Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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Dependência da China foi gerada pelo neoliberalismo, por Andre Motta Araujo

A doutrina econômica subjacente e patrocinadora desse globalismo industrial reverso, que tornou o Ocidente dependente da China, é o NEOLIBERALISMO, que tem como Deus único a vantagem comparativa de mercados

Dependência da China foi gerada pelo neoliberalismo

por Andre Motta Araujo

Ao criar a noção de que o mundo deveria globalizar suas cadeias industriais para obter produtos onde fossem mais baratos, sem nenhuma outra consideração, nem de segurança, nem de geopolítica. A vantagem econômica deveria ser a única consideração. O neoliberalismo dos anos 70 tornou o mundo REFÉM DA CHINA em nome de cadeias produtivas globais,  conceito de caráter exclusivamente econômico em razão do qual toda a produção eletrônica, automobilística, farmacêutica, de equipamentos para saúde, dos EUA, parte da União Europeia, Brasil, México e Argentina, DEPENDE DE INSUMOS VINDOS DA CHINA, porque lá são mais baratos. Isso promoveu, em nome da economia de mercado, a desindustrialização dos Estados Unidos, Reino Unido, grande parte da França, Espanha e Itália, preservando a Alemanha que não embarcou de cabeça nesse processo.

A doutrina econômica subjacente e patrocinadora desse globalismo industrial reverso, que tornou o Ocidente dependente da China, é o NEOLIBERALISMO, que tem como Deus único a vantagem comparativa de mercados, sem outras considerações sobre segurança e emprego, as grandes corporações multinacionais passaram a ser supridas pela China em tudo o que a China pode produzir mais barato do que em seus países.

A conta veio rápida, a loucura neoliberal economiza no curto prazo, mas cobra alto no longo prazo. Hoje o mundo ocidental depende da China para itens básicos de saúde, como máscaras e aventais, além dos itens mais complexos como respiradores.

Mas o mundo depende da China em muito mais itens, especialmente componentes para indústria de alta tecnologia, até equipamentos sensíveis de defesa dos Estados Unidos têm grande número de componentes chineses, tudo em nome do baixo custo a curto prazo, deixando a conta final para o longo prazo.

AS PERDAS DO BRASIL

O Brasil foi um dos grandes exemplos da loucura neoliberal. A partir da gestão de mercado na PETROBRAS, com Pedro Parente, foram CANCELADAS todas as compras de navios e sondas, no valor de bilhões de dólares, que o setor de óleo e gás faria a estaleiros brasileiros, sob a alegação de que é MAIS BARATO COMPRAR NA CHINA.

Fecharam praticamente todos os estaleiros navais do Brasil, com a perda de 400 mil empregos diretos e indiretos, um navio demanda aço, compressores, bombas, motores, fios e cabos, tintas, é um imenso núcleo de suprimentos da indústria nacional, tudo isso foi irresponsavelmente transferido para a China, inclusive sondas quase prontas nos estaleiros de Rio Grande foram rebocadas para serem terminadas na China, navios para a Vale do Rio Doce que poderiam ser construídos nos estaleiro EAS em Pernambuco foram novamente encomendados à China.

A indústria naval brasileira foi LIQUIDADA pelo neoliberalismo ensandecido, empobrecendo o Brasil e o povo que dependia desses empregos, criando zonas de estagnação em cidades e regiões, tudo em nome da lógica das “cadeias produtivas globais”. A conta veio com o Coronavírus e será alta.

Mas as lições precisam ser aprendidas e uma das consequências lógicas será o ostracismo de “economistas neoliberais” e sua curta visão de mercado. Os países emergentes precisam de ECONOMISTAS COM VISÃO DE PAÍS E DE SEU FUTURO e não da Bolsa da próxima semana, única coisa que os neoliberais entendem.

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

37 Comentários

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  1. “Dependência da China foi gerada pelo neoliberalismo”
    Meia verdade que deseduca e mais confunde do que explica.
    A realidade factual que as pessoas precisam compreender é:
    Dependência da China foi gerada pelo CAPITALISMO.
    Dar nome às mutações por trás das quais se ocultam as faces mais abjetas e incontornáveis do CAPITALISMO contribui para que esse sistema nefasto permaneça, prospere e continue a corromper a humanidade e destruindo o planeta Terra.

    1. Ironicamente, a China é comunista. Mas sabe usar bem o capitalismo. O que apenas prova o que eu sempre digo: o capitalismo, nefasto ou benévolo, não é uma ideologia, mas uma ferramenta, usada por todos, até pelos comunistas.

      Difícil é explicar porque, se o capitalismo é tão nefasto, a China só conseguiu sair da pobreza e se tornar a potência que usando essa coisa nefasta.

      1. Pedro Mundim, a sua resposta ao ‘samba de uma nota só’ da Doutrinação Esquerdopata destes 90 anos foi espetacular. Mas o seu comentário abaixo foi desastroso. Deu uma no cravo e outra na ferradura. Usar o Estado, geralmente o segundo maior consumidor de uma Nação (no Brasil com certeza) para alavancar Indústrias e Economia Nacionais é o que todos fazem. Pelo menos os mais inteligentes, preparados e desenvolvidos. Aqui, nos enrolamos numa discussão ideológica burra, ignorante, desqualificada e imbecil. Imbecil porque com este despreparo intelectual, atacamos Nosso Empregos, Nossa Soberania, Nosso Desenvolvimento, Nossa Tecnologia, Nossa Prosperidade. O Estrado defender seu Povo e seus Interesses, tornou-se heresia ou palavrão. Empresas genuinamente Brasileiras como Odebrecht, JBS, Petrobrás,…foram atacadas e destruídas como se ganhássemos alguma coisa com isto. Os milhares e milhares de Brasileiros que constituíam estas Empresas foram igualmente atacados. Será que ainda hoje, mesmo depois de 1/4 de século das Privatarias Tucanas e réplicas da mesma imbecilidade no Governo Temer, não conseguimos enxergar o óbvio? Com todas as matérias de AMA, é inacreditável e surreal que o Brasileiro ainda compre esta farsa, criticando o Estado como agente impulsionado e regulador dos interesses da Nação. Livre Comércio, Livre Iniciativa, Investimentos Privados sim, até mesmo Privatizações pontuais, desde que o Brasileiro seja começo, meio e fim de todas Políticas Brasileiras. Seria melhor tirar o dinheiro do bolso esquerdo para o direito, que enfiá-lo no bolso dos outros. O dinheiro não seria mais nosso. Acordemos.

        1. Mas aqui, a ação do Estado se assemelhava à daquele pai que além de comprar o botequim para o filho, também compra o estoque e ainda vai lá beber cachaça para o filho ter faturamento. Nossos empresários aprenderam que a receita para ter sucesso não é disputar por qualidade e preço, mas sim ter bom relacionamento com o governo.

          Se você procura exemplos de empresários brasileiros de talento, tipo self-made-man, só vai encontrá-los na república velha ou no império, antes do varguismo.

      2. Então a ferramenta capitalista, usada por burgueses e comunistas, é ineficiente, pois a maioria esmagadora da humanidade vive na miséria e na ignorância, e essa miséria e essa ignorância são por causa do capitalismo, não apesar dele.

        Ser comunista mas usar a ferramenta capitalista equivale a ser capitalista e usar método socialista.

        1. Em base do que você afirma isso? Antes do capitalismo as pessoas não viviam na miséria e na ignorância?

          Que eu saiba, os países onde há menos miséria e desigualdade são os países que entraram cedo no capitalismo, ainda no século 18, e os países onde há mais miséria e desigualdade são aqueles que aprenderam mal o capitalismo e ainda tem heranças dos tempo pré-capitalistas, por vezes tentando desastrosas experiências socialistas.

    2. Por aqui também o medo de afrontar o capitalismo é um sintoma. Há o senso comum de que o “centro” é o lugar da razão. Os críticos logo desistirão de falar sério. A conversa será na copa das comadres, e olhe lá. Mas o grito forte vem só do fascismo.

  2. André, foi meu comentário em tua postagem anterior – sem essa desenvoltura. O mundo pós a China como a grande fornecedora e, inocentemente, ignorância a dependência gigantesca.

  3. Nada mudará no mundo depois do coronavirus. Passado um período de recuperação do choque voltará tudo a ser business as usual.

  4. Mas você acha que chegaríamos a algum lugar com uma indústria nacional produzindo para empresas estatais obrigadas a adquirir produto nacional? Isso é o mesmo que tirar dinheiro do bolso esquerdo e botar no bolso direito.

    Por que os estaleiros brasileiros não direcionam a produção para exportação, como sempre fizeram os estaleiros asiáticos?

    1. O Brasil, a Alemanha, o Japão e a Italia, só tiveram industrias poque protegeram suas industrias, caso contrario a unica potencia industrial seria a Inglaterra, o Brasil fez nascer sua industria com medidas de Estado, como a criação da Usina de Volta Redonda, capitalismo puro, na doutrina das vantagens corporativas, só existe em livros e existiu para beneficiar a Inglaterra, o Brasil tem vasto mercado interno para sua industria, não depende de exportação para ter industria, a exportação é complementar.

      1. Caro AMA, o Estado Brasileiro pós Ditadura Fascista só criou o Capitalismo e Industrialização de Estado. Seu cabide de empregos, estagnação e parasitismo. E com isto o enorme aparato e subserviência ao Estado Totalitário, inclusive na Economia. Tragédia que empurramos até os dias de hoje. Desde quando o cérebro por trás do Caudilhista, Gudin, era favorável à Industrialização Brasileira? Então não estendamos a bipolaridade, o revisionismo histórico antagônico. Gudin, anti industrialização nacionalista, alavanca a industrialização nacionalista? O restante da Elite Industrial Paulista como Monteiro Lobato, salvou a Industrialização e o Nacionalismo com Empresas como Petrobrás. A SUDAN foi a maior empresa do Setor no Hemisfério, durante a 1.a República, República Paulista. Como falar em Industrialização tardia? Somente com revisionismo histórico, envesado e obtuso. Voltemos a ser cabeça. 90 anos como rabo, nos trouxeram até aqui. A reboque.

      2. Pelo que sei, a última grande potência industrial que só produzia para o mercado interno foi a ex-URSS. Que faliu. Acredito que do Japão aos EUA, passando pela Coréia do Sul, todas as grandes potências industriais obtém maior receita da exportação. Uma cena que eu me lembro bem, chegando no aeroporto em Seul, foi ver coreanos trazendo na bagagem eletrônicos Samsung comprados no exterior, onde eram mais baratos.

        No mundo globalizado, produzir só para o mercado interno é uma ideia totalmente fora de lugar. Na melhor das hipóteses, cria uma indústria tecnologicamente defasada que só sobrevive à custa do Estado. Por que nossos estaleiros não passaram a produzir para exportação depois que cessaram as encomendas da Petrobrás?

    2. Em regra, os países exportam o excedente. No Brasil, exporta-se não o que excede, mas o que faz falta aos Brasileiros. Nossa produção tem como objetivo abastecer o mercado externo, não o mercado interno. Isso se tornou cultural.

      1. Não é bem isso. Às vezes importar sai mais barato do que produzir localmente. A exportação gera divisas, e as divisas podem ser usadas para comprar o que falta. O que nós íamos fazer com tantas toneladas de soja e ferro, se não os exportássemos? Temos, sim, que abastecer o mercado externo com nossos produtos, e abastecer nosso bolso de divisas de exportação.

        1. Pedro Mundim : Industrializar tais produtos, produzir produtos e tecnologia nacionais, controlar o Mercado a Nosso favor e nossos interesses.O que o Brasil precisa importar que não é possível ser fabricado aqui? Somos a maior potência comercial e industrial do Mundo com a maior liberdade e reservas para isto. E Nos enxergamos como um paiseco?!!! Não precisamos de nada de fora. Mais ou menos como pensavam NorteAmericanos ou Chineses até pouco tempo. Só que eles não tem esta liberdade e autonomia. Só que eles não tem o Sol, a terra, a água, alimentos, produção agrícola, os minerais, a população, os combustíveis, a tranquilidade e paz, fronteiras pacificas, sol, sol e mais sol que Nós temos. ACORDEMOS !!!

  5. Todo império vai sempre ser refém e dependente de suas colônias, caro André. Por que outra razão os impérios usam de violência, muitas vezes armada mas também moral (indústria cultural e de propaganda) e legal (lawfare)? O imperador depende dos sútitos muito mais do que o inverso. A Comuna de Paris é prova disso.

    O que acontece é que a China não acatando todos as características de colônia, pode se defender de violência, armada, através de seu próprio poderio – além da aliança que tem com outros países também armados e também aviltados pelo dólar como a Índia, a Rússia e em certa medida muitos outros países – e cultural, já que os chineses têm, desde a infância, aprendizado diverso do que se recebe no Ocidente, também desde a infância. O erro do Ocidente foi achar que a China está em posição de inferioridade. Para entender a China é preciso trocar: naquela cultura o poder é de quem produz e não do quem explora o trabalho alheio.

  6. Agora o capitalismo não evoluiu para o neoliberalismo assim, de uma hora para outra. Nossos capitalistas, herdeiros e “yuppies” tardios, foram ensinados desde a infância, que a única coisa que importa na vida é ganhar muito dinheiro e todo ele para sí, sem a menor consciência de coletividade. Ganância, egoísmo e uso da coletividade – o estado, em última instância – apenas para benefício próprio. Tem pessoa que tem 10, 15 anos de idade até uma turma que tem 40, 50 ou mais que crê nessa ganância e nesse egoísmo sem cidadania como posição “esperta”. Gente que pensa o estado como viabilizador de seus imperativos pessoais. Isso não vai mudar nem tão fácil nem tão rápido, vai depender de gerações ensinando-se do valor e da importância do coletivo.

    É o mesmo que acontece com a ecologia: imediatismo. O imediatismo, junto com a relutância em amadurecer e deixar de ser inconsequente, é o modo de viver dos capitalistas.

    Ainda vamos amargar, infelizmente, bastante tempo as consequências das ações desses inconsequentes.

  7. Que ostracismo Andy?
    Aqui em Pindorama, há os repaginados , aqueles que já estiveram lá, mas hoje rezam mea-culpa semi-envergonhados, agora na hora mais amarga defendem a socialização das perdas, após terem devidamente embolsado os lucros. E há também os extemporâneos que defendem políticas de 30 a 40 anos passados, como em um ritual macabro para ressuscitar a Srª Tatcher.
    Triste Brasil, valhacouto dos piores e de toda sorte de canalhas e sicofantas.

  8. O Andre foi Perfeito.

    Só se esqueceu de Mencionar:

    Para os CEOs, Boards e Conselhos Importavam os Bônus e Dividendos.

    NINGUÉM dos Envolvidos chegou a Pensar em Doutrinas Neoliberais.

    Participei de Várias Decisões dessas (Exemplo: Mudança de uma Matriz de Autopeças da Alemanha para …. Shangai).

    – Qual a Preocupação da Turma???

    Trocar de Condomínio, por OUTRO com Campo de Golfe mais Sofisticado.

    1. “Para os CEOs, Boards e Conselhos Importavam os Bônus e Dividendos.
      NINGUÉM dos Envolvidos chegou a Pensar em Doutrinas Neoliberais.”

      Essa é uma das cláusulas do contrato tácito do capitalismo: não é preciso – e não se deve – pensar sobre o sistema, basta vivê-lo como se sua existência fosse tão natural quanto as árvores, as estrelas e a gravidade. Outra cláusula reza que não se deve pensar na coletividade exceto para tirar proveito próprio. Jamais pensar numa coletividade, mesmo que seja uma coletividade privada, como as empresas particulares – pelo bem dela mesma. De coletividades maiores, como o estado nacional, então… dizem os dogmas capitalistas que só para fins privados, mesmo, jamais para todos, de forma democrática.

      Por fim, entre tantas outras cláusulas aqui não mencionadas, é recomendável que não se amadureça, que se seja inconsequente e imediatista. Isso, a que a turma agora chama de “neoliberalismo” com o intuito de desonerar o Capitalismo da responsabilidade sobre suas ações, nada mais é do que o… Capitalismo mesmo, tirados seus disfarces, suas aparências. Vá tentar fazer um “yupie” tardio, desses que montam “startups” para vendê-las ao dólar, que é possível ser co-responsável pela sociedade em que vive. “Ou é minha ou não é de ninguém. Não existe esse negócio de ‘coletividade’, sociedade nacional.”

    2. Ainda vai levar muito tempo para a turma se re-educar para a civilidade, a vivência da vida civil. A educação para a barbárie – tomo de quem é mais fraco e perco de quem é mais forte – não começou ontem…

  9. Andre Oliveira, concordo com vc. A ganância falará mais alto, será como a crise de 2008, sairá somente algumas vozes dissonantes e uma falsa propagação de solidariedade sem divisão de poder e dinheiro.
    Os ricos ganharão de novo pois suas idéias estão dentro da cabeça dos pobres e classe média, inseridas durantes anos de manipulação.

    Meu amigo assistente social, ao contrário, ele é totalmente otimista, diz ele : “tenho q levar alguma esperança as pessoas”

  10. Tinhámos uma indústria (e outras!) siderúgica construida no milagre brasileiro, gerador de monstruosa dívida externa. Na data de hoje a outrora orgulhosa COSIPA, hoje só galpões, está os os miseros equipamentos industriais que restaram parada, fechada, aguardando o fim do Brasil ou do covid, o que terminar primeiro.
    A divida foi paga pelos governos trabalhistas via divisas acumuladas. Depois da chegada dos neoliberais não temos mais indústria siderúrgica, preferimos exportar minério e comprar carros. Pior, as tais divisas são fritadas à uma taxa de US$ 700 milhões por dia. Passamos de vendedores de aviões nacionais a doadores de nossa indústria mediante módica corretagem.
    Não conseguiram essa proeza sózinhos. Tiveram e tem o luxuoso suporte da globo e de suas metástases ancoradas pelos jornalistas de programa, Miriam Leitinho (das crianças) e seus iguais.
    Oh vida, Oh azar, diria Hardy

  11. – “Ué, mas cadê a classe trabalhadora dos EUA?”
    – “São os chineses.”
    – “Humm… classe trabalhadora armada, consciente, unida, independente, solidária, com amigos em tudo que é lugar… olha que nesse caso o patrão vai acabar refém desses trabalhadores, hein?”
    – “E onde é que patrão não é refém de trabalhador? Por que você acha que patrão tá sempre atacando trabalhador, trazendo trabalhador ali, na rédea curta? Por que avilta tanto? Por que promete e não cumpre? Tem sempre uma desculpa para ganhar mais?”

    1. Boa, Renato,
      mas se a classe trabalhadora dos EUA ( a China ) como qualquer classe de trabalhadores, oprimida, resolver fazer “greve”, por quanto tempo v. acha que as partes resistirão sem se destruir mutuamente?
      A China não nasceu colônia, embora tenha sofrido períodos de colonização.
      EUA já foram colônia.
      Do jeito que a China se levantou, lenta, silenciosamente mas com a força e a capacidade de dano de um dragão, será suficiente que UK e USA se fantasiem de
      King Arthur?
      Já estamos vendo essa briga de cachorro grande com o ocidente mordendo nacos da China enquanto que ela nos chama de “pequeno gafanhoto”.
      Acho que o Rui foi muito feliz no seu comentário do dia 8
      “Ser comunista mas usar a ferramenta capitalista equivale a ser capitalista e usar método socialista.”
      A China usou o “caminho do meio”

  12. Não podemos esquecer que a destruição do Brasil (quanto à empresas e empregos) tem seu nascedouro na perversa República de Curitiba comandada por juiz ladrão, Ali Baba Dallan e seus 40 ladrões.

  13. Muito bom o artigo, reproduz a nossa realidade “nua e crua”, antes a dependêcia dos países europeus , hoje a China, é o fim das indústrias nacionais, caminho fechado aos engenheiros, mecânicos, pintores, eletricistas etc….
    Precisamos novamente de um governo progressista para junto com o povo, reestruturar a nossa indústria e recriar empregos urgente.

  14. Só um detalhe, para reindustrialização de um país precisa uma política de compras estatais ou mesmo de empresas mistas, pois o custo da reindustrialização é mais ou menos proporcional a industrialização que foi perdida. Faço uma pequena digressão técnica que explica o porquê.
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    A reindustrialização é quase tão custosa como industrialização.
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    Todo o processo de industrialização num país passa por etapas de desenvolvimento de equipamentos que com o tempo vão se tornando mais especializados e dependentes de cadeias produtivas que estão fora de seus limites territoriais, porém os limites territoriais não são importantes nos dias de hoje pela taxação aduaneira que existiam nos séculos passados, a importação de máquinas e ferramentas sempre colocam a indústria do país que as importam um ou mais passos atrás dos países que as exportam, talvez este conceito que parece somente político que os economistas não entendem.
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    A fabricação de algo necessita de máquinas e ferramentas que atrás delas existe ainda uma cadeia de suprimento de outras máquinas e ferramentas, mais especializadas do que a própria máquina produzida para a exportação
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    Dando um exemplo teórico (e prático), para fabricarmos um equipamento eletrônico com componentes mecânicos, como uma impressora especial, e que para que esta funcione corretamente se necessite que uma de suas partes possuam uma precisão de deslocamento de uma ordem de umas poucas dezenas de mícrones, teremos que ter um guia linear que funcione com essa tolerância. Se não existir no mercado um guia linear conforme novas exigências, é necessário fabricá-lo, porém para fabrica-lo é necessário um outro equipamento com uma tolerância de no mínimo uma década abaixo da tolerância da peça final, logo será necessário uma indústria especializada em construir equipamentos como esse grau de tolerância.
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    Quem não entendeu o exemplo é só pensar que para produzir algo que fabrique peças com uma dada configuração é necessário ter máquinas que ultrapassem a exigência dessa configuração. O mesmo grau de exigência vai ser necessário para outras peças da mesma máquina.
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    Quando se entra na fabricação de equipamentos de tecnologia de ponta, é necessário uma série de outras indústrias que deem apoio a essa fabricação, mas como essas indústrias de componentes vai necessitar de uma série de clientes para o mesmo tipo de equipamento meio para produzir o equipamento fim, e essas indústrias estarão concentradas na região do seu mercado, pois o fator proximidade encurta o tempo de negociação e de proposta de encomenda.
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    Se numa determinada região se concentre fábricas com determinada necessidade, rapidamente os problemas serão resolvidos, fazendo com que a velocidade desde o projeto até a construção final do produto seja mais rápido e consiga dessa forma ficar sempre a frente da concorrência.
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    No momento em que um parque fabril como existia nos USA é abandonado, uma série de pequenas indústrias fornecedoras dos produtos necessários para os produtos fins do parque fabril simplesmente ou se deslocalizam ou fecham as portas, logo para recompor o parque fabril seria necessário reconstruir essas indústrias de segunda e terceira linha o que é praticamente impossível, pois o custo da reconstrução dessas empresas se colocadas no custo do produto final deixa esse completamente fora do preço do mercado.
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    Outro exemplo real que está acontecendo na França, neste momento , o país está com dificuldade de superar a falta de máscaras de proteção do tipo SP2, pois a fabricação essas mascaras foram deslocalizadas para a China. Para retomar a produção dessas máscaras, que na realidade é um equipamento de baixo aporte tecnológico, é necessário a fabricação das películas filtrantes de compostos de papel especial, e máquinas automatizadas que dobrem e costurem essas máquinas, como as películas possuem patentes de empresas norte-americanas e como as máquinas que existiam há menos de dez anos foram ciosamente desmontadas pelo comprador que não queria que ninguém comprasse e pudesse fazer concorrência e criar uma máquina a partir do zero demoraria no mínimo seis meses entre o projeto e a construção, eles estão dependendo de uma fábrica chinesa que mesmo tendo os projetos levará três meses no mínimo para construí-la. Construção, transporte, montagem, regulagem e colocação em funcionamento por mais de quase doze meses os franceses ficarão na dependência da importação de máquinas.
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    No fim de tudo estou dizendo que mesmo havendo a necessidade de algum produto, se não houver uma garantia de amortização de todos os custos fixos e garantia de encomendas que permitam o treinamento dos trabalhadores em todos os níveis, deverá ter um custo final na reindustrialização de qualquer país, que é equivalente a uma grande parcela dos custos mesmos custos acumulados durante a primeira industrialização que foi jogada fora por alguns centavos de custo unitário a mais de cada produto, ou seja, A MÃO INVISÍVEL DO MERCADO além de invisível estará ausente.

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