Opções para vaga no Supremo são fartas, mas não atrativas, por Janio de Freitas

Jornal GGN – Candidatos não faltam, mas as opções não são nada boas, diz Janio de Freitas em sua coluna de hoje, na Folha. Para ele, o cardápio farto não significa ofertas atrativas. Cita a escolha tríplice da Ajufe, encabeçada por Sergio Moro. A Ajufe, com a mão pesada de seus eleitores, consegue alegrar mais à direita, mesmo tirando Moro de seu protagonismo na Lava Jato. Seria esta a intenção? O articulista discorre sobre esses personagens e suas representações, lembrando que um perfil como o de Teori Zavascki é mais do que desejável, é necessário, pois que STF não pode arcar com passionalismos que desvirtuem ainda mais suas funções. Já no Congresso, o jogo é outro, que negócios são negócios nas casas que deveriam representar o povo.

Leia o artigo abaixo.

da Folha

Opções para vaga no Supremo são fartas, mas não atrativas

por Janio de Freitas

O cardápio de escolhas está farto, sem que isso signifique, necessariamente, ofertas atrativas para diferentes gostos. Seria inútil a escolha, como alternativa, pela coluna da direita: em se tratando de cargos públicos a serem ocupados, os salários, as vantagens e benefícios e outros balangandãs fazem somas assombrosas. Fiquemos nas sugestões típicas.

A escolha tríplice da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), com indicações a Michel Temer para o lugar de Teori Zavascki, pode não ter representatividade assegurada, com o pequeno número dos dispostos a votar. Mas tem o que intrigar.

Com 319 votos, Sergio Moro recebeu a liderança da lista. Com apenas um voto a menos, Reynaldo Fonseca, ministro do Superior Tribunal de Justiça, ficou em segundo. O terceiro, com votação mais distante, é o desembargador Fausto De Sanctis, que se notabilizou com o ex-delegado Protógenes Queiroz na Operação Satiagraha, depois anulada.

Eleitores da Ajufe, ao que parece, de mão pesada e dentes cerrados. E no entanto proponentes, talvez involuntários, de uma dubiedade que se prestaria a inúmeras especulações. O relevo prioritário dado a Sergio Moro não tem originalidade, desde o primeiro momento muito difundido nas classes média e alta. Da parte de juízes, por obrigação informados e atentos, torna-se difícil admitir que não fizessem, também eles, apenas uma homenagem ao colega. E não fizeram mesmo.

Levar Moro para o Supremo é também tirá-lo do comando da Lava Jato. Para um cargo em que seria relator apenas dos processos de políticos. E sem impor condenações, decididas pelo plenário. Seria essa uma intenção da lista tríplice proveniente da Ajufe? Ou a admiração pelos métodos de Sergio Moro obscureceu a percepção de três centenas de colegas seus, e os alinhou ao passionalismo que não precisa de mais e melhores razões?

Por falar nele, foi presença comum em considerações sobre a escolha do relator das novas delações premiadas. Da mesma maneira como foi tão manifestada a preferência por um novo Zavascki, isento e seguro, frio e discreto, com frequência o ministro Celso de Mello era o indicado para tanto. Sem ousar qualquer consideração sobre os seus saberes jurídicos e sua experiência de Supremo, proporcionada desde a nomeação por Sarney, pode-se dizer que é ilusória a identificação de Celso de Mello com Zavascki.

Seu passionalismo e sua agressividade verbal, tão distantes da frieza e da isenção, só perdem para Gilmar Mendes. Não são raros os seus votos que consistem em discursos à maneira das exaltações parlamentares, no estilo de um udenismo redivivo. Na própria homenagem ao ministro ausente, permitiu-se adjetivações e conceituações que jamais se ouviria de Zavascki. Caso venha a ser relator, Celso de Mello o será ao seu modo, sem remissões ao exemplar magistrado Zavascki.

No Congresso, as escolhas não são escolhas. São jogadas pessoais, são negócios políticos e outros. Até ontem tido como favorito, não é a presidência da Câmara que Rodrigo Maia busca: dirige a ambição para o governo do Estado do Rio em 2018.

E, se o vento vier mais forte do que o previsto, até para a Presidência, como um candidato de composição a serviço do PSDB e do PMDB, sob o rótulo do DEM. Eunício Oliveira não busca a presidência do Senado: quer um trampolim para alcançar o governo do Ceará. De contribuição à melhoria da política, em qualquer sentido, nada se espera das duas eleições no Congresso. Como em toda parte do país que decide.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

View Comments

  • O problema não é nem que as

    O problema não é nem que as opções para o STF sejam ruins.

    É que ser nomeado por um presidente ilegítimo mancha a biografia de qualquer um.

  • Ali babá escolhe seu novo

    Ali babá escolhe seu novo  presidente, biênio 2017/18. O escolhido: um latifundiário. Estamos fudidos.

  • O atual stf justifica o

    O atual stf justifica o porque do coletivo de porco ser vara. Mas êles são golpistas conluiados com a grande imprensa das famílias golpistas. São parceiros, e entendem-se muito bem, pagando escrevedores de prancheta mercenários golpistas para descreverem normalmente, como se nada tivesse acontecido e acontecendo, os atuais tribunais de exceções verdadeiros chiqueiros.

  • A Cicciolina deixaria q 1 Temer qualquer sujasse sua biografia?

    Fábio de Oliveira, você acha que a Cicciolina deixaria que um Temer qualquer sujasse sua biografia?

    Um sujo indica um mal lavado.

Recent Posts

Os ridículos da Conib e o mal que faz à causa judia, por Luís Nassif

Conib cismou em investir contra a Universidade Estadual do Ceará, denunciada por uma postagem na…

24 minutos ago

O STF e os guardas da porta do presídio, por Luís Nassif

Se CNJ e CNMP não enfrentarem os desafios no horizonte, desaparecerá o último bastião institucional:…

24 minutos ago

A curiosa história do “cavalo de pau” na cassação do senador Seif, suspeito de favorecimento por Luciano Hang

Acusação diz que Hang colocou recursos à disposição da campanha de Seif, que acabou esmagando…

30 minutos ago

“Transe”, filme que mistura ficção e documentário sobre a polarização de 2018, chega aos cinemas nesta semana

Filme rodado durante a eleição de 2018 conta a história de Luisa, uma jovem que…

2 horas ago

Planos de saúde pressionam por cirurgias menos custosas, influenciando resultados dos pacientes

Seguradoras impactam o cuidado cirúrgico através da definição de quais procedimentos são cobertos e quais…

2 horas ago

Lula: abandone a austeridade, por Paulo Kliass

Haddad adota o “bordão do trilhão”, imagem que se tornou moeda corrente nas falas de…

2 horas ago