Fechando a porta do cofre, o verdadeiro combate à corrupção, por André Araújo

Fechando a porta do cofre, o verdadeiro combate à corrupção

por André Araújo

O combate à corrupção como guerra mediática punitiva não é o caminho de longo prazo para mudança de qualidade na gestão do dinheiro publico. É pelo caminho dos sistemas de controle que se diminui a corrupção, esse foi o método dos Estados Unidos, que já foi a democracia mais corrupta do mundo no começo do século XX.  As eleições estaduais e municipais americanas eram habitualmente compradas, sendo notórias as máquinas eleitorais de Nova York (Estado e cidade) dominada pelo grupo “Tammany Hall”, do Missouri (grupo Prendergast), de Chicago (família Daley), Lousiana (Huey Long), esquemas que chegaram em alguns casos até os anos 60, quando a votação de John Kennedy em Chicago foi considerada comprada, versão quase unânime nos cursos de ciência politica dos EUA.

A França foi o primeiro País do mundo a desenvolver um sofisticado sistema de controle do dinheiro publico. Lá foi inventado o “droit administratif”, o direito administrativo que regula as funções do Estado, há mais de duzentos anos. A Escola Nacional de Administração forma os “inspecteurs de finance”, funcionários qualificados que tem as ferramentas para promover a eficiência dos gastos dentro de regras racionais. Com uma administração estável a França manteve o funcionamento da máquina pública través de três regimes monárquicos,  cinco Repúblicas, duas guerras mundiais, um governo sob controle estrangeiro (Vichy)  e meia centena de chefias de governo em dois séculos. A máquina pública francesa manteve suas engrenagens mesmo sob as piores condições politicas. O que não quer dizer que não exista corrupção na França, mas há um sistema de administração sólido funcionando.

No grande movimento de combate à corrupção no Brasil iniciado em 2014 não se fala em novas regras de finanças públicas, apenas em inquéritos, delações e punições porque o objetivo da cruzada que move esse processo é politico, a corrupção é a matéria prima necessária, sem ela o movimento não existiria, assim como o médico oncologista precisa do câncer para ter clientes. Nas “dez medidas contra a corrupção” não há uma única ideia sequer que vise diminuir as oportunidades de corrupção através do aperfeiçoamento dos controles, do aperfeiçoamento de métodos e sistemas de aprovação de gastos e projetos.

Vejamos alguns exemplos possíveis de combate a corrupção pela mudança de regras.

FUNDOS DE PENSÃO DE PREFEITURAS

Uma área de enorme corrupção com perdas substanciais dos recursos dos funcionários de Estados e especialmente de Municípios que deveriam contar com esses fundos para se aposentarem. Esse novo sistema foi estabelecido sem qualquer cuidado pela gestão.

Jamais deveria ser permitido a PREFEITOS administrarem esses fundos. Não há capacidade operacional para essa gestão nas prefeituras e a tentação de praticar fraudes é imensa.

Há quadrilhas especializadas em vender títulos frios a esses fundos, dezenas de casos já foram descobertos, MAS NÃO SE COGITA  MUDAR O SISTEMA, fonte contínua de corrupção.

SOLUÇÃO: Os fundos estaduais e municipais devem ser apenas uma conta dentro de um FUNDO GERAL gerido pelo Banco do Brasil ou pelo BNDES, o Prefeito não pode tocar no dinheiro arrecadado, vai direto do funcionário para A CUSTODIA DO  Banco  e lá fica até ele se aposentar, é o banco quem deve gerir o fundo e não o Prefeito

ROYALTIES DO PETROLEO

Bilhões de Reais foram entregues a Estados e Prefeituras para os Prefeitos e Governadores gastarem como bem entenderem. A dilapidação dos recursos foi total. O Estado do Rio de Janeiro recebeu em dez anos 24 bilhões de Reais de royalties que simplesmente desaparecerem. As Prefeituras do Estado do Rio, algumas pequenas, receberam centenas de milhões de Reais, prontamente dissipados. A campeã foi a Prefeitura de Campos dos Goytacazes, quem em um só ano recebeu R$ 800 milhões, Macaé recebeu mais de um bilhão, Maricá este ano deve receber um bilhão, TODO ESSE VOLUME DE DINHEIRO sem vinculação com projetos, pode ser gasto em custeio, folha, obras eleitorais, estádios, não há destinação  racional para esse mega volume de dinheiro descontrolado, muitas vezes superior ao orçamento normal desses municípios, é muita tentação para qualquer Prefeito liquidar com esse dinheiro que em nada vai beneficiar o povo.  Como não se pensou em amarrar em esse dinheiro extra com projetos de interesse público? O Brasil tem experiência no método.

SOLUÇÃO : Esse recurso extraordinário e finito deve ser VINCULADO e usado exclusivamente em projetos CONTROLADOS PELO Banco do Brasil ou BNDES em educação, saúde e saneamento que devem ser aprovados e supervisionados pelos bancos gestores, onde os recursos devem ser depositados com liberação exclusiva para esses projetos aprovados.

ALUGUEL E CONSTRUÇÃO DE PREDIOS

Um dos grandes ralos de corrupção na União, Estados e Municípios, as obras para prédios  são superfaturadas e os alugueis muito acima do mercado. Não é só o orçamento das obras que deve ser fiscalizado, mas especialmente sua necessidade.

Decisões sobre obras e novas locações são tomadas pelo titular do Ministério ou do órgão sem qualquer controle superior ou, parametragem de custos por m2, não há um órgão CENTRAL nas administrações para controlar esse tipo de gasto muitas vezes perdulário.

Há necessidade de uma aprovação acima não só sobre as condições econômicas do contrato de locação, mas especialmente sobre a CONVENIÊNCIA do imóvel. O Poder Público tem muitos imóveis vagos e que são desprezados por autoridades que na melhor das hipóteses querem instalações luxuosas que demonstram prestígio e poder. Em Brasília isso é especialmente real, cito o caso da Secretaria de Aviação Civil que estava bem acomodada no Centro Cultural Banco do Brasil e em plena crise orçamentaria alugou andares de uma ultra sofisticada torre do centro financeiro de Brasília, o Ministério do Esporte na gestão de um Ministro de curta passagem e nome curioso abandonou um prédio que tinha folga de espaço onde o Ministério estava muito bem acomodado para alugar outro maior e mais caro, sem uma explicação lógica. Milhões de reais jogados no ralo por vaidade ou corrupção pura, ocorreu em todos os poderes, sem que haja uma preocupação com esse desperdício óbvio de dinheiro público.

O esquema funciona por todo o Brasil, nos Estados e Municípios, alugueis acima do mercado, prédios luxuosos demais, não se buscam zonas de aluguel barato, o Estado de São Paulo tem 6  Secretarias na região cara da Av. Paulista ou Itaim, quando poderiam estar no centro de aluguel barato. Os prédios são alugados para prestigio e conforto dos burocratas e nada tem a ver com o interesse público. O Poder Judiciário de 2ª Instância em São Paulo multiplicou de maneira impressionante o número de prédios para gabinetes em São Paulo, o Ministério Público do Trabalho alugou enorme torre na área nobre do centro financeiro da Av. Paulista, maior do que o Ministério Público Federal, na mesma região e que é um órgão de muito maior atividade.

Não há explicação lógica para órgãos que cuidam da pobreza, dos carentes, estarem em zonas nobres do centro financeiro de qualquer cidade. É um gigantesco ralo de desperdício do dinheiro público e o “ajustismo” nem toca nesse desperdício, não há um controle superior dessas locações, cada autoridade aluga o que bem entender, os Tribunais de Conta vão verificar se o contrato de locação tem firma reconhecida em cartório, ai termina o controle inútil, NÃO SE FAZ UM CONTROLE PREVIO PARA EVITAR O GASTO de um prédio novo.

Há que haver um órgão que use parâmetros de necessidade e valor para essas locações, que precisam ser justificadas e medidas numa relação atividade X custo x beneficio.

CURSOS E VIAGENS

Outro grande ralo, há agências de turismo especializadas em montar cursos em lugares distantes e até em resorts de praia para vender pacotes de treinamento para órgãos públicos, em parceria com firmas de cursos. Raramente esses cursos tem alguma utilidade real, são centenas a cada ano, os funcionários adoram, todo mundo ganha, as agências, as linhas aéreas, os hotéis, quem perde é o contribuinte que sustenta esse circo de futilidades, é uma grande indústria em crescimento. O máximo da frivolidade  são “cursos de liderança” com estrelas aposentadas do esporte e do mundo do entretenimento. O setor é tão rendoso que há agências especializadas em  parlamentares, em tribunais, em funcionários de 2º escalão.

Na alta hierarquia dos três poderes outro tipo de agência inventa ou pesquisa “seminários” na Europa ou EUA para autoridades viajarem ganhando altas diárias para eventos inúteis, pretensamente importantes e QUE NÃO TEM NENHUMA UTILIDADE PARA O PAIS, são pretextos para fazer turismo com dinheiro público. O viajante pode também ser palestrante no evento para justificar a viagem. Uma palestrinha de uma hora serve de “cobertura” para uma viagem de dez dias com diárias altas e passagens aéreas, gastos que continuam em pleno regime do “ajustismo” quando se cortam bolsas família e auxilio desemprego, aposentadorias do FUNRURAL, auxílios doenças e outros tipos de despesas para pobres, pode-se até justificar mas como não há “ajuste” nos ralos  no 2º andar da Administração Publica? Continua tudo normal, inclusive lanches exóticos em palácios, ajuste onde?

Não existe na história das finanças públicas no mundo ajuste sem EXEMPLOS em cima.

No imediato pós Segunda Guerra a Inglaterra passou por cinco anos de cinto apertadíssimo, o pais quebrado pela guerra, estabeleceu-se racionamento de comestíveis, o primeiro a entrar no racionamento foi o Rei Jorge VI e família, um ovo por semana por pessoa, o Palácio de Buckingham de luz apagada para poupar energia, o Primeiro Ministro Attlee só andava de taxi, sem carro oficial. Até hoje esse espirito paira sobre o Reino Unido, a Rainha Elizabeth II faz viagens oficiais de avião comercial, a Monarquia vendeu o avião e o iate Britannia.

Coisa ainda pior são “cursos livres”, basta pagar para entrar, em universidades caras da Europa e EUA, cursos de seis meses ou um ano, TUDO A CUSTA DO DINHEIRO PÚBLICO, os clientes são altas autoridades que assim passam um ano no exterior, apreendendo matérias que rarissimamente tem alguma utilidade par o Estado, GANHANDO SALÁRIO INTEGRAL NESSE PERIODO DE FÉRIAS DISFARÇADAS, além do custo do curso, das passagens e estadia, tem altos funcionários dos três poderes “especializados” em cavar esses cursos, há casos de “profissionais de fazer curso” com dinheiro público que em 30 anos de carreira gastaram 20 fazendo cursos por todos os lugares do mundo, tudo pago pelo contribuinte e sem que haja qualque aferição do proveito do Estado nesse gasto. É uma forma de gasto público que tem o mesmo efeito econômico da corrupção, dinheiro público queimado na fogueira.

Há um candidato presidencial que se encaixa nessa categoria de “turismo de cursos no exterior”, precisa ser especialista para “descolar” um curso atrás de outro sem gastar.

PROPAGANDA OFICIAL

Outra drenagem  dinheiro público, propagandas inúteis  e sem lógica de interesse real, publicidade cujo alvo final e elevar o capital politico da autoridade, “disfarçada” em campanhas para que o público esteja bem informado, a surrada desculpa que não se dão ao trabalho de variar, “precisamos informar o cidadão” dizem, como se estivessem minimamente preocupados com esclarecer o público sobre qualquer coisa.

São contratos volumosos, em nível Federal, Estadual e Municipal, tudo marketing de carreira e de currículo de Ministros, Governadores e Prefeitos, geralmente para calçar uma próxima eleição.

O Tribunal Superior Eleitoral gasta dinheiro público em publicidade, não é sua função correr atrás de eleitores, Tribunal por definição não faz propaganda, não é fábrica de biscoitos.

É muita vontade de torrar dinheiro público, são instituições de Estado, não tem que fazer marketing.  As estatais publicam balanços de varias paginas ou cadernos inteiros como a PETROBRAS, mais de 20 paginas no jornal VALOR. A pratica mundial é a publicação de resumos sumários de balanços, sem anexos, apenas os dados básicos em milhões, nenhuma grande empresa multinacional publica em jornais de grande circulação balanços com dez ou 20 paginas de detalhes de anexos, estatais de capital fechado como a COBAL publicam balanços com anexos de quatro ou seis paginas, para que, quem do grande publico vai ler varias paginas em letra miúda, é só gasto inútil , especialmente quando tudo isso pode ser colocado de graça na internet,  torrar dinheiro do contribuinte com espaços enormes e inúteis e antes de mais nada “pedágio” para comprar a boa vontade do jornal ou da revista, cadê o ajuste?

 TRANSPARENCIA DOS GASTOS

O Poder Público deve informar a cada trimestre os gastos por grupo de despesas, em milhões de Reais e não com o ridículo preciosismo de colocar até o ultimo centavo. Os Ministérios americanos publicam listagem de gastos na internet todo mês EM MILHÕES DE DOLARES, não tem esse volúpia de colocar até o ultimo centavo, só para confundir, tabelas simples de olhar e entender, quanto se gastou nisso e naquilo, um simples quadro de números.

Quanto se gastou em passagens naquele trimestre? R$ 234 milhões de Reais e pronto, isso já é suficiente para o cidadão se informar, não precisa detalhar mais.

O caso das passagens aéreas é típico. A União gasta entre R$2,5 a 3 bilhões de Reais em passagens aéreas, é o maior comprador do País, MAS NÃO NEGOCIA EM BLOCO. Cada órgão compra suas passagens pelo preço cheio, de balcão, o mais caro que as linhas aéreas cobram.

As multinacionais americanas compram antecipadamente  bilhetes em BLOCO para o ano seguinte, conseguem descontos de até 70% no preço, o mesmo com diárias em rede de hotéis.

A compra é feita por previsão, não precisa marcar as passagens, apenas garantir aquele volume em cada linha aérea. Quase todas as grandes multinacionais do mundo fazem isso e ninguém chega perto do que o Governo do Brasil compra em passagens.

CONTROLANDO O GASTO FUTURO E NÃO O GASTO DO PASSADO

O Brasil gasta uma fabula com TRIBUNAIS DE CONTAS que fiscalizam carimbos e certidões, verificam  gastos já feitos, correm atrás do prejuízo irrecuperável, é pura perda de trabalho, dinheiro e tempo. O sistema dos EUA é CONTROLAR O QUE VAI SER GASTO, esse é o conceito do ESCRITORIO DE CONTAS DO CONGRESSO, o GAO- General Accountability Office.Não vão atrás de dinheiro de cafezinho na repartição, o GAO analisa o gasto futuro e pode vetar o que pretendia o valor orçado e ai que economiza dinheiro publico, não vai atrás de documentos, certidões, editais, carimbos, firmas reconhecidas, faz ANALISE ECONOMICA DE UTILIDADE.

Exemplo: Aparece um projeto par construir um hospital em determinada região, o GAO manda seus inspetores verificar se o hospital é REALMENTE necessário OU se não fica mais barato aumentar um hospital já existente OU se não existe  um prédio pronto que pode ser comprado e nele se fazer um hospital OU se não fica mais econômico fazer um convenio com um hospital particular na região. A função do GAO é ECONOMIZAR DINHEIRO PUBLICO que vai ser gasto e antes que ele seja gasto. O GAO cancelou 2 trilhões de dólares em gastos com armamentos que iriam ser gastos em PROJETOS RUINS, de baixa eficiência, provando que aquele projeto era desperdício, o mais famoso desafio foi o bombardeiro stealth (invisível para radar) LRS . O GAO arbitrou o contrato que tinha de um lado a Boeing e a Lockheed e de outro a Northrop, um negócio de US$80 bilhões, fez a analise custo beneficio e considerou mais conveniente a opção Northop, em meio a grande controvérsia com o Pentagono, prevalecendo a decisão do GAO sob sérios protestos da Boeing.  O alvo é sempre fazer o melhor negocio possível para o dinheiro publico em cada projeto.

 O GAO também fez um estudo para ver quantas bases militares já eram inúteis ao fim da Guerra Fria e mandou fechar 800 BASES PELO MUNDO, o Pentagono nunca fecharia por vontade própria, as bases já eram INUTEIS e consumiam uma vasta despesa por estarem abertas, mas existe o axioma de que a burocracia jamais corta na própria carne por vontade própria, a tendência é a expansão de pessoal, prédios e gastos porque isso aumenta o poder do burocrata, isso acontece nos EUA, no Brasil e em todo lugar.

O GAO tem 3.500 funcionários e custa 600 milhões de dólares por ano, para cuidar do País inteiro. O Tribunal de Contas do município de São Paulo tem 600 funcionários e custa 550 milhões de Reais por ano, tem 170 auxiliares de gabinete de livre nomeação, são apenas 5 Conselheiros,  desconhece-se quanto de economia conseguiu para o município, mas há milhares de processos tipo faltou uma certidão negativa do vidraceiro que  trocou uma janela. Além do município de São Paulo, o Rio de Janeiro também tem um Tribunal de Contas municipal, os 27 Estados e o Distrito Federal tem cada um seu tribunal de contas e o maior de todos, o da União, o sistema todo deve custar cinco ou seis  vezes mais do que o GAO americano, os TC brasileiros tem  eficiência REAL mínima, controlam a forma e não a essência do fasto, vão atrás de filigranas ou mandam parar obras de bilhões por erros de edital, causando um prejuízo muito maior que o erro porque não se guiam por parâmetros econômicos, apenas jurídico-burocráticos, esta havendo uma evolução nos TC por causa do corpo técnico mas o modelo com nomeação de “juízes” políticos e completamente furado, sem falar de outros e conhecidos problemas como os do Tribunal de Contas do Estado do Rio, onde todos os conselheiros foram presos por corrupção, para aprovar contas cobravam comissão dos fornecedores do Estado.

No campo da corrupção a cruzada moralista  tenta copiar os modelos judiciais americanos sem sequer cogitar de importar os MECANISMOS DE CONTROLE DE GASTOS PUBLICOS, algo muito mais importante do que correr atrás do prejuízo com inquéritos contra corruptos que já causaram  o prejuízo e gastaram o dinheiro  e vão custar mais ao Estado depois de presos.

Há, todavia, um problema. Implantar sistemas modernos de controle de gastos não rende mídia, não dá capa de VEJA, não levanta o ego. É só trabalho sem gerar capital politico.

Melhor é produzir escândalos diários, com GLOBONEWS divulgando “informações a que tivemos acesso com exclusividade”, prisões de empresários velhos na madrugada, escrachos, tudo sem mudar o sistema, só enxugando o gelo da corrupção sem limpar o terreno que aduba a corrupção, a corrupção é um sistema, para combate-la é preciso método e não algemas.

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

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  • Exatamente isso. É aumentar o

    Exatamente isso. É aumentar o controle sobre cada centavo gasto. Mas parce que não querem. Como o uso de câmeras em jogos de futebol: não querem porque é mais fácil manipular o resultado.

  • Uma das formas usadas pelos

    Uma das formas usadas pelos EUA para "reduzir" a "corrupção" foi legalizá-la. O lobby aqui não é regulamentado. Aqui nós consideramos como corrupção, embora todo mundo faça. Lá, ele é permitido. Particularmente, eu não acho que deva aontecer um "liberou geral", mas se a atividade acontece, em todas as esferas da administração pública, aguma coisa deve ser feita. Ou criam-se regras para essa atividade, ou pune-se todo mundo. Do jeito que está não dá certo, pois assim fica fácil escolher quem se dá bem e quem cai nas mãos de juizes como o Moro.

    Nos EUA, existem limites para as doações de campanhas. Mas todo mundo burla esses limites financiando ONGs que "apoiam" determinado candidato, desde que não estejam oficialmente ligadas àquela campanha. Esse é um "exemplo" que eu não gostaria que fosse adotado por aqui.

     

    • O lobby legalizado é uma

      O lobby legalizado é uma aberração democrática, não deveria existir em nenhum país. É o capital mandando descaradamente na política.

      Nos EUA, com toda sua imagem de país sério e democrático (o que não é) o lobby já é uma zona. No Brasil seria um desastre maior do que já é.

    • Os Norte-Americanos seguiram o conselho do Stanislaw Ponte Preta

      "Ou instaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos"!

      Na impossibilidade de instaurar-se a moralidade, pois enquanto houver capitalismo, haverá corrupção, os norte-americanos resolveram pela locupletação geral.

      • É por ai, na historia

        É por ai, na historia economica da humanidade não se conheceu um grande ciclo de crescimento em nenhum Pais sem um certo ambiente de aventureirismo, nos EUA a Era das Ferrovias foi uma era de grandes negociatas, no desenvolvimento do Brasil de 1930 a 1980, 50 anos em que o Brasil foi o Pais que mais cresceu no planeta, havia audacia, risco e comissões nos negocios, fico imaginando se esse ciclo se desenrolaria na pureza dos conventos, provavelmente não, como não ocorreu no desenvolvimento de qualquer Pais hoje rico. No mundo tudo certinho o que normalmente acontece é a estagnação.

        • Honoré de Balzac constatou e afirmou que

          Por trás de toda grande fortuna há sempre um grande crime.

           

          Mas o fato do crescimento economico sempre ser fruto da impureza cafetona em contraposição à pureza conventual não significa que as coisas tenham que continuar dessa forma até o fim dos tempos.

          Aliás, o problema do mundo não é mais o crescimento, o problema do mundo é a distribuição da riqueza. A superprodução se tornou o principal problema da sociedade burguesa.

  • É "agência..."

    Numa curta passagem minha pelo serviço público federal, uma das primeiras coisas que eu vi foi essa "farra do Boeing".

    Logo na primeira convocação para uma reunião em Brasilia enviaram as passagens com uma escala louca, um horário absurdo, e um preço insano.

    Eu, candidamente, procurei uma comparação com outro voo com horário e rota mais razoáveis, e - pah! - notei que os preços eram até muito menores!

    Ingenuamente entrei em contato sugerindo a possibilidade de trocarem as passagens... "não, não é assim, não, Lucinei: é agencia...Não é a gente que faz isso aqui, não, é agencia..."

    Ah, tá...

    Enfim, em relação às outras soluções propostas, tudo muito bom. Noto, porém, um animo para a centralização.

    No entanto, já vivemos a centralização; e deu problema.

    Eu retorno ao ponto inicial do texto (muito bom): com desinformação planejada, proposital, não há sistema que funcione. Uma maior centralização, inclusive, favoreceria maiores arranjos na cúpula.

    Portanto, sem uma Lei de Responsabilidade de Impensa, nada feito. Sobretudo quando agentes públicos que enchem a boca pra dizerem que são "concursados" se achando a inteligência nacional engolem peças de propaganda ordinárias como se teorias políticas fossem.

     

     

  • Os sistemas de controle apenas paliam a corrupção

    Enquanto houver capitalismo e, consequentemente, enquanto houver classes sociais, haverá corrupção. O que é capaz de reduzir sensivelmente a corrupção é a redução das desiguladades sociais. Quanto maiores as desigualdades sociais, maior o grau de corrupção e violência.

  • Depois de ler todos os

    Depois de ler todos os artigos do André - nos quais ele faz uma radiografia do problema e aponta soluções, como esse - só posso dizer uma coisa = ANDRÉ ARAÚJO PRA PRESIDENTE [rs]. 

    Essa coisa de curso que não vale nada também existe muito nesses professores  de pedagogia de universidade pública de ponta, que ganham aumento de salário depois de concluir pós graduações que não servem pra nada pro ensino. Se eu fosse presidente, faria a seguinte lei = um professor de pedagogia de universidade de ponta, depois de fazer seu pós na área, antes de receber qualquer aumento de salário tem que aplicar seu método não em perdizes, com crianças que viajam pra europa no meio do ano, mas lá em Lajeado, com crianças cuja a escola é vista como o lugar em que poderão ter uma refeição (nem digo decente, inda mais morando num estado em que gente rouba na merenda de crinças e nosso MP não consegue desobrir nada ) dando aula junto dos professores de lá - e de preferência indo pra lá de transporte público e não do carrinho do ano. Aí, se o método dela funcionar depois de 3 anos de aplicação, ganha aumento de sal´´ario. 

     

    • Meu caro

      Colega de minha filha está lecionando para ensino fundamental na periferia de Contagem (MG). Lajeado é chic.

  • Pois que te ouçam!

    Essa analise do real problema da corrupção e o esbanjamento com dinheiro publico é muito importante neste momento de catarse moralista de pseudo combate à corrupção. Nesse texto tem propostas concretas de como se deve combater o desperdicio e a corrupção que isso pode gerar. A Lava Jato é apenas mais um grande desperdicio de dinheiro publico pelo retorno real que ela tem/teve. 

    A exposição feita pelo André Araujo sobre o desperdicio do dinheiro publico faz lembrar que nos brasileiros, em via de regra, somos uma sociedade que precisamos mostrar valor. Pouco importa se seja apenas aparência. Lembro de um casal de amigo na Europa que ficou estarrecido por ver que os europeus tinham moveis muito "velhos" nas casas. Fiquei tentada a dizer que aquilo que eles chamam de velho, pode ser apenas antigo e que se os europeus tem moveis e carros "velhos", eles têm a conta bancaria garantida, sempre com poupança e seguros diversos.

    Nos temos essa pratica perdularia e burra de que tudo o que é publico não nos pertence, então vamos aproveitar ao maximo, tirar ao maximo, usar e descartar. Infelizmente nos somos ainda uma sociedade imatura e pagamos um altissimo preço por isso.

  • Fiquei curioso com o

    Fiquei curioso com o candidato da categoria turismo de cursos no exterior. Quem é?

    • È um tal qual Obama foi

      È um tal qual Obama foi sustentado por toda a vida pelo Tesouro, não conhecendo a emoção de trabalhar na chamada "economia de mercado".

  • Provavelmente um monte de

    Provavelmente um monte de vereador de municipios que dependem do governo federal pra sobreviver se fossem teletransportado numa máquina do tempo e vissem ao vivo o rei George V - o rei que não nasceu rei mas tornou-se pela coragem de enfrentar uma das maiores máquinas de guerra da história em seu país, junto com a sua família, colocando a sua vida e a dos seus em risco de morrer - o considerariam um pé rapado, um nobre com espírito de 'pobre'. Esse vereador sanguessuga não entenderia como até hoje o povo britânico respeita esse rei. 

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