Lulistas Versus Dilmistas, por Ton Cabano

Foto Ton Cabano

Lulistas Versus Dilmistas, por Ton Cabano

É um tanto quanto desconexo perceber que, enquanto importantes lideranças nacionais sinalizam para um frente de esquerda, há certo descontrole no seio da militância petista, hoje dividida entre “Lulistas” e “Dilmistas”, que andam em caminhos opostos ao do relacionamento Lula/Dilma que é cristalino, harmonioso e respeitoso. 

A militância petista vive uma luta interna ainda “não percebida pela direção”: a luta pela anulação do impeachment versus a luta contra a prisão (sem provas) do ex-presidente. A visão política dos “Dilmistas” pensa a luta pelo “Volta Dilma” como primordial, pois, por si só, cessaria todos os efeitos do impeachment, enquanto para os “Lulopetistas” a luta pelo “Lula Livre” estaria acima de qualquer outra. Não lhes passou pelas cabeças que uma luta não anula a outra e que esta pendenga só enfraquece o “front”?

As redes sociais, neste processo, são os campos de batalhas da disseminação de pensamentos que em nada acrescentam na luta contra os retrocessos resultantes do impeachment  e nem para a derrota do processo judicial que mantém o cárcere do ex-presidente Lula. É um imbróglio recheado de cobranças e acusações mútuas que, caso fossem levados a sério, poderiam resultar em processos judiciais. Esquecem-se, os litigantes, que em uma guerra alguns tocam trombetas e outros pegam em armas.

Chega a parecer que vivemos numa brincadeira onde o mais importante é o ego, pois não bastassem os adversários (políticos, jurídicos e midiáticos) a esquerda petista consegue inventar crises internas. Para o bem da resistência as bandeiras brancas deveriam ser hasteadas! As partes deveriam fazer suas reflexões em virtude desta “guerra” que se tornou mais ácida, no dia 02/07, quando do anuncio (nas redes sociais) da morte de um militante petista, atuante pelo “Lula Livre” e, não contrário ao “Volta Dilma”, mas crítico desta luta no momento atual. As munições recheadas de comentários ofensivos de parte a parte deveria-nos leva à pensar até onde queremos ir e/ou até onde poderemos ir com esta guerrilha virtual do “fogo amigo”.  Não estariam todos do mesmo lado? Não entro no mérito do imbróglio, pois penso que cada ser age conforme sua consciência e não os condeno, apenas os trago à reflexão para a importância do momento político vivido.

Não é diferente o comportamento da esquerda que zela pelo “Lula Livre”, em Curitiba que, talvez pensado em ter seus planos políticos ameaçados e seus egos feridos (divago), tenha levado à distensão do movimento. Apesar de não parecer, é clara a distensão entre a organização da Vigília Lula Livre e o Acampamento Marisa Letícia, que a partir de certo período percebeu a necessidade de ter que andar pelas próprias pernas. A oportuna instalação dos outdoors Lula Livre em Curitiba e região, também, fora objeto do casuísmo de paternidade e maternidade, assim como a visível prioridade dada por dirigentes, salvo exceções, à mídia do Instituto Lula em detrimento a outras mídias livres. São conflitos que, de certo modo, enfraquecem a luta pela retomada do estado de direito e pela reconquista das rédeas do país pela esquerda.

A resistência contra o estado de coisas em que se tornou a nação brasileira, sobretudo o embate travado em Curitiba, deve ser levada a sério e seus atores respeitados. Os resistentes fixos ou temporários, partidário ou apartidário; a mídia livre, partidarizada, ou não, assalariada, ou não, todos sem exceção estão do mesmo lado: o da legalidade; da liberdade do preso político Lula; contra o golpe que ceifou o mandato de Dilma Roussef; pelo direito de Lula ser candidato a presidente da República e contra os retrocessos efetivados pelo governo golpista. O inimigo não seria outro? Porque tanta desunião? Porque querer o protagonismo? O que mais importa nas lutas da esquerda identidária?

As lutas identidárias da esquerda não são privativas deste ou daquele partido político; de determinado sindicato; coletivo pontual, ou pessoal. Estas lutas não devem servir de escada para desejos eleitorais (esta é uma conseqüência), elas devem ser vistas como de todos, em que pese a manifesta e clara importância que os entes políticos, sindicais e classistas, por suas organizações e máquinas, tem frente a estes processos.

Foto: Ton Cabano

Redação

9 Comentários

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  1. Parece mais fofoca do que artigo.

    Dilmistas e Lulistas, desde quando há esta divisão?

    Anulação do Impeachment ou Lula Livre dá no mesmo, mas o que é surpreendente é que se dê conversa para “assuntos nas redes sociais”. Pura fofoca.

  2. Há divisão, sim.

    Fora da blogosfera, de leitura e informação rasa, e conclusões idem, leia-se André Singer, em seu último livro.

    Tem muito mais do que o artigo.

  3. O momento histórico pode ser
    O momento histórico pode ser inadequado,mas essa cisão é real, embora nao se reflita no campo progressista quantitativamente falando. O motivo-origem é aquele que todos sabemos:Dilma só abdicou dos seus gurus Mercadante e Zé Cardoso em favor de Lula quando a vaca tinha ido pro brejo. E aí deu no que deu.

  4. Cisão
    Talvez em momento histórico inadequado, essa cisão existe, embora não abarque grande parte do campo progressista. O motivo-origem todos nós sabemos: Dilma só abandonou seus gurus Mercadante e Zé Cardozo em favor de Lula quando a vaca foi pro brejo,dando no que deu.

  5. Desespero…

    Bate o desespero para romper a unidade petista e a virada que estamos dando no eleitorado.

    O texto não passa de uma fofoca sem sentido. 

    A direita, sem ideias próprias, sem voto e sem candidato não se conforma apenas em explorar o anti-lulismo e o anti-petismo, mas  deseja também nos dividir.

  6. Quantas “imagens de” nos comentários pró essa farsa…

    Tao querendo dividir os petistas a todo custo, até apelando para trolls.

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