Como Veja pretende sair da capa falsa sobre Lula?, por Luis Nassif

Na imprensa corporativa, o único veículo que repercutiu a capa – ainda assim, com uma matéria isenta – foi o Estadão,  mostrando que publicações como Veja e IstoÉ foram alijadas do círculo de auto referência da mídia corporativa

Segundo Joaquim Carvalho, do DCM, a fonte da revista Veja para a capa desta semana – sobre suposta denúncia de Marcos Valério implicando Lula na morte de Celso Daniel – foi a deputada Mara Gabrilli, cujo pai foi dono de linhas de ônibus no ABC.

Mara não é fonte confiável. Ela mente. E faz parte de uma família envolvida com transporte público, setor que não é dos mais transparentes no trato com a política, e que tinha disputas pesadas com a prefeitura do PT em Santo André. Nem sei as razões, se tinha motivos legítimos ou não. Mas, como fonte, ela mente.

Foi o que ocorreu com ela no presídio da Papuda, quando Deputados da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara foram avaliar as condições da cela dos presos do mensalão.

Por ser cadeirante, Gabrilli não teve acesso à cela de José Dirceu. Mesmo assim, na saída, procurou repórteres e divulgou versões falsas, prontamente aceitas por jornais como O Globo. Segundo ela, os deputados teriam encontrado Dirceu assistindo o jogo entre Real Madri e Bayern em uma televisão de plasma, ficando sozinho em uma cela de 23 m2 com micro-ondas, fogareiro e chuveiro com água quente.

Era mentira. Os demais deputados afirmaram que a cela era pequena, um pouco maior que as demais porque nela estavam todos os sentenciados do mensalão. A cela tinha goteiras, o chuveiro era de água fria, igual os demais chuveiros do presídio. Mas a informação foi escondida pelos veículos de mídia, na pior fase da história da imprensa brasileira.

Quem me assegurou que Gabrilli mentiu foi a própria superintendente dos serviços penitenciários do Distrito Federal, Larissa Feitosa, enteada de Gilmar Mendes, em um período em que o próprio Gilmar era adversário implacável do governo petista.

Veja sabia que Gabrilli não é fonte confiável, que ela mente. Deu uma capa factoide, segundo a qual Valério teria ouvido do próprio Lula que o PT estaria sendo alvo de chantagem do empresário Ronan Maria Pinto, e que o prefeito de Santo André, Celso Daniel, precisaria ser eliminado.

A história se autodestruía pela inverossimilhança. Mesmo que Marcos Valério tivesse dito isso, a versão não se sustentava. Lula tinha uma precaução obsessiva com qualquer cena, ou diálogo, que pudesse gerar mal-entendidos. Só terraplanistas poderiam acreditar que ele combinaria a morte de um prefeito do seu partido com um operador mineiro, ligado aos tucanos, com o qual não tinha a menor intimidade.

Mas o factoide é mais grave. Segundo três testemunhas centrais, Valério não fez qualquer ilação do crime com Lula. O delegado que fez o inquérito desmentiu, o empresário mencionado como autor de chantagens desmentiu, o promotor desmentiu. Em nenhum momento, a delação de Valério fez qualquer menção à participação de Lula.

Na imprensa corporativa, o único veículo que repercutiu a capa – ainda assim, com uma matéria isenta – foi o Estadão,  mostrando que publicações como Veja e IstoÉ foram alijadas do círculo de auto referência da mídia corporativa. Diferentemente do período em que a revista liderou o mundo das fake news, fazendo o trabalho sujo para que os demais veículos repercutissem.

Como ficam agora os bravos colegas que pretendiam recuperar a imagem da revista? Não podem insistir na versão de Lula encomendando a morte de Celso Daniel, por ridícula, a não ser que pretenda recuperar os leitores do jornalismo de esgoto que praticavam, e que hoje estão se dando melhor em redes de WhatsApp. Não farão autocrítica, porque não haveria nenhuma explicação plausível para a barriga. Apenas continuarão a tocar o féretro, levando a revista para o fim inexorável.

Pena que uma bandeira das mais relevantes, a inclusão de pessoas com deficiência, tenha como uma das porta vozes uma senadora que mente.

Luis Nassif

13 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Monitoramento da ala barra pesada das redes digitais (ex-sociais).

    Monitoro há mais de 10 anos o outro lado da rede, por curiosidade e busca de informação fora da bolha, que diga-se, torna-se repetitiva, chata e previsível. A maioria dos monitorados são velhos conhecidos, grande parte ex-colegas com quem trabalhei em 32 anos de mundo corporativo. Hidrófobos, todos. Outros, velhos conhecidos de andanças por 5 estados brasucas.

    Pois bem, nenhum deles teve coragem, até agora, de reproduzir a inacreditável estupidez da Veja. Estão cumprindo silêncio obsequioso e envergonhado. Foi demais até para eles.

  2. A família Gabrilli não é mais dona de empresa de ônibus em S.André. Acho que não tem ninguém da família que ainda resida em S.André. Graças a Deus! E ainda tem gente que fica convidando essa Mara Gabrilli para ser candidata a prefeita de S.André, uma mentirosa, que não faria nada pela cidade e ficaria só nos atormentando com essa história de vitimar seu pai, um empresário que ficou rico sonegando impostos municipais desde a década de 60. Essa megera um dia vai ser desmascarada, bem como sua família que vive satanizando o PT, mas muitos aqui acreditam que o patriarca da família está por trás da morte de Celso Daniel. Um dia, quando ninguém mais lembrar dessa história do assassinato de Celso é que a verdade poderá ser revelada. Infelizmente.

  3. Para ser admitida no P$DB, além de corrupta de carteirinha, a pessoa precisa ser uma mentirosa contumaz. Isso está comprovado desde o desgoverno fhc até hoje em livros e matérias jornalísticas.

  4. Mara Gabrilli é senadora e representa a população do estado de São Paulo.
    É a mesma população que elege Dória e Bolsonaro.
    A maior deficiência de Mara Gabrilli não é física.

  5. Não foi ela quem pediu para trolha a jato ouvi-lo no presídio, blá blá blá????
    Enfim, o que chama a atenção é que são duas revistas moribundas, zumbis, que já deveriam estar enterradas por falta de leitores, mas continuam aí, só pra vender capas…..quem as suntenta?????
    O objetivo é esse mesmo, veículos menores enchem o Google com a mesma notícia e a fake news se espalha……sem falar no tipo de propaganda que fazem no rádio, como se fosse uma declaração jornalística da própria rádio…..
    Não é sem propósito e nem de graça….

  6. Eduardo Cunha, na histórica sessão da Câmara em que discutiam seu afastamento, perdeu a oportunidade de ouro de dar uma réplica à então deputada, quando esta o desafiou:
    – “Levante-se dessa cadeira, senhor presidente!”
    Possivelmente por algum tipo de escrúpulo, resolveu permanecer calado.

  7. Existem pessoas que foram punidas pelos infortúnios da vida,talvez merecedoras pelo mal que causam.Como não podem culpar Deus,culpam Lula.Diogo Mainardi e Mara Gabrilli são duas delas.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador