Jessé Souza: “A classe média é feita de imbecil pela elite”

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Fotos Públicas

Por Sergio Lirio

Na CartaCapital

Em agosto, o sociólogo Jessé Souza lança novo livro, A Miséria da Elite – da Escravidão à Lava Jato. De certa forma, a obra compõe uma trilogia, ao lado de A Tolice da Inteligência Brasileira, de 2015, e de A Ralé Brasileira, de 2009, um esforço de repensar a formação do País.

Neste novo estudo, o ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada aprofunda sua crítica à tese do patrimonialismo como origem de nossas mazelas e localiza na escravidão os genes de uma sociedade “sem culpa e remorso, que humilha e mata os pobres”. A mídia, a Justiça e a intelectualidade, de maneira quase unânime, afirma Souza na entrevista a seguir, estão a serviço dos donos do poder e se irmanam no objetivo de manter o povo em um estado permanente de letargia. A classe média, acrescenta, não percebe como é usada. “É feita de imbecil” pela elite.

CartaCapital: O impeachment de Dilma Rousseff, afirma o senhor, foi mais uma prova do pacto antipopular histórico que vigora no Brasil. Pode explicar?
Jessé Souza: A construção desse pacto se dá logo a partir da libertação dos escravos, em 1888. A uma ínfima elite econômica se une uma classe, que podemos chamar de média, detentora do conhecimento tido como legítimo e prestigioso. Ela também compõe a casta de privilegiados. São juízes, jornalistas, professores universitários. O capital econômico e o cultural serão as forças de reprodução do sistema no Brasil.

Em outra ponta, temos uma classe trabalhadora precarizada, próxima dos herdeiros da escravidão, secularmente abandonados. Eles se reproduzem aos trancos e barrancos, formam uma espécie de família desestruturada, sem acesso à educação formal. É majoritariamente negra, mas não só. Aos negros libertos juntaram-se, mais tarde, os migrantes nordestinos. Essa classe desprotegida herda o ódio e o desprezo antes destinados aos escravos. E pode ser identificada pela carência de acesso a serviços e direitos. Sua função na sociedade é vender a energia muscular, como animais. É ao mesmo tempo explorada e odiada.

CC: A sociedade brasileira foi forjada à sombra da escravidão, é isso?
JS: Exatamente. Muito se fala sobre a escravidão e pouco se reflete a respeito. A escravidão é tratada como um “nome” e não como um “conceito científico” que cria relações sociais muito específicas. Atribuiu-se muitas de nossas características à dita herança portuguesa, mas não havia escravidão em Portugal. Somos, nós brasileiros, filhos de um ambiente escravocrata, que cria um tipo de família específico, uma Justiça específica, uma economia específica. Aqui valia tomar a terra dos outros à força, para acumular capital, como acontece até hoje, e humilhar e condenar os mais frágeis ao abandono e à humilhação cotidiana.

CC: Um modelo que se perpetua, anota o senhor no novo livro.
JS: Sim. Como essa herança nunca foi refletida e criticada, continua sob outras máscaras. O ódio aos pobres é tão intenso que qualquer melhora na miséria gera reação violenta, apoiada pela mídia. E o tipo de rapina econômica de curto prazo que também reflete o mesmo padrão do escravismo.

CC: Como isso influencia a interpretação do Brasil?
JS: A recusa em confrontar o passado escravista gera uma incompreensão sobre o Brasil moderno. Incluo no problema de interpretação da realidade a tese do patrimonialismo, que tanto a direita quanto a esquerda, colonizada intelectualmente pela direita, adoram. O conceito de patrimonialismo serve para encobrir os interesses organizados no chamado mercado. Estigmatiza a política e o Estado, os “corruptos”, e estimula em contraponto a ideia de que o mercado é um poço de virtudes.

CC: O moralismo seletivo de certos setores não exprime mais um ódio de classe do que a aversão à corrupção?
JS: Sim. Uma parte privilegiada da sociedade passou a se sentir ameaçada pela pequena ascensão econômica desses grupos historicamente abandonados. Esse sentimento se expressava na irritação com a presença de pobres em shopping centers e nos aeroportos, que, segundo essa elite, tinham se tornado rodoviárias.

A irritação aumentou quando os pobres passaram a frequentar as universidades. Por quê? A partir desse momento, investiu-se contra uma das bases do poder de uma das alas que compõem o pacto antipopular, o acesso privilegiado, quase exclusivo, ao conhecimento formal considerado legítimo. Esse incômodo, até pouco tempo atrás, só podia ser compartilhado em uma roda de amigos. Não era de bom tom criticar a melhora de vida dos mais pobres.

CC: Como o moralismo entra em cena?
JS: O moralismo seletivo tem servido para atingir os principais agentes dessa pequena ascensão social, Lula e o PT. São o alvo da ira em um sistema político montado para ser corrompido, não por indivíduos, mas pelo mercado. São os grandes oligopólios e o sistema financeiro que mandam no País e que promovem a verdadeira corrupção, quantitativamente muito maior do que essa merreca exposta pela Lava Jato. O procurador-geral, Rodrigo Janot, comemora a devolução de 1 bilhão de reais aos cofres públicos com a operação. Só em juros e isenções fiscais o Brasil perde mil vezes mais.

CC: Esse pacto antipopular pode ser rompido? O fato de os antigos representantes políticos dessa elite terem se tornado alvo da Lava Jato não fragiliza essa relação, ao menos neste momento?
JS: Sem um pensamento articulado e novo, não. A única saída seria explicitar o papel da elite, que prospera no saque, na rapina. A classe média é feita de imbecil. Existe uma elite que a explora. Basta se pensar no custo da saúde pública. Por que é tão cara? Porque o sistema financeiro se apropriou dela. O custo da escola privada, da alimentação. A classe média está com a corda no pescoço, pois sustenta uma ínfima minoria de privilegiados, que enforca todo o resto da sociedade. A base da corrupção é uma elite econômica que compra a mídia, a Justiça, a política, e mantém o povo em um estado permanente de imbecilidade.

CC: Qual a diferença entre a escravidão no Brasil e nos Estados Unidos?
JS: Não há tanta diferença. Nos Estados Unidos, a parte não escravocrata dominou a porção escravocrata. No Brasil, isso jamais aconteceu. Ou seja, aqui é ainda pior. Os Estados Unidos não são, porém, exemplares. Por conta da escravidão, são extremamente desiguais e violentos. Em países de passado escravocrata, não se vê a prática da cidadania. Um pensador importante, Norbert Elias, explica a civilização europeia a partir da ruptura com a escravidão. É simples. Sem que se considere o outro humano, não se carrega culpa ou remorso. No Brasil atual prospera uma sociedade sem culpa e sem remorso, que humilha e mata os pobres.

CC: Algum dia a sociedade brasileira terá consciência das profundas desigualdades e suas consequências?
JS: Acho difícil. Com a mídia que temos, desregulada e a serviço do dinheiro, e a falta de um padrão de comparação para quem recebe as notícias, fica muito complicado. É ridícula a nossa televisão. Aqui você tem programas de debates com convidados que falam a mesma coisa. Isso não existe em nenhum país minimamente civilizado. É difícil criar um processo de aprendizado.

CC: O senhor acredita em eleições em 2018?
JS: Com a nossa elite, a nossa mídia, a nossa Justiça, tudo é possível. O principal fator de coesão da elite é o ódio aos pobres. Os políticos, por sua vez, viraram símbolo da rapinagem. Eles roubam mesmo, ao menos em grande parte, mas, em analogia com o narcotráfico, não passam de “aviõezinhos”. Os donos da boca de fumo são o sistema financeiro e os oligopólios. São estes que assaltam o País em grandes proporções. E somos cegos em relação a esse aspecto. A privatização do Estado é montada por esses grandes grupos. Não conseguimos perceber a atuação do chamado mercado. Fomos imbecilizados por essa mídia, que é paga pelos agentes desse mercado. Somos induzidos a acreditar que o poder público só se contrapõe aos indivíduos e não a esses interesses corporativos organizados. O poder real consegue ficar invisível no País.

CC: O quanto as manifestações de junho de 2013, iniciadas com os protestos contra o reajuste das tarifas de ônibus em São Paulo, criaram o ambiente para a atual crise política?
JS: Desde o início aquelas manifestações me pareceram suspeitas. Quem estava nas ruas não era o povo, era gente que sistematicamente votava contra o projeto do PT, contra a inclusão social. Comandada pela Rede Globo, a mídia logrou construir uma espécie de soberania virtual. Não existe alternativa à soberania popular. Só ela serve como base de qualquer poder legítimo. Essa mídia venal, que nunca foi emancipadora, montou um teatro, uma farsa de proporções gigantescas, em torno dessa soberania virtual.

CC: Mas aquelas manifestações foram iniciadas por um grupo supostamente ligado a ideias progressistas…
JS: Só no início. A mídia, especialmente a Rede Globo, se sentiu ameaçada no começo daqueles protestos. E qual foi a reação? Os meios de comunicação chamaram o seu povo para as ruas. Assistimos ao retorno da família, propriedade e tradição. Os mesmos “valores” que justificaram as passeatas a favor do golpe nos anos 60, empunhados pelos mesmos grupos que antes hostilizavam Getúlio Vargas. Esse pacto antipopular sempre buscou tornar suspeito qualquer representante das classes populares que pudesse ser levado pelo voto ao comando do Estado. Não por acaso, todos os líderes populares que chegaram ao poder foram destituídos por meio de golpes. 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

31 Comentários

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    1. Concordo. Talvez Marilena

      Concordo. Talvez Marilena tenha até pegado leve. Talvez Hanna Arendt quando fala da banalidade do mal explique melhor nossa classe média.

  1. A classe média brasileira, e

    A classe média brasileira, e também as classes altas, são massa de manobra da elite econômica. Defendem, como se fossem seus, interesses que favorecem exclusivamente uma elite econômica representada por uma parcela tão pequena da população, que sequer pontua nas estatísticas e à qual é quase impossível que um dia venham a pertencer.

    http://classemediamassademanobra.blogspot.com.br/2014/10/4-estrategias-41-alardear-as-virtudes.html

  2. Esse Brasil dificilmente vai

    Esse Brasil dificilmente vai se transformar em uma nação de cidadãos preocupados com o bem comum . O atual momento politico do Brasil , não era para debatermos o impechment da Dilma e a presença de este ser traiçoeiro do Temer . O debate tem ou teria que ser o projeto de Nação que queremos , mas sempre existe o impedimento ou adiamento criado pela classe dominante escravocata , como diz bem o professor . O Brasil não é um País , mas um lugar onde vivemos e moramos .

  3. Parabéns Jessé Souza. Análise perfeita.

    Alguns elementos:

    1)      O chamado “´patrimonialismo”, ou, em português claro, a corrupção, não é coisa de oligarquias ultrapassadas, dos grotões do país.  É o grande capital nacional e estrangeiro que o mantém vivo e rodando. E o motivo é citado por Jessé: instrumentaliza-se o Estado para viabilizar diuturnamente a rapina legalizada.

    2)      O problema é que esse sistema se internacionalizou. Também nos países centrais com suas instituições políticas consolidadas, as finanças e as grandes corporações sujeitam o Estado às suas demandas, chantageando a sociedade com o mote que seriam to big to fail. Ao mesmo tempo, a globalização força a generalização em nível mundial dos padrões dos países mais atrasados em termos de relações de trabalho e legislação ambiental.

    3)      O que são as novas legislações trabalhistas, as leis de terceirização, as reformas previdenciárias que vêm sendo impostas em todos os países do mundo, senão a adoção dos padrões dos países mais atrasados como benchmark internacional?

    4)      Desta forma, é possível dizer que o ideário do neoliberalismo brotou na verdade nos países da periferia. Elevou e deu status internacional para relações de trabalho marcadas pelo escravismo (ou outras formas de relação servil) e generalizou em nível mundial as práticas de controle pessoal e instrumentalização explicita do Estado para fins privados. Coisas que nós sempre conhecemos, mas os países centrais já haviam superado.

    5)      Portanto, não foi o neoliberalismo que saiu de Washington e posou aqui. Saiu daqui – e de outros muitos países da periferia – servindo de padrão para transformações nas relações sociais e políticas ao redor do mundo.

    6)      De qualquer maneira, independente do fato do neoliberalismo ser criação de país subdesenvolvido ou desenvolvido, o certo é que com a globalização em versão neoliberal, o atraso ganhou verniz de moderno. Passou a ser recomendação de economista consagrado internacionalmente. Assim, a predação social e ambiental ganhou selo de qualidade de país desenvolvido. Um complicador. 

    1. Margot, devagar com o andor

      Margot, devagar com o andor que o santo é de barro. Dr. Jessé ao equiparar a crítica ao patrimonialismo ao neoliberalismo sem se dar conta presta um grande desserviço para a sociologia e a política que ele quer defender. Como um apaixonado tresloucado na ânsia de amar (a verdade) agride (a verdade) e acaba por entorpecer o próprio valor da crítica aos “que mandam” que ele próprio pretende desenvolver.

      O neoliberalismo é um produto genuinamente de “país desenvolvido” e nisso não há nenhuma dúvida. Foi desenvolvido na Inglaterra e mais tarde nos Estados Unidos, por intelectuais e acadêmicos, principalmente economistas, ingleses, norte-americanos e, principalmente, austríacos ainda no final da Segunda Guerra como uma advertência aos liberais, social democratas e progressistas das nações desenvolvidas contra os riscos do socialismo em todas as suas formas até então tentadas, do comunismo soviético à social democracia passando pelo new deal americano. Por suas posições extremadas, pelos temores infundados e pelas análises equivocadas ou completamente em desacordo com o seu tempo, seus formuladores foram “condenados” a um longo ostracismo e não conseguiram botar a cabeça para fora até meados dos anos 70 e, mais, precisamente, em seus anos finais e no início dos anos 80 do século passado. Mas o livre cambismo de onde deriva o neoliberalismo é uma doutrina, um corpo de conhecimento, ou uma ideologia que remonta em suas origens ao século XIX e tem seu ocaso, que os neoliberais negam, durante a crise dos anos 30 do século passado. O neoliberalismo no Brasil ainda que pareça uma árvore gigante possui raízes bastante rasteiras. Nasceu tímido no final do regime militar na mão de seus apoiadores e sustentáculos e encontrou um rio mais caudaloso apenas na década de 90 incrivel e supreendentemente entre os principais opositores ao regime militar.

      O conceito de patrimonialismo é importado para o Brasil da sociologia weberiana mas seu uso é bastante eclético e muitas vezes em um sentido novo e diferente, articulado com outros conceitos sociológico e políticos, alguns marxistas e outros não marxistas, o que em si não é um problema desde que devidamente esclarecido esse uso alternativo. Isso adverte, por exemplo, o próprio Faoro em prefácios e no próprio texto. Sergio Buarque utiliza o conceito patrimonialismo já nos anos 30 e Faoro no final dos anos 50 – os dois monstros que Dr. Jessé quer enterrar e exconjurar  – contra a herança colonial (portuguesa-brasileira) que sufoca a sociedade brasileira. Estranhamente Sergio Buarque e Faoro estão ligados as principais lutas democráticas e estabeleceram fortes vínculos com o PT.

      Ao equiparar a crítica ao Estado do patrimonialismo com a crítica ao Estado do neoliberalismo, sem querer dr. Jesse  mistura alho com bugalhos.

      Ele poderia dizer que os neoliberais atualmente utilizam uma leitura bastante torta, vazia e acrítica do conceito de patrimonialismo mas nem isso ele diz. Ele não quer poupar os fautores do conceito de patrimonialismo mas deixa livre e não recrimina nem enfrenta diretamente os fautores do conceito de neoliberalismo.

      O argumento patrimonialista não é pro-mercado ou anti-português como o dr. Jessé nos faz crer. Está jogando a criança fora e ficando com a água suja que ele ainda insiste em limpar.

       

      1. Agradeço seu comentário. Mas

        Agradeço seu comentário. Mas insisto. As doutrinas liberal ou neoliberal são muito distintas quando levadas à prática. A Grã Bretanha, no auge das teorias de John Locke e Adam Amith, mandou às favas a mão invisível do mercado e preferiu a mão muito visível do feitor de escravos nas plantações de algodão, quando aportou na América do Norte. Ou seja, internamente o liberalismo andava de vento em popa, externamente, a lógica era coerção e constrangimento.

        Da mesma maneira, o neoliberalismo prega o livre mercado e o Estado mínimo, mas impõe na verdade o divórcio entre o Estado e o povo, enfraquece os controles democráticos, reduz a capacidade de manobra dos governos, sujeita o Estado às demandas do capital financeiro e das grandes corporações.  É a instrumentalização do Estado para fins privados (interesses de bancos, industriais bélicas ou corporações), coisa de pré-capitalista.  

        E instrumentalizar o Estado em forma explícita e não disfarçada confronta centralmente a função do Estado burguês que surgiu para ser uma instancia apartada dos interesses privados, como mediador, cumprindo funções que os capitais privados não poderiam cumprir. Por isso digo, sujeitar o Estado de forma direta a grupos privados é coronelismo, caudilhismo, ou outros ismos, tribais ou de outra natureza. É comum hoje na Europa o uso do termo “oligarquia”. Porque passaram a ter grupos agindo como verdadeiras oligarquias. 

        Esse processo é novo na Europa. Como são novas e recentes as legislações que precarizam o trabalho e quebram direitos de toda espécie. Isso só foi possível porque o sistema capitalista mundial ganhou musculatura nas regiões periféricas. E passou a impor nossos padrões atrasados também nos países centrais. Por lá a população reage. Por aqui, a elite se refestela porque o secular atraso ganhou verniz de moderno.

        1. Todas as doutrinas quando

          Todas as doutrinas quando levadas à prática são em algum grau algo distintas do corpo doutrinário original, isso não é um defeito, é uma realidade, a não ser que adotemos uma perpectiva mecanicista ou fundamentalista da história. Além do mais isso não aconteceu apenas com o liberalismo ou o neoliberalismo, passou o mesmo com o próprio socialismo ou com o marxismo como corpo doutrinário. Mas existe uma diferença fundamental entre o liberalismo e o neoliberalismo: o primeiro constitui uma doutrina progressista e revolucionária, da mesma forma que o socialismo, o segundo não passa de uma doutrina reacionário e contra-revolucionária. O primeiro, assim como o socialismo, fez avançar os direitos do homem em muitos ambitos da vida social e ajudou a construir o Estado de Direito e Democrático Moderno, o segundo busca apenas retirar direitos consagrados em nome de uma ideologia que vem colocando em risco a própria existência do Estado de Direito Democrático. O primeiro ajudou a por de pé governos baseados no direito e nas liberdades, o segundo parece querer fazer o relógio da história retroceder no tempo. Liberalismo, socialismo e democracia é verdade nunca foram termos fáceis ou sempre convergentes mas depois da Segunda Guerra pareciam pelo menos fazer avançar os direitos da cidadania, a democracia e o desenvolvimento social e humano nos países mais desenvolvidos. Este foi um movimento socialista, liberal e democrático de todo ou parcialmente ausente na maior parte do planeta que não chegou nem a tocar esse estágio como demonstra a triste história pela luta da descolonização e pelo desenvolvimento na maioria dos países Latino Americanos, Africanos e do sudeste da Ásia. É por isso que o neoliberalismo pelo menos para quem o crítica parece ser a própria descrição da realidade econômica dos países da América Latina, da África e do Leste e Sudeste da Ásia, países em que a democracia foi sempre algo muito frágil ou ausente, países que foram governados e dominados por autocracias e oligarquias corruptas e onde os direitos humanos básicos ainda não foram sequer garantidos ou atendidos. É verdade que muitos países e empresas do centro do capitalismo permitiam a seus próprios cidadãos aquilo que negavam aos cidadãos dos países da periferia. O fato que também agora (já há uns vinte e seis anos pelo menos, principalmente, depois da queda do muro em 1989) começaram a negar a seus próprios cidadãos dá uma noção e que explica o tamanho e a dimensão da reação a que nos enfrentamos.

          Se já é extranho essa troca de chumbo entre amigos (nessa infrutífera disputa por conceitos, essa espécie de olimpíada econômica-sociológica) mas ainda em meio ao maior bombardeio já vivido por aqueles que compartem muitos valores liberais, democráticos e socialistas em comum tanto nos países dito desenvolvidos quanto nos nossos. Acho que é por isso mesmo que Warren Bufeat pode se dar ao luxo de ser “marxista” afirmando a existência da luta de classes e dizer ironicamente que é a classe dele que está ganhando a guerra. Acho que mais realismo nos faria mais bem que essas “revoluções sociológicas” e esses milhões de bytes perdidos que se retroalimentam em nossas discussões infinitas. (cada vez acho que nos parecemos mais com aqueles patriotras judeus e todos aqueles grupusculos que se engalfinhavam entre si de A vida de Brain)

      2. Na verdade é você que deve ir

        Na verdade é você que deve ir devagar com o andor. Pelo visto, não entendeu coisa alguma do que disse Jessé. É você quem confunde tudo e mistura alhos com bugalhos. Parece que lhe falta capacidade interpretativa mínima e domínio de conceitos elementares presentes nos temas tratados por Jessé, tanto na entrevista como nos livros dele. A propósito, ele não é o único a criticar duramente e desmascarar a falácia e a superficialidade de “monstros sagrados” como Sérgio Buarque e Raymundo Faoro, dentre outros “intocáveis.” E o professor o faz com brilhantismo e coerência. Os estudos e os livros recentes de Jessé Souza são muito superiores do que as bobagens pseudo-sociológicas dos intelectuais a serviço da casa grande de hoje e de ontem. Tentativas simplórias como as suas, equivocadas e de senso comum, de se contrapor às explanações de Jessé só comprovam o acerto dele. 

        1. Allex você se comporta como

          Allex você se comporta como alguém que descobriu a luz no meio da escuridão e das trevas. Compreendo a sua alegria mas não entendo muito bem sua indignação contra aqueles carregam algumas dúvidas em relação as tais descobertas e a tal luz (insisto algumas dúvidas).

          Allex acusar o outro de não entender, de não ter capacidade internpretativa, de não dominar os conceitos (elementares!) é uma estratégia tão pernóstica quanto velha (por exemplo dentro do marxismo é bastante típica). Um pouquinho mais de weberianismo te faria mais generosos e menos crente.

          O fato de ele não ser o único a criticar os tais monstro sagrados e intocáveis não quer dizer que por isso esteja certo parcial ou totalmente Jessé de Souza e todos os que o acompanham nem que eles também não possam estar sujeito também a crítica que ele aplica a seus detratores (como os aspectos que levantei e que te incomodaram tanto), ou não? Uma pessoa pode ser brilhante e coerente e mesmo assim estar equivocada, ou não?

          Acredito que não vai ser a última vez que vamos desvistir e vestir muitos monstros sagrados intocáveis, enterrar e desenterrar muitas bobagens pseudo-sociológicas, esquecer ou recuperar esse ou aquele pensador. Sabemos que isso faz parte de uma infinita e sempre presente re-elaboração intelectual nessa conversa com pensadores vivos e mortos.

          Quer dizer então que Sérgio Buarque e Raimundo Faoro estiveram “a serviço da casa grande”.

          Conceitos só tem serventia quando servem para iluminar ou aclarar esse ou aquele aspecto da realidade e não como luzes que projetamos contra os olhos uns dos outros.

  4. bom, muito bom!

    Plenamente de acordo. Os meus amigos da classe media dão toda a razão ao que Jesse defende.

    Bem que tento pôr algum questionamento para esse pessoal. Perda de tempo!!!!

    Eles odiam pensar!!!!

  5. Obsessão em ter a classe média na turma

    Sério, já tá ficando obssessivo a tendencia da esquerda em querer tirar a culpa da classe média pelo ocorrido. Fazem textão, entrevista,  tudo para tirar a culpa deles do cartorio, fanzendo uma “perdão da divida” com eles. São gente que nunca assume que erraram – ficando ou quieto até se esquecerem do erro ou bravejando ainda mais -, são movidos pelo ódio, querem priviléegios, mesquinhos. Acham mesmo que esse tipo de gente é confiavel? Acha que eles entrando na causa, vai agregar valor a ela? E o pior é que vejo um monte de comentário que falam que não se devem aliar com isso ou aquilo, exceto com a classe média, que é o gupo menos confiavel de todos, liberando a aliança com os mesmo. Não gosto do trabalho do Jessé, já que ele limpa muito a barra da lasse média, trantando eles como vitimas, como ums manipulados. Eles se diexaram manipular, e tem culpa igual sim. Não são vitimas coisa nenhuma!

  6. Jessé atingiu o cerne da burrice acadêmica brasileira

    Creio que Jessé de Souza acertou em cheio o cerne de problema brasileiro.

    O Brasil está no mundo e responde as suas variávies: império americano, neolilberalismo, crescimento econômico da China, capital financerio global, etc.

    Mas dentro deste contexto maior, a “margem de manobra” existente para o desenvolvimento nacional está na superação da “tolice da inteligência brasileira” de acreditar que a caracteristica do Brasil é ser cordial, patrimonialista, “jeitoso”.

    Ou superamos essa concepção pseudo intelectual (acadêmica) de nos vermos como vira latas, vis a vis os nobres americanos, europeus e asiáticos (especialmente Japão e Coréia), ou nunca superaremos, minimamente, nossa condição – de país rico com povo pobre.

    Por que, por exemplo, a palavra populismo denota um sentido pejorativo?

    Porque no Brasil, o povo é visto com um sentido depreciado. Logo, desenvolver o país é sinônimo de afastá-lo das mãos de seu povo. 

    Quem governa com o povo, pelo povo e para o povo – brasileiro, é populista.

    E como o povo é “cordial”, “jeitoso” e não sabe separar sua “casa da rua”, afastar o governo de suas mãos é livra-lo do mal. Logo, somente assim será possível desenvolver o país.

    Haja cabeça de colonizado pra aguentar tanta burrice. Ora, afastar o governo do povo brasileiro é o mesmo que entregá-lo nas mãos de um povo estrangeiro.

    Mas como estrangeiro alemão, francês, inglês, americano e japonês é tudo bonzinho, nunca fizeram guerra com ninguém, nem mataram ninguém para obter suas riquezas, então é muito bom a gente entregar nosso destino nas mãos desse povo bonzinho.

  7. Jessé de Souza resolveu
    Jessé de Souza resolveu descarregar toda sua ira e sua artilharia sociológica contra seus amigos e parentes próximos, ideológica e intelectualmente falando, representados por aquela enorme “fração” da inteligência brasileira, que ficou conhecida como pensamento social brasileiro, que ele quer enterrar, por (muito ou pouco) “tolos” que sejam no entender do sociólogo.

    Como Jessé de Souza não informa quem seria “a esquerda não colonizada pela direita” é possível inferir que sejam todos aqueles que compartem com ele a sua crítica à tese do patrimonialismo e que frequentam na falta de uma melhor descrição o laboratório sociológico de Jessé de Souza. Ou ainda e para resumir: aquela fração da “inteligência brasileira” que segundo ele “não é tola”.

    Da leitura de A Tolice da Inteligência Brasileira é possível também inferir (por sua ausência) que não existe inteligência brasileira de direita uma vez que durante todo o livro a direita propriamente dita passa incólume ao fogo cerrado de sua artilharia pesada.

    Espero estar errado mas me parece que o Dr. Jessé confunde ou toma como a mesma coisa a crítica do patrimonialismo e a crítica do neoliberalismo (que ele não faz). Nessa operação podemos sem querer tomar descuidadosamente Raimundo Faoro por Roberto Campos, Sergio Buarque por Eugênio Gudin, Celso Furtado por Mario Henrique Simonsen, ou mesmo patrimonialismo por neoliberalismo.

    Esperamos que dessa vez em A Miséria da Elite ele reserve um pouco de chumbo grosso para aqueles que, entendo, são seus reais adversários (aqueles que “mandam no País”, não vou dizer “donos do poder” para não ferir as sensibilidades dos sociólogos do laboratório de Jesse de Souza em sua cruzada contra o patrimonialismo), já que com seus companheiros de jornada ele foi tão implacável e nada parcimonioso ou ponderado na crítica.

    Estranho.

     

    1. Certeza que você leu o livro?

      Certeza que você leu o livro? Por que francamente você tem uma interpretação um tanto elástica e doidona do que está escrito lá.  Aliás, aqui. Estou com um exemplar nas mãos neste momento. 

    2. Em cada cabeça um entendimento, uma intetrpretação

      Assim que foi publicado, adquiri um exemplar de “A tolice da inteligência brasileira”. E o que depreendi da leitura em nada se assemelha ao que você relata neste comentário.

  8. A classe mé(r)dia não é feita de imbecil, é imbecil mesmo

    Desculpe, mas a classe mé(r)dia não é feita de imbecil, ela é imbecil mesmo…..

  9. Comentário.

    OK, a classe média é feita de imbecil.

    Sou bastante freudiano neste aspecto. Não existe nada na forma do pensamento de massa da classe média que não seja uma vantagem psicológica forte? É empírico e também pode ser demonstrado numa análise individual: é possível encontrar dupla função na neurose.

    No fundo, ela SABE que faz fora do penico.

    E, agora, não ousa sair às ruas pra dizer não a este governo. Pois reconhece, pelo silêncio, que cometeu um erro gravíssimo.  Mas para isso, teria que se identificar com a classe na qual não tem lá grande apreciação. E, por mais sujo que o PT esteja, ele tem mais entendimento sobre o que se deveria ter o país e a classe média não ousará dar o passo fundamental. Por incrível que pareça, dentro do jogo que estamos jogando, o correto seria em votar nos partidos de esquerda, incluindo o PT. E por qual motivo? Pra varrer eleitoralmente os vendilhões. Mas não, o que aconteceu foi justamente o contrário.

    Para quem acha que é descabido, olhem para o pior congresso nacional que já tivemos.

    E pq o PT se sujou? Teve que manter a estrutura ameaçadora das elites, conciliar com ela e não mexer nos pauzinhos. É esta, inclusive a decepção de parte da esquerda. Mas espera aí. Se olhar o PMDB, sua estrutura é mais enraizada em pequenas e médias cidades e em bases parlamentares. Quer dizer, a população vota no Lula, na Dilma, mas vota em parlamentares, em governadores e prefeitos que farão justamente o jogo ruim. Quer dizer, a “qualidade do voto” não é lá estas coisas, então.

    E ainda se lê nos blogs, incluindo aqui, que se deve legitimar tudo com eleição direta pra presidente; isto ainda é ilusão das ilusões.

    A classe média é formada pelos intelectuais, os subalternos das elites, em termos rudemente gramscianos. A classe média feita de imbecil é, no fundo, “empregadinha”, profundamente lambe-botas, sem caráter e violenta. E é preciso tratá-la como tal.

    Ou quando um jornalista que é pior que o próprio patrão não é ele que constitui e constrói o caráter da classe média que é, como diz o autor, feita de imbecil? Ele não é feito de imbecil. Ela faz por querer. Reitero, então, a classe média deve ser tratada como tal.

  10. Copie e compartilhe no zap e demais redes
    A CULTURA ESCRAVISTA NOS NOSSOS DIAS

    O DNA escravista na nossa alma parece carma insuperavel: estå no sangue essa coisa de excluir e tripudiar sobre os mais fracos…ja o sinhozinho da Casa Grande pode roubar no atacado e ninguem se importa, alias ate acham bonito…puniçao so pra Senzala PPPP – vide o caso Aecio Neves nas maos do Gilmar Mendes e, por outo lado, Lula sendo acusado de ser dono de apto alias um pombal e, por essa falsa acusaçao, vemos diariamente o ex-presidente mais respeitado, estudado e admirado no mundo afora sendo açoitado no pelourinho para “dar exemplo” a quem se atreva a desafiar a logica escravista estabelecida…

    Tá na nossa historia: quando esse pais começa a despontar no cenårio mundial e a se desenvolver sem deixar de lado o estado social com suas políticas de inclusão, vem um golpe de Estado com perseguiçao a lideranças como Lula…

    Quanto ao povo que poderia evitar isso, quando encontro-me diante de uma multidao, num ponto de onibus ou na sofreguidao de uma rodoviaria ou no corre corre das compras me pergunto: quantas destas pessoas sabem o que é luta de classes
    ?????

    O que esperar de um povo que se indigna com o ladraozinho de bicicleta a ponto de linchå-lo, isso sob o a convocatoria de uma Rachel Sheherazade em transmissão de uma concessionária de serviço de comunicação, onde Ratinhos e Datenas proliferam aos montes em serviços de TV e radiodifusão nacional e regionais de propriedade de oligarcas.

    Assim e por estes meios o povo foi (in)formado e chegamos ao fundo do poço: o que esperar de um pais que, sob protestos do mundo civilizado, aprova leis como o Escola Sem Partido, o que se segue a milicias como a de Fernando Holiday policiando salas de aula e incentivando alunos na prática da delaçao sem saber que estao a serviço de seus algozes…e saber que o pedagogo brasileiro Paulo Freire, o primeiro pensamento cerceado nestes golpes ciclicos, é um dos autores mais citados nos EUA.. e nós aqui vendo milicias holydeianas patrulhando escolas

    Esse pais tem jeito

    ?????

    Sem que ocorra o que nunca ocorreu neste pais, ou seja, uma ampla rebelião da Senzala, não tem jeito

    Hoje mesmo assisti a um video que relaciona algumas curiosidades da Coreia do Norte, dentre elas o povo nao ter acesso a dezenas de canais de TV aberta, como nos EUA…aquele povo, apontou o video, estaria submetido a uma ferrenha ditadura do pensamento e por isso teria a seu dispor apenas 4 canais de TV, todos canais….ai me lembrei que, assim como ocorre naquele país asiático, também temos apenas 4: Globo, Record, Band e SBT sendo que na pratica temos apenas um, a Globo, pois as demais nào passam de meras repetidoras desta e o pior: sem direito ao contraditorio, ou seja, sendo proibido ouvir a outra parte, a opiniao contraria.

    No nosso pais, todos os canais abertos de TV pertencem à Casa Grande! Havia uma TV Pública, a TV Brasil que, com o golpe de Estado de 2016, foi desmontada. A Senzala nem rádio pode ter, hå uma implacável perseguição às rádios populares, ou seja, aquelas pertencentes a segmentos sociais para a transmissão de programas: classificadas como clandestinas, são alvo de perguiçao implacável num pais em que os sinais de radiodifusão caem sempre nas maos de oligarquias.

    Tudo isso faz parte da construção da nossa condiçao bovina.

    Um caso a ser estudado ė o nosso Poder Verbalizador/Midiático que, em conluio com um primitivo sistema penal, Instituiçoes que mais se parecem a organizaçoes criminosas a serviço da classe dominante, mercado sanguessuga concentrador sonegador de impostos e lideres religiosos mal intencionados, constroem subjetividades e assim conquistam coraçoes e mentes que alimentem e mantenham o status quo escravagista.
    A proposito

    Estrutura e superestrutura nos dias atuais

    https://jornalggn.com.br/blog/jose-carlos-lima/estrutura-e-superestrutura-a-dominacao-ideologica-nos-dias-atuais

  11. A classe média não é média, é classe trabalhadora alta

    “Surpresos? 
    Mr.Rocks 20/06/2005 22:33 
     

    A classe média se surpreendeu em descobrir que é pouco numerosa. Não que eu seja a favor do Lula, mas não existe “o povo brasileiro” que é comodista e tal. Isso aí é a classe média, e do Rio, da zona sul ainda por cima, que acha que o Brasil são só eles. Eles se acham os porta-vozes do Brasil. E aí quando se dão conta que o Brasil não seguiu eles, ficam reclamando de comodismo. 

    O Brasil não segue eles porque o Brasil não fica na zona sul e nem se resume à diminuta classe média. O Brasil não lê Jornal do Brasil. O Brasil não tem conhecidos na Globo. O Brasil está tão mal quanto nos tempos do FHC, e a razão é econômica, não política. Eles nem estão plugados no Orkut, nem se sentem representados pela classe média carioca da zona sul, muito menos quando esta se escandaliza. 

    Tem mais gente se sentindo representada pelo MST (não se esqueça de que 40% dos brasileiros estão abaixo da linha da pobreza, da forma definida pela ONU) do que pela classe média da zona sul do Rio. É por isso que os movimentos sociais têm força, e a classe média da zona sul do Rio não. Isso não tem nada a ver com o PT, nem com comodismo, nem com desorganização. Isso tem a ver com classe social. E a classe média é cega para isso. Ela jamais enxerga as suas empregadas. Para eles, “o povo” é um conceito vago, formado por gente diferente das pessoas que lavam seus pratos, tomam conta das suas portarias, e moram em suas favelas. 

    Também não enxerga que a briga dos parlamentares não lhes diz respeito. A classe média acha que manda no governo. Acha que a democracia depende dela. Isso então é mais risível ainda. A classe média é muito mais uma ficção das novelas do que uma fração importante da sociedade brasileira. Ela é diminuta (como a classe dominante), mas não manda em nada. E nem é numerosa o suficiente para influir na política. Não foi à toa que seus filhos esquerdistas foram liquidados pela ditadura. Eram pouco numerosos. 

    Qualquer um que foi aos protestos contra o Collor, se lembrará de que o grosso das manifestações eram alunos de escolas públicas. O Collor, portanto, não foi deposto pela classe média. O Collor foi deposto pelo povo, aqui entendido como a classe trabalhadora, ou pobre, ou proletária. Este, sim, tem força por ser numeroso. E claro, também era interesse dos parlamentares, assim como é agora. Se não fosse por isso, bastava mandar a tropa de choque reprimir, do mesmo jeito que FHC fez com os professores universitários em São Paulo. (Lembra?).” 

    http://www.brasil.indymedia.org/pt/blue/2005/06/320550.shtml 
     

  12. O povo é um estorvo
    A questão mais importante é o colonialismo. A elite latino-americana se considera européia ou americana e vê o povo como um estorvo, que atrapalha o escoamento de riqueza para a metrópole.
    A classe média enlouquece sob a tensão entre o povo e a elite; fica abestalhada e raivosa, ou seja, imbecilizada.

  13. Li a “Tolice da Inteligência

    Li a “Tolice da Inteligência Brasileira”. Penso que Jessé Souza acertou em cheio. Um estudo que deve ter causado muita dor de cabeça na nossa “inteligentzia”, pois contestou autores tidos como “intocáveis”, mas que na verdade nada mais fizeram que mascarar os reais problemas do país.

  14. Quão distantes estamos do

    Quão distantes estamos do conceito correto de sermos elite; um conjunto de posturas para melhor servir a humanidade – formação, ilustração acadêmica, conhecimento espiritual, conhecer-se a si mesmo, evoluir de estados mais densos; sublimar os extintos de nutrição e reprodução (Nietzsche) equilíbrio nos desejos.
    E porque não a síntese do socialismo: “De cada um de acordo com suas possibilidades ou capacidades, para cada um de acordo com suas necessidades. Exemplo de possibilidades; médicos cubanos já que os nacionais preferem (direito egoístico) os grandes centros. Necessidades – bolsa família.
    Ou o principio da antroposofia – “O bem estar de um todo formado por pessoas que trabalham em conjunto é tanto maior quanto menos o indivíduo exigir para si os resultados de seu trabalho, ou seja, quanto mais ele ceder estes resultados a seus colaboradores e quanto mais suas necessidades forem satisfeitas, não por seu próprio trabalho mas pelo dos outros.”

    Era o que estava sendo implantado pela esquerda ou seja: “America latina berço de uma nova civilização” enquanto perdurar o GOLPE estará cada vez mais distante. A quem apelar?

    1. Quem produz roupas deve usar cada vez menos roupas?

      “O bem estar de um todo formado por pessoas que trabalham em conjunto é tanto maior quanto menos o indivíduo exigir para si os resultados de seu trabalho, ou seja, quanto mais ele ceder estes resultados a seus colaboradores e quanto mais suas necessidades forem satisfeitas, não por seu próprio trabalho mas pelo dos outros.”.

      Se eu trabalhar numa fábrica de roupas e minha amiga trabalhar na agricultura, produzindo arroz, ela deve comer cada vez menos arroz e obter cada vez mais roupas enquanto eu devo cada vez mais reduzir as minhas roupas e comer cada vez mais arroz?

  15. Mas, e o PSOL?

    Excelente entrevista e análise, seguindo de perto a exposição de Darcy Ribeiro em “O povo brasileiro”.

    Mas acho importante fazer um comentário a respeito das manifestações de 2013.

    De fato, um segmento antipopular infiltrou e colonizou aquelas manifestações, que,  desde o início, para muitos  (mas para muitos mesmo!) tratava-se de um movimento de traços, orientações e discurso claramente de direita – basta lembrar que as manifestações se avocavam como “sem partido” e hostilizavam a organização dos trabalhadores e dos movimentos sociais.

    Mas não é que no meio desta turba cobrando autonomia para o MPF e padrão Fifa para a educação e a saúde públicas emergiam dirigentes e militantes do psol, que apologeticamente viam aquela multidão enebriada por um sentimento confuso e confundido estrategicamente pela elite esganada deste país como “Jornadas Populares”?

    Os psois, na sua tôla e ingênua essência estudantil, posicionando-se idealmente diante de um claro movimento de desestabilização de um governo eleito democraticamente.

    Hoje, de novo, os psois, por ingenuidade ou burrice mesmo, ajudam a direita mais tacanha do país a erguer e fazer tremular a bandeira vazia do combate à corrupção, defendendo a lavajato.

    Reitero: a direita tem um aliado estratégico na esquerda, por isso dói nos ouvidos a fala de Ruy Fausto contestando a hegemonia do PT e lançando a chapa Haddad/Freixo. Atravessamos, de fato, uma quadra do tempo muito acidentada.

  16. Ontem passei algumas horas na

    Ontem passei algumas horas na mesa da sala consertando nossa Air Fryer (sofri, mas consegui) e a TV estava na Globo (me julguem). Estava passando o quadro “Quem quer ser um milionário” do “Caldeirão do Huck”. Um dos competidores era um “físico”, que não sabia o que era um sismógrafo. Minha esposa me disse que assistiu outro episódio onde uma psicóloga não sabia que o papa atual se chama Francisco.

    Se olharmos alguns vídeos de entrevistas dos participantes das manifestações pelo impeachment, vamos ter outras amostras da “inteligência” da classe média.

    Minha conclusão é que (com algumas exceções), eles não SÃO FEITOS de imbecis, eles SÂO imbecis.

     

  17. O imobilismo da massa

    E a massa, onde está? pergunta Bemvindo Sequeira:

    https://www.youtube.com/watch?v=mq9wSoBuyKs

    PS – Os golpistas, particularmente os aecistas, já perceberam que as denúncias contra MT e Mineirinho não foram suficiente para que povo saísse às ruas com indignação e estão retomando a iniciativa. É nítida essa retomada com o stf voltando a blindar o Mineirinho novamente, liberando toda a cúpula de sua gangue e o senado ter arquivado, na maior caradura, o pedido de cassação do bandido Mineirinho.

  18. Será que Fernando Horta lê Jessé Souza?

    Prezados,

    Fernando Horta, de quem o Caviar Esquerda reproduzia artigos, há cerca de dois meses escreve regularmente no GGN. Foi bem recebido e saudado pelos leitores deste portal; mas, poucas semanas após a estréia, colocou as ‘asinhas’ de fora e vem, desde então, tentando encaixar uma teoria diversionista, negando obviedades constatadas por todos nós, que vivenciamos e acompanhamos com atenção o desenrolar dos fatos históricos, políticos e sociológicos que se passam em Pindorama. Numa frenética tentativa de se mostrar ‘dono da razão e da verdade’, Fernando Horta tem procurado desqualificar quem o critica, apelando para textos de outros autores. Mas entre os atentos leitores do GGN FH não tem logrado êxito e o teor das críticas a ele tem aumentado, à medida FH tenta impor suas teses diversionistas.

    Ao contrário de FH, Jessé Souza mostra e demonstra aquilo que os cidadãos mais atentos e observadores têm percebido: a classe média foi e continua a ser usada como massa de manobra pela elite, sendo por essa imbecilizada. Além da “Tolice da inteligência Brasileira”, noutras obras Jessé mostra e demonstra, com dados empíricos, os resultados das pesquisas feitas por ele e alunos colaboradores. Jessé não se restringe a análises teóricas e artigos de opinião; ele e colaboradores vão a campo, levantam dados e informações, investigam fatos que embasarão as análises. “A ra é brasileira: quem é e como vive”, “Batalhadores brasileiros” e “A radiografia do golpe” são livros obrigatórios aos brasileiros inconformados, que se interessam por Sociologia, História, Ciência Política e Cidadania.

     

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