Sobre a deposição do presidente da Ucrânia

Por Diogo Costa

DESENLACE ATUAL É CONSEQUÊNCIA DIRETA DO GOLPE – Após o fim da URSS, a Ucrânia teve diversas eleições presidenciais e todos os presidentes eleitos cumpriram integralmente os seus mandatos, respeitando a democracia, a legalidade e a constituição da Ucrânia. 

Absolutamente nenhum dos presidentes foi alvo de golpes de estado. O presidente que foi derrubado pelo golpe de estado, em 22 de fevereiro último, também já foi oposição na Ucrânia. 

A oposição na Ucrânia governou durante cinco anos, como mandava a constituição daquele país, através do presidente Viktor Yushchenko. Viktor governou a Ucrânia entre 2005 e 2010.

O governo de Yushchenko foi absolutamente pró Europa Ocidental e pró EUA. Este governo foi eleito depois daquilo que se convencionou chamar de “Revolução Laranja”, em finais de 2004. 

Este senhor, que cumpriu integralmente o seu mandato sem sofrer nenhum tipo de golpe ou tentativa de golpe de estado, tentou se reeleger, em 2010. 

Ocorre que o governo dele foi tão desastroso, sob todos os aspectos e pontos de vista que fez ridículos, pífios e desmoralizantes 05% dos votos no pleito de 2010! 
Este foi o caldo de cultura que levou à eleição do atual presidente deposto, Viktor Yanukóvych, em 2010. Ele que foi derrotado justamente pelo péssimo presidente Yushchenko, no pleito feito em dezembro de 2004.

Está perfeitamente nítido e cristalino que o que houve agora na Ucrânia foi um golpe de estado chefiado por milícias nazi-fascistas financiadas pelo imperialismo da Europa Ocidental e, principalmente, pelos EUA. Quem disser o contrário disto, lamentavelmente, está faltando com a verdade. 

O referendo de ontem, onde a população da Crimeia aprovou com 95% dos votos a volta desta península para a Rússia, jamais teria acontecido se não fosse o golpe de estado dos nazi-fascistas havido na Ucrânia. 

Esta é a verdade cabal dos fatos. Não há o que discutir em relação a isto. 

O Ocidente deveria, isto sim, pedir desculpas ao povo ucraniano por fomentar o golpe de estado, ao invés de condenar a Rússia ou o referendo ocorrido na Crimeia.

Redação

29 Comentários

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  1. Exatamente!

    Exatamente! E em uma era onde a informação, apesar da desinformação, é largamente acessível, a desmoralização global de Obama e do Ocidente com esse episódio é patente.

  2. Com todo respeito ao Diogo,
    Com todo respeito ao Diogo, de quem li ótimos artigos sobre o julgamento da AP470, fica nítido que não sabe nada da história milenar da Ucrânia.
    Não da pra ler um artigo com 2 parágrafos sobre o ocorrido e um monte de afirmações impositivas do tipo “não há como negar”.
    Eu acredito quem tem um dedo e muita grana americana nessa história, mas é muito mais complexa. A própria revolução laranja não foi qualquer coisa, envenenaram o presidente eleito deformando seu rosto, a Ucrânia sempre foi um satélite russo e soviético, não é simples a questão.
    Mas a cada debate aparecem os especialistas em qualquer coisa pra nós mostrar o caminho da verdade iluminada, engraçado é que sempre os mesmos estão do mesmo lado nos debates e tem certeza do que falam, mesmo sendo nessa região que muitos nunca tinham ouvido falar, a famosa Crimeia.

    1. Nada de novo.

      Pois é, criticou a suposta falta de conhecimento daqueles que comentaram sobre fatos que são absolutamente notórios e evidentes, mas não acrescentou nada de novo ou relevante em seu próprio comentário.Estranho…

    2. Com todo o respeito

      Com todo o respeito, Nikova, você está se detendo nos detalhes, o que não é o foco do texto. É um texto político – que bom que seja. Nele, o Diogo trata de repor alguns fatos do momento – fatos que são manipulados pela imprensa medieval e que induzem o leitor a demonizar os russos. Não faltam tentativas de dar uma aparência soviética ao Putin – quando sabemos que a Russia é capitalista. O que está em jogo é mais grave do que as razões históricas que alegam. Argumento ideológico. Os sionistas usaram o mesmo argumento em 1948. E hoje, o que fazem com os direitos históricos dos palestinos?

      Os EUA a Europa Ocidental querem avançar sobre territórios. O Império ataca. Embora as questões nacionais dos povos sejam importantes, hoje o que está no cenário é uma tentativa de submeter os velhos inimigos. Impor a hegemonia ianque. O demônio não está do lado russo. Eles não usam a suástica.

      1. E  nem que desse veracidade

        E  nem que desse veracidade ao texto.

        Ou seja, trata-se vo velho discurso contra a Coca Cola e o Mac Donald´s  rss

  3. Coisas…

    A) A Ucrânia como Estado independente passou a existir após a implosão da URSS. Sempre foi parte de Impérios e Reinos e as suas fronteiras mudavam conforme a correlação de forças na região, mas sempre uma simples província. Isto há quase um milênio. A ironia é que a Rússia é a herdeira direta do principado de Kiev e não a própria Ucrânia, que nunca existiu.

    B) O apoio financeiro americano ao novo governo ucraniano já foi pagao em parte. 40 toneladas de ouro foram transferidas para os EUA. Pelo menos US$ 1,2 bilhão dos US$ 5 bilhões investidos na “revolução”, pelos americanos, foi quitado, falta o restante…

    C) Toda vez que vejo o Yats penso no Brasil governado por um Armínio Fraga, com ligeira semelhança física com o Heinrich, dá calafrios…

    1. Porque calafrios, Rebolla?

      Porque calafrios, Rebolla? Achei que gostavas da turma da austeridade.

      Já que não gostas nem de esquerdistas nem de financistas, qual a sua tribo? Tu és social-democrata?

    2. Mas existiu desde séculos a nacionalidade ucraniana

      tanto que o idioma é mais próximo do polonês que do russo e a religião é católica e não ortodoxa.

      Se população russófona deixou a região de Kiev e na mesma se instalou essa nacionalidade, é um fato histórico que não tira em nada a legitimidade da existência do estado ucraniano. Assim como a saída das populações turcas da margem norte do Mar Negro não tiram a legitimidade da ocupação das mesmas por russos. 

      Aliás a própria URSS forçou o simulacro dos estados ucraniano e bielorusso para ter dois votos a mais na ONU, a partir de 1945.

      Então a Ucrânia existiu, embora nem sempre como Estado Nacional, existe e não é uma ‘simples província’.

      Como Escócia, Catalunha, Euskadi, Córsega, Tibete, Xingiang, Taiwan, Quebec, Aceh não são simples províncias.

      Como Cachemira, Biafra e Katanga não foram simples províncias.

      Como Kosovo e Crimeia não foram simples províncias.

       

       

       

      1. Veja se você consegue…

        …rastrear as fronteiras do que hoje é a Ucrânia ao longo dos séculos e diga quantas vezes ela mudou. Sempre foi totalmente elástica.

        A Cachemira é hindu.

        O Tibet é chinês.

        Que xinjiang permaneça chinês, caso contrário mais um país sob a sharia.

        Escócia, Catalunha, país Basco, Quebec e Córsega têm é fogo no rabo, não existe razão concreta para a autonomia política além do binômio racismo/xenofobia.

        Não existe mais razão política para que Taiwan e a China não façam a reunificação, basta manter um país, dois sistemas. Apenas os interesses geopolíticos americanos (principalmente), japoneses e sul-coreanos dificultam a reunião.

        Biafra e Katanga foram dois momentos de massacre colonialista, guerras civis nas quais os dois lados reproduziam os interesses da guerra fria. Cabinda…

        Kosovo é um estado mafioso gerado pelo caos genocida da OTAN. O esquartejamento da Iugoslávia foi obra dos mesmos que financiaram a turma de Maidan.

        ETC. ETC.

  4. Os Nazistas Governam a Ucrânia

    O golpe organizado pela CIA, em Kiev, trouxe ao poder um governo que representa grupos extremistas e a os oligarquia.

       Thierry Meyssan | Voltaire Net | 3 Março 2014

    Os seus membros incluem vários líderes nazistas e esta é a primeira vez, desde a Segunda Guerra Mundial, que os políticos, que se referem diretamente ao Terceiro Reich, chegaram ao poder na Europa.

    O governo ucraniano inclui, explicitamente, vários membros de organizações nazistas,  incluindo três líderes que se distinguiram por fabricar falsas imagens de violência e tortura destinadas para convencer a opinião pública ocidental da crueldade do democraticamente eleito presidente, Viktor Yanukovich. 

    O secretário-adjunto do Nacional Conselho de Segurança e Defesa da Ucrânia reconhece abertamente seus laços com a Al-Qaeda. 

    Dois de seus membros afirmam ter ligações com o Emirado Islâmico do Cáucaso do Norte, uma organização afiliada à Al-Qaeda, de acordo com as Nações Unidas. 

    Um deles deixou de lutar contra a Rússia dentro deste contexto e três outros membros estavam envolvidos em operações de propaganda, postando como vítima do regime democrático de Viktor Yanukovich. 

    Andriy Parubiy (Андрій Парубій) 

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    Secretário da Segurança Nacional e Conselho de Defesa (corpo que preside o Ministério da Defesa e as Forças Armadas), fundou o Partido Social-Nacional da Ucrânia, juntamente com Oleh

    Dmytro Yarosh (Дмитро Ярош) 

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    Vice-secretário do Conselho de Segurança Nacional e Defesa (órgão que preside o Ministério da Defesa e das Forças Armadas). Líder de Stepan Bandera Treezoob e o setor direito de coalizão. Yarosh lutou ao lado de islamitas chechenos. Em 1 de março de 2014, ele pediu ajuda ao emir do Cáucaso do Norte, Dokka Umarov (Доку Умаров), considerado pelas Nações Unidas um membro da Al-Qaeda. No falso vídeo  dirigido por Andriy Kozhemyakin, com Andrei Dubovikjogar exercendo o papel de mau polícial, ele retratou os pobres ativista sendo agredido nus na neve.

    Oleksandr Sych (Александр Сыч)

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    Vice-Primeiro-Ministro Membro do Partido da Liberdade (Svoboda / Свобода); ativista anti-aborto (mesmo no caso de estupro). 

    Ihor Tenyukh (Игорь Тенюх) 

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    Ministro da Defesa, apesar que a sua adesão formal ao Partido da Liberdade (Svoboda /Свобода) não seja confirmada, ele participa de suas reuniões. Formado nos Estados Unidos, dirigiu manobras conjuntas Ucrânia / OTAN. Durante a guerra na Geórgia (2008), organizou o cerco de Sevastopol e foi promovido a vice-almirante da frota. Sua nomeação como ministro da Defesa levou a Marinha ucraniana a não reconhecer o novo governo e arvorar a bandeira russa.

    Andriy Mokhnyk (Андрей Мохник) 

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    Ministro da Ecologia e Recursos Naturais da Ucrânia, membro do Partido da Liberdade (Svoboda / Свобода) 

    Ihor Shvaika (Игорь Швайка) 

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    Ministro da Política Agrária e Alimentar Membro do Partido da Liberdade (Svoboda / Свобода) 

    Dmytro Boulatov (Дмитрий Булатов) 

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    Ministro do Ministério da Juventude e Desportos , membro da Ukrainian National Autodefesa (UNA-UNSO) Ele alegou ter sido sequestrado e horrivelmente torturado entre o dia 22 a 31 janeiro de 2014. Ele alega ter ido para a Alemanha para tratamento (sem encontrar quaisquer jornalistas). No entanto, o chanceler Leonid Kojara atestou que o homem estava em boa forma e que toda coisa tinha sido encenada. O fato é que ele recuperou-se em apenas um mês depois  se encaixou, como uma luva, no novo ministério.

    Oleh Makhnitsky (Олег Махницкий) 

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    Procurador-Geral da Ucrânia, membro do Partido da Liberdade (Svoboda / Свобода) 

    Tetiana Tchornovol (Татьяна Черновол)

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    Presidente do Comitê Nacional Anticorrupção, membro da ucraniano Auto Defesa Nacional (UNA-UNSO). Ela alegou ter sido violentamente atacada por  indivíduos não identificados em 25 de Dezembro de 2013. No entanto, o ministro do Interior, denunciou uma fraude e acusou os cinco agressores presos de serem bandidos que trabalham para Vitali Klitschko. Este evento reavivou o movimento de protesto que foi perdendo força, com a passagem do tempo.

    ***

    Thierry Meyssan

    Intelectual francês, fundador e presidente da Rede Voltaire e da conferência Axis for Peace. Suas colunas especializadas em relações internacionais apresentam em jornais diários e revistas semanais em árabe, espanhol e russo. Seus dois últimos livros publicados em Inglês: 11/9 A Grande Mentira ePentagate .

    1. Eleições Presidenciais na Ucrânia

      Pesquisa de Intenção de Votos nos Candidatos à Presidência nas Eleições Antecipadas na Ucrânia

      De acordo com o estudo, encomendado pelo Partido das Regiões, a primeira posição é ocupada por Poroshenko com o resultado de 19,8% das intenções de votos, seguido por Vitali Klitschko, com 12,1%, Yulia Tymoshenko com 8,4%, Sergei Tigipko, com 8,0%, Peter Simonenko, apoiado por 5,0%, Anatoly Gritsenko –  4,6%, Oleg Tyagniboka – 1,7% e Viktor Medvedchuk – 0,7% dos eleitores dos entrevistados na pesquisa nacional realizada entre 28 de fevereiro a 3 de março de 2014.

      Os leitores que não iriam apoiar qualquer candidato, somam 17,6%, os  indecisos representam 17,7%, 3,2% não votariam e 1,2% se recusaram a responder.

      Таблица

      Note-se que a pesquisa feita pelo Partido das Regiões, para avaliar o debate em curso sobre as chances de cada um dos possíveis candidatos à presidência nas próximas eleições antecipadas.

      A pesquisa mostrou que 8% de apoio a Tigipko é a mais alta classificação de candidatos do Partido das Regiões – PR.

      O PR ofereceu outras alternativas de candidatos aos entrevistados, sugerindo Mikhail Dobkin, que recebeu o apoio de 3,6% dos eleitores, Rinat Akhmetov (3,4%), Alexander Efremov (3,1%), Nestor Shufrich (2,5%), Mykola Azarov ( 2,4%), Anna Herman (1,8%), Volodymyr Rybak (1,7%), Bohatyreva (0,7%) e Alexander Vilkul (0,5%).

      Fonte: ZN,UA

    2. A Agenda Secreta de Ashton e Nuland Revelada

      O mesmo grupo de franco atiradores foi responsável pelo assassinato de manifestantes e policiais, potencializando uma conflagração maciça na Ucrânia.

      Por Wayne Madsen, WASHINGTON DC, 12 Março 2014, no Voltaire Net

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      Tornou-se um ritual que funciona cada vez que Washington se envolve em uma mudança de regime: atiradores misteriosos matam integrantes das forças do governo e matam manifestantes da oposição. Em seguida, eles desaparecem e nunca são encontrados. Esse é o caso hoje na Síria, na Ucrânia e na Venezuela. Na Venezuela, o movimento de protesto está perdendo impulso, após especialistas forenses mostrarem que os atiradores eram os mesmos em ambos os lados. Quanto à Ucrânia, os vazamento de conversas telefônicas e as reações que se seguiram deixam pouca dúvida de que é uma repetição da mesma receita.

      Através de vazamento de conversas telefônicas, a Secretária-assistente de Estado dos EUA, Victoria Nuland e a ativista Catherine Ashton da União Européia na campanha britânica para o Desarmamento Nuclear – mulheres belicistas que representam o aparelho da política externa do Ocidente – revelaram as suas agendas secretas para a Ucrânia.

      Ashton – detém os elevados títulos de Alto Representante para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança para a União Europeia e o muito feudal e sem sentido título de Baronesa Ashton de Upholland – no segundo vazamento de telefonema mais revelador, conversa com o ministro do Exterior da Estônia, Urmas Paet.

      No diálogo de 26 de fevereiro entre Ashton e Paet, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Estônia disse que os manifestantes ucranianos e os policiais foram baleados pelos mesmos atiradores. Paet visitou Kiev em 25 de fevereiro, durante a fase de confrontos violentos, divulgados como ocorridos entre manifestantes e forças de segurança do governo na Maidan Square. Agora, ficou evidente que a violência foi alimentada por franco-atiradores e outros provocadores, incluindo gangues neonazistas e mercenários estrangeiros, financiados pela folha de pagamento da oposição política ucraniana.

      Paet disse, a Ashton, que foi convencido pela a médica ucraniana, Dr. Olga Bogomolets, que ele identificou como uma líder da “sociedade civil”,  que as balas que atingiram os manifestantes e policiais vieram, todas, das mesmas armas e que o oposição estava acobertando os atiradores. Bogomolets, que deve ter contribuído para o exílio o presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, era a médica pessoal do presidente da “Revolução Laranja”,  Viktor Yushchenko e recebeu um prêmio da Rádio Liberdade que foi fundada pela CIA e é financiada por George Soros. Além disso, Bogomolets exortou os seus estudantes de medicina a participarem nos protestos Euromaidan em Kiev.

      Bogomolets convenceu Paet que as balas que atingiram os manifestantes e os policiais, na Maidan Square, foram disparados a partir das mesmas armas e que a oposição estava por trás dos ataques. Também é digno de nota que Bogomolets afirmou ter recusou uma oferta dos líderes da oposição para ocupar o cargo de vice-primeiro-ministro da Ucrânia para Assuntos Humanitários no novo governo.

      De acordo com o telefonema, interceptado e transcrito por oficiais do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU), leais a Yanukovych, Ashton finge “choque” com a ideia transmitida por Paet que a oposição ucraniana provavelmente matou mais de 70 de seus próprios apoiadores, bem como policiais ucranianos. Os ataques dos atiradores equivalia a uma operação “false flag” orquestrada pela oposição ucraniana, juntamente com seus patrocinadores ocidentais, para gerar simpatia e apoio do público.

      Paet : ” Todas as evidências mostram que as pessoas, policiais e pessoas das ruas,  foram mortas por franco-atiradores de ambos os lados… eram os mesmos atiradores matando as pessoas de ambos os lados. Algumas imagens mostraram que são as mesmas ranhuras no mesmo tipo de balas e isso é, realmente, tão preocupante que, agora, a nova coalizão não quer investigar o que aconteceu exatamente. Portanto, há, agora, a compreensão, cada vez mais forte, de que por trás dos snipers, não estava Yanukovych, mas alguém da nova coalizão .”

      Ashton : ” … eu acho que nós queremos investigar… quer dizer, eu não quero pegá-los, isso é interessante… “

      Paet : ” Esta nova coalizão já está desacreditada. “

      Ashton, em resposta a Paet, começa a jogar água fria nas informações de Bogomolets sobre as evidencias da oposição estar por trás do tiroteio sobre os manifestantes e policiais. Ashton defendeu os membros da oposição  ucraniana Rada, no parlamento, contra os “doutores” e declarou sobre os líderes do protesto: ” Eu quero dizer que é isso que eles têm que ter o cuidado de… bem… mas eles precisam exigir grandes mudanças e têm que deixar a função para a Rada. Se a Rada não funcionar, então você terá um completo caos. Então, se ela pensou sobre ser um ativista e um médico, é muito, muito importante, mas ela não é um político e de alguma forma, eles têm que chegar a um tipo de acomodação nas próximas semanas . “

      Essencialmente, Ashton disse a Paet que Bogomolets, exercendo o seu papel como ativista da sociedade civil ou como médica, não tinha nada a questionar sobre as políticas maquiavélicas da oposição da Rada, lideradas pela troika do boxeador Vitali Klitschko, pelo veterano do Banco Mundial, Arseniy Yatsenyuk, e o neo-nazista líder do Svoboda, Oleh Tyahnybok. Em outras palavras, Ashton deu a entender que um boxeador, um tecnocrata do Banco Mundial e um bandido de rua neonazista, tinham mais a contribuir sobre o futuro da Ucrânia do que uma mulher que estava questionando o papel da oposição nas morte dos seus próprios apoiadores que se manifestavam nas ruas, bem como nas mortes dos policiais que tentavam restaurar a ordem.

      Imediatamente, a mídia corporativa ocidental começou a questionar a autenticidade da transcrição Ashton-Paet e lançou o costumeiro rótulo pejorativo de que era uma  “teoria da conspiração”. No entanto, o Ministério das Relações Exteriores da Estônia confirmou que a transcrição era autêntica, no seguinte comunicado de imprensa sobre a gravação: 
      ”  é autêntico um telefonema, do ministro das Relações Exteriores, Urmas Paet, e a chefe e política externa da UE, Catherine Ashton, enviado para a Internet hoje. Paet e Ashton conversam sobre o ocorrido no dia 26 de fevereiro, após a visita do ministro das Relações Exteriores da Estônia para a Ucrânia, e imediatamente após o fim da violência nas ruas. O ministro das Relações Exteriores, Paet, comunica o que ele havia dito sobre as reuniões realizadas em Kiev, no último dia e manifestou preocupação com a situação. “É extremamente lamentável que tal interceptação esteja ocorrendo (…) “, disse Paet.

      Está claro, desde o início, que os acontecimentos na Ucrânia foram planejados por provocadores profissionais, agitadores e especialistas de “revoluções temáticas”, instalados dentro das burocracias do Departamento de Estado dos EUA, da CIA, do MI6 britânico e da União Europeia.

      A agenda de Ashton complementa a de Nuland, cujo telefonema de janeiro para o embaixador dos EUA para a Ucrânia Geoffrey Pyatt, revelou que a administração Obama estava escolhendo o futuro governo do país, enquanto Ashton, bem como Nuland e o seu co-ideólogo, Jeffrey Feltman, chefe do Departamento de Assuntos Políticos das Nações Unidas, fingiam interesse em uma solução negociada com Yanukovych, o presidente democraticamente eleito da Ucrânia. 

      Nuland, que expressou seu apoio para Yatsenyuk ser o futuro líder da Ucrânia, disse ” Foda-se a União Europeia “, depois que ela informaou a Pyatt que os EUA iriam atingir os seus objetivos políticos com o apoio comprado e pago para equipe de Feltman, na ONU, o seu chefe, o secretário-geral Ban Ki-moon, que era conhecido por jornalistas sul-coreanos como a “Enguia Escorregadia”, quando ele serviu como ministro das Relações Exteriores Sul-Coreano, e o enviado especial da ONU para a Ucrânia, o diplomata holandês Robert Serry. 

      Nuland expressou grande confiança em Serry, nascido em Calcutá, um ex-embaixador holandês para a Ucrânia, com um nome holandês muito incomum. Enquanto servia como Coordenador Especial das Nações Unidas para o Processo de Paz no Oriente Médio, Serry disse que Israel “sofreu” preconceito e discriminação na ONU. Tal linguagem certamente agrada a Nuland e Feltman, já que ambos os diplomatas norte-americanos são conhecidos  como a dupla leal que coloca os interesses de Israel a par com os dos Estados Unidos.

      É claro que nem os telefonemas de Ashton nem os de  Nuland foram feitos para serem ouvido pelas “massas plebeias”.  No entanto, graças à capacidade de intercepção de agentes de segurança ucranianos leais e proficientes, o mundo, possivelmente, agora entende a perfídia de duas mulheres conversando para ajudar, o resto do mundo, a dar início a uma conflagração maciça.

  5. não vejo complexidade política nenhuma…

    pois quem tem poder, mas não tem votos há de perder sempre

    parabéns Diogo Costa, resumo perfeito do que todo o povo civilizado europeu já sabia

     

     

     

     

  6. “foi um golpe de estado

    “foi um golpe de estado chefiado por milícias nazi-fascistas financiadas pelo imperialismo da Europa Ocidental e, principalmente, pelos EUA.”

     

    Só faltou dizer que o Presidente deposto era trabalhista e progressista. 99% dos textos que trazem em seu bojo “milícias”, “imperialismo” não fazem uma análise isenta da situação. Apenas demonstra a visão de situação por determinado ângulo. Só isso.

     

    Pior. O autor do texto se julga o porta-voz da verdade ao consignar que “Quem disser o contrário disto, lamentavelmente, está faltando com a verdade. “

     

    O problema deste blog é que transforma tudo em “esquerda x direita”, “PSDB x PT”,  “EUA x moços bonzinhos”, “PIG x Imprensa dita progressista”.

     

    Certamente há diversos interesses em jogo, e ninguém, seja EUA, Europa ou Rússia (principalmente) são santinhos nessa história.

     

    Agora, resumir a situação em duas linhas e ao final dizer que aqueles que discordam estão mentindo, é muita prepotência.

     

     

     

     

     

    1. “Invasores de Corpos” explica.

      É fascinante observar como a propaganda russa “pegou” em alguns segmentos.

      É a linha política acrítica “hay EEUU, soy contra”, mesmo que isso implique em fazer vistas grossas a regimes mais de direita e mais autoritários que os próprios EUA.

      É uma variante do “é apoiado pelo PSDB, sou contra” (*). Mesmo que o contra seja o ruralismo, o abandono do Estado Laico e de direitos de Povos Indígenas ou ainda o endurecimento repressivo.

      (*) Agora ampliado para “…PSDB/PSB, sou contra”.

      Ser voluntariamente cego a contradições é sinal de fanatismo. Só não é muito preocupante porque no Brasil isso é minoritário. (Na Rússia, no entanto, não é.)

      Às vezes é cômico. Como os entes pelos quais se torce são frequentemente contraditórios, uma mesma pessoa se coloca na situação de fazer defesas de princípios antagônicos entre si. É comum, por exemplo, pessoas criticarem religiosidades em um post e apoiarem o fundamentalismo religioso na política em outro.

      É comum apoiarem manifestações populares num país mas proporem reprimir em outro.

      E isso também parece sintoma de falta de ‘herois’ para torcer. É o que eu chamo de ‘anti-imperialismo órfão’. Como não há no momento nenhuma corrente de pensamento capaz de oferecer alternativa concreta e propositiva aos sistemas econômicos que vão do neoliberal ao social-democrata, fica essa histeria de defender regimes autoritários em redes sociais. Um primor de nonsense. 

      Um problema futuro para o blog poderá ser que a área de comentários ficará completamente descaracterizada.

      Cada vez mais se parece com caixa de ressonância do discurso “PT – blogosfera governista”, como já aconteceu em outros blogs que até 2010 eram mais plurais. E isso independe do blog apresentar uma linha bem diversificada de posts.

      Mais recentemente se incluiu o fanatismo pró-Putin no bolo, e qualquer comentário diferente desse clima “Invasores de Corpos” (ou “1984”, “Admirável Mundo Novo”, “O Alienista”, etc, escolha a ficção de preferência) é automaticamente rotulado e desqualificado.

      Mas não deixa de ser muito instrutivo. Observar os comportamentos e discursos diz muito sobre as pessoas. Perceber os alinhamentos automáticos e as propagandas negativas diz muito sobre de quem devo desconfiar das recomendações políticas.

      E assim caminhamos.

       

       

       

      1. “É fascinante observar como a

        “É fascinante observar como a propaganda russa “pegou” em alguns segmentos”:

        Opa!  No meu caso nao, eu ja tinha dito (acho) que nao interferencia por parte dos EUA teria sido muito mais preferivel. Pra relacoes publicas, o desastre era de se esperar exatamente com a esquerda -a direita nao teria essa duvida.  E ce tava certo ontem a respeito da cobranca dos conservadores dos EUA chegar.  Vai mesmo.

        (Tou very much sem maneira de comentar sem ventilar ressentimento do governo, entao…  nao da!)

      2. Comentário perfeito do

        Comentário perfeito do Gunter, só que ele cabe ao próprio Gunter quando discute a sua pauta única.

        Foi perfeito para esse texto do Diogo e é mais perfeito ainda como crítica a os seus textos!

      3. Gunter, amigo,
         
        Justamente

        Gunter, amigo,

         

        Justamente por achar vc uma pessoa admirável em muitos aspectos, me vejo na obrigação de dizer que com relação a esse assunto:

        1) Existe propaganda de ambos os lados dessa conversa. E em propaganda, convenhamos, EUA é campeão, hors concurs… E ela pega em vários segmentos quanto a vários assuntos. No caso, pega vc…

        2) Como vc mesmo diz, o projeto dos EUA independem de Obama e esse projeto os segmentos que vc menciona, além de outros que vc não menciona por que não convém,  conhecem há muito tempo. E são contra, com total razão, em função mesmo da História.

        3)Na defesa de seu ponto de vista, joga no mesmo saco quem é contra o PSDB, também com toda razão, pois o projeto é o mesmo que o dos EUA e quem é apenas contra os EUA mas,”inocentemente” não é contra o PSDB, com vistas a sua atual preferencia política interna. Talvez porque sua referencia esteja centrada na questão dos direitos humanos. Inegavelmente, compactuo com vc o desagrado quanto à condução dessas políticas, ainda que vejamos soluções distintas.

        4)Diante disso, sua acusação de fanatismo, que tem muitas vezes sentido para mim, pode ser atribuida a vc. Principalmente, quando mistura a questão internacional com a questão interna.

        5)O anti-imperialismo não é orfão, encontra-se lamentavelmente desorganizado. Pode-se discutir muito sobre essa desorganização, mas grande parte dela pode e deve ser atribuida justamente à política dos EUA no Mundo e seus admiradores internos. Ainda que não se concorde com Putin, até mesmo se execre, e  nisso também estamos juntos, o único país hoje a poder fazer frente ao poder militar dos EUA é justamente o país que ele governa, a Rússia. Então, se vc realmente acha que Obama pode ser perdoado em função do projeto imperial dos EUA prescindir dele, o mesmo deveria fazer quanto à Putin. Não perdoo nenhum dos dois, mas, certamente, os EUA são capazes de apoiar qualquer desgraça para seguir sua missão não autorizada de guardião da “democracia”, quando, na verdade é apenas guardião dos interesses das grandes corporações. Se for conveniente apoiará até Putin. A História está recheada de exemplos, aliás.

        6) Então, pode-se dizer que os EUA são também defensores – e implantadores –  de regimes autoritários, quando convém, ou  seja, um absoluto e total non-sense. Além disso, não apenas não oferece, como insiste em manter – com todo seu poderio bélico e propagandístico – do neo-liberalismo ao “social-democrata” que está conduzindo a humanidade a um beco sem saída. Na verdade, desumanizando a humanidade. Como pode alguém que defende direitos humanos defender os EUA?

        Enfim, vc terá que conviver com um certo alinhamento automático, que até concordo com vc em certo grau é excessivo, mas ocorre neste blog justamente por ser um dos poucos em que não ocorre alinhamento automático anti-governista e anti-esquerdista (o que não é necessáriamente a mesma coisa).

        Abraço

         

         

         

         

         

         

         

         

  7. Parabéns, Diogo. Curto e
    Parabéns, Diogo. Curto e grosso e sem dobrar a pílula. Não dá mesmo para fingir que tá tudo bem na Ucrânia. E contínuo dividando das eleições de maio. Não saem ou não serão aceitas se os neonazistas perderem.

  8. Caros,
    não quis defender de

    Caros,

    não quis defender de forma alguma a participação americana no golpe, não quis subestimar de maneira alguma a relação entre as tentativas de golpe na Venezuela, na Síria e na Ucrânia. Inclusive acredito que a reação russa é um bem para a ordem mundial quando uma potência militar se contrapõe fortemente aos interesses americanos. Apenas acho que é legal daqui do meu sofá torcer por um guerra que vitíme muitos inocentes, porque a Ucrânia e seu povo pode servir para darmos um basta no poderio americano. Prefiria que não houvesse vítimas.

    Mas apesar do império americano tratar todos de forma criminosa, não acho que a Rússia trata a todos com distinção e respeito. Se fizerem um referendo na Chechênia, talvez o resultado seja 100% pró separação da Chechênia da Rússia. 

    Mas o meu ponto principal foi em relação ao modo como o Diogo colocou a questão, leiam esse trecho:

    “Está perfeitamente nítido e cristalino que o que houve agora na Ucrânia foi um golpe de estado chefiado por milícias nazi-fascistas financiadas pelo imperialismo da Europa Ocidental e, principalmente, pelos EUA. Quem disser o contrário disto, lamentavelmente, está faltando com a verdade. 

    Esta é a verdade cabal dos fatos. Não há o que discutir em relação a isto.”

    Eu acho a questão controversa, não a participação dos imperialistas e nem de nazi-fascistas, mas se o governo Yanukóvych tivesse apoio maciço da população, talvez o golpe não tivesse tanta facilidade mesmo com grana e apoio logístico dos EUA.

    Acho que conhecemos pouco sobre a história ucraniana e o Diogo não me demonstrou conhecimento suficiente para dizer palavras como “está perfeitamente nítido”, ou “esta é a verdade cabal dos fatos”

    Em relação as informações de empresas ocidentais de comunicação sobre o que ocorre em qualquer coisa que envolva os EUA, eu não tenho dúvida, é tudo manipulação e mentira. Mas sobre o que vem da Rússia, eu no mínimo duvido.

  9. Nesse conflito, ninguém é inocente

    O problema, é que os EEUU e algumas potências europeias querem fazer o resto do mundo crer que o Putin é o único bobo, mau e feio nessa história, por ter aprovado a lei relativa aos Lgbt’s e a anexação da Crimeia, ao mesmo tempo em que se calam quanto aos aliadíssimos Arábia Saudita e Iêmen preverem pena de morte para homossexuais, e o tempo todo intervirem na política interna de outros países, atuando como “polícia do mundo”.

    Antes, a soberania de diversos países foi atacada para a “exportação da democracia”; em países democráticos, já que não dá para usar esta desculpa, fala-se em “valores”, como direitos difusos, meio-ambiente, Lgbt’s, e outros, enquanto, para combater o inimigo, trabalham para instalar até um regimes nazi-fascista.  Hipocrisia pura.

    Ucrânia é só uma peça de jogo de xadrez jogado por EEUU e Rússia. Sua população nada significa para os dois países e seus líderes, no caso de uma guerra sangrenta. Mas há quem pense que a “Pax americana” é o creme do milho em torno de proteção de direitos humanos.

     

  10. É triste assistir a

    É triste assistir a decadência política do ocidente (exceção da América Latina), o que a União Européia tem oferecer a Ucrânia além de austeridade?

    Daqui a pouco até a Grécia vai querer virar uma república russa (os residentes na Ucrânia já expuseram sua vontade): 

     

     

    Gregos residentes no leste da Ucrânia querem voltar à Crimeia

    Voz da Rússia

    crimeia, referendo, gregos, ucrânia, leste, pátria histórica, Charalambos Angurakis

    Foto: RIA Novosti

     

    A comunidade grega da cidade de Mariupol, que conta com mais de 200 mil pessoas, estuda a hipótese da repatriação voluntária para a Crimeia, sua pátria histórica, declararam delegados da comunidade grega na Crimeia no encontro com Charalambos Angurakis, delegado da Grécia no Parlamento Europeu.

     

    “Até hoje, 3.500 gregos de Mariupol já se mudaram para a Crimeia”, declarou Olga Kivitidi, vice-presidente do Conselho Supremo da Crimeia.

    O deputado europeu prometeu apresentar ao exame do Parlamento Europeu a questão sobre o apoio à mudança de gregos.
    Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_03_16/Gregos-residentes-no-leste-da-Ucr-nia-querem-voltar-Crimeia-5396/?fb_action_ids=635282663191891&fb_action_types=og.recommends&fb_source=aggregation&fb_aggregation_id=288381481237582

     

  11. Gostei que o Nassif tirou a

    Gostei que o Nassif tirou a parte que o Diogo chama o Gunter de “coxinha fantasiado que apoia nazifacistas”. Tendo a concordar com o Diogo, mas o Gunter apoiar nazifacistas é um absurdo que só se explica porque nosso amigo petista tem sangue quente.

    Só acho que em sua campanha (justa) anti-Putin, Gunter acaba injustamente acusando de pró-Putin quem se indigna com o fato dos EUA apoiarem nazifacistas para crescer sua inlfuência na região. Fazendo a propaganda de uma “revolução popular”, uma “primavera ucraniana’. Não dá né? 

  12. Aplaudo a tentativa do Diogo

    Aplaudo a tentativa do Diogo de sistematizar a situaçao, embora ache que no texto (assim como em 99% das matérias que leio) fica faltando uma questão central da questão: a união européia.

    A questão tinha ficado sobre a mesa já no governo Yushchenko, que como o Diogo disse foi verdaderamente desastroso. (Para quem não lembra, Yushchenko era aquele metido a bonitão que foi envenenado e ficou com a cara azul). Yuschenko foi quem trouxe abertamente a discussão de incluir Urcânia na UE e ingresar na OTAN. Yanukovich repressentou a outra cara, a identificação da Ucrânia com a Rússia. É possível, como escreveu uma jornalista russa em NY, que há uma questão generacional explodindo na Ucrânia, dividindo uma geração que se desenvolveu na proximidade de mãe Rússia (kiev é considerada pelos russos como o berço da nacionalidade russa e foi a capital), e uma geração que está amadurecendo na Ucrânia independente e fica seduzida pela possibilidade de ser parte da União Européia. Todos os políticos ucranianos favoráveis à aproximação com a União Européia sempre foram tratados com heróis no Occidente, a nova geração ilustrada, a aposta no futuro, ao tempo que os pro-russos eram vistos como mafiosos e corruptos, saudosos da União Soviética, truculentos e com uma perigosa tendência a serem anti-europeus. Já sabemos como funciona esa demonização.

    Mas a influência da UE em Ucrania nunca foi bem vista por Washington: são concorrentes. Bruxelas tem interesse na Ucrânia pelas suas necessidades de gás, Washington tem interesse na Ucránia pela presença da Frota do Mar Negro russa na Criméia.

    Victoria Nuland, subsecretaria de Estado para Europa, deixou isso claríssimo: numa conversa com o embaixador americano em Kiev sobre como levar adiante a ruptura na Ucránia, disse com todas as letras: “Foda.se a UE”. Washington saiu logo dizendo que foi Rússia quem interceptou a conversa e botou o som no Youtube, embora o mais provável é que a inteligência europeia (possívelmente alemã) tenha sido responsável pelo vazamento. Vazando o som da conversa, a mensagem foi “foda-se a Nuland e o Departamento de Estado”.

    A crise na Ucrânia serve a Washington por criar problemas para Rússia numa área estratégica, mas é fundamental especialmente para Europa. Foi a UE que usou a cenourinha do carimbo de Bruxelas no passporte que dividiu a classe política ucraniana.

    O envolvimento americano é odiento e fedorento, mas é preciso considerar os interesses da UE para aproximarnos um pouquinho mais a comprender esta crise.

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