mais atenção a eleição para o governo de seu próprio estado. Campos não estaria, dizem, disposto a ver se eleger um “aventureiro” em seu terreiro.

    Campos parece ter superestimado sua capacidade eleitoral – há muita gente por aí se julgando um Lula, capaz de eleger sua Dilma Rousseff e seu Fernando Haddad, pelo que parece. E existem muitos dando passos maiores que as próprias pernas, por via de consequência. O povo e seus ditados parecem ter razão nesse caso. Mas isso é agora, claro. Eleição é uma caixa de surpresas. Embora o grande fator surpresa dessas eleições vindouras, a copa do mundo de futebol, não tenha se mostrado desfavorável à candidatura Dilma Rousseff. Está meio complicado para a oposição lograr êxito em seus intentos de retirar o PT do Planalto. É uma meta cada vez mais complicada. E que vai se tornando ainda mais ingrata com a inserção de instituições financeiras e agências do mercado no processo eleitoral – o povo “adora de paixão” bancos e negociantes financeiros, afinal de contas…

  9. Campos nem em Pernambuco…

    Eufemismo para dizer que Eduardo Campos, por ora, não consegue fazer o sucessor em Pernambuco: 

    Paulo Câmara não é visto como nome de “continuidade” e Eduardo prioriza disputa em Pernambuco – Por Josué Nogueira (Diário de Pernambuco)

     

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    O acirramento da campanha para governador em Pernambuco, medido principalmente no volume de denúncias e ataques de Paulo Câmara (PSB) a Armando Monteiro (PTB), vem merecendo uma interpretação curiosa nos bastidores da disputa.

    Pesquisas feitas por ambos os blocos teriam constatado que o eleitor quer a continuidade do ambiente positivo que há hoje em Pernambuco, mas não identifica, pelo menos até agora, o candidato socialista como o nome para tal missão.

    Já Armando, eleito senador na chapa que reelegeu Eduardo Campos para o governo do estado em 2010, seria associado ao prolongamento do governo em curso. Mesmo estando na oposição, sua candidatura não é vista como ruptura, o que significa que o PSB não tem o monopólio da continuidade.

    PSB-divulgação

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    A intensidade e a variedade de investidas estariam sendo encaradas como uma estratégia da Frente Popular para tentar reverter esse quadro. Há quem veja excesso de ansiedade ou mesmo desespero.

    Na aliança governista, já se comenta que caso a tática não dê resultado, Eduardo Campos, mentor da candidatura de Câmara, desacelerará sua agenda da corrida ao Planalto e priorizará a disputa de Pernambuco.

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    Não estaria disposto a correr o risco de não eleger o sucessor. Um revés aqui, após oito anos no poder. pode ter um simbolismo forte demais para quem tem plano de chegar ao Planaltol. As vindas do ex-governador ao estado estão bem mais frequentes do que na pré-campanha. Neste sábado (19) ele pediu voto ao lado de Câmara em Palmares e Escada.

    Uma explicação – A situação do PSB é inédita: ter um candidato majoritário à Presidência e ao governo do estado em um mesmo ano eleitoral. Historicamente, padrinho que lança afilhado desconhecido costuma não concorrer a nada, mas cola no candidato para transferir prestígio e votos. Foi assim com Maluf e Pitta em São Paulo (1996), Lula e Dilma (2010) e com o próprio Eduardo e Geraldo Julio, no Recife (2012).

  10. Definição no primeiro turno

    Falta pouco para Dilma Rousseff se eleger no primeiro turno. O Brasil possui 142.822.038 eleitores. Destes, 88% comparecem para votar: 125.683.393 eleitores. Cerca de 88% dos votos são válidos para a Presidência: 110.601.386. Para se eleger no primeiro turno é necessário o apoio de mais da metade dos eleitores, ou 55.300.694 votos. Desde abril, apesar da intensa campanha contra a presidente, ela vem mantendo apoio de 38% dos eleitores, segundo o Ibope. Isso significa ter o voto de 54.272.374 eleitores. Há 9% de indecisos, que significa 11.425.563 pessoas. Ou seja, se até 4 de outubro Dilma Rousseff mantiver o atual eleitorado dela e conquistar 10% dos indecisos, ela conseguirá votos o bastante para vencer no primeiro turno. Isso será importante para ajudar aliados no segundo turno.

     

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