Temer conquista vitória na estratégia de anular delações

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Mudando o recente discurso de “grampeador-geral da República” contra seus delatores, o presidente respondeu, satisfeito, que está “sereno” e que confia na Justiça. Irmãos Batista podem ter ultrapassado a corda dada por Janot ao envolver membros do Judiciário e MP nas novas acusações
 

Foto: Lula Marques/AGPT
 
Jornal GGN – Os últimos anúncios da Procuradoria-Geral da República (PGR), de que poderá colocar em risco a delação da JBS e, consequentemente, as mais fortes acusações contra o presidente da República confirmam que a estratégia de Michel Temer, adiantada pelo GGN, vem obtendo sucesso. O mandatário já anunciou que recebeu “com serenidade” a possível anulação.
 
Os depoimentos considerados bomba da Operação Lava Jato, recaindo sobre Temer e sua cúpula de governo e expondo que os caminhos do peemedebista para se chegar ao poder foram propositais e integraram esquemas ilícitos, como o de obstrução à Justiça, correm risco por uma pequena mudança.
 
Na última quinta-feira (31), o dono da JBS, Joesley Batista, entregou aos investigadores um áudio de quatro horas entre o executivo e um de seus principais funcionários, o ex-diretor de relações institucionais do grupo J&F, Ricardo Saud. Eles comentam crimes supostamente praticados por procuradores da República e integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF).
 
O apelo dos empresários agora ultrapassou os riscos que o procurador-geral e o Judiciário temiam. O sinal de que o empresário, que até então ameaçava apenas o posto da maior figura política no país, se estendeu também para as instituições investigadoras foi recebido com uma resposta negativa clara.
 
Nesta segunda (04), Janot informou que eventuais omissões das delações de executivos da JBS seriam investigadas, incluindo os arquivos de áudio recentemente entregues, afirmou que as acusações são “gravíssimas” e que os irmãos Batista, além dos demais empresários do grupo, poderão ter seus benefícios anulados.
 
Isso porque o acréscimo de informações no teor das acusações pode ser caracterizado como uma mudança e até então omissão dos delatores no rumo das investigações. Se for este o caso, compromete não apenas as atuais e recentes acusações, como também as que já foram entregues.
 
Como adiantou o GGN, a nova estratégia de defesa de Michel Temer é apelar pela nulidade das delações, de forma que, ainda que evidenciem crimes e ilícitos, seguiriam o exemplo da Operação Castelo de Areia, e seriam arquivadas por possíveis irregularidades na captação destas provas.
 
 
A resposta do mandatário peemedebista conclui pela estratégia: “Recebi com a serenidade de sempre”, disse, sobre a notícia de que a PGR abriu investigação contra os depoimentos dos irmãos Batista e executivos da JBS e que podem acarretar em anulação de todo o acordo.
 
Nitidamente feliz, o presidente da República mostrou que estava confiante “desde o início”. “Se eu não tivesse essa serenidade desde o início, creio que ninguém suportaria o que aconteceu”, afirmou. 
 
Desta vez, modificando completamente sua postura em relação ao que fez na última semana, criticando as delações do operador Lúcio Funaro e chamando Joesley de “grampeador geral da República”, respondeu apenas que acredita na “Justiça”: “Respeito todas as decisões que forem tomadas pela Justiça, pela Câmara dos Deputados, pela Procuradoria-Geral. Eu tenho que respeitá-las, mas não devo falar uma palavra sobre isso.”
 
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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

11 Comentários

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    1. Você gostou em companheiro

      Você gostou em companheiro Antonio Carlos.Trazendo Baiano e os Novos Caetanos até aqui prova que lê com atenção meus Comentarios:Vô bater pá tu pá tu bater pá Geddel!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  1. É mesmo Patricia?E as malas e

    É mesmo Patricia?E as malas e as caixas de papelão entupidas de notas de $ 100 e 50 reais encontradas pela Policia Federal em endereço de Geddel Vieira Lima aqui em Salvador não representam nada?Don Altobello não tem nada a ver com esse dinheiro?Sabe de uma coisa Patricia,estou cansado,este é o decimo comentario que envio sem chegar ao destino.Digo mais.Sabes de quem nós estamos prescisando mesmo,minha cara Pat?De um Kin Jong-Un para consertar essa infelicidade.O Papai tinha uma frase lapidar quando se referia ao Solo Consolidado Pátrio:Eta paisinho ordinário.

  2. Denunciar alguém do PT,

    Denunciar alguém do PT, principalmente Lula e Dilma, tornou-se condição prioritária para que a delação de certos implicados ou condenados seja aceita pelos procuradores da Lava Jato. Isso virou até piada em vídeo que correu o mundo. O Delcídio foi o primeiro a perceber essa premissa e a usá-la como oportunidade para se safar. Sua delação foi aceita sem qualquer hesitação por Janot, certamente porque ele, Delcídio, teve o cuidado e a malandrice de denunciar Lula como sendo implicado em tentar evitar que o Cerveró abrisse o bico. Obstrução de justiça, foi a acusação daí resultante contra Lula, o que rendeu ao Delcídio liberdade imediata e até tentativas de voltar a exercer seu cargo de senador. Hoje, o Ministério Público Federal do Distrito Federal está a pedir a absolvição de Lula neste processo por haver constatado a completa inocência do acusado. O caso foi revirado de cabeça para baixo e nenhuma prova foi encontrada contra o Lula. E então, o MPF do DF pede também a anulação da delação do Delcídio, por haver mentido.

    Os procuradores da Lava Jato ficam cegos ao ouvir qualquer menção de implicação de Lula em qualquer coisa. Seria a abertura da possibilidade de basear em fatos e provas reais uma missão (impedir a eleição de Lula em 2018) que parecem ter de desempenhar de qualquer maneira, com provas ou sem provas. Com provas então, seria muito melhor, seria a paz da consciência, seria um sonho dourado.

    Outro exemplo crucial daquela condição foi a própria delação do Joesley. Se ele não tivesse acrescentado o nome de Lula e da Dilma em sua delação, como sendo os reais possuidores de uma suposta conta aberta por ele Joesley no exterior, é muito provável que sua delação não fosse aceita.  A procuradoria da Lava Jato cresceu os olhos ao saber desta suposta conta, e deve ter delirado com a possibilidade de finalmente ter alguma coisa concreta contra Lula e Dilma, e não apenas as páginas e mais páginas das conjecturas vazias transformadas em denúncias e até condenações mancas e inverossímeis. Calculou talvez que, mesmo correndo risco por ter que também denunciar dois corruptos da classe dos intocáveis como Temer e Aécio, este risco valeria a pena se também garimpassem um mínimo de faísca que implicasse Lula de modo concreto. Aceita a delação e recolhidas provas contra Aécio e Temer, logo todos ficaram sabendo que as contas de Lula e Dilma no exterior não existiam. Se a Procuradoria se sentiu enganada, pode-se imaginar o tamanho de sua indignação. Aquilo talvez tenha ficado atravessado na garganta de Janot.  

    Agora, baseado em outras gravações de Joesley recolhidas tardiamente, o MPF parece ver uma possibilidade de investigação sobre o ex-procurador Marcelo Miller, que teria orientado o dono da JBS em sua delação e que segundo algumas hipóteses pode tê-lo convencido a colocar os nomes de Lula e Dilma como estratagema para obter aprovação da colaboração pelo MPF e pelo STF. Mas… Como é isso? Joesley agora estaria a entregar fitas que denunciam seu suposto grande benfeitor? Por quê? Em troca de quê? Diz a imprensa que o advogado de Joesley entregou gravação de uma conversa sua com seu auxiliar Ricardo Saud por engano, e nas fitas estaria uma conversa que daria a entender que Miller havia orientado sua delação e o fez quando ainda era procurador, o que configuraria crime de improbidade administrativa. E o Janot já vê, baseado nesta hipótese, até mesmo a possibilidade de anular a delação de Joesley.

    Já tentaram antes pegar o ex-procurador Miller por suas ligações com Joesley. Com os últimos acontecimentos, até parece que o grande trunfo daquela delação bombástica que abalou a própria Globo, não era o presidente Temer nem o senador Aécio, mas sim e simplesmente o Lula. Depois, como As contas bancárias de Lula não existiam e por isso o trunfo principal não foi alcançado, não haveria mais razão para que agora fossem quebradas lanças pelos alvos secundários, de onde a lentidão em caçarem Aécio ou Temer.    

    Se fossem verdadeiras as contas forâneas de Lula e Dilma, tal como são as de José Serra, tudo isso estaria acontecendo? Parece claro que não. Mas tampouco está claro quantas atmosferas de insuportável pressão tem sofrido Joesley Batista para chegar ao ponto de entregar áudios de falas suas com seu mais fiel auxiliar (como saber com certeza as datas de gravação?), a conversarem sobre a ajuda que lhes teria dado o ex-procurador Miller em suas delações. Áudios que, na prática, se for verdade o que outros procuradores já anteciparam sobre eles, dedurariam aquele que teria sido seu grande benfeitor, aquele que teria esclarecido como ele deveria proceder para ter sua delação aceita.

    Enfiar nome de Lula em delações para que elas sejam aceitas tem sido uma regra. Que o digam as delações de Léo Pinheiro e de Marcelo Odebrecht. Algumas delações distorcem os fatos até que neles possa caber uma pontinha de participação de Lula ou Dilma. Outras inventam mesmo a implicação a partir do zero, na cara dura, como a de Delcídio.

  3. A casa esta caindo

    Ja entrou para a Historia como golpista e Ladrão-geral da Republica. Quer mais o quê?!

    A proposito, uma curiosidade. Patricia Faerman seria parente do jornalista Marcos Faerman?

  4. E o Nassif chegou a elogiar o consórcio PGR-Globo-JBs-DoJ

    No dia 18 de maio, um dia após a bombástica delação de Joesley Batista ser vazada à mídia pela PGR, Luís Nassif cobriu-a de elogios, destacando a diferença da forma de atuar do núcleo brasiliense da Fraudea Jato quando comparado ao curitibano. Critiquei esse otimismo ingênuo de Nassif no mesmo dia. Três meses e meio depois percebe-se que tudo não passa de um jogo de cena, para que o PGR, em fim de mandato, continue enganando e manipulando as maltas. a PGR, a Fraudea JAto, a Pf, o MPF e o PJ, todas essas instituições, sempre estiveram e continuam irmanadas na trama golpista.

    O jornalista Luís Costa, no Poder 360º, mostrou que Rodrigo Janot e Gilmar Mendes são muito parecidos e se merecem. Sempre afirmei que a briga deles perante as maltas, usando o PIG/PPV como palco era jogo de cena e briga de egos e por poder e influência; polìticamente sempre estiveram, e continuam, do mesmo lado. Bingo!

  5. PEna que nessa republiqueta

    PEna que nessa republiqueta de Bananas, a presidenta legítima não tem nem 10% do apego ao cargo que o usurpador !!!

    Temer MERECEmais aquela cadeira que Dilma !!!

    E o povo merece mais Temer que Dilma !!!

     

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