Mais uma vez, Lava Jato faz escândalo às vésperas do impeachment, por Janio de Freitas

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – “Mais uma vez, às vésperas de uma decisão em procedimentos destinados ao impeachment, a Lava Jato cria uma pretensa evidência, na linha do escandaloso, que atinja Dilma Rousseff ainda que indiretamente.” Em artigo publicado neste domingo (28) na Folha, Jânio de Freitas aponta que a Lava Jato entregou ao seu braço policial a missão de criar um “constrangimento” para a presidente, consumado no indiciamento do ex-presidente Lula e mais quatro no caso do triplex do Guarujá.

Janio ainda criticou o fato de o Ministério Público, em posse das informações da Polícia Federal, pedir 90 dias para decidir se apresentará ou não denúncia contra Lula na Lava Jato. “A dedução é inevitável: o indiciamento foi precipitado, com o mesmo propósito político dos anteriores atos gritantes, e os longos três meses são para tentar obter o que até agora não foi encontrado.”

Esta não é a primeira vez que a Lava Jato acerta seus ponteiros para estar de acordo com votações importantes para Dilma em relação ao impeachment. Conforme o GGN mostrou em junho, a força-tarefa bateu recórde de capas de jornais nas semanas que antecederam a votação contra Dilma na Câmara. Mais de um terço das manchetes da Folha foram destinadas a ações da Lava Jato que desgastaram Dilma e Lula.

Janio também afrontou a fala de Rodrigo Janot sobre quem está incomodado com a Lava Jato. Na semana passada, o PGR sugeriu que a classe política agora cria, com ajuda do ministro Gilmar Mendes, obstáculos à operação. Mas para Janio, também tem um outro segmento, muito mais numeroso, incomodado com os desvios da força-tarefa: todos que defendem a Constituição.

Por Janio de Freitas

Além de envolvidos, Lava Jato ofende quem preza o respeito à Constituição

Na Folha

O procurador-geral Rodrigo Janot tem uma curiosidade. Bom sinal, nestes tempos em que temos sabido de inquisidores sem curiosidade, só receptivos a determinadas respostas.

A crítica do ministro Gilmar Mendes aos “vazamentos” de delação na Lava Jato suscitou a reação de Rodrigo Janot registrada por Bernardo Mello Franco: “A Lava Jato está incomodando tanto? A quem e por quê?”.

É uma honra, e quase um prazer, aplacar um pouco a curiosidade que a esta altura acomete ainda o procurador-geral, talvez forçando-o a alguma passividade ou omissão.

Não escapa à sua percepção o quanto a Lava Jato incomoda aos que envolve com sua malha, tenha ou não motivo real para tanto.

Mas existe outra classe de incomodados, muito mais numerosos do que os anteriores e atingidos por inquietação diferente. O procurador-geral não terá dificuldade em reconhecê-los.

É uma gente teimosa e inconformada. São os que prezam o respeito à Constituição, mesmo que não a admirem toda, e às leis, mesmo que imperfeitas.

E entendem, entre outras coisas, que isso depende não só dos governos e políticos em geral, mas, sobretudo, dos que integram o sistema dito de Justiça. Ou seja, o Judiciário, o Ministério Público, as polícias.

Perseguições escancaradamente políticas, prisões desnecessárias ou injustificáveis, permanências excessivas em cadeias, “vazamentos” seletivos —tudo isso, de que se tem hoje em dia inúmeros casos, incomoda muita gente.

Porque, além de covardes, são práticas que implicam abuso de autoridade e múltipla ilegalidade. E sua prepotência é tipicamente fascistoide.

Mas os incomodados com isso não se mudam e não mudam. Querem o fim da corrupção e de todas as outras bandalheiras, sem, no entanto, o uso de resquícios do passado repugnante.

2) Mais uma vez, às vésperas de uma decisão em procedimentos destinados ao impeachment, a Lava Jato cria uma pretensa evidência, na linha do escandaloso, que atinja Dilma Rousseff ainda que indiretamente.

Desta vez, estando os seus procuradores sob suspeita do crime de “vazamento” de matéria sigilosa, a Lava Jato passou a tarefa ao seu braço policial: o já conhecido delegado Márcio Anselmo, da Polícia Federal, indicia Lula, Marisa e Paulo Okamotto.

Os procuradores da Lava Jato pediram 90 dias para fazer a denúncia dos indiciados. Três meses? Um inquérito com as peças que justifiquem o indiciamento não precisa de tanto prazo para a denúncia.

A dedução é inevitável: o indiciamento foi precipitado, com o mesmo propósito político dos anteriores atos gritantes, e os longos três meses são para tentar obter o que até agora não foi encontrado.

3) O governo da China ofereceu ao Brasil, em junho de 2015, crédito em torno de US$ 50 bilhões para obras de infra-estrutura.

A Secretaria de Assuntos Internacionais do Ministério do Planejamento, no governo Dilma, e os chineses formaram uma comissão que, por sua vez, decidiu pela criação de um fundo de investimento de US$ 20 bilhões, composto por US$ 15 bilhões da China e completado pelo Brasil. Um outro fundo elevará o financiamento ao montante proposto no ano passado.

O governo de Michel Temer reteve a formalização do acordo, e o início do primeiro fundo, para apresentá-lo como realização sua. No dia 2 de setembro, data escolhida em princípio.

4) A crítica de Gilmar Mendes aos procuradores da Lava Jato foi atribuída por muitos, nos últimos dias, ao corporativismo sensibilizado pelo “vazamento” injustificado contra o ministro Dias Toffoli.

O que houve, porém, foi a repetição, em parte até com as mesmas palavras, das críticas feitas por Gilmar Mendes em pelo menos duas ocasiões. Inclusive tratando como crimes os “vazamentos” de delações sigilosas. Os quais, na verdade, não são vazamentos, ou informações passadas a jornalistas: são jogadas com fins políticos.

A definição como crime, aliás, é motivo bastante para que a tal investigação do “vazamento” contra Toffoli, ou nem comece, ou termine em nada a declarar. 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

14 Comentários

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    1. Será ?

      1 – que ela assustou-se ?

      a- Será por ter visto um ET .

      b- Por ter ganho um “brilhantão” do seu marido.

      c – Pelo modo como foi tratada pelo Moro

      d – Está admirada pela esperteza do maridão

      2 – Não, ela ficou assim mesmo por tantas plásticas e botox que fez.

      3 – O motivo foi bem outro, mas não vem ao caso, pois isto acontece

  1. Renan teria colocado fogo em

    Renan teria colocado fogo em Brasília?

    Com o polímata baiano Ruy Barbosa assistindo a tudo do alto do pedestal de seu busto sobre a cabeça do ministro do STF que presidia a sessão, quase espírita, no Senado Federal, em julgamento concorrido de uma presidente afastada acusada do crime de responsabilidade, o presidente de fato daquela casa legislativa Renan Calheiros teve seu dia de Nero de Brasília.

    Ladrão ou Louco?

    Reduzindo o Senado Federal a “Hospício”, Renan desclassificou a acusação feita na véspera no mesmo local pela senadora Gleisi Hoffman de que pelo menos metade de seus pares, não se sabe se já a incluindo tratavam-se de ladrões. Ou seja, de ladrões quedavam em meros loucos.

    Juridicamente, talvez sob a inspiração do jurista patrono do senado já mencionado resgatava a inimputabilidade de seus pares gravemente ameaçada pelo destempero verbal de sua par catarinense.

    Com isso Curitiba de Moro ficaria mais distante e Papuda queimada nas cinzas de Brasília.

    Uma clínica de repouso seria o local mais consentâneo para recuperar as sanidades e os juízos dos ex-nobres de um Poder ameaçado.

    Assista ao vídeo:

    http://mundovelhomundonovo.blogspot.com.br/2016/08/renan-teria-colocado-fogo-em-brasilia.html

     

  2. o sistema dito de justiça

    Foi ótimo.

    E lembrando segundo o Requião, a dona dilma estava empolgada com a lavajato, há menos de 2 anos.

    Quanta estupidez.

    1. Requião é cascateiro. Ele é

      Requião é cascateiro. Ele é que estava empolgado com a FarsaJato e chegou a dizer que o Moro havia votado na Dilma. Ele é membro do PMDB e em nenhum momento foi incomodado pela turma de Curitiba. E a gente sabe muito bem que essa turminha quando quer inventa qualquer coisa pra desmoralizar qualquer um. Aliás é muito curioso também como o PIG deixa o Requião à vontade.

  3. Um dia, lá adiante, quando o

    Um dia, lá adiante, quando o presente já for passado e os historiadores se debruçarem sobre essa quadra da vida nacional,  tomando como marco inicial  a Constituição de 1988 e final o possível impeachment da presidente Dilma(se o contrário, apenas seria adiado), com certeza terão muito trabalho para dissecarem e interpretarem tanto os acontecimentos como os personagens responsáveis pela trama. 

    Isto posto, é fundamental que entre as fontes a serem consultadas, dentre elas a “cronista do cotidiano”, a imprensa(mídia, em termos mais abrangentes), exista a que façam o contraponto a geleia geral(mainstream, para os pedantes), a exemplo de Jânio de Freitas, Luiz Nassif, Alberto Dines, Mino Carta, Mauro Santayana e outros. Quando(e se forem) escavacar no “lixo” vão resgatar os Reinaldos, Jabores, Mervais, Mirians, Augustos et caterva. 

    Pois é. Ainda não entendi as razões do Jânio de Freitas continuar na FSP dado o quanto este destoa do “padrão Folha”. 

    Em tempo: beleza de artigo. Vai no ponto. Tenho dito, diriam os políticos palanqueiros. 

    1. prezado JB Costa

      não entendi a presença do PIGuento Alberto Dines na lista acima, junto com Nassif, JF, Mino e o GRANDE Santayanna.

       

      O Dines largou o antipetismo antiLulismo anti Dilma de até meses atrás? 

       

      As inesquecíveis homenagens do Dines aos civitas e aos globistas no Observatorio na TV entram nete moto?

       

      Abraço

      1. O Dines e os Civitas sāo de

        O Dines e os Civitas sāo de uma mesma linha religiosa, linha essa absolutamete de direita. A linha deles odeia os palestinos a outra adora os palestinos, portanto tudo o que se ligar aos últimos será combatido pelos primeiros e assim sucessivamente.

  4. Lucidez, clareza e ética

    Lucidez, clareza e ética profissional. Este é Jânio de freitas. Um raro caso de jornalista em meio ao lixo partidário fascista que se tornou a velha mídia.No futuro a história o mostrará como um caso quase único a ser respeitdo nesses tempos de escuridão informativa. Tudo o que escreveu neste artigo é a mais pura realidade. O judiciário se tornou o viabilizador do golpe pela sua ação e omissão. Ah, mas tem gente séria nos meios jurídicos? Se estes não pecaram por ação, pecaram por omissão ou cumplicidade. Que pena, o golpe apodreceu o país!!

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