Nem que seja, por Rui Daher

Nem que seja, por Rui Daher

Apesar de ter sido publicado no GGN no dia 25 de agosto, coincidência ou não, ao final, Luís Nassif sugere ter escrito o texto “Apelo aos brasileiros de boa vontade”, em 24 de agosto, o que nos remete a 1954, ano em que o presidente do Brasil, Getúlio Vargas, se suicidou, em período de crise, a meu ver e de muitos, menos grave do que o atual.

Creio que poucos leram o texto “Forte Copacabana – parte 2, a entrevista”, publicado neste BRD, em 7 de julho, logo após o estrondoso sucesso do lançamento do “Dominó de Botequim”, no Rio de Janeiro. Na ocasião, eu, Nestor e Pestana entrevistamos o Comandante de Artilharia Luís Juvenal Arruda Carvalho Araújo e Silva, responsável pelo Forte. Se houver curiosidade e alguma disposição ao humor.

Para que vocês não pensem de prima que estão defronte à mais uma galhofa do BRD/N&P, enganam-se.

Diante das aberrações institucionais, políticas, econômicas e sociais que são cometidas contra a nação, numa velocidade inaudita e destruidora, este editorial pede a imediata intervenção militar no País, com a destituição do governo usurpador de Michel Temer, o fechamento do Congresso Nacional, a revisão de todas as decisões tomadas em conluio com a equipe econômica, inclusive privatizações realizadas e sugeridas, até que um novo governo seja eleito em 2018, através de eleições livres, diretas, dentro das regras estabelecidas pela Constituição vigente.

Até lá, o Poder Executivo será exercido por uma Junta constituída por militares das três Forças, um jurista de grande tradição e renome, um diplomata com ideário voltado à soberania, e economista ou empresário identificado com o nacional-desenvolvimentismo.

Reformas somente depois de um governo eleito por voto popular nas condições ditadas hoje pela Constituição de 1988. No momento, só importa estancar os desvarios. Quais?   

A política para o setor elétrico, com a Eletrobrás sendo entregue ao controle estrangeiro, provavelmente da China, é um item de soberania intocável no planeta. Afetará os custos do setor automobilístico, perder navegabilidade competitiva para o crescente escoamento da soja, produzida no Mato Grosso, pelos portos do Arco Norte, o que provoca orgasmos nos produtores de grãos norte-americanos com tal dádiva.

O Programa Luz para Todos, que em minhas Andanças Capitais noto vicejar através de energia renovável, se mantido, estará ligado aos combustíveis fósseis, estando o pré-sal parte conosco parte com os EUA de Donald Trump.

Nossa matriz energética, que se revelava a mais limpa do planeta, cobrará a conta da fraca reação ambientalista, inclusive ao feito do presidente brasileiro assinando decreto para extinguir a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), que abrange uma área de 47 mil quilômetros quadrados na floresta amazónica entre os estados do Pará e do Amapá.

Sempre fui furioso ao dizer que o fim da floresta amazônica estava ligado a interesses estrangeiros, imobiliários e à extração de minérios. Pouco a ver com a produção se soja, pouco viável. Livrava a cara do agronegócio, exceção à extração madeireira.

Deu-se que, diante da fragilidade de uma oposição desqualificada, pífia, “sissy, ao perder as eleições em 2014, juntou-se uma série de fatores adversos, contraditórios às vezes, que permitiu o reforço do acordo secular de elites. Bobos, entramos. Outros, também bobos, foram atrás. Um traidor e corrupto histórico (Temer), uma quadrilha (a maioria do Congresso comandado pelo PMDB), uma sacristia missionária, certa de que terminaria com a corrupção no País (Lava-Jato, MPF, STF), e folhas e telas cotidianas que, até hoje, não perceberam correrem cheirando o rabo das Organizações Globo, sem qualquer ideia autônoma, promoveram o impeachment de, talvez, a única pessoa honesta em toda essa história.

Fato é que estamos vendendo o País em troca de um ajuste fiscal de que nem bem sabemos o que é, cálculos e mentiras.

Sei o quanto é temerária e de risco a minha proposta. Mas isso porque a nós, mais velhos, persistem os mesmos desastres de 63 anos atrás. Se nós mudamos, por que não os militares? Se entre nós surgiram cabeças novas, por que não entre eles? Se nós percebemos a importância da inserção social, eles não? Afinal, seus soldos são de qual classe social? Quais suas propinas? Quantos deles frequentam as festanças da elite? São especiais fora de grandes eventos no Rio de Janeiro?

Eles nascem, se criam, e escolhem a missão de defender a soberania nacional, ora ameaçada. Que o façam.

Não há mais motivo ou possibilidade de censura, repressão, tortura. A quem? Não serei tonto, como fui em 1964, quando acreditei na Rede da Liberdade, de Leonel Brizola, nem mais nas armas que ele dizia ter para o contragolpe.

Mais: com as redes sociais é impossível cercear a liberdade de expressão. Nas folhas e telas que apoiam Temer, deixem-nos, pouco passarão a apitar. Medo de Bolsonaro? Esqueçam. Ele e seu pensamento são bostas dentro das Corporações Armadas. Servem apenas a idiotas que ainda acreditam em comunismo.

Arrisco-me a dizer: é a única bala que nos resta. Risco: de tão bom que está para seus objetivos, os EUA nos invadirem junto com a Venezuela.

 

Rui Daher

Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

Rui Daher

Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

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  • Até interveção militar estão

    Até interveção militar estão pedindo agora? Estão ficando loucos? Você está passando fome ou outra mazela dessa magnitude pra pedir esse absurdo, Daher?

    Nem sequer fomos obrigados a pegar em armas e já temos homens chorando as pitangas para os militares. Que vergonha.

     

    "Arrisco-me a dizer: é a única bala que nos resta. Risco: de tão bom que está para seus objetivos, os EUA nos invadirem junto com a Venezuela."

    Pois que invadam. Brasileiros de verdade não fogem a luta.

    • "Pois que invadam.

      "Pois que invadam. Brasileiros de verdade não fogem a luta."

      Detesto isto, mas sou obrigado a usar:KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK, mais KKKKKKKKKKKKK, hua,hua,hua,hua,hua,KKKKKKK

      Meu caro, os brasileiros há muito fugiram da luta.

      Um bando de ladrões encastelados no executivo, legislativo e judiciario estão destruindo o país, acabando com a esperança de milhões e o que fazemos? PORRA NENHUMA.

      Somos um bando de bundas moles e temos o que merecemos: FERRO no R_ _ O.

      • Primeiro: Não existe nenhuma

        Primeiro: Não existe nenhuma luta ainda. A população alienada não entende o que está acontecendo. Mas a Globo não pode tapar o Sol com a peneira pra sempre. Aliás, a narrativa já está ruindo.

        Segundo: A convulsão social não alcançou seu ápice, só está começando. Quando os índices de obesidade do Brasil se transformarem em indices de fome, a coisa muda. É inevitável.

        Terceiro: Guarde seu complexo de vira-latas para você. Se você se identifica como um bunda-mole, só posso lamentar.

  • Acreditar que os militares

    Acreditar que os militares vão ser a salvação deste país só me faz pensar em como a esquerda está perdida no atual momento. Aliás, não só perdida como desesperada, a ponto de acreditar em histórias da carochinha ou delírios de Poliana. Como se o atual grupo que está no poder não tivesse grande ligação com os próprios militares desde a ditadura e inclusive gozasse de grande prestígio entre boa parte deles como mostra por exemplo a proximidade entre Temer e o general Etchegoyen.

  • INGENUIDADE;OS MILICOS DERAM

    INGENUIDADE;OS MILICOS DERAM SUSTENTAÇÃO AO GOLPE (OU A PALAVRA DE JUCÁ DEVE SER DESPREZADA?)SOMENTE O POVO TEM O PODER E O DIREITO DE EXTERMINAR,DECAPITAR OS QUE NOS HUMILHAM COMO PAìS E COMO NAÇÃO.REVOLUÇÃO É UM DIREITO UNIVERSAL,REVOLTA POPULAR É UMA NECESSIDADE,NOSSO VOTO NUNCA FOI RESPEITADO BASTA OLHAR NO RETROVISOR..

  • Alem da mobiliação de Lula

    Alem da mobiliação de Lula pelo Nordeste, o que se pode ouvir é um silencio ensurdecedor. Se prenderem o cara em pleno movimento, quem vai reagir? Onde estão reunidas as forças para brecar todo o entreguismo que está acontecendo? Os militares salvo raras exceções, sempre se mostraram retrógrados. Confesso que me sinto envergonhado! 

  • Infelizmente intervenção já

    Estamos perdendo a democracia.... estamos perdendo a justiça.

    É o último refúgio... a última esperança.

    Incerta.... mas esperança.

    E que seja pra já antes que não tenhamos mais nada para defender.

    Na lista das aberrações não vamos nos esquecer do garantidor destas mazelas.... o STF e seus afins.

    O conluio da mídia, stf, mpf, pgr  e congêneres não se esgotará antes do esfacelamento total.

    Infelizmente .... Intervenção já .... não está nos sobrando mais nada.

  • Não da Rui  ..Afinal, quem

    Não da Rui  ..Afinal, quem seriam vossos homens "do bem" ?

    se perguntar pra meia duzia  ..meia duzia apontaram, com sorte, um ou dois iguais aos seus

    O melhor já passou, que foi - diante das possibilidades - a oportunidade de terem cassado a chapa Dilma Temer - o MAL menor - e promovido eleições antecipadas já em 2016

    Agora as Instituições estão em frangalhos  ..e, muito provável, tal qual em 64, o golpe final esta a galope  ..tudo na base de que "se os civis não deram contas (e não deram mesmo), nós militares faremos este sacrifício em prol do BraZil"

  • Errados em 64 , e agora estariam certos ?

    Contar com as FFAAs como solução é o mesmo que esperar bonança vinda do Papai Noel ou do coelhinho da Páscoa . " Quem sabe faz a hora ...".

  • Estaremos perdidos.

    Manhã do primeiro dia da curta intervenção militar:

    O General, Mariscal, Brigadeiro ou Almirante vai falar à nação, na televisão. Na globo!

    Dona Maria Brega pôs o seu melhor colar de tomates para entrevistar V. Exia., que chegou às nove em ponto com seu garboso uniforme de gala.

    Tamufu.

    plimplim.

     

  • Militar - para martelo, toda solução é prego

    Meu caro articulista, você está completamente enganado. Recorrer aos militares que, segundo as gravações de Sérgio Machado com Jucá, participaram deste golpe é um profundo e grave engano. A vertente progressista que havia no seguimento militar foi totalmente erradicada durante a Ditadura Militar. Nossos militares são eminentemente neoliberais, como revelou a entrevista do comandante do Exército ao citar os modelos de liderança que espera para o Brasil: Reagan, Thatcher e Macron. Captou?

    O "nacionalismo" nas FA não consegue compreender conceitos de subimperialismo e superexploração. Possuem uma psicose com reservas indígenas, mas são incapazes de se indignar com a abertura da RENCA à exploração privada. Acham as privatizações ótimas e o juiz curitibano um primor. 

    Quando afirma que "Não há mais motivo ou possibilidade de censura, repressão, tortura", mostra o quanto desconhece os nossos militares, que, acredite, continuam com uma visão de mundo muito semelhante à Guerra Fria - com ódio ao comunismo, tendo os EUA como modelo, etc.

    Nossas FA continuam buscando uma identidade, uma razão de existência; e o mais próximo que chegaram, num passado recente, dessa sensação de "destinação clara" foi durante a Ditadura. Infelizmente, o nosso Exército ainda necessita de um inimigo interno para chamar de seu. Ou acha que esta imersão das FA na Segurança Pública ocorre sem a anuência, apoio ou incentivo da chefia militar?

    O Brasil necessita que suas FA passem por um urgente e profundo processo de transformação, para que possam voltar a se aproximar da sociedade brasileira, em face do fosso criado pelo golpe de 64 e os 21 anos de ditadura que nossos militares ainda insistem em exaltar e admirar.

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