Francisco Celso Calmon
Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.
[email protected]

Eleições municipais e a construção da democracia de raiz, por Francisco Celso Calmon

Quando não há prevenção ou reação aos golpes, o povo brasileiro é que sofre. Assim foi com o golpe de 64 e assim está sendo com o de 2016. 

Eleições municipais e a construção da democracia de raiz

por Francisco Celso Calmon

Os partidos de esquerda que objetivam construir uma democracia sustentável, necessitam orientar seus candidatos e militantes a trabalharem pela vitória dos seus candidatos sem secundarizar o trabalho de organização e politização da população.

Para não ficar na orientação sem controle, seria adequado a criação de planilha de aferição dos votos obtidos e do saldo organizatório também, ou seja: quantos núcleos ou comitês de luta pela democracia e antifascista foram criados no município, no bairro, etc.

No capitalismo a democracia sempre estará sujeita a golpes por parte das elites oligárquicas, que não coexistem com a ascensão e empoderamento das classes trabalhadoras, especialmente das mulheres negras, triplamente exploradas e oprimidas: por gênero, por etnia, por classe social.

O lavajatismo e o bolsonarismo estão implodindo a democracia, que vinha sendo construída de cima para baixo, e como sempre na história do país, sem reação no timing certo.

Não basta uma tática teoricamente certa, ser concretizada no tempo errado.

Os golpes acontecem e as resistências de pronto não ocorrem, e quando ocorrem, advêm fora do timing. Isso se deu no golpe de 64 e no de 2016.

Mesmo quando os sinais são evidentes, a esquerda e os governos progressistas não proagem, para evitar e/ou resistir.

Quando agiram no tempo certo, como o marechal Lott que deu um golpe preventivo, evitando o golpe que a oposição derrotada preparava para impedir a posse de Juscelino e Jango, que haviam vencido as eleições de 1955, evitaram o retrocesso. Brizola também acertou no timing quando formou a cadeia da legalidade e garantiu a posse de Jango quando da renúncia do Jânio.

Temer deu sinais claros de traição e depois abertamente viajou pelo país articulando com governadores o golpe que desembocou no impeachment da presidenta Dilma e nada foi feito para impedir a preparação do golpe.

Quando o ministro Gilmar Mendes desferiu uma liminar, baseado em vazamento da mídia, impedindo um ato interno do Executivo, de nomear Lula para a casa civil do governo Dilma, também não teve reação. Essa extravagante liminar mudou a história.

Quando Lula foi quase sequestrado pela PF e levado para o aeroporto de Congonhas com o fito de ser enviado para Curitiba, não houve reação preventiva para o que estava em curso.

Quando a fala do senador Jucá ficou conhecida sobre o acordão “com STF e tudo mais”, também não foi preparada a resistência legítima de um governo eleito.

Quando não há prevenção ou reação aos golpes, o povo brasileiro é que sofre. Assim foi com o golpe de 64 e assim está sendo com o de 2016.

Para a democracia não desmoronar aos ventos do conservadorismo, é essencial ser uma democracia de raiz, nascida de baixo, da organização e consciência do povo trabalhador.

Os trabalhadores em geral, e especialmente os negros e as mulheres – maiorias no país – devem criar comitês de base, permanentes, para a construção e sustentação da democracia, pois o perigo que a espreita é também permanente.

Estas eleições municipais devem ser nacionalizadas, a esquerda deve fomentar isso, pois os males da saúde, da educação, do emprego, da desigualdade, da concentração de renda e da pandemia são consequências do governo Bolsonaro e dos prefeitos bolsonaristas.

O cenário mais provável para novembro é de 200 mil óbitos, em parte consequência da política genocida do governo bolsonarista, e de 50 milhões entre desempregados, desalentados e subocupados, consequência direta da política econômica. Enquanto isso os ricos brasileiros ficaram mais ricos durante a pandemia em 34 bilhões de dólares a mais nas suas fortunas.

Enquanto o povo recebe migalhas de 300 reais, os bilionários se enriquecem mais, os bancos continuam a navegar em mar de almirante, o PIB deve diminuir em torno de 9% no ano, o governo bolsonarista vai humilhando o parlamento, o judiciário, jornalistas, e fazendo pouco da vida do povo à medida que o presidente Bolsonaro vai disseminando o covid-19, como um terrorista virótico, por onde passa.

Muitas vidas ceifadas pela pandemia e pelo pandemônio bolsonarista. Que o eleitor saiba que cada voto pode significar, no futuro, uma vida.

Francisco Celso Calmon é Advogado, Administrador; membro do canal Resistência Carbonária; Coordenador do Fórum Memória/ Verdade do ES; ex-coordenador nacional da Rede Brasil Memória Verdade e Justiça.

Francisco Celso Calmon

Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador