no BHAZ
Trinta homens, por Luara Colpa
Trinta.
Vinte e nove
Vinte e oito
Vinte e sete
Vinte e seis
Vinte e cinco
Vinte e quatro
Vinte e três
Vinte e dois
Vinte e um
Vinte
Dezenove
Dezoito
Dezessete
Dezesseis
Quinze
Quatorze
Treze
Doze
Onze
Dez
Nove
Oito
Sete
Seis
Cinco
Quatro
Três
Dois
Um
Nenhum.
Eu tiraria todos – um por um – de cima de você neste momento, irmã. Eu limparia seu corpo, tiraria o som dos seus ouvidos, o cheiro deste lugar, as lembranças. Se o tempo voltasse, eu os impediria de terem saído de casa. Todos eles.
Eu desligaria os celulares, os computadores, tiraria baterias dos carros, dos ônibus. Eu faria feitiço, veneno, poção, dor de barriga para todos. Trinta.
Eu te levantaria daí e te levaria pra ver o pôr do Sol no Arpoador, se o mundo girasse ao contrário… Mas o mundo não gira.
Foram Trinta.
Um ex-companheiro e vinte e nove “amigos”. Nenhum deles se compadeceu. Vinte e nove seres humanos toparam se unir a um criminoso.
Trinta.
Trinta e um agora compartilharam. Trinta e dois riram. Trinta e três justificaram. Trinta e quatro se excitaram, trinta e cinco procuram o vídeo neste momento.
Agora o número se torna uma projeção geométrica. A misoginia aparenta infinita, o ódio e o machismo aparentam grandiosos demais. A primeira reação do público masculino em geral é ver o vídeo.
No entanto, quando pensei que fôssemos só nós duas, olhei para o lado e vi três, quatro, cinco. Chegaram seis, sete, oito, trinta.
Em segundos fomos noventa, cem, mil, somos milhares por você. Aquele som, aquele cheiro… Queremos que sua memória apague, mana!
E que o mundo nos ouça: “A CULPA NUNCA É DA VÍTIMA”. Que ecoe.
Que ecoe: Daqui vocês não passam. Não passarão.
Que cada uma de nós seja porta voz do ocorrido¹. Se a grande mídia não denuncia a violência contra a mulher periférica, que nossas mãos sejam denúncia.
Na violência contra a mulher todas metemos a colher.
DENUNCIE.
No site do Ministério Público, Polícia Federal e disque 180. Mexeu com uma, mexeu com todas.
Disque 180.
¹- Em tempo: Acaba de ser noticiado via redes sociais, que uma garota “Bia” fora estuprada por 30 homens no RJ. O motivo é vingança do ex namorado, que convidou mais 29 “amigos” para estuprar a vítima. Nenhum se absteve, nenhum deles parou os amigos, nenhum saiu do local, nenhum deles se compadeceu com a vítima (que neste momento está hospitalizada).
Não obstante, filmaram o ocorrido, postaram no twitter e muitos outros homens compartilharam em suas redes sociais, fizeram piada e justificaram o crime.
Em segundos, milhares de mulheres se uniram na tarefa da conscientização de umas às outras, da denúncia formal, via PF, MP e Disque 180.
“O correto, nesses casos, não é denunciar o perfil do divulgador do material pela “timeline” da rede social.
Ajudem a denunciar, copiando a URL dos twittes e colando nos locais de denúncia dos sites :
– http://denuncia.pf.gov.br/
– http://www.safernet.org.br/site/
– http://www.humanizaredes.gov.br/disque100/
Na ouvidoria no site do Ministério Público do RJ (mprj.mp.br/cidadao/ouvidoria) É importante se identificar.
O Ligue 180 também é um caminho para denunciar.”
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Luara Colpa é brasileira, tem 28 anos. É mulher em um país patriarcal e oligárquico. Feminista e militante por conseguinte. Estuda Direito do Trabalhador e o que sente, escreve.
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trinta homens…
Trinta ou apenas um. O que importa? Mas comecemos deixar de ter uma visão hipócrita a respeito do crime e de criminosos. Neste país uma parte da ideologia que permeia a sociedade crê no criminoso como vitima. Criminoso é criminoso.. E vitima é vitima. Esta moça é como tantas pelo país, como alguns meses dentro da maior universidade do país, a USP, onde uma jovem foi estuprada também. A indignação deve ser a mesma. Os caminhos por onde os jovens chegam ao crime, a falta de apoio familiar, de lazer, de educação, a omissão do Poder Público já deveria ter sido corrigido com a implantação da Constituição Cidadã dos anos de 1980. A incompetência da sociedade e dev ários governos na correção de tais defeitos não pode servir de desculpas para criminosos.
SERES HUMANOS, NADA, UM MONTE DE VAGABUNDOS.
E é bom o TEMPO não voltar atrás. Voltar atrás parece se assemelhar a recuar, se amendrontar, se encolher.
É para frente que se anda, “chutando o traseiro” do que não presta, se necessário.
O que é desprezível e covarde, pode até atacar em bando, mas nunca conseguirá diminuir ninguém, porque CANALHICE NÃO SE TRANSMITE POR CONTATO. As vagabundas que os apoiam, estas sim podem até ter falsa aparência, mas se dividem em ignorantes e as que não valem nada.
Se essa moça for assassinada, virará um síbolo na LUTA CONTRA “CACHORROS” QUE FEDEM.
Quando a política é corrupta, esses tipos de vadios tentam fazer a mesma coisa, apoiados por entidades machas e tão vagabundas quanto eles. Como são BURROS, não sabem que estão plantando o TRÔCO que virá à frente.
Correção, mesmo que somente o mediador leia.
Assim como existem golpistas, ladrões, assassinos, etc…Existem mulheres que se auto classificam como vagabundas, pois apoiam esses salafrários.
Quanto às ignorantes, não podem ser classificadas como as vagabundas, mas não deixam de ter sua culpa e pagar por ela (cada qual de acordo com seu delito), por se deixarem manipular por calhordas.
Brilhante o artigo, ainda que
Brilhante o artigo, ainda que a partir de mais um triste episódio em nossa sociedade.
Penso ser, mais do que necessário, incluir o papel das mídias e dos meios de comunicação na reflexão a respeito do papel da mulher, seus estereótipos e as fortunas acumuladas a partir da exploração de seus corpos.
Não esqueçamos que, mutos produtos – entre os quais aqueles que recolhem grandes somas de impostos e tributos – são vendidos sob a capa de imagens que, infelizmente, não promovem qualquer oportunidade de respeito às mulheres.
Triste sociedade.
Faz sentido pensar que a
Faz sentido pensar que a formação do ministério Temer dá uma sensação de que mulher não é nada? Tem algo a ver com as torturas nas delegacias de polícia com a não punião da tortura na ditadura? Estamos enlouquecendo, perdendo todos os valores?
deninciar e acompanhar, até
deninciar e acompanhar, até que estejam presos, os 30, 35, trinta mil
Nem sei o que dizer! Que
Nem sei o que dizer! Que horror!
Matem todos, lenta e
Matem todos, lenta e dolorosamente, de preferência em cerimônia pública.
Luciana Mota