Administração de clubes de futebol na contraluz de Maquiavel, por Ricardo Mezavila

Administração de clubes de futebol na contraluz de Maquiavel

por Ricardo Mezavila

Para entender as administrações de alguns clubes de futebol, é preciso ler Nicolau Maquiavel acerca do poder e enxergar na contraluz das observações do filósofo florentino. No livro O Príncipe, Maquiavel descreve como o governante deveria agir e quais virtudes deveria ter a fim de se manter no poder e aumentar suas conquistas.

Com uma dívida aproximada em 1 bilhão de reais, o clube carioca Botafogo de Futebol e Regatas, que teve sua origem em 1894, detentor da maior galeria de ídolos dos clubes brasileiros, inclusive da seleção, é um caso interessante de contradições, obviedades e surpresas dentro de uma instituição esportiva.

Com gestões temerárias e polêmicas, o clube sempre viveu conturbados períodos financeiros e administrativos. As marcas da personalidade subjetiva do clube são a superstição, a genialidade, o pessimismo e a loucura.

Reflexo dessas gestões, são os atuais ‘cardeais’ que se revezam no poder desde a década de 1990 e que levaram o amadorismo às últimas consequências, retirando o protagonismo criado por Heleno, Garrincha e Nilton Santos, transformando a marca gigante em caquinhos de estrela.

Citando Maquiavel: “Os meios serão sempre julgados honrosos e por todos louvados, porque o vulgo sempre se deixa levar pelas aparências e pelos resultados, e no mundo não existe senão o vulgo; os poucos não podem existir quando os muitos têm onde se apoiar”.

Maquiavel sustentava a ideia de que o bom exercício da vida política dependia da felicidade do homem e da sociedade, pois nenhum príncipe, mesmo o mais sábio, podia ser tão sábio quanto o povo.

A boa administração do soberano depende de articulação política segura e de muita sabedoria, ligadas às características pessoais de quem está no poder. Essas características são a ousadia, perspicácia, sagacidade e carisma.

Os membros da diretoria, eleitos no último dia vinte e quatro, possuem o DNA das gestões que contraíram dívida bilionária por conta de planejamentos mal construídos, decisões erradas e passividade diante do monstro que cresce alimentado por eles próprios.

Para Maquiavel “…quando um príncipe deixa tudo por conta da sorte, ele se arruína logo que ela muda. Feliz é o príncipe que ajusta seu modo de proceder aos tempos, e é infeliz aquele cujo proceder não se ajusta aos tempos.”

Ricardo Mezavila, cientista político

Redação

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