Castello Branco e o golpe que não é de 64, por Frederico Firmo

Como pode um grupo liderado por Castello Branco alijar das decisões de uma companhia estatal o acionista majoritário, a União. Como podem os jornais e jornalistas econômicos aventarem  que isto é uma mera ação administrativa

Por Frederico Firmo

O desemprego no país cresce, a paralisia da área econômica, a fragmentação política no congresso e instituições como o judiciário na berlinda e sob ataque. Nos jornais a mídia dá voz a economistas e especialistas  que remam sempre na mesma direção pedindo a Reforma do Fim do Mundo. O presidente vai a Jerusalém, provavelmente decretar guerra contra os Árabes e na volta talvez contra a Venezuela. Leva sempre com ele um dos filhos, que sem dúvida vão viajar muito neste mandato. Pelo twitter o presidente diz que fez as pazes com Maia, e mantém a sua agenda e ideia de que a articulação e defesa da Previdência deve ser feita por Maia. Maia pressionado entre sua falta de visão do país e a defesa de interesses, para não ficar mal com os seus, jura de pé junto que vai articular com Paulo Guedes a tal reforma que segundo eles  se não for feita vai afetar os filhos e netos. Mais uma vez mentem, pois na verdade vai afetar  os velhinhos diretamente, e os filhos e netos que, na ativa, vão ter que sustentar os seus pais na velhice. Guedes nada faz de efetivo para recuperar os 300 bilhões sonegados da previdência .

A notícia do desemprego começa a alarmar a mesma imprensa que escondeu e minimizou o problema. Afinal na imprensa,  pensar realisticamente a economia  é seguir Paulo Guedes em sua busca obsessiva pelos cortes e mais cortes e pelas privatizações.

E agora chegamos ao ponto. O cenário acima toma conta das manchetes, daqui para a frente vai tomar lugar do cenário Globo Lava-Jato. Mas este cenário, como o anterior, vai servindo de cortina de fumaça para o maior dos roubos, envolvendo também   falcatruas contra a Petrobrás. Mas estas estão fora do radar de Dallagnol ou do atual ministro da Justiça e do nosso valoroso MP.

Nas páginas internas do Estadão me deparo com a manchete:

“Acionistas da Petrobrás perderão direito de opinar sobre privatizações”

“Mudança na estrutura da estatal coloca Castello Branco à frente do programa de “desinvestimento” e vai dar mais relevância ao presidente e ao conselho; minoritários e a União não poderão mais avaliar ou se pronunciar sobre a venda do controle de subsidiárias”

A noticia apresentada pelo jornal sem muito alarde, apenas diz que é uma proposta  controversa, mas  a defende falando no  aumento de agilidade. Segundo um dos  especialistas do mercado, chamado a comentar,  este desenho é comum na iniciativa privada. Curioso pois duvido que um acionista majoritário, como o é a União, abriria mão de opinar.  Mas é por isto que os jornais e o MP de Curitiba gastam tanto tempo  criminalizando a União, para justificar todos os crimes contra ela.

Na foto da matéria Castello Branco de hoje e não de 64, é a cara do golpe. Emplumado e fingindo ser um pensador, parece estar mostrando o dedo para todo mundo. O golpe  desta vez não é o golpe militar, mas é  contra uma companhia que não lhe pertence, e  nem ao Conselho que ele mesmo montou. Este golpe é bem maior do que os 2 bilhões e meio de Curitiba. Não se sabe quanto vai ganhar nisto, mas imagino que não será pouco.

Castello Branco desde que assumiu o cargo jamais exerceu a presidência de uma das maiores petrolíferas do mundo. Ele não cuida da extração, do desenvolvimento tecnológico ou do planejamento estratégico da companhia. Ele sempre  assumiu o cargo de vendedor, que em tucanês, é Diretor da Área de Aquisições ( inexistentes) e Desenvestimento. Quando o presidente da companhia se auto rebaixa para o cargo de vendedor, alguma coisa está errada. Ele, diferente de Parente, é histriônico e fala aos quatro ventos que o seu papel é privatizar tudo. O MP deveria investigar seu patrimônio antes e depois e analisar se vai cumprir alguma quarentena, ou sairá da Petrobrás para alguma outra companhia concorrente.

A  Procuradoria Geral e o MP e a área de Economia  parecem estar desinteressados no assunto. Nosso judiciário continua focado em sua briga interna pela cabeça de Lula.   A  pseudo luta dos costumes da moral e da ideologia toma  conta do cenário, nossa economia fica estagnada, o desemprego e o desinvestimento cresce e Castello Branco avança em sua pilhagem. Este é mais um caso similar ao acordo de 2.5 bilhões, assinado por alguns que se auto outorgaram  poderes sobre um assunto de seu interesse. Como pode um grupo liderado por Castello Branco alijar das decisões de uma companhia estatal o acionista majoritário, a União. Como podem os jornais e jornalistas econômicos aventarem  que isto é uma mera ação administrativa, uma agilização comum nas empresas privadas. Se isto é comum nas empresas privadas me parece que elas são cada vez mais suspeitas. Não imagino lugar nenhum onde um acionista majoritário fique a mercê de um CEO de plantão.

E como no caso da Reforma da Previdência na mesma edição aparece uma jornalista afirmando que o atual governo está criando obstáculos para a privatização.

Reforma da Previdência e Privatizações parecem que se tornaram dogmas  que são repetidos por um séquito de crentes ideológicos  e de  interesseiros que  ganham ou que vivem esperando ganhar algumas sobras daqueles que de fato vão lucrar com tudo isto.

 

Redação

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